Na crise do decreto do IOF, Haddad é um saco de pancadas útil para Lula

Clayton Rebouças | Lula e Haddad se reúnem para discutir cortes no  Orçamento… #charge #cartum #cartoon #humor #política #humorpolitico  #desenho #art... | Instagram

Charge do Clayton (O Povo/CE)

Diogo Schelp
Estadão

Você sabe que a situação está feia para um ministro da Fazenda quando até as peças publicitárias de empresas privadas ajudam a espalhar a notícia de suas políticas impopulares. Os painéis digitais das avenidas de São Paulo e as redes sociais de bancos e fintechs estão cheios de anúncios prometendo soluções para minimizar o impacto do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

“Mudou o IOF?”, ironiza uma das propagandas, que promete manter a taxa antiga, de 1,1%, sobre compras internacionais no cartão de crédito. “O governo brasileiro acabou de fazer uma mudança muito séria que vai impactar no seu bolso”, começa outra, sem rodeios. “Aqui ainda é 21 de maio”, provoca uma terceira, em referência ao dia anterior ao anúncio que acabou com o IOF reduzido para contas em dólar.

TIRANDO DINHEIRO… – Para compensar o aumento do imposto e reter os correntistas, as instituições financeiras estão oferecendo spread zero, cashback e descontos nos custos das transações, entre outras promoções. A mensagem que fica é: o governo está tirando mais dinheiro de você, mas nós vamos salvá-lo.

Em outras circunstâncias, a crise do IOF — com seus recuos parciais, impacto no mercado financeiro, jogo de empurra, justificativas desencontradas e danos à imagem do governo — resultaria facilmente na demissão do ministro que levou a medida para a assinatura do presidente.

Isso não acontece com Fernando Haddad, titular da Fazenda, porque ele é um saco de pancadas útil para o presidente Lula.

NA LATA DE LIXO – Haddad apanha da oposição, apanha até de colegas do próprio governo, mas mantém-se de pé para poupar o chefe dos golpes.

Alterar a cobrança do IOF para arrecadar mais dinheiro para o governo poder distribuir em programas sociais — e não como instrumento de regulação das atividades financeiras, como seria o correto — é o tipo de solução que fica no fundo da lata de lixo das políticas públicas à espera de um problema para ser resolvido. No caso, o problema é o fato de que as contas não fecham e Lula só pensa em gastar mais.

Em estudos sobre liderança ética, um dilema conhecido é o de quem deve ser responsabilizado por “problemas de muitas mãos”, ou seja, políticas públicas fracassadas que resultam de múltiplos fatores e indivíduos atuando simultaneamente.

LULA QUER GASTAR -A situação fiscal do Brasil é um desses problemas. Lula quer gastos elevados para se manter no poder, o Congresso quer mais emendas, ninguém se aventura a fazer uma reforma para diminuir despesas correntes, empresas querem eternizar benefícios fiscais, Haddad só encontra saídas que penalizam a classe média, e assim por diante.

Diante de problemas de muitas mãos, sistemas políticos com normas de prestação de contas frouxas ou informais tendem a produzir culpas individuais, em um processo em que todos os envolvidos competem para evitar responsabilização até se unir contra aquele que tem maior chance de culpabilidade.

Para esse posto, Haddad é o melhor candidato. Ninguém sabe apanhar calado como ele.

1 thoughts on “Na crise do decreto do IOF, Haddad é um saco de pancadas útil para Lula

  1. Se fosse só Haddad pra fezer o papel de livrar a cara da maior farsa da História, tava bom.

    Há uma trupe de pilantras no Estado, nos aparelhos midiaticos e educacionais trabalhando ardorosamente.

    Algum lucro têm.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *