Com a tornozeleira, país fica preso na polarização e decepciona moderados

Regis Soares – A tornozeleira do mito – BigPB

Charge do Régis Soares (Arquivo Google)

Sergio Denicoli
Estadão

A decisão do ministro Alexandre de Moraes de impor tornozeleira eletrônica a Jair Bolsonaro reativou instantaneamente o modo turbo da polarização política. O assunto foi o suficiente para que os dois grandes blocos voltassem a se enfrentar com a mesma fúria das últimas eleições.

Um levantamento da AP Exata, com 62 mil publicações sobre o tema, feitas no X e Instagram, mostra as militâncias divididas de forma quase milimétrica. Excluindo as menções neutras, 50,3% das manifestações nas redes são contra o ex-presidente, enquanto 49,7% são a favor.

A direita organizou sua reação com um repertório bem conhecido. A hashtag #SomosTodosBolsonaro liderou as menções, seguida de #Trump e #STFvergonhaMundial. As palavras de ordem mais utilizadas foram “perseguição política”, “ditadura de toga” e “Brasil virou Venezuela”.

FORTE MOVIMENTAÇÃO – Vídeos, cards e posts pedindo mobilização voltaram a circular como em tempos de campanha. Também foram muitos os apelos ao presidente dos Estados Unidos, para que tomasse alguma providência. A narrativa foi de que o ex-presidente estaria sendo humilhado por motivações políticas e o Brasil teria se transformado num regime de exceção.

A esquerda respondeu com comemoração e provocação. #BolsonaroNaCadeia e #GrandeDia ocuparam os primeiros lugares entre as hashtags usadas por perfis desse espectro ideológico.

A linguagem foi marcada por ironia, escárnio e memes. Frases de efeito e montagens circularam com velocidade. A resposta não teve compromisso com o debate jurídico ou político. Teve o objetivo de devolver na mesma moeda dos que se regozijaram quando Lula foi preso.

TERCEIRO SETOR – No campo dos que não tomaram partido, o comportamento também chama atenção. Não se trata de silêncio total. Muitos falaram da repercussão, da cobertura da imprensa, da reação das bases bolsonaristas e governistas, sem manifestar apoio nem reprovação direta a qualquer um dos lados.

O tom predominante foi de cansaço. Frases como “mais um capítulo da novela”, “nada muda”, “estamos presos nesse ciclo” apareceram com frequência.

Esses perfis não são apáticos. São atentos, informados e cada vez mais distantes do debate polarizado. Observam com descrença tanto os que comemoram quanto os que denunciam. E deixam claro que o episódio da tornozeleira, para além da disputa entre extremos, reforça a sensação de paralisia de um País que não consegue se libertar das mesmas narrativas.

PAÍS CONGELADO – Para esse grupo, o Brasil parece congelado em um roteiro repetido, onde os personagens são sempre os mesmos e o final nunca chega.

As reações à tornozeleira eletrônica de Jair Bolsonaro expõem uma nação que insiste em se manter aprisionada à polarização, como se não houvesse outro caminho. Mas há. E talvez esteja justamente na parte da sociedade que hoje prefere observar em silêncio. Os que não berram, mas pensam. Os que não compartilham, mas enxergam.

Essa maioria, exausta, que rejeita os extremos e torce para que o País finalmente vire a página, pode ser o único antídoto possível para o ciclo que insiste em se repetir.

Importados do Brasil começam a influir na inflação americana antes do tarifaço

Chicará de café ao lado de grãos torrados

Café subiu de preço e o tarifaço trará novo aumento

Alicia Wallace
da CNN

A inflação nos Estados Unidos voltou a subir em junho, atingindo seu nível mais alto em quatro meses, à medida que o aumento de preços — incluindo aqueles provenientes de tarifas — tiveram um impacto maior.

Os preços ao consumidor subiram 0,3% no mês passado, elevando a taxa de inflação anual para 2,7%, a mais alta desde fevereiro, de acordo com os últimos dados do CPI (Índice de Preços ao Consumidor) divulgados na terça-feira (15) pelo BLS (Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA).

QUESTÃO EM ABERTO – Esperava-se que o dado de junho fosse um “ponto de virada” em que tarifas elevadas deixariam uma marca ainda maior nos dados de inflação. No entanto, até que ponto as tarifas podem aumentar a inflação e por quanto tempo isso pode durar ainda é uma questão em aberto.

Economistas como Heather Long, da Navy Federal Credit Union, alertaram que os impactos relacionados às tarifas ainda são iniciais.

“As tarifas estão começando a pesar”, disse a economista-chefe da Navy Federal Credit Union, em entrevista à CNN Internacional. “Não foi tão ruim quanto o esperado, mas dá para ver nos dados. Isso parece o primeiro inning, os estágios iniciais do que provavelmente será um número cada vez maior de itens apresentando aumento de preço.”

CAFÉ E LARANJA – Ela observou como os preços do café e da laranja — categorias já duramente afetadas pelos impactos climáticos e que taLmbém devem sofrer pressão adicional com as tarifas — dispararam em junho.

Os produtos são duas das principais exportações que o Brasil faz aos EUA. Enquanto o café é 3º item mais vendido, somando US$ 1,172 bilhão entre janeiro e junho deste ano, os sucos de frutas — dentre os quais prevalece o da laranja — são o 6º, com US% 743 milhões.

O CPI apurou que o café subiu 2,2% nos EUA ao longo do último ano, enquanto as frutas cítricas 2,3%, acima da meta perseguida pelo Fed (Federal Reserve) de 2%.

MÁQUINA DE LAVAR – Na terça, Trump comemorou a queda dos preços ao consumidor e autoridades da Casa Branca minimizaram o efeito das tarifas sobre a inflação geral. Trump pediu ao Fed que cortasse as taxas de juros “agora!”.

Os dados vieram em linha com as previsões dos economistas de que o CPI geral aumentaria em relação às variações mensal de 0,1% e anual de 2,4% relatadas em maio.

Eles esperavam que preços mais altos do gás ajudassem a elevar o índice geral (o que foi o caso) e anteciparam que um conjunto mais amplo de produtos mostraria o efeito das empresas repassando custos mais altos de importação aos consumidores (o que também foi o caso).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A matéria mostra que os americanos confiam em Trump. Em qualquer outro país, o governante que provoca inflação perde apoio. Vamos aguardar mais um pouco. (C.N.)

