Mário de Andrade queria amar a morte com o sentimento de quem ama a vida

Mário, retratado por Tarsila do Amaral

Paulo Peres
Poemas & Canções

O romancista, musicólogo, historiador, crítico de arte, fotógrafo e poeta paulista Mário Raul de Moraes Andrade (1893-1945), no soneto “Quarenta Anos”, faz reflexões poéticas sobre amar a morte com o semelhante engano que amou a vida.

QUARENTA ANOS
Mário de Andrade

A vida é para mim, está se vendo,
Uma felicidade sem repouso;
Eu nem sei mais se gozo, pois que o gozo
Só pode ser medido em se sofrendo.

Bem sei que tudo é engano, mas sabendo
Disso, persisto em me enganar…Eu ouso
Dizer que a vida foi o bem precioso
Que eu adorei. Foi meu pecado…Horrendo

Seria agora que a velhice avança,
Que me sinto completo e além da sorte,
Me agarrar a esta vida fementida.

Vou fazer do meu fim minha esperança,
Oh sono, vem!…Que eu quero amar a morte
Com o mesmo engano com que amei a vida.

Entre pobres e ricos, Lula quer tomar 10% de aplicações hoje isentas de IR

Lula diz que pobres gostam de pagar dívidas e ricos, não

Pobres gostam dos juros de 450% no cartão de crédito?

Vandré Kramer
Gazeta do Povo

Em busca de mais receitas, Haddad quer cobrar Imposto de Renda sobre aplicações que hoje são isentas (como LCI e LCA) e instituir IR mínimo sobre contribuintes de alta renda.

A combinação de duas propostas do governo federal deve mudar o cenário dos investimentos em renda fixa no Brasil. São elas o Imposto de Renda da Pessoa Física Mínimo (IRPFM), uma tentativa de ampliar a tributação dos mais ricos, e a taxação de aplicações que hoje são isentas de IR.

10% AO ANO – Oficialmente, o governo pretende elevar de zero para 5% o Imposto de Renda sobre os rendimentos de Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e do Agronegócio (CRA), que vinham ganhando popularidade justamente por serem isentos de IR.

Acontece que, com a aplicação do IRPFM mais adiante, na prática o imposto cobrado sobre tais aplicações pode até dobrar, chegando a 10% ao ano para os contribuintes de renda mais alta.

 A criação do IRPFM está prevista no Projeto de Lei 1.087/2025, apresentado em março. Segundo o governo, a taxação servirá para compensar o aumento da faixa isenta de imposto para R$ 5 mil. A proposta está em tramitação na Câmara e espera-se que o relator, Arthur Lira (PP-AL), apresente seu parecer na segunda semana de julho. O governo conta com a aprovação do projeto ainda neste ano, para entrar em vigor no início do próximo ano.

MEDIDA PROVISÓRIA – A nova tributação de aplicações financeiras, por sua vez, foi estabelecida pela Medida Provisória 1.303, editada em 11 de junho. Embora a MP já tenha sido publicada, a cobrança de IR sobre as aplicações começa apenas em 2026, caso receba o aval do Congresso.

As aplicações de renda fixa em questão (LCIs, LCAs, CRIs, CRAs) ganharam força nos últimos anos por não terem tributação sobre os rendimentos. Segundo a B3, o volume aplicado em LCA cresceu 23,7% nos últimos 12 meses, chegando a R$ 584,8 bilhões nesta quinta-feira (26). As LCI aumentaram 30,2%, totalizando R$ 471,9 bilhões.

O governo alega que as medidas buscam a justiça tributária: o ministro Fernando Haddad (Fazenda) vem repetindo que a ideia é tributar “morador de cobertura”. O Ministério da Fazenda estima que 141 mil pessoas, ou 0,06% da população, serão afetadas pelo IR mínimo sobre a alta renda.

REDUZIR DÉFICIT – Também existe a intenção, principalmente com a MP 1.303, de arrecadar mais recursos a fim de reduzir o déficit fiscal.

Apenas com a revogação da isenção sobre os títulos incentivados, a expectativa do governo é de arrecadar R$ 2,6 bilhões no próximo ano. A receita esperada com a instituição do IRPFM é de R$ 25,2 bilhões.

E a perda de rentabilidade de LCI e LCA será maior para quem ganha mais. Quem ganha mais de R$ 50 mil mensais (R$ 600 mil por ano) sentirá mais o impacto nas aplicações financeiras, por causa do efeito da nova taxação sobre o futuro IRPFM. É esse impacto que pode fazer com que, em vez de 5%, a alíquota do IR sobre os investimentos chegue a até 10% na prática.

