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Nenhum país deixou de negociar tarifas com Trump
Carlos Alberto Sardenberg
O Globo
O presidente Donald Trump já manifestou seu desconforto com o Brics e, sobretudo, com a proposta do grupo de usar moedas locais — e não o dólar — em suas transações comerciais. Quando o Brics estava reunido no Rio de Janeiro, ameaçou aplicar tarifas de 10% sobre os países que de algum modo desafiassem a posição do “poderoso dólar”.
Na última quarta-feira, a ameaça se concretizou, mas só contra o Brasil. Ele impôs uma tarifa absurda de 50% sobre todas as exportações brasileiras aos Estados Unidos, aplicada a partir de 1º de agosto.
APENAS AO BRASIL – Por que a sanção não foi imposta, pelo menos não ainda, a outros integrantes do Brics, como China e Índia, as duas maiores economias do grupo?
A primeira resposta é o fator Bolsonaro, como Trump deixou explícito na carta ao presidente Lula, publicada em rede social. Isso tornou a ação econômica — a tarifa — ainda mais absurda e autoritária. Para apoiar um aliado político processado pela Justiça brasileira, Trump impõe uma punição unilateral ao Brasil, passando por cima de todas as normas do comércio internacional.
Mas, procurando informações nos bastidores do governo Trump e do movimento Make America Great Again, jornalistas do New York Times e do site Politico encontraram algumas histórias interessantes. A primeira: bolsonaristas e trumpistas pediam menos.
ATINGIR MORAES – Os bolsonaristas queriam algum tipo de sanção que atingisse o ministro Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal. Seria uma reação tanto ao julgamento de Bolsonaro quanto à decisão do STF impondo limitações às big techs, americanas.
O tarifaço, dizem os relatos, foi ideia exclusiva de Trump, por entender que outras sanções não teriam efeito político pretendido. Qual efeito? Livrar Bolsonaro da cadeia.
E por que a medida foi aplicada neste momento, se já faz tempo que os bolsonaristas e seus aliados americanos pedem as sanções? Sempre segundo as reportagens do Times e do Politico, publicadas ontem, Trump mirou o alvo Lula. Por causa de declarações mais duras do presidente brasileiro, nos encontros do Brics, contra Trump e o império do dólar.
CRÍTICAS DIPLOMÁTICAS – Aqui, convém notar que a China não deixa de criticar as tarifas de Trump, mas crÍtica de maneira diplomática, mais contida, tendo como porta-vozes funcionários do segundo escalão. No primeiro escalão, o presidente Xi Jinping já falou pelo telefone com Trump, quando acertaram os procedimentos para negociações, feitas em nível ministerial.
Do mesmo modo, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, modera suas declarações (ficou mudo aqui no Brasil) e foi a Washington para abrir negociações diretas com Trump. Claro, eles não têm lá o fator Bolsonaro. Mas é bem explícita a diferença no comportamento entre os líderes das três maiores economias do Brics.
A China vai além. Se Lula fala há muito tempo sobre comércio no Sul Global com moedas locais, os chineses fazem na prática. Já montaram um sistema de transações comerciais e financeiras em sua moeda, o yuan, e com moedas de mais de cem países, especialmente da Ásia. Aqui, não se usam as moedas locais nem no Mercosul.
JÁ FUNCIONANDO – O Banco do Povo da China (o banco central deles) criou, em 2014, uma instituição que hoje se chama Companhia de Pagamentos Interbancários Internacionais. Presente mundo afora, com vários bancos associados, chineses e outros, encarrega-se das operações financeiras que apoiam as trocas comerciais entre a China e seus parceiros.
Mas o governo chinês não sai por aí esculhambando o dólar americano. É que a China tem as maiores reservas do mundo, US$ 3,2 trilhões, boa parte em dólares mesmo e títulos do Tesouro americano. Não interessa o colapso desses ativos. O Brasil tem reservas de US$ 342 bilhões.
Trump é um líder autoritário dentro e fora de seu país. Ofendeu as instituições brasileiras, o que mereceu resposta firme. Mas, neste mundo de hoje, como mostram tantos países importantes, incluindo China e Índia, ninguém pode escapar de negociações comerciais com Washington. Nem mesmo Lula.
Vira latas
Nem o respeitável articulista percebeu as causas fundantes do atual bó. Seria uma mera briguinha baseada em aspectos puramente pessoais.