Ninguém está a salvo da espada da Justiça que Trump sonha possuir

Trump faz dancinha com espada em evento; veja vídeo - 21/01/2025 - Mundo -  Folha

Trump sonha em fazer retroceder o relógio da História

Demétrio Magnoli

Trump declarou, vezes sem conta, sua tórrida paixão por tarifas. Celebremente, selecionou “tarifas” como sua palavra predileta, para depois corrigir-se colocando-a atrás de “Deus” e “amor”. Na visão dele, tarifas desempenham três funções distintas. A Tarifa-Bolsonaro, de 50%, anunciada contra o Brasil, enquadra-se na terceira família.

Nas suas versões de esquerda e direita, o populismo econômico destina-se a impulsionar o consumo, angariar popularidade e colher triunfos eleitorais. No fim, o resultado é sempre a explosão da dívida pública. Pela esquerda, caso do Brasil, sob o dístico “gasto é vida”, os gastos públicos crescem além das possibilidades de aumento da arrecadação tributária. Pela direita, ao estilo de Trump, sob o lema de que “redução de impostos é vida”, comprime-se a receita tributária a patamares inferiores às necessidades orçamentárias.

RELÓGIO DA HISTÓRIA – A primeira função das tarifas de Trump é compensar a redução de impostos. O presidente imagina retroceder o relógio da história até o final do século 19, quando as taxas sobre importações representaram a fonte principal de arrecadação do governo dos EUA.

Não funcionará: mesmo sob políticas suicidas de cortes de despesas, o Estado contemporâneo precisa arrecadar muito mais do que proporcionariam as tarifas alfandegárias.

A Lei de Tarifas de 1890, proposta por William McKinley, um herói de Trump, aumentou para 50% as taxas alfandegárias médias dos EUA. A ideia era proteger a manufatura nacional, estimulando a expansão industrial do país. Na época, funcionou –como, mais tarde, a substituição de importações aceleraria a industrialização do Brasil.

OUTRA UTOPIA – A segunda função das tarifas de Trump é provocar um renascimento manufatureiro dos EUA. Trata-se, também, de uma utopia reacionária. Atualmente, as grandes empresas assentam seus negócios em cadeias produtivas internacionalizadas, tirando proveito das vantagens comparativas de diversas economias nacionais.

As tarifas de Trump tendem a inflacionar a economia doméstica sem restaurar os parques manufatureiros devastados pela história.

“AMERICA FIRST” —a guerra tarifária orienta-se tanto contra adversários como contra aliados geopolíticos dos EUA. Em princípio, ninguém está a salvo da espada erguida pela Casa Branca. Contudo, a terceira função das tarifas é castigar governos que tornam-se alvos da ira sagrada de Trump. A Tarifa-Bolsonaro pertence a essa família de sanções ideológicas.

Lula tagarela à vontade sobre soberania nacional, mas só a respeita quando lhe convém. Já declarou apoio a candidatos estrangeiros, fez campanha para Hugo Chávez e, há pouco, exibiu-se na mansão onde Cristina Kirchner cumpre prisão domiciliar reivindicando a libertação da ex-presidente.

Não teria o direito moral de exigir de Trump respeito à Justiça brasileira enquanto insurge-se contra sentenças judiciais argentinas.

SOBERANIA – Mas a Tarifa-Bolsonaro situa-se num pavilhão superior de interferência na soberania nacional. De fato, trata o Brasil como uma ditadura que emprega o sistema judicial para violar direitos humanos.

Diante dela, Lula tem o dever de enrolar-se na bandeira auriverde e enfrentar a ameaça.

De quebra, beneficia-se politicamente da submissão canina de Tarcísio de Freitas aos interesses de Bolsonaro que, à vista de todos, contrariam diretamente o interesse nacional.

Zanin e Dino ajudam Moraes a agravar sua briga contra Trump

Barroso pede que Zanin e Dino se manifestem sobre impedimento | Metrópoles

Zanin e Dino apoiam a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro

Carolina Brígido
Estadão

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável por julgar os processos sobre a trama golpista, confirmou nesta sexta-feira, 18, as medidas cautelares adotadas pelo ministro Alexandre de Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A pedido de Moraes, o presidente do colegiado, Cristiano Zanin, convocou sessão extraordinária no plenário virtual.

A votação começou às 12 horas de hoje e vai até as 23h59 de segunda-feira, 21. Os ministros Flávio Dino e Cristiano Zanin já votaram, além de Moraes. Ainda faltam os votos dos ministros Luiz Fux e Carmen Lúcia. Dino afirmou que há possibilidade de que o ex-presidente Jair Bolsonaro fuja do País.

MORAES X TRUMP – Com o apoio dos colegas, Moraes sai fortalecido do embate com Donald Trump, que enviou uma carta ao Brasil pedindo que a “perseguição” contra Bolsonaro fosse interrompida imediatamente.

Apesar de o tribunal estar em recesso, os prazos processuais da ação contra Bolsonaro não foram interrompidos, porque um dos réus está preso, o general Braga Netto.

Moraes não comunicou previamente todos os colegas da Primeira Turma sobre a decisão que atinge Bolsonaro. Ao Estadão, ministros do colegiado afirmaram que isso aconteceu por que a Corte está em recesso e alguns ministros estão de folga.

SEM AVISAR – Moraes não tem a obrigação de avisar os colegas antes de tomar uma decisão, mas essa tem sido a praxe, especialmente em decisões de grande impacto. Integrantes da turma esperavam que a decisão de Moraes só seria submetida ao colegiado para confirmação ou não das medidas a partir de agosto, quando o tribunal retomará as atividades.

Ministros do Supremo avistavam motivos jurídicos justificar o decreto de prisão preventiva contra Bolsonaro há meses, conforme o Estadão informou.

A decisão de adotar medidas cautelares foi a forma encontrada por Moraes para evitar novas tentativas de obstrução do processo – ou, em uma situação mais grave, a fuga do réu antes do julgamento.

JUSTIFICATIVAS – O artigo 312 do Código de Processo Penal prevê situações para se decretar prisão preventiva, ou medidas cautelares, antes mesmo do julgamento do investigado. Isso pode acontecer “como garantia da ordem pública, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova de existência do crime e indícios suficientes da autoria”.

Um dos fatores indicativos de tentativa de evitar a aplicação da lei penal é a movimentação política de Eduardo Bolsonaro, o filho do presidente que hoje mora nos Estados Unidos. Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, ele tenta acuar o STF diante do avanço da ação penal contra o pai.