ALIQUOTA ASCENDENTE – A ideia do governo com o IRPFM é fazer com que quem ganha acima de R$ 600 mil por ano pague um porcentual mínimo de Imposto de Renda. Essa alíquota começará próxima de zero e subirá gradualmente conforme a renda, chegando ao teto de 10% para rendas a partir de R$ 1,2 milhão ao ano.

Pela proposta do governo, investimentos isentos de IR não entram na base de cálculo do IRPFM. Até pouco tempo atrás, portanto, o rendimento de aplicações como LCI e LCA não entraria na conta do IR mínimo.

Com a MP 1.303, porém, tais letras deixam de ser isentas e entram na base de cálculo do Imposto de Renda dos mais ricos. E assim podem ser taxadas em até 10% no momento da aplicação do IRPFM, em vez dos 5% originais.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enviada por Mário Assis Causanilhas, a matéria é uma primorosa tradução do que significa a briga entre ricos e pobres, que Lula e Haddad tanto proclamam. Cabe uma pergunta indecente. Se quer taxar os ricos e preservar os pobres, por que o governo não acaba com os juros de 450% no cartão de crédito e não taxa as operações compromissadas, que beneficiam os bancos na manutenção de um overnight injustificável? (C.N.)

Lula, o IOF e o risco de insistir no erro: entre o recuo e o desgaste inevitávelsvl

Charge do Benett (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

Por um triz, o governo Lula se vê novamente diante de uma encruzilhada política delicada — e, mais uma vez, corre o risco de errar o caminho. Após a decisão do Congresso Nacional de derrubar o decreto presidencial que modificava as regras de cobrança do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o Palácio do Planalto ainda avalia se leva a disputa ao Supremo Tribunal Federal.

A hesitação em si já diz muito: revela um governo que, além de acuado, ainda busca coesão interna para decidir sobre um impasse que não deveria existir. Segundo reportagem precisa de Rafaela Gama, em O Globo, há um dado alarmante: nem mesmo o governo parece estar convencido da solidez do argumento que pretende levar ao STF.

DESCONFORTO – O próprio decreto, antes da derrota legislativa, já havia provocado desconforto na base aliada, e foi derrubado com uma margem expressiva — 383 votos a favor da anulação contra apenas 98 pela manutenção. Uma derrota acachapante, politicamente ruidosa, e que deveria, por si só, provocar uma reavaliação estratégica.

O presidente Lula da Silva tem nas mãos uma decisão que transcende o campo jurídico. Mais do que uma disputa constitucional sobre a validade de um decreto, o recurso ao STF é um gesto político — e, se insistido, poderá soar como tentativa de contornar a vontade soberana do Parlamento. A insistência nesse caminho, além de juridicamente frágil, é politicamente desaconselhável. Um eventual revés na Corte Suprema não apenas reafirmaria a derrota como ampliaria a percepção de fraqueza e isolamento do Executivo.

O Supremo dificilmente encontrará espaço jurídico para sustentar a tese da Advocacia-Geral da União. Ainda que se reconheça ao Executivo o poder de regulamentar certos tributos, a amplitude e os efeitos do decreto sobre o IOF tornaram inevitável sua leitura como uma manobra arrecadatória disfarçada de ajuste técnico.

RISCO –  O Congresso reagiu, com contundência, e anulou o texto presidencial. Recorrer agora ao STF seria transferir uma crise política para o Judiciário — um gesto arriscado, com potencial explosivo para a estabilidade entre os Poderes. A hesitação do governo, por sua vez, revela um dilema que se repete com frequência no terceiro mandato de Lula: agir com base na convicção política ou recuar diante da realidade institucional.

A demora em decidir já alimenta críticas sobre falta de comando e coordenação interna. Não se trata apenas de perder uma queda de braço com o Congresso; trata-se de reconhecer os limites da governabilidade em um cenário de equilíbrio instável entre Executivo e Legislativo.

A popularidade do presidente, que já enfrenta sinais de erosão, pode sofrer mais um baque caso o governo insista em um caminho que leve a uma nova derrota. O eleitorado, especialmente o mais pragmático, exige soluções e firmeza — não flutuações estratégicas que resvalam para o improviso. O desgaste de imagem pode se agravar se a narrativa pública passar a ser de um presidente que não apenas erra, mas insiste no erro.

DIÁLOGO –  Neste momento, o mais prudente talvez seja aceitar a derrota legislativa como um fato consumado e seguir adiante, apresentando ao Congresso um novo projeto de lei que contemple os mesmos objetivos, mas dentro dos ritos institucionais esperados. Um texto construído com diálogo, em vez de decreto imposto de cima para baixo, teria mais chances de êxito e poderia até reposicionar o governo como aberto à negociação e ao bom senso.

