
Charge do Thiagão (Diário do Nordeste)
Candido Bracher
Folha
A leitura da seção de Clima e Meio Ambiente dos jornais internacionais nos últimos dois meses certamente causaria surpresa e desconforto às mentes cartesianas acostumadas a estabelecer relações lógicas entre os fatos.
Além da confirmação de que 2024 foi o ano mais quente já registrado, o leitor encontraria manchetes como: “Janeiro mais quente já registrado choca cientistas” (Financial Times, 6/2), “Janeiro mais quente já registrado intriga cientistas do clima” (The Guardian 6/2), “Este foi o janeiro mais quente já registrado, segundo cientistas” (The New York Times, 6/2).
UM CALOR RECORDE – A leitura dos artigos explicaria que a surpresa decorre da permanência de temperaturas recordes, a despeito do resfriamento do oceano Pacífico, decorrente do fenômeno La Niña.
Outras manchetes teriam o mesmo tom: “Renomado cientista do clima adverte que o objetivo de (limitar o aquecimento a) 2ºC está morto” (The Guardian 4/2), “Geleiras da Europa encolheram 40% desde 2000” (Financial Times, 20/2), “Califórnia enfrenta seca agravada, apesar de temporais recentes” (The Guardian, 24/2), “No Estado do hóquei, mudanças climáticas reduzem o número de ringues de patinação” (The Washington Post, 24/2), “A corrida de trenós puxados por cães mais famosa do mundo está com falta de neve” (The Wall Street Journal, 4/3).
MAIS NOTÍCIAS – No mesmo período e nos mesmos jornais, outras manchetes diriam: “Earth Fund com US$ 10 bilhões de Jeff Bezos corta vínculos com agência de clima” (Financial Times, 6/2), “UE exagera nas regras verdes, alerta chefe da Siemens Energy” (Financial Times, 12/2), “Suspensão de regra da SEC é presente antecipado para os apoiadores de Trump do setor de óleo e gás” (The Washington Post, 17/2), “Big Techs aprendem a compartilhar o entusiasmo de Trump pelos combustíveis fósseis” (The Washington Post, 23/2), “Eleições alemãs mostram o quanto a onda verde recuou na Europa” (The Guardian 24/2).
E ainda: “BP deve abandonar meta de renováveis e voltar a focar em combustíveis fósseis” (The Guardian 24/2), “Bancos rebaixam cargos de sustentabilidade” (Financial Times, 24/2), “Como Trump sabotou a política climática americana” (The New York Times, 2/3) e “Autoridades do governo Trump destroem proteções climáticas e consideram ocultar descobertas-chave sobre gases de efeito estufa” (Guardian, 13/03).
DESCRENÇA HONESTA – Procurando ater-se à racionalidade, esse leitor poderia supor que tais retrocessos decorrem da descrença honesta de certas pessoas nas projeções científicas, acreditando que as “mudanças climáticas” são uma farsa engendrada pela esquerda.
Afinal, não seria a primeira vez que previsões apocalípticas se mostrariam infundadas. Gosto da definição de Idade Média que Rui Tavares oferece em seu admirável “Agora, Agora e Mais Agora”: “Cerca de mil anos em que o fim do mundo estava para breve”.
Outras previsões também falharam: o cometa Halley, em 1910, a crise dos mísseis em Cuba, em 1962, a previsão de Nostradamus para 1999 e mesmo a pandemia de Covid, em 2020. Não seria assim inverossímil que pessoas bem-intencionadas manifestassem uma descrença atávica em teorias de colapso.
ATITUDES TRESLOUCADAS – Nosso leitor cartesiano poderia, porém, achar improvável que pessoas bem formadas, com vasto acesso a informações, simplesmente desconsiderem a abundância de evidências científicas do aquecimento global e todas as suas consequências desastrosas.
Nesse caso, poderia atribuir a intensificação da exploração e uso de combustíveis fósseis ao fenômeno, que também tem precedentes históricos, da adoção de atitudes tresloucadas diante da certeza do ocaso.
Como ilustração, em vez de recorrer à história, prefiro lembrar a música “E o Mundo Não Se Acabou”, de Assis Valente, interpretada por Carmem Miranda, na qual a personagem diz: “Acreditei nessa conversa mole/pensei que o mundo ia se acabar/e fui tratando de me despedir/e sem demora fui tratando de aproveitar”.
EVITAR O APOCALIPSE – Uma última hipótese a considerar seria a de que os responsáveis pelo aumento de emissões de carbono creiam que algo acontecerá —uma nova tecnologia, possivelmente— de modo a evitar o apocalipse.
Nosso leitor, porém, duvidaria da honestidade dessa crença, demasiadamente autoindulgente, e a enquadraria juntamente com simples indiferença egoísta diante do destino da humanidade. Seja como for, esse comportamento deletério, além dos efeitos diretos sobre o aquecimento, tem consequências ainda mais graves.
É importante termos presente que será nesse cenário conflagrado que em novembro se realizará a COP30, em Belém. Não devemos nos sentir desestimulados por isso, ao contrário, mas deixar de reconhecer dificuldades nunca foi bom método para as superar.
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Belém se prepara para receber a COP30 em temperaturas extremas, no próximo outono. Eles vão sentir na pele… (C.N.)
“Por Que Pessoas Racionais Acreditam na Propaganda do Gás do Efeito Estufa?”
“A fraude do aquecimento global está mudando para marcha alta. Apesar da inteligência dada por Deus, milhões de pessoas racionais acreditam nas mentiras. O “gás do efeito estufa” não existe. Assim, quando políticos venais tentam reduzir as emissões e definir alvos idiotas, eles estão traindo o público. O plano que eles estão seguindo foi elaborado e é supervisionado por um pequeno grupo de cientistas espertos, que foram contratados pela Elite multibilionária para enganar as massas com bobagens pseudocientíficas. Os cristãos deveriam ser capazes de ver em meio às mentiras, mas muitos estão caindo nesse engodo grotesco. [36 KB]. https://www.espada.eti.br/estufa.asp
O negacionismo imbecil e ignorante, mesmo que impulsionado pelo Cupim da República, contribuiu com as mais de 700 mil mortes na pandemia, o negacionismo criminoso contra a defesa e proteção do meio ambiente é genocídio em escala mundial.
Belém não tem estrutura para receber tanta gente. O pior é que todos sabiam bem disso antes de escolherem a cidade como sede desse evento internacional. Esse país i não é levado a sério lá fora. Espero que isso mude um dia.
Tanto que a copa do 7 a um foi um fracasso em termos de publico. Só os clássicos tiveram casa cheia e mesmo assim 90 por cento do publico era local ou sul americano.
Interessante a capacidade do Brasil em piorar cada vez mais em todos os indicies que medem o desenvolvimento de um país.
Vejam o vídeo e tirem suas conclusões:
A GEOLOGIA DA PLANÍCIE COSTEIRA E A INUNDAÇÃO DE MAIO DE 2024 NO RIO GRANDE DO SUL
Grupo de Pesquisa em Estratigrafia Ambiental
https://www.youtube.com/watch?v=5grCdKBObXE