A carta de Donald Trump agravou o quatro. O presidente dos EUA exigiu que o Brasil interrompesse a “caça às bruxas” contra Bolsonaro imediatamente. No mesmo documento, Trump anunciou o tarifaço sobre o Brasil. Diante desses indícios, o mais provável é que a Primeira Turma mantenha a decisão de Moraes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Não é necessário haver justificativa em lei ou jurisprudência. Moraes age como bem entende, é um irresponsável. A pergunta que se deve fazer a ele é a seguinte: E agora, ministro, sua decisão melhorou ou piorou a crise política nacional e os problemas internacionais? (C.N.)

83% dos brasileiros querem fim dos supersalários de juízes, diz Datafolha

Vinte e cinco mil servidores recebem supersalários e custam R$ 3,9 bi por  ano ao país

Charge do Nef (Jornal de Brasília) \

Tiago Mali
do UOL

Uma pesquisa do Instituto Datafolha divulgada terça-feira pela ONG Movimento Pessoas à Frente mostra que 83% dos brasileiros são favoráveis à revisão de benefícios e auxílios para evitar os pagamentos acima do teto constitucional, os chamados “supersalários” do setor público. O dado faz parte de um levantamento maior sobre o tema cuja íntegra será divulgada em breve pela organização.

DENTRO DA LEI – Como mostrou o UOL, 9 em cada 10 juízes e 9 em cada 10 integrantes do Ministério Público receberam em 2024 uma remuneração média líquida acima do que receberam os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Uma série de reportagens nos últimos meses têm revelado diversos casos de pagamentos de adicionais que elevam o salário de funcionários públicos para acima do teto remuneratório, que hoje é de R$ 46 mil.

A série Brasil dos Privilégios trouxe um panorama abrangente sobre o tema, mostrando servidores que acumularam vencimentos mensais líquidos superiores a R$ 1 milhão.

BRECHAS LEGAIS – O pagamento superior ao teto do funcionalismo é feito de forma legal, aproveitando-se de uma brecha para classificar adicionais como “verba indenizatória”, uma espécie de pagamento que é imune ao teto.

Ocorre que, em princípio, a verba indenizatória era usada apenas para despesas sem relação com uma recompensa pelo trabalho.

Nos últimos anos, porém, uma série de decisões administrativas do próprio Judiciário e do Ministério Público têm mudado esse entendimento em favor dos magistrados, promotores e procuradores. Essas mudanças causaram uma explosão de pagamentos acima do teto nos últimos anos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Antigamente, eles chamavam esses privilégios de “direito adquirido”. Quando foi percebido que se tratava de “sem-vergonhice adquirida”, eles mudaram para “verba indenizatória”. Eles são muito criativos. (C.N.)

Veja o que o poeta Leminski achava que nunca iríamos saber

O amor, esse sufoco, agora a pouco era muito, agora, apenas um sopro. Ah, troço de louco, corações trocando rosas e socos... Frase de Paulo Leminski.Paulo Peres
Poemas & Canções

O crítico literário, tradutor, professor, escritor e poeta paranaense Paulo Leminski Filho (1944-1989) expressa no poema “Objeto Sujeito” tudo quanto nunca saberemos.

OBJETO SUJEITO
Paulo Leminski

Você nunca vai saber
quanto custa uma saudade
o peso agudo no peito
de carregar uma cidade
pelo lado dentro
como fazer de um verso
um objeto sujeito
como passar do presente
para o pretérito perfeito
nunca saber direito

você nunca vai saber
o que vem depois de sábado
quem sabe um século
muito mais lindo e mais sábio
quem sabe apenas
mais um domingo

você nunca vai saber
e isso é sabedoria
nada que valha a pena
a passagem pra Pasárgada
Xanadu ou Shangrilá
quem sabe a chave
de um poema
e olhe lá

Trump, tarifas e a surreal investigação do comércio da Rua 25 de Março

Não há razões consistentes para questionar o sistema Pix

Pedro do Coutto

A decisão do presidente Donald Trump de intensificar sua política tarifária contra o Brasil, incluindo agora menções à movimentação do Pix e até ao comércio informal da Rua 25 de Março, em São Paulo, expõe uma escalada de tensões que ultrapassa os limites da lógica comercial. Reportagem de O Globo traz à tona um cenário que, além de surreal, tangencia perigosamente a violação de soberanias e o uso do protecionismo como ferramenta de intimidação geopolítica.

De fato, a popularidade do presidente Lula da Silva experimentou uma alta expressiva desde o início da retaliação americana. A imagem de um chefe de Estado defendendo os interesses nacionais contra uma superpotência tem, historicamente, forte apelo no Brasil. Ao se posicionar contra o chamado “tarifaço” de 50% anunciado por Trump — que entra em vigor no próximo dia 1º de agosto — Lula parece ter conquistado não apenas apoio institucional, mas também adesão popular.

SISTEMA PIX – O que causa estranhamento — ou perplexidade — é a alegada investigação norte-americana sobre o sistema Pix e a Rua 25 de Março. Trata-se de uma via tradicional de comércio popular na capital paulista, conhecida por seu dinamismo, informalidade e acessibilidade a produtos de baixo custo. Qual seria o interesse de Washington em um centro comercial que sequer exporta produtos para os Estados Unidos?

Segundo apurou a reportagem, nem mesmo diplomatas ou analistas do Itamaraty conseguem compreender a lógica dessa investida. O próprio ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, reagiu duramente: “Estamos diante de uma intromissão absolutamente indevida”.

Sob o pretexto de combater práticas que, segundo o governo americano, “ameaçam a competitividade e segurança econômica” dos EUA, Trump parece usar a política tarifária como instrumento de pressão política. No entanto, o argumento desmorona diante da realidade: o comércio popular da 25 de Março não influencia as exportações brasileiras de aço, alumínio, produtos agrícolas ou qualquer outro item sob tarifação. Trata-se de uma economia essencialmente interna, de sobrevivência, longe do radar geoeconômico internacional.

NARRATIVAS – O episódio reflete uma estratégia mais ampla de Donald Trump em seu segundo mandato: construir narrativas de confronto internacional como meio de reforçar sua retórica nacionalista. Em 2018, adotou medidas semelhantes contra China, Canadá e União Europeia, todas revestidas de um discurso de “America First”, ainda que seus efeitos, por vezes, tenham ferido mais consumidores americanos do que adversários comerciais.

Nesse novo capítulo com o Brasil, as consequências são duplas. De um lado, há o impacto direto no agronegócio, no setor metalúrgico e na indústria de transformação, que dependem fortemente do mercado americano. De outro, a retórica hostil fortalece o discurso nacionalista no Brasil e amplia a coesão política em torno de Lula — um efeito colateral que talvez Trump não tenha previsto.