Lula, político experiente, sabe que há derrotas que podem ser pedagógicas — e até regeneradoras. Tentar transformar um impasse em confronto pode render aplausos momentâneos de setores mais ideológicos, mas o preço a médio prazo será alto. O país precisa de maturidade política.

Para achar Carla Zambelli, é preciso localizar o marido, que fugiu com ela

Coronel Aginaldo e Carla Zambelli

Coronel Aginaldo largou o trabalho para cuidar de Carla

Deu em O Globo

O marido de Carla Zambelli, Antonio Aginaldo de Oliveira, foi exonerado do cargo de secretário municipal de Segurança Pública da Prefeitura de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza. A decisão, publicada no Diário Oficial, entrou em vigor na data de sua divulgação, ocorrida na última segunda-feira. O documento informa que a exoneração ocorreu a pedido do agora ex-secretário.

Aginaldo, que é coronel reformado da PM, chegou a concorrer à Prefeitura de Caucaia no ano passado, com apoio pessoal do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Após ficar em quarto lugar, foi nomeado secretário.

AGRADECIMENTO – Em uma publicação no Instagram, o prefeito de Caucaia, Naumi Amorim (PSD), agradeceu a Antonio pelos serviços prestados e reafirmou seu compromisso com a segurança da população do município

Duas semanas antes de a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciar que havia deixado o país, o coronel Aginaldo Oliveira solicitou licença da Secretaria Municipal de Segurança Pública de Caucaia, no interior do Ceará. O Globo procurou na ocasião a assessoria da parlamentar, que confirmou que o marido a acompanhou na viagem.

Segundo a prefeitura da cidade, o afastamento, requisitado em 21 de maio, ocorreu “por motivo de doença em pessoa da família”. Inicialmente, a licença seria de nove dias.

NOVA LICENÇA – “Após esse período, o secretário formalizou um novo pedido de afastamento, desta vez por 30 dias, a fim de acompanhar um familiar em tratamento de saúde”, informou a prefeitura em nota à época. Durante sua ausência, o secretário adjunto, Marcos Sena, havia assumido o cargo interinamente.

Ao comunicar que viajou para os Estados Unidos, Zambelli alegou estar em tratamento de saúde devido a uma síndrome rara. Ela também solicitou licença da Câmara dos Deputados em maio por esse motivo.

No dia 3 de junho, no entanto, a parlamentar anunciou que não retornará ao Brasil e que devia seguir para a Itália, pouco depois de ser condenada a dez anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

PRISÃO E CASSAÇÃO – Zambelli deixou o país antes da conclusão do julgamento de todos os recursos contra sua condenação, que pode resultar em sua prisão e na perda do mandato parlamentar. A sentença está relacionada ao envolvimento da deputada nas invasões ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Zambelli e o hacker Walter Delgatti foram responsáveis por elaborar e inserir diversos documentos falsos no sistema do CNJ.

Entre eles, estava um mandado de prisão forjado contra o ministro Alexandre de Moraes, redigido como se tivesse sido assinado pelo próprio magistrado. O documento foi inserido no Banco Nacional de Mandados de Prisão, vinculado ao CNJ.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Sabe-se que o maridão viajou com visto de turista, pode circular pelo país inteiro. Portanto, o amor é lindo e não será fácil encontrá-los sem ajuda das autoridades italianas. A única maneira de saber onde estão é através do cartão bancário dele, que não é réu de nada nem está sendo procurado. (C.N.)

Bolsonaro passa mal novamente e cancela todos os compromissos do mês de julho

Ex-presidente tem reclamado de problemas estomacais, que seriam consequência da facada de 2018.

Bolsonaro tem crises repentinas de arroto e de soluços

Fellipe Gualberto
Estadão

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou mal novamente nesta terça-feira, 1º, e cancelou sua presença em evento do PL que ocorreria em Brasília (DF). O filho do político, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) compartilhou comunicado assinado pelo pai em seu perfil no X (antigo Twitter) e afirmou que também “ficam suspensas as agendas de Santa Catarina e Rondônia”.

“Após consulta médica de urgência foi-me determinado ficar em repouso absoluto durante o mês de julho”, afirmou Flávio em nome de seu pai. “Crise de soluços e vômitos tornaram-se constantes, fato que me impedem até de falar”, complementa

PNEUMONIA VIRAL – O político recebeu um possível diagnóstico de pneumonia viral em 21 de junho e, desde a data, tem sofrido com soluços e vômitos. Em seu perfil no X, Bolsonaro postou, sem fazer comentários, notícia do portal Metrópoles que afirmava que ele passou mal e cancelou sua agenda oficial.

