Trama golpista: a pergunta que deixou indignada a defesa de Mauro Cid

O tenente-coronel Mauro Cid no STF, antes de interrogatório

Advogado acusa Mauro Cid de também apoiar o golpe

Rafael Moraes Moura
O Globo

A defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, ficou indignada com uma das perguntas formuladas nesta segunda-feira (14) pelo advogado Jeffrey Chiquini, responsável pela defesa do ex-assessor especial de assuntos internacionais Filipe Martins.

Martins é um dos réus que respondem à denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por envolvimento numa trama golpista para impedir a posse de Lula e manter Bolsonaro no poder.

CID GOLPISTA – Incisivo, Chiquini bombardeou Cid com uma série de questões sobre o teor de reuniões reservadas durante o governo Bolsonaro que ele relatou, o confrontou com documentos que constam nos autos – e insistiu se o tenente-coronel queria o golpe.

O questionamento sobre a opinião pessoal do delator sobre a trama golpista contrariou a defesa do militar, que fechou um acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal e depõe  na condição de informante.

A pergunta foi considerada “impertinente” pelo relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, que a indeferiu – e desobrigou Cid de ter que respondê-la.

MORAES INDEFERIU – “O advogado fez várias perguntas impertinentes, que não tinham relação com a causa em discussão. Uma delas foi no sentido de que ‘se o governador Tarcísio teria entrado no Alvorada na mesma data em que o Filipe Martins e se teria ido para tratar também sobre golpe de Estado”. Eu intervim e o ministro indeferiu, como o fez com outras tantas perguntas. No final, o ministro Alexandre o mandou ‘dar show em outro lugar, no X ou no YouTube'”, disse ao blog a advogada Vânia Bitencourt.

Ao longo do depoimento, Cid afirmou que Martins foi o responsável por apresentar a Bolsonaro a minuta de um documento que previa uma série de medidas para derrubar o resultado das eleições presidenciais, vencidas por Lula em 2022.

AJUSTES NO TEXTO – Segundo Cid, o documento previa a prisão de ministros do STF e do então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mas Bolsonaro teria solicitado ajustes no texto para manter a medida apenas contra Moraes.

O STF iniciou nesta segunda-feira (14) uma série de depoimentos de testemunhas de defesa e acusação de outros três núcleos da trama golpista – o de gerenciamento de ações, de ações coercitivas e de operações estratégicas de desinformação.

As audiências vão ocorrer até o dia 23, em pleno mês de recesso no tribunal.

7 thoughts on “Trama golpista: a pergunta que deixou indignada a defesa de Mauro Cid

  1. Uma coisa é certa: o bolsonarismo se lascou!, afirma empresário

    Como Trump resolveu, no caso brasileiro, acrescentar à sua mafiosa prática comercial (chantagem) um componente político-ideológico, a discussão deixou o mundo da economia e se deslocou para a narrativa política.

    E o bolsonarismo se lascou! Hoje é o grande derrotado político. Os brasileiros, como um todo, exceto a bolha fanática bolsonarista, estão contra Trump e, por consequência, o ex-mito.

    O ex-mito só chegou aonde chegou, desde a pré-campanha em 2018, passando por seu desgoverno aloprado e o melancólico fim golpista, pelo apoio irrestrito e pesado de boa parte do empresariado nacional.

    E o bicho-empresário, como é sabido, não gosta de perder dinheiro. Setores como o agronegócio, que aderiu em peso ao bolsonarismo, agora, começam a fazer as contas.

    A política orbita o grande capital. E quando este “ente” se afasta de um lado, a chance de derrota é enorme. Não há amor a Bolsonaro que supere um prejuízo no balanço anual do empresariado.

    Quando os lucros e dividendos – e os bônus, claro – saem pela porta, Deus, pátria e família voam pela janela.

    O tarifaço de Trump, vendido como graça e obra da família Bolsonaro – pelo próprio clã -, fará muito bolsominion, com camisa verde-amarela, deixar de frequentar os “domingos no parque” da Avenida Paulista (manifestações pró-anistia etc.).

    Fonte: O Antagonista, Opinião, 11.07.2025 16:01 por Ricardo Kertzman

  2. O Bolsonaro já foi condenado antes mesmo da eleição de 2022 e o teatro continua até agora. Quando soltaram o Lula a sentença já estava escrita e o que estamos vendo é a mesma mise-en-scène que vem sendo repetida diuturnamente pelo STF.

  3. O advogado Jeffrey Chiquini, defensor de Filipe Martins tentou, trazer o governador Tarcísio de Freitas para o inquérito do Golpe, ao perguntar ao Delator, se o governador estava no Planalto no mesmo dia, que seu cliente, Martins estava. Mesmo com a negativa, o advogado insistiu.
    Quis tumultuar e criar embaraço ao coronel Cid, com um único objetivo: Melar o acordo de Delação Premiada, insistindo nas pegadinhas usadas por outros advogados.

    Acho que as Defesas deveriam se ater aos fatos, que derrubem a acusação da PGR. Se for bem feita, o cliente tem chances reais de absolvição.

    Seguir caminhos tortuosos, pode sim, prejudicar seus clientes.

  4. Bananinha volta a atacar Tarcísio e fala em ‘subserviência servil do governador às elites’

    Um dia antes, filho do ex-mito criticou governador por dizer que ia negociar com EUA: ‘É um desrespeito comigo’.

    Fonte: Folha de S. Paulo, Política, 15.jul.2025 às 11h12

    Tarcísio tenta salvar sua pele. E tanquerada brigam entre si.

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