Paulo Peres
Poemas & Canções
O poeta João da Cruz e Sousa (1861-1898) nasceu em Desterro, atual Florianópolis, tornou-se conhecido como o “cisne negro” de nosso Simbolismo, seu “arcanjo rebelde”, seu “esteta sofredor”, seu “divino mestre”. Procurou na arte a transfiguração da dor de viver e de enfrentar os duros problemas decorrentes da discriminação racial e social, características contidas no soneto “Vida Obscura”.
VIDA OBSCURA
Cruz e Sousa
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
Ó ser humilde entre os humildes seres,
Embriagado, tonto dos prazeres,
O mundo para ti foi negro e duro.
Atravessaste no silêncio escuro
A vida presa a trágicos deveres
E chegaste ao saber de altos saberes
Tornando-te mais simples e mais puro.
Ninguém te viu o sentimento inquieto,
Magoado, oculto e aterrador, secreto,
Que o coração te apunhalou no mundo.
Mas eu que sempre te segui os passos
Sei que cruz infernal prendeu-te os braços
E o teu suspiro como foi profundo!
O dia pouco a pouco se vai
E tudo se repete na noite que cai:
Ao longe cigarras, estridentes
Cantam ao amor, insistentes
Pássaros voltam pros ninhos
Cães procuram seus cantos
Amantes trocam carinhos
Crianças pedem acalanto
Ao leito, o aconchego seduz:
O carinho transforma o querer
Em ânsia, volúpia e prazer
E a espécie se reproduz!
Seguem-se sonos inebriantes
E sonhos onde tudo acontece
Depois, como num instante
Um novo dia amanhece
(Sapo de Toga)
Abração , Sapão…….
Sensacional !
Mais um, na minha coleção !
Parabéns, Sr. Celso.
Sds.
Oh, Ricardo, mjuito obrigado pelo incentivo.
Abraços. Celso