O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), outro filho do ex-presidente, compartilhou a publicação e escreveu que seu pai “está literalmente se matando depois de terem tentado matá-lo”. Ele ainda ressaltou que Bolsonaro passou por “uma cirurgia de mais de 10 horas em menos de cerca de 2 meses”.

Anteriormente, o ex-presidente já tinha cancelado outros compromissos por razões médicas. Depois de participar de um churrasco, em 20 de de junho, ele teve que faltar a eventos em Goiânia (GO).

SOLUÇOS E ARROTOS – Mesmo apresentando crise de soluço e arrotos, Bolsonaro viajou à Belo Horizonte (MG) na última quinta-feira, 26, para participar de evento que contou com a presença de apoiadores como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), o deputado estadual mineiro Bruno Engler (PL) e o senador Cleitinho (Republicanos-MG).

Carlos Bolsonaro já tinha afirmado que os enjoos, arrotos, soluços e problemas estomacais de seu pai são consequências diretas da facada de 2018. Em ocasiões anteriores, o próprio ex-presidente disse: “Eu vomito 10 vezes por dia”, se referindo as sequelas do atentado.

Desde do ataque, Bolsonaro já passou por seis cirurgias, a últimas delas em abril de 2025, uma laparotomia exploradora, que tratou obstrução intestinal.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Os petistas dizem que Bolsonaro está preparando o ambiente para pedir prisão domiciliar. Sinceramente, não acredito. Ele está mesmo com problemas. A última cirurgia, com nova equipe foi reveladora. O intestino levou quase um mês para voltar a funcionar sem estímulo. Ou tudo isso faz parte da narrativa, ou Bolsonaro não está nada bem. (C.N.) 

Itamaraty responde a “The Economist” após reportagem que arrasa com Lula

'The Economist': Lula perdeu influência no exterior e é cada vez menos  popular no BrasilRicardo Della Coletta
Folha

O governo Lula (PT) enviou uma carta à revista The Economist após a publicação britânica, em uma reportagem publicada no final de semana, ter classificado o presidente brasileiro como “incoerente no exterior” e “impopular em casa”.

De acordo com relatos de três pessoas que acompanham as conversas, a necessidade de uma manifestação do governo foi discutida em reuniões no Palácio do Planalto na segunda-feira (30).

VIA DIPLOMÁTICA – O primeiro compromisso de Lula no dia foi uma audiência com o chanceler Mauro Vieira, segundo agenda oficial. Nas conversas no Planalto, foi definido que o Itamaraty conduziria o processo. Na carta, assinada por Vieira, o ministro rebate argumentos da publicação britânica.

“Poucos líderes mundiais, como o presidente Lula, podem dizer que sustentam com a mesma coerência os quatro pilares essenciais à humanidade e ao planeta: democracia, sustentabilidade, paz e multilateralismo”, diz Vieira, na resposta.

“Como presidente do G20, Lula construiu um difícil consenso entre os membros, no ano passado, e ao longo do processo logrou criar uma ampla aliança global contra a fome e a pobreza. Também apresentou uma ousada proposta de taxação de bilionários que terá incomodado muitos oligarcas.”

MUNDO MULTIPOLAR – O chanceler também diz que o Brasil vê o Brics —bloco que a The Economist afirmou ter objetivos antiocidentais— como um ator incontornável na luta por um mundo multipolar, menos assimétrico e mais pacífico.

“A posição do Brasil quanto aos ataques ao Irã e, sobretudo, às instalações nucleares é coerente com esses princípios. Nossa condenação responde ao fato elementar de que essas ações constituem uma flagrante transgressão da Carta da ONU”, afirma Vieira.

“Para humanistas de todo o mundo, incluindo políticos, líderes empresariais, acadêmicos e defensores dos direitos humanos, o respeito à autoridade moral do presidente Lula é indiscutível”.

VIROU MUNIÇÃO – A reportagem da prestigiosa revista britânica com críticas a Lula virou munição para adversários políticos atacarem o petista.

Em publicação nas redes sociais, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse que a revista “humilha Lula” e que está na hora de o presidente “ir embora”. “Não dá mais para esse senhor ocupar o cargo mais importante do país. Chega”, escreveu.

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR), declarado um juiz parcial pelo STF enquanto julgou o petista na Lava Jato, compartilhou a reportagem nas redes sociais e escreveu que a revista está “dando a real sobre o Lula”.

