Ataque de Trump a universidades é ato de tirania e exemplo para a direita do Brasil

Um grupo de pessoas participa de um protesto ao ar livre, segurando cartazes com mensagens como 'DEFEND SCIENCE', 'PROTECT OUR STUDENTS' e 'DEFEND OUR RESEARCH'. No fundo, há um edifício grande e histórico. Algumas pessoas estão sorrindo, enquanto outras têm expressões sérias. O clima parece ser de determinação e união em torno da causa.

Professores e pesquisadores de Columbia fazem protestos

Vinicius Torres Freire
Folha

Faz muitos anos, universidade deixou de ser discussão pública no Brasil, assunto de conversa daquilo que, no passado, se chamava de “formadores da opinião pública” (formavam a opinião uns dos outros. Atualmente nem isso). No máximo, falamos de ranking, o que dá audiência, ranking de qualquer coisa, de pizzaria a sex shop, de riqueza a felicidade. Nos EUA, é assunto de guerra cultural e política.

Universidade não é aqui assunto de política pública, de política econômica de médio prazo, que dirá de discussão eleitoral. Mesmo discussões sobre políticas de desenvolvimento mal mencionam universidades e centros de pesquisa — essas políticas vão dar com os burros n’água.

ASSUNTO ESOTÉRICO – Tratar de universidades nos EUA parece, pois, assunto ainda mais esotérico. A extrema-direita detesta a universidade, nos EUA, aqui e alhures, não é de hoje. É dos elementos centrais de seu ataque demagógico a elites (àquelas elites escolhidas para apanhar, claro).

Sob Trump 1, como em tantos casos, o ataque ficava mais no mundo da arenga, da retórica. Agora, o trumpismo está mais preparado para a implementação, tem mais capacidade executiva —tem “comandos em ação” e aterroriza também o que há de funcional e civilizatório no Estado.

Está demolindo o serviço público profissional, as agências técnicas de supervisão, fiscalização, de promoção da saúde e de pesquisa biomédica, bioquímica, ambiental. No ano que vem, vai atacar o Banco Central, o Fed.

FRENTE DE GUERRA – Agora, Trump amplia sua frente de guerra à universidade. Começou por dizer que combatia o antissemitismo de estudantes que fizeram manifestações contra Israel. Exigiu mudanças em conselhos universitários e em políticas de segurança nos campi.

A seguir, atacou universidades que adotam políticas de diversidade, equidade e inclusão ou similares, “woke”. Quer mudanças em métodos de seleção de estudantes, programas de estudo e outras complicações extensas demais, que não cabem aqui.

O ataque maior é contra as universidades privadas melhores e famosas, como as da Ivy League (da costa nordeste). Fez Columbia baixar a cabeça. Ameaça tirar fundos, contratos e isenções fiscais de Harvard, a primeira grande a resistir.

SÍMBOLO DA ELITE – Como universidade, Harvard é um dos símbolos maiores da elite da Nova Inglaterra, das elites costeiras, do poder americano mais civilizado, muita vez desprezada pelo americano médio do meião do país, por gente que foi deixada para trás, os deserdados da globalização, da “Terceira Via” e das políticas da tecnocracia liberal que comanda o mundo faz uns 30 anos. Essas universidades se pensam como responsáveis muito práticas da formação dessas elites.

De modo mais cru, está em jogo o próprio interesse americano: universidades privadas de elite, com muito dinheiro do governo, e agências e institutos do governo (Institutos Nacionais de Saúde, Nasa etc.), associados a empresas, são o coração da novidade técnica. O mundo pega carona.

O assunto vai muito além: se trata de liberdade de expressão, de pesquisa, de pensamento, ameaçada por um projeto de tirano, que contesta no grito decisões judiciais e coloca o Estado para perseguir inimigos. Não é assunto distante. É um exemplo para a extrema-direita e seus agregados no Brasil, que olham com atenção para parte do que fazem Javier Milei na Argentina e Trump nos Estados Unidos.

17 thoughts on “Ataque de Trump a universidades é ato de tirania e exemplo para a direita do Brasil

    • Torturado pela imagem da prometida picanha na brasa com aquela gordurinha tostada, regada a farofa e aquela cerveja gelada bah!, não há greve de fome que resista!