MODERAÇÃO – A crise, porém, está longe de ser apenas retórica. A entrada em vigor da tarifa pode gerar uma perda bilionária ao Brasil em menos de seis meses, enquanto organizações empresariais dos dois países pedem moderação e diálogo. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a US Chamber of Commerce têm feito apelos conjuntos por uma renegociação, reconhecendo que a medida é prejudicial para ambos os lados.

Em resumo, a ameaça tarifária de Trump contra o Brasil revela não apenas um embate econômico, mas um jogo político de alto risco. Ao mirar no Pix e na 25 de Março, o presidente norte-americano parece desferir mais um golpe simbólico do que efetivo. Mas, como toda política simbólica, seus efeitos não devem ser subestimados: eles moldam percepções, inflamam debates e alteram rumos eleitorais.

O Brasil, por ora, responde com diplomacia firme. E Lula, com isso, colhe dividendos de imagem — o que, convenhamos, em política, vale tanto quanto um acordo comercial bem-sucedido.

 

Moraes coloca tornozeleira eletrônica em Bolsonaro e agrava a crise política

Há censura no Brasil? Eis a pergunta que Moraes e o STF não querem responder” – Carlos Sousa

Charge do Schmock (Revista do Oeste)

Deu na Folha

A Policia Federal cumpriu nesta sexta (18) mandados na casa de Jair Bolsonaro e no escritório do PL. Foram apreendidos cerca de US$ 14 mil e R$ 8 mil na operação.

O ex-presidente terá que a partir de agora usar tornozeleira eletrônica e será monitorado 24 horas por dia por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

MAIS RESTRIÇÕES – Bolsonaro foi ainda proibido pelo magistrado de acessar redes sociais e de falar com seu filho Eduardo Bolsonaro, que se licenciou do mandato e está nos EUA atuando para que o país aplique sanções a Moraes.

Terá que cumprir recolhimento domiciliar noturno, das 19h às 7h, e também nos fins de semana; não poderá se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros nem se aproximar de embaixadas.

Bolsonaro foi levado à PF para que o aparelho fosse instalado em seu tornozelo.

INDIGNAÇÃO – O advogado Celso Vilardi, que representa o ex-presidente, afirmou à coluna que “a defesa está surpresa e vai se manifestar após ter ciência da decisão”.

Em nota, os advogados dizem: “A defesa do ex-Ppresidente Jair Bolsonaro recebeu com surpresa e indignação a imposição de medidas cautelares severas contra ele, que até o presente momento sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário.

A defesa irá se manifestar oportunamente, após conhecer a decisão judicial”.

PARECER A FAVOR – Alexandre de Moraes determinou as medidas cautelares em atendimento a uma representação da PF com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República.

Segundo a PF, Bolsonaro tem atuado para dificultar o julgamento do processo do golpe e tem iniciativas que caracterizam os crimes de coação no curso do processo, obstrução de Justiça e ataque à soberania nacional. O órgão divulgou nota confirmando as medidas cautelares.

O ex-presidente teria financiado inclusive atos contra a soberania nacional, ao enviar recursos para o filho atuar contra o Brasil nos EUA. Em junho, ele admitiu à coluna que tinha enviado R$ 2 milhões a Eduardo Bolsonaro, via Pix. “O dinheiro é meu e é limpo”, afirmou.

PÓS-TARIFAÇO – O procedimento sigiloso contra Bolsonaro chegou a Moraes doisdias após tarifaço de Trump. Ministros da Corte já desconfiavam e tiveram indícios de que Bolsonaro se preparava para fugir do Brasil, pedindo asilo político a Donald Trump nos EUA.

As falas do norte-americano pressionando o Brasil e o STF para que o processo fosse encerrado “imediatamente!”, e o “desespero” demonstrado por Bolsonaro teriam sido determinantes para a medida, segundo um magistrado ouvido pela coluna.

As medidas cautelares vêm na esteira da crise que o presidente norte-americano abriu contra o Brasil, impondo taxas de 50% ao país e colocando, entre as condições para que elas não sejam aplicadas, o fim da ação penal contra o ex-presidente, que Trump chama de “perseguição”.

DISSE TRUMP – Na quinta (17), Trump divulgou nova carta, desta vez endereçada diretamente a Bolsonaro, dizendo que o processo contra ele deveria terminar “imediatamente!”.

“Eu vi o terrível tratamento que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto”, afirmou o norte-americano em carta com timbre da Casa Branca publicada em sua rede social, o Truth Social.

O governo Trump também ameaça aplicar sanções ao ministro do STF Alexandre de Moraes, relator da ação penal em que Bolsonaro é acusado de tentar dar um golpe no Brasil, e o Departamento de Estado chegou a citar o magistrado nominalmente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Moraes é um gênio do mal. Quando uma situação está muito difícil, ele sempre arranja uma maneira de agravá-la. (C.N.)

Tarcísio enfim começa a se livrar da dominação obsessiva de Bolsonaro

Além de Neymar, tem muita coisa boa em Santos, diz Tarcísio

Tarcísio será um candidato fortíssimo na sucessão

Vicente Limongi Netto

O governador Tarcísio de Freitas desfilou com boné vermelho de Trump causando rebuliços políticos. Por isso, foi alvo da ira de setores do governo Lula e bolsonaristas. Agora, comparece à Embaixada dos Estados Unidos para tratar do tarifaço do presidente americano que atingiu na virilha os empresários brasileiros.

Por sua atuação pertinente, Tarcísio continuou levando chutes e cusparadas. De gregos e corinthianos. Todos os passos e ações do governador paulista foram acompanhados e criticados. Mesmo assim, conseguiu o que queria:  livrar-se das algemas intimidadoras do ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Assim, Tarcísio não é mais refém de partidos nem de políticos.  Nova pesquisa do Instituto Quaest indica que o governador paulista já empata com Lula no segundo turno nas eleições de 2026.  Tarcísio segue com a lição embaixo do braço: Deus ajuda a quem cedo madruga e também se ajuda.

GRANDE NEYMAR – Notícia boa, Neymar voltando com tudo. Jogou bem. Recuperou a forma física. Em campo o jogo inteiro. Marcou belo gol, na vitória do Santos com o Flamengo. Com bonitas jogadas, excelente movimentação, engrandeceu a eterna Vila Belmiro de Pelé.

No final, carinhosamente saudado pelos jogadores do Mengão. Ancelotti certamente feliz. A bola e a torcida, mais ainda. Craque verdadeiro não desaprende.

