Lição de Mujica que Lula e Bolsonaro não ouviram: poder público não é para ostentação

Ex-presidente do Uruguai, José Mujica em casa, em maio de 2014

Pepe Mujica era a imagem da sabedoria e da simplicidade

Roseann Kennedy
Estadão

A morte de Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, deixa recados silenciosos para líderes brasileiros, que precisariam ser ouvidos, por exemplo, pelo presidente Lula e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Mujica soube desapegar-se do cargo quando deixou a presidência, em 2015, e respeitou a alternância de poder.

Analistas políticos apontam que, ao apostar em um diálogo harmonioso entre esquerda e direita, ele contribuiu para o país escapar da polarização radical.

FIGURAS RARAS – “Chegamos a um ponto em que tivemos pouquíssimas figuras que representavam essa expressão mais harmoniosa do viés político. Mujica é uma dessas figuras raras que o pensamento de esquerda produziu. Ou seja, o combate era pelas ideias, não pela força do poder político e muito menos das armas”, diz Paulo Niccoli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

Para Guilherme Casarões, professor de política internacional da FGV-EAESP, o estilo “muito particular” de Mujica foi importante para mitigar a polarização em seu país. “Como presidente, ele teve um papel de colocar o Uruguai no rumo da estabilidade, consolidando o país, talvez o único da América do Sul, que não é vítima dessas alternâncias bruscas de poder que vimos em outros lugares.”

“O recado que Mujica deixa é que o papel principal do poder público é garantir o bem-estar da população, essa é a tarefa número um, e não ostentar o cargo que possui. Essa foi a grande marca dele”, complementa Ramirez, da Fesp.

CONTRA DITADURAS – Presidente do Uruguai entre 2010 e 2015, Mujica ascendeu à política após anos de atuação na guerrilha armada Tupamaros. Chegou a ser preso durante a ditadura militar uruguaia e se tornou símbolo da esquerda latino-americana.

Já no fim da vida, condenou os regimes ditatoriais de esquerda de Nicolás Maduro na Venezuela e Daniel Ortega na Nicarágua. Mujica morreu nesta terça-feira, 13, aos 89 anos, em decorrência de complicações de um câncer de esôfago.

“Grande amigo do Brasil, o ex-Presidente Mujica foi um entusiasta do Mercosul, da Unasul e da Celac, um dos principais artífices da integração da América do Sul e da América Latina e, sobretudo, um dos mais importantes humanistas de nossa época”, pronunciou-se o governo brasileiro, por meio de nota divulgada pelo Itamaraty.

15 thoughts on “Lição de Mujica que Lula e Bolsonaro não ouviram: poder público não é para ostentação

  1. Agora fiquei com dúvidas.

    è mais um carniceiro açougueiro que matou centenas de milhares de pessoas, ou

    é um bom samaritano, gente boa, que ia ás missas todas as quartas, sábados e domingos e ainda tinha uma banquinha de churrasco uruguaio nas festas juninas….

    “….Mujica liderou roubos a bancos e a empresas, distribuindo o saque entre os mais pobres. Um dos episódios mais conhecidos foi em 8 de outubro de 1969, quando cerca de 50 guerrilheiros invadiram a delegacia de polícia, o corpo de bombeiros, a central telefônica e bancos da cidade de Pando. O grupo costumava realizar ainda sequestro de políticos…

    • – Os Tupamaros foram uma guerrilha urbana que teve uma atuação recorrente antes e durante a ditadura militar do Uruguai. A trajetória foi iniciada na década de 1960 e se estendeu até 1985…

      – O movimento ficou marcado por ações armadas —como atentados e sequestros—contra a ditadura uruguaia. A lista inclui assaltos a bancos e empresas. Eles se apresentavam como benfeitores do povo e distribuíam alimentos e bens em bairros pobres de Montevidéu…

      • “…Há poucos crimes piores do que fundar um banco, ganhar dinheiro com o dinheiro dos outros é como um destilado, a quintessência do capitalismo… é a coisa mais linda entrar em um banco com uma .45 na mão: todos te respeitam”

        • PS…

          Aqui vai meu torpedo fatal

          E todos os tupamaros adoram ir visitar e fazer turismo na Big Apple.

          Mesmo com um inverno de 30 graus abaixo de zero, lá estão todos se esbaldando com cafés na 5a Avenida……

          • ops, esqueci,, cafés,, caviar, lagosta, camarão, salmão e uma boa garrafa de vinho francês com 50 mil euros á garrafa..

            Nénão, Capitão Cueca.??

  2. “..Durante seu mandato, o Uruguai implementou uma série de políticas consideradas progressistas, como:

    a legalização da produção e venda de maconha sob controle estatal,

    a descriminalização do aborto em determinadas circunstâncias e

    o reconhecimento legal do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

    • “A gestão também aumentou consideravelmente os gastos públicos com programas sociais. ”

      e tome bolsa-miséria….

      Papai Estado sempre cuidando dos pretos, brancos pobres favelados e donas de casa e também dos velhinhos aposentados….

  3. Adivinha quem está no meio da corrupção roubando os “hospitais”…?

    Eles estão em todas, o Sindicatos do Crime,

    Pelegos comunas corruptos em ação….

    Um caso de corrupção na saúde complica o partido de Mujica no Uruguai

    A investigação de um complô para o desvio de verbas em hospitais mancha a governista Frente Ampla, que em outubro enfrenta eleição presidencial com Tabaré Vázquez como candidato

    https://brasil.elpais.com/brasil/2014/07/23/internacional/1406145103_027315.html

  4. Por enquanto é só

    Voltaremos mais tarde.

    E vamos em frente que atrás vem o Narco-Tupamaro Nine Fingers de sempre atrás das nossas carteiras e também das carteiras dos velhinhos aposentados…

    aquele abraço

  5. Por que será que os que detestam pobres odeiam Mujica? Porque ele doava 90% do seu salário quando era presidente? Por que aumentou a renda média dos trabalhadores em sua gestão (SM aumentou 250%)? Por que diminui bastante a pobreza em seu país?

    Claro, os críticos e defensores do “mercado” sempre chiam quando se aumentam os gastos nas áreas sociais.

    Ele cometeu crimes, seguindo uma ideologia na juventude, coisa que se arrependeu. Pagou por isso ficando preso por mais de dez anos.

    Como ele dizia: todos chegam aqui em minha chácara e me admiram por essa vida que levo. Nenhum me copia.

    .

    • O interessante, José, é que não vemos esses que odeiam o Mujica condenando os mortos pelas ditaduras militares, nem os seus torturadores… E falam de “centenas de milhares de mortos” pelos Tupamaros que “se apresentavam como benfeitores do povo” e ignoram solenemente a estima do povo uruguaio pelo seu presidente, durante e após seu mandato..

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