
Murilo Mendes, retratado por Guinard
Paulo Peres
Poemas & Canções
O notário e poeta mineiro Murilo Monteiro Mendes (1901-1975), em poucos versos, revelou o destruidor ciúme que sente por uma mulher que jamais quis se entregar a ele. e ele descreve o ciúme como uma “ânsia absoluta”.
POESIA DO CIÚME
Murilo Mendes
Eu nunca poderia aplacar esta ânsia absoluta,
Esta gana que tenho de ti
– Mesmo se te possuísse.
Eu tenho ciúme do teu pai e da tua mãe,
Eu tenho ciúme daquele que te desvirginou,
Eu tenho ciúme de Deus
Que fundiu o molde da tua alma rebelada,
De Deus que me matando poderia
Extinguir enfim meu ciúme
Na noite total sem pensamento e sem sexo.
Esta gana que tenho de ti
– Mesmo se te possuísse.
Eu tenho ciúme do teu pai e da tua mãe,
Eu tenho ciúme daquele que te desvirginou
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Poesia seca, agressiva e deselegante (se posso chamar isso de poesia!)