Fato incontestável! Trump expôs um Brasil vulnerável e sem estratégia

Em entrevista à New Yorker, Lula ataca Donald Trump

Lula está fazendo um governo absolutamente medíocre

William Waack
Estadão

O sonolento Brasil foi sacudido em seu berço esplêndido mas o pesadelo mal começou. A brutal pressão desencadeada por Donald Trump tem aspectos específicos intratáveis, como a imposição de tarifas para interferir na politica doméstica. Simplesmente inaceitável.

Ainda mais preocupante, porém, é a exposição do grau de vulnerabilidade geopolítica de um país tão grande e, do ponto de vista geográfico, tão afastado do principal eixo de conflito. O fato do Brasil estar encurralado e com poucas opções vem do fato de que pensamento estratégico, planejamento e defesa nacional nunca ocuparam lugar central no debate político.

SIMBOLISMO – Sempre acaba sendo um grande problema quando em matéria de relações externas dirigentes políticos dão prioridade ao simbolismo em vez de estratégias articuladas. É o que está acontecendo agora.

“Defesa da soberania” virou um jargão de marketing de um governo apegado a frases de efeito desprovidas de ações de efeito prático (que ele nem sabe quais seriam eventualmente).

Boquirrotos irresponsáveis como Lula e Bolsonaro têm cada um a seu modo uma boa dose de “culpa” na delicada situação que o País enfrenta agora, embora a trombada fosse bastante previsível (não era isso o que se queria, especialmente nos arredores de Lula, o fim da “pax americana”?). Mas a questão principal é uma falha de elites políticas e econômicas.

BRASIL POTÊNCIA – Meio século atrás ainda se discutia a ideia (furada ou não, é outra questão) de um “Brasil potência”, e a Guerra Fria obrigava a se examinar qual lado (ou nenhum lado) se deveria escolher.

Pode ser que a globalização, o boom das commodities e o “fim da história” (o triunfo de um sistema), coincidindo com redemocratização, tenham moldado essa modorrenta mentalidade nacional de que o mundo lá fora é distante e pouco nos afeta.

O fato que a brutalidade trumpista expõe agora é a ausência de um “projeto nacional” ou sequer de impulsos para discutir esse tipo de coisa no Brasil. É agora que se conhecem os efeitos negativos de posições ideológicas afastadas do interesse nacional, como foi o caso da política externa de Lula desde seu primeiro mandato. Ou quando um mandatário como Bolsonaro resume seu pensamento na frase “eu amo Trump”.

MEDIOCRIDADE – Deixada entregue a si mesma, a notável estagnação na política brasileira e seu “consórcio” para governar parecia imutável.

A sacudida proporcionada por Trump não vai mudar o comportamento do STF, ajuda mas não salva o governo Lula de sua profunda mediocridade, não tira Bolsonaro da cadeia nem resolve nossa questão fiscal.

Mas está nos obrigando a perguntar, de verdade, que País é este?

Procurador Gonet “adaptou” o parecer para não implodir a delação de Cid

Mauro Cid quer fechar delação com a PF; Moraes precisa validar acordo

Delação de Cid tem trechos que não merecem respeito

Rafael Moraes Moura
O Globo

Embora tenha acusado o tenente-coronel Mauro Cid de omitir fatos graves e de adotar uma “narrativa seletiva” nos relatos de sua colaboração premiada, descartando a possibilidade de perdão judicial e pedindo que a redução da pena para o ex-ajudante de Jair Bolsonaro seja a mínima possível, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, incluiu no documento em que pediu a condenação dos réus um “antídoto” para não anular a delação e nem as provas colhidas a partir de sua polêmica delação no caso da trama golpista.

Na última segunda-feira (14), Gonet apontou no parecer encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) as suspeitas de que Cid utilizou um perfil no Instagram para manter contato com a defesa de um dos réus, enquanto se aprofundavam as investigações, “em aparente afronta às restrições” impostas pelo relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes.

AINDA EM APURAÇÃO – Mas em seguida ressalvou que “a questão permanece sob apuração, não sendo possível, neste momento, atribuir ao réu a autoria dos acessos”. E completou:

“De todo modo, eventual comprovação de vinculação do perfil ao nome de Mauro Cid não implicaria, por si só, o esvaziamento da voluntariedade ou da legalidade do acordo de colaboração premiada, cuja regularidade e espontaneidade foram reiteradamente reconhecidas ao longo de toda a instrução”, desconversou.

Os diálogos entre Cid e os representantes dos réus foram citados pela defesa de Bolsonaro no depoimento do ex-ajudante de ordens ao Supremo no mês passado – e se tornaram uma arma do ex-presidente e de outros investigados para reforçar a estratégia de anular a investigação, ao insistir que Cid foi pressionado a fechar o acordo com a Polícia Federal, o que “arranharia” o princípio da voluntariedade.

CID EM RISCO – Mas, para Gonet, o acordo de Cid segue válido, independentemente do desdobramento dessa apuração sobre a utilização de um perfil por parte do militar para se comunicar com a defesa de outros réus.

Na avaliação de Gonet, se há algo sob risco não é o acordo em si, nem as provas colhidas a partir dele, e sim os benefícios acertados com Cid.

“Apenas estaria acentuado o caráter ambíguo da conduta do colaborador, que, por vias paralelas, buscava auferir benefícios premiais e restabelecer canais de interlocução com os demais corréus”, escreveu Gonet.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Num país democrátíco e num tribunal que realmente obedeça as leis, a delação de Cid já teria ido pelo espaço e ele estaria liquidado. Um oficial filho de general de quatro estrelas que mostra ser mentiroso e covarde. (C,N,)

Trump é o homem errado para fazer uma denúncia integralmente certa

Charge Joe Benke (Arquivo Google)

J.R. Guzzo
Estadão

O conflito diplomático-fiscal entre Estados Unidos e Brasil, à primeira vista, parece ser um clássico do que os advogados americanos chamam de open and shut case – uma daquelas disputas em que méritos e deméritos entre as partes são tão óbvios que a sentença já sai assim que o processo é aberto.

No caso: como admitir a interferência oficial de um governo estrangeiro em questões puramente brasileiras, como o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no STF, sob a acusação de tentativa de golpe? Não dá. Caso fechado.

PROBLEMA GIGANTE – Mas há um problema gigante neste caso, e como frequentemente acontece com os problemas gigantes, discute-se tudo, menos ele. Tudo bem, os Estados Unidos não podem dizer ao Brasil como o julgamento de Bolsonaro deve ser conduzido.

