“Ainda estou aqui” deixa na academia americana a marca da arte brasileira

Longa conquistou o Oscar de melhor filme internacional

Pedro do Coutto

A vitória do filme de Walter Salles foi, sem dúvida alguma, além da obra de arte, uma vitória da consciência nacional brasileira sobre o seu passado, iluminando uma página dolorosa da vida nacional. O longa-metragem sobre a advogada e ativista Eunice Paiva, conquistou o Oscar de melhor filme internacional e se tornou a primeira produção brasileira a ganhar uma estatueta na principal premiação do cinema mundial.

A obra confirmou o favoritismo na categoria e superou seu principal concorrente, o francês “Emilia Pérez”, marcado pelas polêmicas envolvendo a protagonista Karla Sofía Gascón, bem como o dinamarquês “A Garota da Agulha”, o alemão “A Semente do Fruto Sagrado” e o letão “Flow”. Essa foi a quinta indicação de um longa brasileiro na categoria de melhor filme internacional e a primeira vitória, que consagra uma das produções mais bem-sucedidas da história do cinema nacional.

EUNICE PAIVA – “Isso vai para uma mulher que, depois de uma perda tão grande no regime tão autoritário, decidiu não desistir. Esse prêmio vai para ela: Eunice Paiva. E vai para as duas mulheres extraordinárias que deram vida a ela: Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”, disse Salles no palco do Oscar.

“Ainda Estou Aqui” estreou no Festival de Veneza de 2024, onde ganhou o prêmio de melhor roteiro, e conta a história de Eunice Paiva (Fernanda Torres), mãe de cinco filhos cuja vida foi virada do avesso após o sequestro, prisão e desaparecimento de seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva (Selton Mello), pelo regime militar. A obra é inspirada no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, filho de Eunice e Rubens, e já levou mais de cinco milhões de espectadores aos cinemas no Brasil.

A casa em que a família de Rubens Paiva morou, na Urca, na Zona Sul do Rio, é testemunha da violência da prisão sem volta, sem explicação ou o cadáver de alguém sem culpa formada e que se transformou numa peça da história que se adicionou a torturadores e torturados e também aos mortos que desapareceram em condições que acrescentaram páginas de horror e que tem personagens ocultos até hoje ao longo do tempo.

OBRA DE ARTE – O filme “Ainda estou aqui” deixou na academia  de Hollywood a marca da obra de arte, que se reveste da ideia de localizar no tempo um episódio que jamais deve ser esquecido porque fere profundamente todos aqueles que de uma forma ou de outra participaram encapuzados, o que no fundo assinala uma confissão de si mesmos com o desprezo pela condição humana.

O corpo de Rubens Paiva não foi devolvido pelos que o assassinaram. Carregarão para sempre o peso de um fato que permanece entre as sombras do passado. E enquanto houver rastros de um crime como o que ocorreu com Rubens Paiva, haverá sempre uma lembrança como a que o filme de Walter Salles trouxe através da arte para a história, expondo com a sua obra a verdadeira dimensão do que se passou nos porões da ditadura.

 

13 thoughts on ““Ainda estou aqui” deixa na academia americana a marca da arte brasileira

  1. Para essa história ficar completa, gostaria de ver a versão do ainda estou aqui para as pessoas que foram assassinadas pelos terroristas.

  2. Em 1971 um recruta de 19 anos foi metralhado por terrorista comunistas no portão de um quartel do exército.
    Pode se dizer que isto é ação de guerra? Não foi assassinato puro e simples? O ranço ideológico não deixa que as pessoas vejam as coisas como elas verdadeiramente são.
    Se o regime não endurecesse, a ditadura seria outra, mas não escaparíamos dela.
    Cada um geme conforme a sua dor.

  3. O Oscar terminou e agora a cortina de fumaça feita pela imprensa, repleta de jornazistas, se desfaz. O que sobra? O de sempre, um governo corrupto liderado por um corrupto e senil.