NA CONTRAMÃO – Na reportagem, a revista diz que o posicionamento do Itamaraty que condenou os ataques dos Estados Unidos contra instalações nucleares do Irã foi na contramão do que outras democracias ocidentais disseram sobre o tema.

A Economist afirma ainda que o Brasil de Lula, ao engajar-se num bloco dos Brics fortemente influenciado pelas agendas da China e da Rússia, adota posturas que parecem cada vez mais “hostis ao Ocidente”.

“O papel do Brasil no centro de um Brics expandido e dominado por um regime mais autoritário faz parte da política externa cada vez mais incoerente de Lula”, diz a revista.

Há ainda críticas no campo interno. A Economist menciona a queda de popularidade de Lula. Também destaca a votação no Congresso que derrubou um decreto presidencial que previa um aumento no IOF, fato que mostrou fragilidade na relação com Executivo com o Congresso.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Com apoio entusiástico de Janja, Lula pensou (?) e trabalhou pelo Nobel da Paz, mas deu tudo errado e jogou no lixo a imagem de líder político que construíra durante décadas no exterior. E o resto da imagem que lhe restou, aqui no Brasil, vai ficar cada vez mais emporcalhado com essa guerra entre riscos e pobres. (C.N.)

Razões do crescente mal-estar em relação à democracia brasileira

Charges sobre democracia - 07/08/2020 - Política - Fotografia - Folha de  S.Paulo

Charge do Benett (Folha)

Marcus André Melo
Folha

Cresce a percepção de que há algo errado em nossas instituições. Diria até que é quase consensual na opinião pública que as relações entre os três Poderes são disfuncionais. Isto se estende ao próprio funcionamento da democracia no país. Não temos dados para 2025, mas, segundo pesquisa sobre a satisfação com a democracia do Pew Research Center em setembro de 2024, o Brasil está ligeiramente abaixo da mediana global que é 45%.

Apenas 44% da população declaram estar satisfeitos com o funcionamento da democracia no país, enquanto 54% manifestam algum grau de insatisfação, dos quais 30% afirmam estar “nada satisfeitos”.

TENDÊNCIA OPOSTA – Paradoxalmente, vemos um aumento e não declínio de 7 pontos percentuais em relação a 2023. O Brasil opera na tendência oposta das democracias de alta renda, nas quais se observa queda acentuada nos últimos anos (de 49% em 2021 para 36% em 2024) na satisfação com a democracia.

Porém, o mais instigante para analisarmos o “malaise” na conjuntura atual sobre a democracia é como ela varia entre grupos de eleitores. Esta variação nos dá a chave para o consenso negativo atual sobre o funcionamento da democracia.

 A percepção sobre o funcionamento das instituições é moldada por vários fatores já identificados em pesquisas sobre o assunto. Um fator decisivo é que ela difere entre os ganhadores e perdedores das eleições (o “winner-loser gap”, no jargão).

ESQUERDA E DIREITA – Há também fortes clivagens ideológicas: entre eleitores de esquerda, 56% estão satisfeitos; entre os de direita, apenas 35%. O fator mais determinante, porém, é o alinhamento com o governo: apoiadores da coalizão governista relatam níveis de satisfação 25 pontos percentuais mais altos que os opositores.

Esses dados revelam um padrão comum em democracias polarizadas: a legitimidade das instituições passa a ser filtrada pelo vínculo partidário, e a percepção de responsividade política se torna mais volátil.

A democracia é vista com mais confiança quando o “meu lado” está no poder, e com mais desconfiança quando está na oposição.

INSATISFAÇÃO – O que parece estar ocorrendo no momento é a queda da satisfação com a democracia entre os ganhadores, ou seja, entre os apoiadores da coalizão governista. Em “Strange Bedfellows” (Estranhos parceiros), os autores utilizam microdados de pesquisas com 18 mil eleitores de 46 países para testar a clivagem vencedor-perdedor em governos de coalizão.

Concluem que os parceiros da coalizão importam para a satisfação com a democracia. Nos casos em que há o que os autores chamam de “ambivalência de coalizão” —ou seja, se os parceiros de coalizão são rejeitados—, a avaliação do governo e do funcionamento da democracia piora.

O infortúnio faz estranhos companheiros de cama (Shakespeare, “A Tempestade”). Quando o Executivo se enfraquece, eles lhes dão as costas. Assim, entre os eleitores, os vencedores se veem como perdedores. Governar com más companhias cobra um preço entre vitoriosos. Mas mitiga a insatisfação entre os perdedores.