Não se trata de trumps, lulas e bolsonaros, trata-se da luta pela hegemonia da Nova Ordem Mundial advinda da Quarta Revolução Tecnológia, entre o Eixo Democrático liderado pelos EUA e o da Ditaduras, liderado pela China.
A Organização Petista defensora “da Democracia”, crítica da “decadente democracia ocidental branca heteronormativa” e combatente da “volta do nazifascismo com outra cara”, optou por ficar do lado do Eixo das Ditaduras.
Alguém em sã consciência pensou que havia alguma possibilidade de o Brasil tornar-se plataforma do eixo Ditatorial, sem a reação das democracias ocidentais desenvolvidas?
Embora ainda não totalmente consciente desta peleja a União Europeia apoia a possível iniciativa de impor sançoes ao Brasil, cujo 1governo é mero office-boy do Eixo das Ditaduras.
Para passar como repositária do Bem, da Verdade e da Democracia a decadente moral, temporal e civilizacional Organização Petista só seria possível com um profundo processo de alienação da Sociedade. A Organização conseguiu isto.
Entretanto, para esconder suas canalhices e patocoadas houve um profundo processo de dominação ideológica, notadamente sobre e pelos aparelhos midiático e educacional, que imbecilizou os seus próprios militantes, simpatizantes e apoiadores.
Neste processo houve o assassinato do pensamento crítico, que domina até os seus intelectuais orgâncos, gênios imbecilizados, cultuadores de persoonalidade e de mistificação dos Governos incompetentes e inúteis da Organização.
Assim, está obstada qualquer nível de compreensão da realidade. Sem compreendê-la é praticamente impossível agir sobre ela.
O negacionismo, vitimismo e terceirização de culpas demonstra o caráter infantil e irresponsável da Organização e sua trupe.
Vira latas.
A Solução Millôr para o Brasil
Há ideias tão absurdas que, de tão absurdas, revelam uma verdade incômoda.
Dizia Millôr Fernandes — com a acidez que lhe era própria — que a solução para o Brasil seria declarar guerra aos Estados Unidos. Sim, isso mesmo: declarar guerra. E, naturalmente, perder. Porque, perdendo, os americanos viriam, tomariam conta do país, e talvez, enfim, colocassem ordem na casa.
É uma piada, claro. Uma provocação. Mas uma provocação que dói.
Porque não se trata de exaltar nenhuma potência estrangeira, mas de expor com crueza a incapacidade crônica de um país que parece sabotar a si mesmo. Um país com todas as riquezas naturais, todas as belezas, todos os talentos — e todos os entraves que só o Brasil parece saber produzir.
A ironia de Millôr escancara o desalento de quem já não sabe mais a quem recorrer. Vivemos entre reformas prometidas e jamais entregues, entre planos grandiosos e resultados medíocres. O povo, cansado, ri da tragédia porque já chorou demais. E o riso, como bem sabia Millôr, é o último recurso de quem se recusa a desistir.
Não, não vamos declarar guerra a ninguém. Mas talvez seja hora de declarar guerra à ignorância, à impunidade, à corrupção institucionalizada, ao cinismo com que os donos do poder zombam da boa-fé de milhões.
A reconstrução do Brasil não virá de fora. Não virá por imposição militar, nem por investimentos estrangeiros condicionados a nossa submissão. Ela só virá se cada cidadão assumir que este país não é um navio à deriva — mas sim um barco furado que ainda flutua porque, de algum modo, há brasileiros remando com esperança.
Se não queremos depender de salvadores da pátria — nem daqui, nem de fora — talvez seja hora de fazer como Millôr faria: usar a inteligência para denunciar, provocar e iluminar, até que as sombras que nos governam não possam mais se esconder.
Enquanto isso, seguimos: rindo para não enlouquecer.
Johil Camdeab Abreu é recordista de MEMES do BRASIL
Nem dólar nem altcoins chineses.
O ouro.
E uma boa terra, em paz, longe da cobiça dos poderosos.
O risco que o Brasil corre , é ter suas reservas cambiais ” sequestradas ” , uma vez que embora sejam administradas pelo Banco Central , elas depositadas no exterior em diversos países , diluídas em aplicações de diversos , mas ao alcance de represálias políticas de governos estrangeiros , tal como aconteceu com a Rússia , usada como arma de pressão política , despertando a desconfiança nas instituições financeiras internacionais que se deixaram usar politicamente , sequestrando as reservas cambiais internacionais dos países recalcitrantes em se deixar vergar por governos Europeus , norte-americano .