
Sérgio Bittencourt, grande compositor
Paulo Peres
Poemas & Canções
O jornalista e compositor carioca Sérgio Freitas Bittencourt (1941-1979) revela, na letra de “Modinha”, o seu lírico e belíssimo sonho. Esta música foi vencedora do festival “O Brasil Canta no Rio”, em 1968, interpretada e, posteriormente, gravada por Taiguara.
MODINHA
Sérgio Bittencourt
Olho a rosa na janela,
sonho um sonho pequenino…
Se eu pudesse ser menino
eu roubava essa rosa
e ofertava, todo prosa,
à primeira namorada,
e nesse pouco ou quase nada
eu dizia o meu amor,
o meu amor…
Olho o sol findando lento,
sonho um sonho de adulto…
Minha voz, na voz do vento,
indo em busca do teu vulto,
e o meu verso em pedaços,
só querendo o teu perdão…
Eu me perco nos teus passos
e me encontro na canção…
Ai, amor, eu vou morrer
buscando o teu amor…
Ai, amor, eu vou morrer
buscando o teu amor…
(Eu vou morrer de muito amor)
“Nesse pouco ou quase nada” que é a realidade da existência humana na terra.
Por que?…
Por que ambição, se nosso fim é a vala
Por que nascer, se eterno é o não-ser
Por que rezar, se Deus sempre se cala
Por que crer só por ouvir dizer?
Por que a discórdia, se a palavra esclarece
Por que a vingança, se o perdão concilia
Por que a vaidade, se ao fim tudo fenece
Por que o ódio, se ele nunca se sacia?
Por que esse Deus, que é onipotente e eterno
Que é pelos crentes tido como sábio e justo
Não olha para aqueles que sofrem o inferno
Da fome, da sede, da humilhação, do insulto