  1. A “esquerda progressista” brasileira adora a Universidade e a Educação tanto que, governando o país a quase 20 anos, nos mantém em penúltimo lugar no ranking mundial.

    https://gauchazh.clicrbs.com.br/educacao/educacao-basica/noticia/2024/12/brasil-fica-entre-os-ultimos-colocados-em-ranking-que-avalia-desempenho-de-estudantes-de-70-paises-cm4a6s8ik00r2015q8hon45rk.html

    Sem contar que converteu nossos intelectuais em gênis imbecilizados. Tratam-se de intelectuais orgânicos da corrupção como sitema ótimo de governo.

    Que papo de aranha deste sujeito. O cara mora num paiseco de quinto-mundo, com uma das piores educações do mundo e dando uma de galo.

    • O Painho, herói da “esquerda progressista” que deve ser o paradigma deste cara, adora mesmo a Ciência.

      https://valor.globo.com/brasil/noticia/2023/03/21/lula-diz-que-os-livros-de-economia-estao-superados-isso-faz-algum-sentido.ghtml

      Deve ser destes que acham que o papel da universidade é ser antissemita e criadora de linguagem neutra.

      _______

      O pior estrago do PT foi transformar nossas Ciências Sociais em seita de adoração e culto da personalidade do Painho.

      • Não quero dizer com isto que deva-se substituir a submissão da Unversidade da ideologia da “esquerda progressista” pela direita trumista.

        A Universidade deve-se pautar pela Ciência e não por ideologias, apesar de que não há como professores e alunos terem a sua. Mas num ambiente acadêmico deve haver a pluralidade de conhecimentos e deve-se ofercer aos alunos todas as escolas de pensamento, sem a intenção anti-democrática de estabelecer uma “verdade”, um “pensamento único”.

        Mas o que o Trump tem questionado é como o povo americano tem financiado posturas anti-americanas, ideologias travestidas de ciência. Aí não dá, né?

    • Bom mesmo é o sistema de ensino na Pindorama.
      As universidades federais são primores de educação.
      Os resultados também podem ser comparados à conservação dos seus prédios e em suas admiráveis pixações.

  2. Quanto qualquer universidade do mundo vira madraça de comunismo merece ser combatida.
    Querem ser comunistas, entrem nas universidades de Cuba e Coreia do Norte e que gastem o dinheiro deles.

  3. Acredito que essas atitudes aparentes ” erráticas e diversionistas ” do Presidente dos EUA Donald Trump , sirvam na verdade para tirar o foco de Israel , que recebeu sinal verde dos EUA e seus comporsas e lacaios para ” arrebentarem e ” concluírem o extermínio e o ” HOLOCAUSTO ” do povo Palestino , sob o pretexto da famigerada e mentirosa autodefesa .

  4. Já passou da hora de ficar-se lacrando com estas babseiras críticas inférteis e começarmos a reconhecer e propor ações para resolver nossos problemas estruturais.

    – 107º lugar em corrupção, figruando entre os países mais corruptos do mundo,
    – 51º lugar no ranking de Educação entre 58 países,
    – 1,9 trilhão de juros da Dívida anualmente pra encher os bolsos “dazelites”
    – 18ª posição no ranking da violência,
    – 50º lugar em termos de inovação,
    – 14º em desigualdade social,
    – Justiça mais cara do mundo, embora estando no 80º lugar no Índice de Estado de Direito,
    – Legislativo em segundo lugar na gastança e no patrimonialismo.

    E a pilantragem fingindo e querendo que acreditemos que tá tudo bem.

  5. Primeiro: problemas dos EUA são exatamente isso: problemas deles.

    Segundo: as universidades brasileiras já estão devidamente “catequizadas” e vão ficar assim por um bom tempo, a menos que não haja sub-gurus.

    Terceiro: O assunto vai muito além: se trata de liberdade de expressão, de pesquisa, de pensamento, ameaçada por um projeto de tirano. Acho que o tirano do lado de cá já existe.

    As universidades brasileiras aderiram à viadagem (algum exemplo superior) e à sapatagem (idem). São um caso perdido.

    Contraexemplo (mas saiu do país): https://bv.fapesp.br/pt/pesquisador/653062/matheus-henrique-dos-santos-dias/

  6. As universidades a muito tempo deixaram de ser espaços de livre discussão, isso é uma lorota. As universidades perseguem e calam qualquer um que se oponha as suas ideias de estatismo e intervencionismo estatal.

    As elites intelectuais e os funcionários públicos colocam as universidades a serviço de mais puro socialismo estupido, por que odeiam o povo e odor viver de impostos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *