Paulo Peres
Poemas & Paixões
O político, médico, pintor, tradutor, biógrafo, ensaísta, romancista e poeta alagoano Jorge Mateus de Lima (1893-1953) mostra no soneto “Paixão e Arte” que, para fazer arte, tem que ter paixão, e esta não existe sem o verso, porque ele é a arte do verbo.
PAIXÃO E ARTE
Jorge de Lima
Ter Arte é ter Paixão. Não há Paixão sem Verso…
O verso é a Arte do Verbo – o ritmo do som…
Existe em toda a parte, ao léu da Vida, asperso
E a Música o modula em gradações de tom…
Blasfemador, ardente, amoroso ou perverso
Quando a Paixão que o gera é Marília ou Manon…
Mas é sempre a Paixão que o faz vibrar diverso;
Se o inspira o Ódio é mau, se o gera o amor é bom…
Diz a História Sagrada e a Tradição nos fala
dum amor inocente (o mais alto destino):
A Paixão de Jesus, o perdão a Madalena.
Homem, faze do Verso o teu culto pagão
E canta a tua Dor e talha o alexandrino
A quem te acostumou a ter Arte e Paixão.
Recentemente publiquei um artigo sobre Jorge de Lima,na página “Dicas de Leitura”,do Facebook,especializada em Literatura.
“A jack of all trades is a master of none”
Esse provérbio me parece dizer que quem é sábio em muitas artes não é mestre em nenhuma. Ou, aportuguesando o texto: aquele que sabe pouco de tudo não sabe muito de nada.
Isso parece um insignificante detalhe, mas não é. Esse conceito tem imenso valor no mundo atual exigente por especialistas. A realidade exige profundidade de conhecimento em lugar de variedade de conhecimento.