Por que o discurso de Tarcísio irritou bolsonaristas e até membros da família

 em ato  pró-Bolsonaro

A gente está aqui para pedir anistia e pacificação’, diz Tarcísio

Bela Megale
O Globo

O discurso de Tarcísio de Freitas no ato pró-Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, no domingo (29), desagradou aliados próximos e até integrantes da família do ex-presidente.

A fala do governador de São Paulo, centrada nos ataques ao PT e ao governo Lula, foi vista como um discurso de candidato à Presidência, mas sem encampar as bandeiras do bolsonarismo.

POSICIONAMENTO – O fato de Tarcísio, mais uma vez, ter poupado o ministro Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal (STF) foi o principal ponto de queixa entre bolsonaristas, já que havia a expectativa de que alguma crítica fosse dirigida ao Judiciário.

Eles avaliam que, com sua fala, o governador atrai a base do ex-presidente e evita carregar o ônus de se indispor com o Supremo.

— O Brasil não aguenta mais a desfaçatez, o gasto desenfreado, a corrupção. O Brasil não aguenta mais o governo gastador. Quem paga essa conta dos juros altos são vocês. O Brasil não aguenta mais aumento de imposto, não aguenta mais o PT — disse o governador.

“VOLTA, BOLSONARO” – As manifestações de Tarcísio para exaltar o capitão reformado e o coro “volta, Bolsonaro”, puxado pelo governador em São Paulo, são vistos nesse grupo de aliados do ex-presidente como uma estratégia de se mostrar fiel. Para eles, porém, Tarcísio já está focado em ser o sucessor de Bolsonaro em 2026, o que ele nega.

Na verdade, o governador de São Paulo ganha cada ganha vez mais apoio no campo da direita como nome para concorrer à Presidência contra Lula, mas ainda enfrenta resistência forte dos filhos de Jair Bolsonaro e de aliados muito próximos do ex-presidente.

A irritação de Eduardo Bolsonaro com Tarcísio seria por causa do crescimento do apoio do Centrão à candidatura de Tarcisio, em detrimento dos nomes do próprio Eduardo e da mulher Michelle.  

Se o pecado da esquerda é a vaidade moral, o da direita é truculência

Charge do Jefferson (Arquivo Google)

Luiz Felipe Pondé
Folha

A direita é contra a cultura? Não responda a essa pergunta com pressa. O que Donald Trump vem fazendo com algumas universidades americanas é um exemplo de crassa estupidez, além de ferir, de fato, a autonomia de cátedra da universidade.

Autonomia de cátedra —ou liberdade de cátedra— é um princípio regulador e institucional antigo que prevê a liberdade plena de um professor ensinar, pensar, escrever e estudar o que ele julgar condizente com a missão da universidade —gerar ideias, formação profissional, liberdade de pensamento, aprofundar o conhecimento científico e conceitualmente consistente. Um governo não pode interferir no cotidiano de uma universidade. Isso é um claro ato de vocação totalitária.

EXISTE AUTONOMIA? – A pergunta que devemos fazer é: a autonomia de cátedra hoje, seja nos Estados Unidos, seja no Brasil, seja na Europa, seja na América Latina, como um todo, existe? Ou a gestão interna da universidade já a aboliu por meio dos jogos corporativos, das ideologias hegemônicas — hoje de esquerda descaradamente—, dos truques das reitorias, das instâncias colegiadas e dos conselhos universitários internos?

Ou será que a burocracia que emana das instâncias reguladoras, no Brasil a Capes, já não destruiu a criatividade dos professores, que correm em busca de métricas que os ajudem a ganhar financiamentos?

Lembrando que essas instâncias tendem a ser colonizadas pela mesma ideologia que domina a universidade.

PECADORES E HEREGES – Uma das formas maiores de violência interna às instituições é a exclusão de pessoas da sociabilidade entre os colegas. Um pouco como se fazia com pecadores e hereges noutras épocas.

Harvard ou Columbia não escapam dessas mazelas. A rede de destruição da liberdade de cátedra em favor de consórcios ideológicos e políticos é internacional. E o trânsito internacional vale ouro para as agências de aferição de produtividade.

É comum ver nas universidades hoje carreiras sendo destruídas, objetos de pesquisa para mestrado e doutorado sendo recusados, colegas ou alunos serem alvos de assédio moral, simplesmente porque não fariam parte do consórcio ideológico ou porque seus interesses de pesquisa não se alinham aos objetivos carreiristas de muitos professores. A verdade é que as universidades não têm mais liberdade de cátedra.

PECADO CAPITAL – A expressão virou letra morta. Se o pecado capital da esquerda é a vaidade moral, o da direita é a truculência. Essa truculência torna a direita burra na sua relação com as universidades, principalmente na área de humanas.