Continua perfeitamente de pé, entretanto, o fato objetivo de que os processos de Brasília sobre a suposta tentativa de golpe são uma vergonha jurídica, política e moral do começo ao fim – o equivalente hoje dos infames “Processos de Moscou” da Rússia soviética nos anos 30.

Como ficam as coisas, então? As exigências de Donald Trump para que Bolsonaro e os outros réus tenham um julgamento decente, imparcial e de acordo com as leis brasileiras são inadmissíveis, pois o presidente dos Estados Unidos, ou de qualquer país, não tem o direito de exigir isso.

UMA CHARADA – Ao mesmo tempo, Bolsonaro e os demais réus não estão tendo um julgamento decente, imparcial e de acordo com as leis brasileiras.

O que se tem aqui é uma charada: a denúncia de uma barbaridade de classe mundial está sendo feita pelo homem errado, mas a acusação que ele faz está integralmente certa. A tese do regime, caso isso possa receber a qualificação de tese, é que se Trump está errado, as acusações do processo automaticamente se tornam corretas. Ou seja: ele está dizendo que a água ferve a 100 graus, mas como quem diz é ele, a mesma água passa a ferver a 200 para Lula, o STF etc. etc. etc.

Toda a argumentação que possa existir no mundo não será suficiente para mudar a seguinte realidade de ordem material: os processos de Brasília são um episódio de infâmia na história da justiça brasileira.

NÃO HÁ PROVAS – Não importa quem são os acusados – pode ser um coquetel de Maníaco do Parque com Adolf Hitler. Mas para serem condenados é obrigatório que haja provas coerentes de sua culpa. Não há. Há de tudo, menos prova.

O que existe é uma maçaroca de alegações, teorias e miragens da PGR e da Polícia Federal, amontadas uma em cima das outras com um descaso pelo fatos e uma inépcia profissional inéditas na história do Direito Penal brasileiro.

Em qualquer tribunal sério do mundo, seriam jogadas para fora da sala cinco minutos depois de apresentadas, por falta das condições mínimas que se exige de uma acusação criminal num país civilizado.

FALSO TRIBUNAL – Os réus estão sendo julgadas por um comitê de cinco membros (e não no plenário do STF) dos quais um é um militante comunista que já chamou de “demônio” o homem que vai julgar. Outro era o advogado pessoal de Lula até ser nomeado por ele para o STF. A terceira acaba de dizer que o povo brasileiro é composto por 200 milhões de “pequenos tiranos”. O quarto é Alexandre de Moraes. E a exigência de imparcialidade do juiz – como fica?

Todos já praticamente anunciaram em público, de uma forma ou de outra, que vão condenar os réus – o que não se admite em nenhum sistema judicial do mundo democrático. É como se fazia nos Processos de Moscou. “Tragam os nomes dos culpados; nós encontramos os crimes”.

A peça na qual se baseia a essência da acusação é a delação de um coronel do Exército que vem sendo interrogado há dois anos, já deu onze versões da sua narrativa e não provou nada do que disse; parece mais uma testemunha da defesa. Não há acusação objetiva. Ninguém viu nada.

MINUTAS DO GOLPE – O documento-bomba da acusação, as célebres “minutas do golpe”, são umas folhas de papel apócrifas, que não fazem parte dos autos e não comprovam a prática de nenhum crime; causariam uma gargalhada em qualquer parquet decente do mundo.

Um dos réus-chave, comprovadamente, passou seis meses na cadeia de forma ilegal; não pode, por ordem do STF, nem ser fotografado. O ministro Moraes hostiliza abertamente os advogados de defesa. “Enquanto eu falo o senhor tem de ficar calado”, disse ele a um dos defensores, em sua mais recente instrução.

O mundo, inevitavelmente, está tomando conhecimento de cada uma dessas aberrações; não são apenas os Estados Unidos, e não é apenas Donald Trump. Não há nada certo no que o STF está fazendo, em parceria fechada com o governo Lula, e isso não é questão de soberania ou autodeterminação dos povos.

GOLPE DO BATOM – Como justificar para qualquer ser racional do planeta, por exemplo, que o STF brasileiro condenou a 14 anos de prisão uma cabeleireira que pichou com batom uma estátua em Brasília – e, pior ainda, explica sua decisão dizendo que ela tentou dar um golpe de Estado?

O regime faz um prodigioso esforço para fingir que extremos de estupidez como esse, ou a presença na cadeia de senhoras com 74 anos e numa cadeira de rodas, são a aplicação normal da justiça no Brasil de hoje. Aí não há solução possível para nada.

A verdade é que os Processos de Brasília, na realidade dos fatos, tornaram-se um cadáver exposto à visitação mundial. As condenações pelo golpe não vão ter provas, e não terão provas porque não houve golpe. Xeque-mate.

Nada disso vai fazer o STF e o regime Lula mudarem nada, da mesma forma que a condenação internacional não muda nada na justiça de Cuba, da Venezuela ou da Coréia do Norte. Mas aí é preciso assumir o ônus de se ter um sistema judicial que o mundo livre vai colocar na mesma prateleira de Cuba, Venezuela e Coréia do Norte. O que fica difícil é exigir respeito e, ao mesmo tempo, comportar-se como um país delinquente.

Câmara aprova licenciamento ambiental rápido que pode desmatar o país

Hugo Motta não se compromete a instalar CPI do INSS

Hugo Motta botou o texto em votação já de madrugada

VICTORIA ABEL

O Globo

A Câmara aprovou na madrugada desta quinta-feira, por 267 votos favoráveis e 116 contrários, o projeto de lei que flexibiliza as regras do licenciamento ambiental no país.

O texto cria novos tipos de licenciamento. Um deles poderá ser obtido por meio de um termo de compromisso, assinado pelo empreendedor.

AUTODECLARAÇÃO – Na prática, funcionará como uma autodeclaração. Entre os partidos que têm ministério no governo Lula, foram 162 votos favoráveis, o que representa 60% do total. Ao todo 383 deputados votaram e não houve abstenções.

O PL foi o partido que mais entregou votos favoráveis, proporcionalmente ao número de deputados da bancada, com 73 deputados a favor da matéria, 82% da bancada. Em seguida vem o PP, com 36 votos favoráveis, ou 70% da bancada. O Republicanos, com 30 votos, sendo 68% da bancada. O União entregou 40 votos sim, sendo 66% da bancada. Já o MDB teve 27 votos favoráveis, 61% da bancada, e o PSD registrou 26 votos sim, ou 57% da bancada.

SEMANA VAZIA – A crítica tem sido de que a proposta será votada em uma semana vazia em Brasília, com audiências feitas à distância, sem um debate em plenário.

