Wálter Maierovitch
do UOL
Como diz o ditado popular, mais vale um pássaro na mão do que dois voando. No caso, era melhor o premiê israelense Netanyahu — em face da trégua e troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos — aceitar, nesta primeira fase do acordo, as reféns Karina, Daniella, Naana e Liri e espernear por Arbel Yahud, 29 anos.
Netanyahu, segundo os 007 da espionagem internacional, teve de fazer uma rápida relação de custo-benefício. Então, aceitou receber as quatro reféns, protestar por Arbel e ameaçar o fechamento da passagem do corredor humanitário de Netzarim.
SOLTOU 200 – Mais ainda: Netanyahu mandou soltar 200 prisioneiros palestinos, conforme o pactuado com o Hamas e para não abrir a guarda para acusações futuras de descumprimento por parte de Israel. O Hamas respondeu que no próximo sábado, dia 1º, será libertada Arbel, que está viva.
Outra surpresa: na lista do Hamas constava o nome de um palestino preso em Israel e sob processo criminal. O palestino, cujo nome é mantido em segredo, recusou-se a ser libertado e voltar à Faixa de Gaza. Alegou que seria morto pelo Hamas, tão logo pisasse em Gaza.
Houve, então, troca por outro prisioneiro, conforme informou o governo de Israel, pela autoridade penitenciária.
RADICAIS PROTESTAM – Como esperado, a direita radical protestou, mais uma vez, contra a aceitação da trégua. Um dos seus líderes, Itamar Ben-Gvir, que representa também a comunidade de judeus russos radicais, disse estar muito feliz com a libertação das reféns, mas que e ainda persiste a necessidade de destruir o Hamas.
Um Hamas, ressaltou, que agora está em festa e a cantar vitória em Ramalah, com a libertação de prisioneiros. Numa crítica de cunho populista, Ben-Gvir frisou que o ” próximo 7 de Outubro” estava às portas de Israel.
Mas o premier Netanyahu, depois da reação bélica exitosa contra o Hezbollah libanês, melhorou sua popularidade. Não depende tanto dos radicais para se manter como primeiro-ministro.
NETANYAHU MANTIDO – Os radicais, representados por religiosos e supremacistas – ou seja, a direita radical e expansionista –, também aliviaram a pressão. Os seus membros no Conselho de Guerra, a incluir Ben-Gvir e Bezalel Smotrich, manifestaram-se contra a trégua provisória mas sem a derrubada de poder de Bibi Netanyahu, como o chamam pelo apelido.
Para os críticos de Netanyahu, ele abraça o discurso dos radicais de eliminação completa do Hamas e libertação dos reféns. Com isso, finge não perceber que são duas posições contraditórias, pois o extermínio do Hamas levará ao fim dos reféns. Diria Sherlock Holmes, “elementar meu caro Watson”.
Num pano rápido: a trégua ainda é muito frágil.
Sequência interessante não?
Propaga o ex-mito:
– Ela para o Senado!
– Ela para a Presidência!
– Ela prá isso, Ela práquilo!
E vaza a delação sobre ela?
Queimaram a largada dela?
Deram muita bandeira antes da hora, esquecendo-se de que alguém tem os relatos e solta-os no momento oportuno?
Os que querem a caveira de Bibi não estão gostando disso, onde se viu trocar 200 por quatro?
Quác!
Um prisioneiro do exército de Israel não quis ser trocado, alegou que seria morto na hora pelo Hamas.
Amaciado pela cultura woke, em plena e irrerversível decadência, pois autoritária, superficial e plena de marginalização reversa, não devemos esquecer quem é o Hamas “anti-imperialista”:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pena_de_morte_na_Faixa_de_Gaza
https://g1.globo.com/mundo/noticia/milhares-de-mulheres-homens-e-criancas-foram-estuprados-na-guerra-da-siria-diz-relatorio-da-onu.ghtml
Ao que parece os problemas do povo palestino de Gaza não se resume à “opressão imperialista”, como identitaristas hipócritas e decadentes do Sul Global querem parecer.