Seus agentes pensam que nelas só existem maconheiros, vagabundos e preguiçosos —senão teriam feito engenharia ou medicina. Para a direita só vale a técnica e a gestão. Pensa que é científica, enquanto a esquerda seria considerada das humanas.

Mas, evidentemente, essa opinião é fruto da ignorância que grassa entre a maioria da direita. Aliando-se via redes sociais ao “povo”, a direita multiplica sua ignorância repetindo a do senso comum. A esperança deles é acabar com a “universidade de esquerda”, como dizem, e com isso assumir o poder pleno da produção de conhecimento no país.

SURTO DO FILHO – É comum ouvir membros da elite econômica dizer que o surto do filho de fazer documentários de esquerda e votar no PSOL passará logo. Mas o fato é que numa das áreas de maior impacto na sociedade essa ideia não funciona. Na área do direito, do Ministério Público e da magistratura.

Enquanto todos olhavam para os partidos políticos populistas de esquerda, a revolução está vindo do poder Judiciário. Brasil, Estados Unidos, França e Israel são apenas alguns exemplos. A ideia de que a magistratura e o Ministério Público têm missão civilizadora é apenas um dos modos do sintoma.

Outra área menosprezada pela direita —que, assim, como as universidades, só se lembra dela para xingar —é a formação dos profissionais da imprensa, um reduto, na sua imensa maioria, nas garras da esquerda.

“AGÊNCIAS LULISTAS” –  Esse fato enviesa quase totalmente seus conteúdos, no caso do Brasil hoje, criando “agências” envergonhadas do governo Lula. Vale salientar que o viés à direita, que existe em alguns veículos, faz um contraponto, mas o risco de virar um reduto do fundamentalismo bolsonarista é muito grande.

As fundações culturais também são objeto de desprezo e maus-tratos por parte de governos de direita. Eles parecem crer que basta matá-las de fome para que o “problema” seja sanado, em vez de buscarem quadros competentes na área que não sirva ao populismo de esquerda em voga no momento.

Afora o fato de que essas áreas são um salve-se quem puder. Enfim, se alguém capaz acordar dessa estupidez, será tarde: a cultura já será um lixo.

The Economist: “Impopular no Brasil, Lula finge ter importância no exterior”

Matéria da Economist no site da revista

The Economist prevê que Lula vai perder essa reeleição

Deu no Correio Braziliense

A revista britânica The Economist classificou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “incoerente no exterior” e “impopular em casa”, em reportagem publicada no final de semana. Logo no início, o texto menciona que, em 22 de junho, o Itamaraty condenou os ataques de Israel e dos Estados Unidos ao território iraniano e declarou que a ofensiva representou uma “violação da soberania” do Irã e “do direito internacional”.

A publicação diz que esse posicionamento do Brasil sobre a guerra entre Israel e Irã foi de encontro à postura de outras democracias ocidentais, que apoiaram o ataque dos Estados Unidos ou apenas expressaram preocupação.

APOIO AO IRÃ – Para a The Economist, “a simpatia do Brasil com o Irã” terá continuidade com a participação de ambos os países nos Brics, que se reunirão em uma cúpula de líderes em 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro.

O governo iraniano se juntou ao grupo de economias emergentes em 2024, quando outros novos membros também passaram a integrar o bloco oficialmente.

Segundo a revista britânica, a participação do Brasil em um Brics dominado pelas agendas de China e Rússia faz o país “parecer cada vez mais hostil ao Ocidente”. “O papel do Brasil no centro de um Brics expandido e dominado por um regime mais autoritário faz parte da política externa cada vez mais incoerente de Lula”, diz a The Economist.

LONGE DE TRUMP – O texto também destaca o afastamento entre o governo brasileiro atual e os Estados Unidos comandados por Donald Trump.

“Não há registro de que os dois tenham se encontrado pessoalmente, o que torna o Brasil a maior economia cujo líder não apertou a mão do presidente dos Estados Unidos”, afirma a publicação. “Em vez disso, Lula corteja a China. Ele se encontrou com Xi Jinping, o presidente da China, duas vezes no ano passado.”

A revista ainda cita a viagem de Lula à Rússia em maio para as celebrações do aniversário de 80 anos da vitória soviética sobre a Alemanha nazista na 2ª Guerra Mundial. “Ele aproveitou a viagem para tentar convencer Vladimir Putin de que o Brasil deveria mediar o fim da guerra na Ucrânia. Nem Putin nem ninguém lhe deu ouvidos.”

1 O afastamento da Argentina desde a eleição de Javier Milei em 2023 e as demonstrações de apoio à Venezuela no início do seu governo também são apontadas como parte da “incoerência” em política externa de Lula.

