A genial disparada política de Geraldo Vandré e Théo de Barros

Veja fotos de Geraldo Vandré, aos 88 anos - 10/06/2023 - Ilustrada -  Fotografia - Folha de S.Paulo

Em setembro, Vandré vai completar 95 anos

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, cantor e compositor paraibano Geraldo Pedroso de Araújo Dias, mais conhecido como Geraldo Vandré, e seu parceiro Théo de Barros, na letra de “Disparada”, fazem uma crítica à ditadura vivida na época e, consequentemente, apresenta uma comparação entre a exploração das classes sociais pobres pelas mais ricas e a condução das boiadas pelos boiadeiros, entre a maneira de se lidar com gado e se lidar com gente. 

Em 1966, a música “Disparada”, defendida por Jair Rodrigues, participou do II Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), dividindo o primeiro lugar com “A Banda” de Chico Buarque, defendida por Nara Leão. Nesse mesmo ano, a música foi gravada pelo próprio Jair Rodrigues no LP “O Sorriso de Jair”, pela Philips.

DISPARADA
Théo de Barros e Geraldo Vandré

Prepare o seu coração
Pras coisas
Que eu vou contar
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar…

Aprendi a dizer não
Ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo
A morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar
Eu vivo pra consertar…

Na boiada já fui boi
Mas um dia me montei
Não por um motivo meu
Ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse
Porém por necessidade
Do dono de uma boiada
Cujo vaqueiro morreu…

Boiadeiro muito tempo
Laço firme e braço forte
Muito gado, muita gente
Pela vida segurei
Seguia como num sonho
E boiadeiro era um rei…

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E nos sonhos
Que fui sonhando
As visões se clareando
As visões se clareando
Até que um dia acordei…

Então não pude seguir
Valente em lugar tenente
E dono de gado e gente
Porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata,
Mas com gente é diferente…

Se você não concordar
Não posso me desculpar
Não canto pra enganar
Vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado
Vou cantar noutro lugar

Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe
Do que eu…

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei

2 thoughts on “A genial disparada política de Geraldo Vandré e Théo de Barros

  1. Se Geraldo Vandré continuasse prolífico em sua carreira, merecia um premio nobel de literatura tal qual Bob Dylan. A profundida de seus versos em Pra Não Dizer que Não Falei das Flores, a meu ver, é inigualável na poesia brasielra.

    Mas… é o que é!

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