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Em matéria de corrupção, os dois falam a mesma língua
Malu Gaspar
O Globo
Ao embarcar na terça-feira para mais uma viagem internacional, à Rússia e à China, Lula levou junto no avião presidencial uma lista de problemas e a potencial solução encarnada por Davi Alcolumbre. Embora seja do União Brasil, o presidente do Senado Federal vem se revelando o mais eficiente líder governista do terceiro mandato.
A questão é que nada do que Alcolumbre faz é de graça — o que não é propriamente uma surpresa, tratando-se de um cardeal do Centrão. Mas seu modus operandi e seu apetite vêm impressionando até mesmo auxiliares presidenciais acostumados a lidar com os Eduardos Cunhas da vida.
MAS HÁ PROBLEMAS – Um deles é que o presidente do Senado não esconde de ninguém em Brasília a obsessão em tirar do cargo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, um dos favoritos de Lula.
Desde que assumiu o comando da Casa, em fevereiro, ele travou o processo de aprovação de novos diretores para as agências reguladoras, que acontece todo no Senado. Não marcou nem as sabatinas e já deixou claro para o governo que só pautaria as 17 indicações de Lula quando Silveira estivesse fora da Esplanada.
No tête-à-tête com Lula, Alcolumbre já pediu ao próprio presidente a cabeça do desafeto. Pediu, também, cargos em agências reguladoras, em diretorias e conselhos de estatais e verbas em programas de infraestrutura (seu xodó). Até agora, Lula cedeu os anéis para não perder os dedos.
FEUDO DO AMAPÁ– Hoje fazem parte do feudo do amapaense diretores dos Correios, da PPSA e da Telebras, os ministérios das Comunicações e da Integração Nacional e uma miríade de outros postos espalhados pela burocracia estatal. Nesse período, Silveira se manteve blindado, assim como suas indicações para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), também cobiçadas por Alcolumbre.
A estratégia adotada pelo presidente não foi movida apenas por afeição ou lealdade ao ministro. Experiente em mensalões e petrolões, Lula sabe que figuras como Alcolumbre nunca estão satisfeitas, portanto é preciso guardar uma reserva para negociação em momentos mais críticos.
Mas ele também conhece os interesses que fazem o presidente do Senado se empenhar tanto para estender os tentáculos sobre o setor elétrico.
TIME DO SUAREZ – Alcolumbre e um grupo de senadores influentes rezam na cartilha do empresário Carlos Suarez, que trava uma batalha antiga para empurrar ao Tesouro (ou ao consumidor) os custos da construção de uma rede de gasodutos que viabilize a operação das distribuidoras de gás que tem em vários estados — e impedir o avanço dos rivais Joesley e Wesley Batista, que investem bilhões em empreendimentos de energia.
A vitória nessa disputa empresarial, possivelmente a mais explosiva do terceiro mandato, depende em grande parte da Aneel e do ministério de Silveira. Lula não vê vantagem em colocar seu governo a serviço de um único grupo — menos ainda se for o de Suarez.
Só que Alcolumbre, descrito no Palácio do Planalto como ainda mais determinado e insaciável que Eduardo Cunha, já provou também ser imbatível na arte de criar dificuldade para vender facilidade.
PROJETO ALTERNATIVO – Depois de ter garantido ao presidente que não permitiria que o projeto da anistia fosse aprovado no Senado, surgiu com um texto alternativo que, embora não perdoe Jair Bolsonaro nem o libere para disputar eleições, alivia a situação de centenas de presos do 8 de Janeiro. É o que Lula não quer.
Com o governo sangrando por causa do escândalo do roubo bilionário das aposentadorias, senadores que já reuniram assinaturas suficientes para pedir a criação de uma CPI mista do INSS dizem que ainda não protocolaram o pedido porque esperam “para angariar mais apoio”.
Enquanto isso, o presidente do Senado cruza o planeta no mesmo avião de Lula e com Silveira, que antes mesmo de embarcar para a Rússia já foi avisado de que sua blindagem não durará para sempre. Quanto mais o governo avança para o final, mais aumentam as chances de o presidente ter de ceder para garantir a reeleição.
O desfecho dessa queda de braço dependerá das circunstâncias e da resiliência de cada um. Casos como o do INSS têm mostrado que o Palácio do Planalto está sem sorte, e Lula já não é mais o mesmo titã do passado. Alcolumbre, em contrapartida, está motivado e cheio de fome.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Alcolumbre tem tudo para se colar a Lula. Ambos são espertos, desclassificados e corruptos. Tudo a ver, como no anúncio da Coca-Cola. (C.N.)
Meu caríssimo editor CN.
Qual anúncio da coca cola ??
Os gananciosos estão em sua área favorita.
Dá para se notar a fragilidade física do doutor de anedotas. A mental e figal nem se fala. Ou seja, qualquer descuido pode ser fatal. Mas não adianta alertar, faz parte da psicose e da dose diária.
SIT TIBI TERRA LEVIS.