Agressão de Trump seria uma chance para a direita se livrar de Bolsonaro?

Tribuna da Internet | O segredo das joias abalou fortemente a posição política de Jair Bolsonaro

Charge do Amarildo (Arquivo Google)

Fabiano Lana
Estadão

Impacto econômico de tarifa dos EUA sobre Brasil pode ser forte, mas limitado no curto prazo. Setores como siderurgia e aviação podem ser mais afetados. A tendência é de que País redirecione produtos para outros países, como a China.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, – e, em certa medida, os governadores Romeu Zema (MG), Ronaldo Caiado (GO) e Ratinho Júnior (PR) – estão às voltas com um dilema político complexo.

NA CORDA BAMBA – Por um lado, precisam do chamado bolsonarismo para viabilizarem suas pretensões presidenciais, o que exige demonstrar, pelo menos publicamente, devoção ao líder. Por outro, se exageram nessa postura, podem perder valiosos votos de centro, necessários para vencer as eleições presidenciais. A entrada do americano Donald Trump na jogada, a sobretaxar produtos brasileiros, torna o cenário mais nebuloso para esse pessoal.

A dubiedade pode ser colocada da seguinte maneira: é preciso, ao mesmo tempo, ser amigo de Jair Bolsonaro e se livrar dele para conseguir ser presidente da República. Mas aí que está.

O lado ser “amigo” de Bolsonaro significa apoiar anistia para “malucos”, estar do lado de vândalos políticos e filhos como Carlos e Eduardo Bolsonaro, e agora, apoiar ações de agressões contra o Brasil vindas dos Estados Unidos.

CULPAM LULA – Tarcísio, Zema e Caiado, aliás, já soltaram notas em que culpam a gestão Lula pela decisão do presidente americano. Ou seja, pretensos liberais apoiando taxas, o que torna o labirinto desses governadores ainda mais sem saída à vista.

No caso de Tarcísio, a dificuldade ainda é maior. Porque ele, como político, é uma criação de Jair Bolsonaro. Precisa andar no fio da espada para não magoar o antigo (e atual?) chefe e virar um traidor.

Zema, quase um desconhecido para o resto do Brasil, tem investido em bizarrices para chegar ao público bolsonarista – entre elas até comer uma banana com casca. Caiado mais acena do que critica Bolsonaro. Ratinho JR corre por fora, mas vem de um estado do sul, o que significa que suas sinalizações estão mais pró do que contra Bolsonaro.

SENTENÇA ARITMÉTICA – O problema pode ser colocado em termos de uma sentença aritmética. Sem os votos de quem apoia Bolsonaro, é impossível a chamada centro-direita vencer a eleição de Lula em 2026. E todos parecem ter receio (ou medo) de buscar votos nesse campo sem o aval do ex-presidente e, provavelmente, futuro condenado por tentativa de golpe de Estado.

Uma saída arriscada seria declarar independência de Bolsonaro. Isolá-lo. Alegar que a família Bolsonaro é nefasta ao País, como comprovaria o caso o Trump – toda a sociedade a pagar por uma tentativa de um líder político se manter poderoso.

ANTIPETISMO – Com certeza, os postulantes do Planalto à direita, mesmo assim, receberiam os votos do antipetismo (bolsonarismo radical incluído).

Com a esquerda votando em Lula, a disputa ficaria circunscrita aos eleitores de centro. O risco, como se sabe, é Bolsonaro, que só pensa em si, lançar um dos seus – filhos ou esposa – como candidato, embolando o jogo. Seria o melhor cenário para a esquerda.

Deixar o bolsonarismo pessoa física fora da eleição seria uma engenharia complexa que garantiria mais chances de vitória – mas um empreendimento que a atual centro-direita ainda não sabe exatamente executar. Enquanto isso, segue nas juras de amor a Jair Messias Bolsonaro.

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