  4. BASTA DE “AINDA ESTAMOS AQUI”, PARADOS NO TEMPO E NO ESPAÇO, FEITO PEDRAS IMÓVEIS, incapazes de embarcar no Novo Trem da História, basta de chorar pelo leite derramado, xô “museu de novidades”, evoluir é preciso, agora, há 35 anos, temos o megaprojeto novo e alternativo de política e de nação, com Democracia Direta e Meritocracia, a Nova Paixão Nacional na qual vale a pena apostar as últimas fichas que nos restam, no bojo da Revolução Pacífica do Leão, que mostra, claramente, o novo caminho para o novo Brasil de verdade. CREIO QUE TUDO SERÁ MUITÍSSIMO MELHOR para todos e todas, se o Brasil, a política e o conjunto da população brasileira perderem o medo da chuva de honestidade e bênçãos proposta pela Revolução Pacífica do Leão (RPL-PNBC-DD-ME), e, por conseguinte, partirem unidos, de mãos dadas, firmes e fortes rumo à Travessia da federação exaurida para a confederação plena em novas perspectivas, que se faz necessária há trocentos anos, pois é calçando as sandálias da humildade, livrando-se do medo e libertando o espírito que se quebra todos os feitiços, destranca todos os bloqueios, desbrava novos caminhos e descortina-se os novos horizontes que se fazem necessários para que todos e todas tenham vida em abundância. Feita a Travessia, o país, a política e o conjunto da população estarão prontos e equipados para enfrentarem os próximos 500 anos, será meia maratona vencida e o resto será tirar as incógnitas da vida para dançar o bailão existencial. VALE LEMBRAR que “Para quem tem medo, e a nada se atreve, tudo é ousado e perigoso. É o medo que esteriliza nossos abraços e cancela nossos afetos; que proíbe nossos beijos e nos coloca sempre do lado de cá do muro. Esse medo que se enraíza no coração do humano impede-o de ver o mundo que se descortina para além do muro, como se o novo fosse sempre uma cilada, e o desconhecido tivesse sempre uma armadilha a ameaçar nossa ilusão de segurança e certeza. O medo, já dizia Mira Y Lopes, é o grande gigante da alma, é a mais forte e mais atávica das nossas emoções. Somos educados para o medo, para o não-ousar e, no entanto, os grandes saltos que demos, no tempo e no espaço, na ciência e na arte, na vida e no amor, foram transgressões, e somente a coragem lúdica pode trazer o novo, e a paisagem vasta que se descortina além dos muros que erguemos dentro e fora de nós mesmos. E se Cristo não tivesse ousado saber-se o Messias Prometido? E se Galileu Galilei tivesse se acovardado, diante das evidências que hoje aceitamos naturalmente? E se Freud tivesse se acovardado diante das profundezas do inconsciente? E se Picasso não tivesse se atrevido a distorcer as formas e a olhar como quem tivesse mil olhos? “A mente apavora o que não é mesmo velho”, canta o poeta, expressando o choque do novo, o estranhamento do desconhecido. Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos. ” Prof. Fernando Teixeira de Andrade . https://www.facebook.com/marisa.prado.79025/videos/884294921776649

    • Gasta-se mais com pedágios do que com combustível para atravessar São Paulo.

      Pelo menos em São Paulo há estradas.

      O que é exceção neste abandonado Brasil.

      Nada a ver com Eunice Paiva. A quem toda homenagem é merecida.

    • São paulo merecia ser cortado por excelentes ferrovias, também de passageiros.

      Nosso trem bala será provavelmente o mais caro e retardado do mundo.

      Até o Chile passa a nossa frente.

      Em São Paulo, com um interior que é exemplo seguido pelas melhores cidades do agronegócio e de diversas industrias de Goiás, numa espiral positiva de emprego, segurança, qualidade de vida.
      Cidades muito prósperas e próximas da capital, que vivem isoladas pela pouca integração entre si e com a capital e aos principais aeroportos.

      Falta um trabalho sério de Engenharia sobre o Brasil.

  5. Sr. Pedro

    Enquanto isso na realidade brasileira os filhotes do Latrocida “trabalham” sem parar….

    “…Mais de 2500 celulares foram roubados e furtados no Carnaval deste ano em SP, diz Polícia Civil. De acordo com a Polícia Civil, entre os dias 28 de fevereiro e 4 de março houve 828 registros de roubos de celular na cidade de São Paulo. …

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