Em junho, o Senado aprovou o texto por 54 votos favoráveis e 13 contrários. Na época, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o projeto de lei é “o enterro do licenciamento ambiental”.

PT lança a campanha política “verde e amarela” e bolsonaristas ironizam

PT explora verde e amarelo e associa Bolsonaro ao tarifaço - 15/07/2025 -  Poder - Folha

Até os cartazes de candidatos serão em verde e amarelo

Pedro Venceslau
da CNN

Em meio ao aumento da tensão política causado pelo tarifaço do presidente Donald Trump, o PT lançou uma nova campanha nas redes sociais para tentar “resgatar” as cores verde e amarela, tradicionalmente associadas ao bolsonarismo. A legenda quer disputar o terreno do nacionalismo popular com os partidos de direita.

Segundo o deputado federal Jilmar Tatto (SP), secretário de Comunicação do PT, o objetivo é retomar a simbologia patriótica, que ele afirma ter sido apropriada por adversários políticos.

CORES DA BANDEIRA – Batizada de “Defenda o Brasil”, a campanha usa as cores da bandeira nacional e apela ao patriotismo. Um dos materiais divulgados traz a frase: “Patriotismo não é fantasia de carnaval. Agora as máscaras caíram.”

Uma fonte petista envolvida na iniciativa afirma que o nacionalismo faz parte da “literatura política da esquerda” e que a campanha busca retomar essa identidade. No entanto, o partido ainda evita sugerir o uso da camisa da Seleção Brasileira em manifestações.

A estratégia, porém, foi ironizada pelo PL. Segundo interlocutores, o marqueteiro da sigla, Duda Lima, classificou a ação como um “tiro no pé”.

APAGAR O PASSADO – Segundo o marqueteiro, o verde e amarelo estão profundamente associados ao campo político da direita, e seria impossível “apagar o passado do PT”, que, em sua avaliação, sempre teve uma postura crítica em relação aos símbolos nacionais.

“Será possível? Até o PT está virando bolsonarista. Daqui a pouco vão usar o ‘Taoquei OK?’ e trocar o número do partido para 2022”, ironizou Duda em conversa com aliados bolsonaristas.

Pesquisa Genial/Quaest traz índices absolutamente suspeitos sobre Lula

Tribuna da Internet | Pesquisas mostram que não há notícia ruim capaz de  abalar a confiança de bolsonaristas

Charge Newton da Silva (Arquivo Google)

Rafaela Gama
O Globo

A maior parte dos eleitores afirma que nem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deveria disputar a presidência em 2022. Os dados são da nova pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira, que testa a percepção do público sobre os adversários pela primeira vez após o tarifaço anunciado pelo presidente americano Donald Trump.

Questionados se Lula deveria se candidatar à reeleição em 2026, 58% dos entrevistados disseram que não, 38% afirmaram que sim e outros 4% não souberam responder.

DOZE PONTOS??? – A resistência à possibilidade do petista disputar um quarto mandato, no entanto, decaiu doze pontos percentuais em comparação ao levantamento feito em maio, quando 66% dos eleitores eram contrários às chances dele disputar novamente.

Já sobre Bolsonaro, apenas 28% se mostraram a favor de que ele se mantivesse como presidenciável, ante aos 62% que acreditam que ele deveria abrir mão da candidatura e apoiar outro nome. Diferentemente dos índices de Lula, os números do ex-mandatário variaram apenas dois pontos percentuais dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais.

Ambos, no entanto, ficam empatados tecnicamente quando eleitores são perguntados se têm mais medo do retorno de Bolsonaro (44%) ou da continuidade da gestão Lula (41%). Outros 7% disseram que estão apreensivos em relação aos dois e 3% afirmaram que não têm medo de nenhum deles.

SOBRE BOLSONARO – Diante da possibilidade do ex-presidente ficar fora das urnas, por já ser declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e responder por envolvimento na trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), a pesquisa também testou nomes cotados para serem substitutos dele em uma eventual disputa contra Lula.

Em cenários de segundo turno elaborados pela Quaest, o único a permanecer empatado tecnicamente com o petista foi Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo. Se a eleição fosse hoje, Lula teria 41% dos votos, contra 37% do rival. O governador tinha 40% das menções em maio e, portanto, oscilou para baixo, enquanto o presidente aparecia com resultado idêntico ao medido este mês.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Uma pesquisa altamente suspeita, com resultados controversos, em que os números trocam xingamentos e pancadas, entrando verdadeiramente em luta corporal. A começar pelos “12 pontos” que Lula teria diminuído na rejeição à sua candidatura, pois a Aritmética ensina que de 66 para 58, a queda foi de “8 pontos” e não de 12. Da mesma forma, como um presidente cujo governo tem desaprovação de 53% pode estar liderando a disputa das candidaturas. Sinceramente, esta pesquisa está furadíssima. (C.N.)

A genialidade da filosofia de Monsueto e Arnaldo Passos

Onda 21 – 4 de novembro na música

Monsueto, grande sambista carioca

Paulo Peres
Poemas & Canções

O pintor, ator, cantor e compositor carioca Monsueto Campos de Menezes (1924-1973) é o autor de sambas clássicos como “Mora na Filosofia”, em parceria com Arnaldo Passos, cuja letra relata as diversas formas pelas quais a pessoa amada foi avaliada para se chegar à decisão final, ou seja, de que é impossível continuar com esta pessoa. Este samba foi gravado por  Caetano Veloso, no LP Transa, em 1972, pela Philips.

MORA NA FILOSOFIA
Arnaldo Passos e Monsueto

Eu vou lhe dar a decisão,
Botei na balança e você não pesou,
Botei na peneira, você não passou,
Mora na filosofia,
Pra que rimar amor e dor,
Vê se mora na filosofia,
Pra que rimar amor e dor.

Se seu corpo ficasse marcado,
Por lábios ou mãos carinhosas,
Eu saberia,
A quantos você pertencia,
Não vou me preocupar em ver,
Seu caso não é de ver pra crer….

Reações erráticas de Tarcísio o prenderam a uma bizarra armadilha 

Tarcísio se reúne com encarregado dos EUA para falar do tarifaço |  Metrópoles

Tarcísio quis ajudar Bolsonaro e acabou se complicando

Dora Kramer
Folha

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) perdeu uma boa oportunidade de exibir credenciais condizentes com o posto de presidente do Brasil.

Ele não passou no teste de se mostrar ao país apto à função e pode ter prejudicado o plano de reeleição em São Paulo ao se render a conveniências de um grupo político em detrimento do interesse nacional.

COMO MILITANTE  – Reagiu como militante de um nicho, não atinou para as consequências da chantagem de Donald Trump e paga o preço por ter se posicionado distante da pretendida condição de estadista.

Quando percebeu o erro, o dano estava feito. Inclusive porque ao calibrar o discurso de apoio a Trump o fez de modo atarantado, pedindo ao Supremo Tribunal Federal autorização para Jair Bolsonaro (PL) ir a Washington negociar recuo no tarifaço e correr a Brasília para uma reunião cenográfica com o encarregado de negócios da embaixada americana.

Tarcísio de Freitas agora tenta aparecer como mediador do confronto, afastando a questão política —cerne da manifestação do celerado do Norte— para dar contornos técnicos ao embate. Diz que o momento “é complicado” e prega que “todos se deem as mãos” para resolver o problema.

CULPA DE QUEM? – A referida complicação foi criada por Bolsonaro, a quem o governador presta reiterada reverência em busca dos votos do inelegível. Do lado de quem confere ao ex-presidente o papel de chefe tampouco as coisas ficaram fáceis para ele.

Os bolsonaretes não gostaram de ver Tarcísio mudando o rumo da prosa. Rechaçam a ideia de tê-lo em posição de destaque na condução da crise, exigem dele dureza nos ataques ao governo e ao STF, além de apoio na cobrança por aprovação da anistia no Congresso.

O governador está entre a cruz do bolsonarismo, já enroscado no golpe atarantado e agora atrapalhado no enrosco das tarifas, e a caldeirinha do eleitorado, atento aos reais propósitos dos pretendentes a presidente. É aquela situação difícil também conhecida como camisa de 11 varas, da qual será trabalhoso Tarcísio se desvencilhar.

Repúdio ao tarifaço de Trump une empresários dos EUA e Brasil

Malafaia diz quem entrará na mira de Trump se Bolsonaro for preso

O pastor Silas Malafaia

Malafaia diz que Trump aumentará a pressão ao Brasil

Bela Megale
O Globo

O pastor Silas Malafaia, um dos principais apoiadores de Jair Bolsonaro, avalia que uma eventual prisão do ex-presidente fará Donald Trump aumentar a carga contra autoridades brasileiras.

Para Malafaia, estão na mira, além dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), as autoridades envolvidas no julgamento e investigação da trama golpista.

ESTÃO NA LISTA – — A minha visão é que, se prenderem o Bolsonaro, Trump vai agir contra ministros do STF, o procurador da República e o chefe da Polícia Federal. É claro que o ministro Alexandre de Moraes e sua família estão nessa lista. Mas eu não acredito que os outros ministros do Supremo vão dobrar a aposta, como Moraes faz — disse Malafaia à coluna.

O pastor compartilha do discurso de aliados de Bolsonaro em culpar Lula pelo tarifaço. Ele condena a atitude do presidente de responder à medida de Trump com a lei da reciprocidade. Malafaia classificou a briga de um “mico contra um gorila”.

Irresponsabilidade de Lula faz Trump radicalizar contra o Brasil

Mauricio do Vôlei 🏐 | Lula ataca Trump e ameaça retaliação. Em vez de defender o Brasil, prefere bater de frente com quem já nos trouxe bons acordos. Diplomacia... | InstagramCarlos Newton

Em busca do quarto mandato e do Nobel da Paz, o presidente Lula da Silva comprou uma briga desnecessária com o governo dos Estados Unidos. Ao contrário do que fizeram os demais países atingidos pelo tarifaço, o governante brasileiro abandonou qualquer tipo de negociação com os Estados Unidos. E passou a fazer críticas diárias a Trump, inclusive em eventos internacionais, como as reuniões do Mercosul e do Brics.

O presidente americano avisou que iria radicalizar, mas Lula não deu importância, procedendo como se fosse fácil enfrentar os Estados Unidos. E o resultado é que a complicação está se agravando cada vez mais.

INVESTIGAÇÃO PESADA – Nesta terça-feira, Trump mandou abrir uma investigação comercial contra o Brasil,          que deve causar mais prejuízos do que as tarifas, que inicialmente haviam subido para apenas 10%, mas a agressividade de Lula fez Trump elevá-las para 50%, que até agora é o teto máximo.

A apuração, a cargo do USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA), vai avaliar práticas do país em áreas como comércio eletrônico e tecnologia, taxas de importação e desmatamento, segundo comunicado divulgado nesta terça-feira (15).

“Sob o comando do presidente Donald Trump, eu abri a investigação sobre os ataques do Brasil às empresas de rede social americanas e outras práticas comerciais injustas”, disse, em nota, Jamieson Greer, o representante dos EUA para o comércio.

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CONHEÇA OS SETORES A SERES INVESTIGADOS

Leia abaixo os itens que o USTR afirma que irá investigar, com os elementos apontados pelo governo americano, segundo os repórteres Lucas Marchesini e Ricardo Della Coletta
Folha.

COMÉRCIO DIGITAL e serviços de pagamento eletrônico: “O Brasil pode prejudicar a competitividade das empresas americanas desses setores, por exemplo, retaliando contra elas por não censurarem discursos políticos ou restringindo sua capacidade de prestar serviços no país.”

TARIFAS PREFERENCIAIS injustas: “O Brasil concede tarifas mais baixas e preferenciais às exportações de determinados parceiros comerciais globalmente competitivos, em detrimento das exportações dos EUA.”

MEDIDAS ANTICORRUPÇÃO: “A falta de aplicação, por parte do Brasil, de medidas anticorrupção e de transparência levanta preocupações em relação às normas para combate ao suborno e à corrupção.”

PROPRIEDADE INTELECTUAL: “O Brasil aparentemente nega proteção e aplicação adequadas e eficazes dos direitos de propriedade intelectual, prejudicando trabalhadores americanos cujos meios de subsistência dependem dos setores impulsionados pela inovação e criatividade dos EUA.”

ETANOL PROTEGIDO: “O Brasil deixou de lado sua disposição de conceder tratamento praticamente livre de tarifas ao etanol americano e, em vez disso, passou a aplicar uma tarifa substancialmente mais alta às exportações americanas de etanol.”

DESMATAMENTO ILEGAL: “O Brasil parece não aplicar de forma eficaz as leis e regulamentações destinadas a impedir o desmatamento ilegal, prejudicando a competitividade dos produtores americanos de madeira e produtos agrícolas.”

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P.S. – Os prejuízos que o Brasil pode tomar são incomensuráveis e Lula não está nem ligando. (C.N.)