SEM POPULARIDADE – A The Economist afirma que a fraqueza de Lula no cenário mundial “é agravada pela queda da popularidade em casa”.

Uma pesquisa Genial/Quaest apontou que a desaprovação ao governo chegou a 57% no início de junho, o maior índice do seu terceiro mandato.

O jornal britânico ainda chama atenção para a derrubada do decreto que elevava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) por parte do Congresso Nacional, movimento inédito nos últimos 30 anos e que sinaliza a fraqueza do mandatário perante o Legislativo.

PT E CORRUPÇÃO – “O país se inclinou para a direita. Muitos brasileiros associam seu Partido dos Trabalhadores à corrupção, devido a um escândalo que o levou à prisão por mais de um ano (sua condenação foi posteriormente anulada)”, diz a reportagem.

“Ele construiu o partido com o apoio de sindicatos, católicos com consciência social e pobres beneficiários de esmolas do governo. Mas hoje o Brasil é um país onde o cristianismo evangélico está em expansão, onde o emprego na agricultura e na economia informal está crescendo rapidamente, e onde a direita também oferece esmolas.”

Segundo a publicação, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “provavelmente será preso em breve por supostamente planejar um golpe para permanecer no poder após perder uma eleição em 2022”, mas ainda tem força entre a população.

ELEIÇÃO PERDIDA – “Ele [Bolsonaro] ainda não escolheu um sucessor para liderar a direita. Mas se o fizer e a direita se unir a essa pessoa antes das eleições de 2026, a presidência será deles”, diz a revista.

A reportagem termina dizendo que Donald Trump raramente se refere ao Brasil em suas críticas constantes ao resto do globo. Em parte, diz a The Economist, isso pode ser explicado pelo enorme déficit comercial com os Estados Unidos, “algo que nenhuma outra grande economia emergente possui” atualmente

“Mas seu silêncio também pode se dever ao fato de o Brasil, relativamente distante e geopoliticamente inerte, simplesmente não ter tanta importância quando se trata de questões de guerra na Ucrânia ou no Oriente Médio. Lula deveria parar de fingir que tem e se concentrar em questões mais próximas”, conclui a publicação.

Uma menina dançando sozinha desperta a poesia em Mário Quintana

AS MAIS LINDAS FRASES SOBRE A VIDA - MARIO QUINTANA (frases,citacões,uma linda reflexão de vida)Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, tradutor e poeta gaúcho Mário de Miranda Quintana (1906-1994) poetizou a “Dança” solitária de uma menina.

DANÇA
Mário Quintana

A menina dança sozinha
por um momento.

A menina dança sozinha
com o vento, com o ar, com
o sonho de olhos imensos…

A forma grácil de suas pernas
ele é que as plasma
o seu par de ar, de vento,
o seu par fantasma…

Menina de olhos imensos,
tu, agora, paras,
mas a mão ainda erguida
}egura ainda no ar
o hastil invisível
deste poema!

STF responsabiliza redes sociais, mas não sabe como conseguirá “puni-las”

Magistrados defendem ministros do STF e soberania nacional

Charge do Spacca (Arquivo Google)

Deu no Correio Braziliense

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de responsabilizar as redes sociais por conteúdos ofensivos publicados por seus usuários, sem a necessidade de uma decisão judicial, segue gerando forte reação entre as big techs. As plataformas manifestaram preocupação sobre as mudanças do Judiciário por risco de cerceamento da liberdade de expressão.

Em comunicado oficial, o Google afirmou que as regras definidas pela Corte” podem impactar a liberdade de expressão e a economia digital”.

PREOCUPAÇÕES –Ao longo dos últimos meses, o Google vem manifestando suas preocupações sobre mudanças que podem impactar a liberdade de expressão e a economia digital”, afirmou a empresa norte-americana.

Embora o STF tenha estabelecido a responsabilização das redes sociais em relação aos conteúdos ilícitos, ficou mantida a necessidade de decisão judicial em casos de crime contra a honra, como difamação. Ou seja, vale a regra anterior e as redes não serão punidas se não excluírem o conteúdo apenas com a notificação extrajudicial.

A Meta — que controla Facebook, Instagram e WhatsApp — argumentou que a alteração do Marco Civil da Internet pode trazer prejuízos à liberdade de expressão.

AMEAÇAS CONCRETAS – Enfraquecer o Artigo 19 do Marco Civil da Internet traz incertezas jurídicas e terá consequências para a liberdade de expressão, inovação e desenvolvimento econômico digital, aumentando significativamente o risco de fazer negócios no Brasil”, disse por meio de nota.

Por outro lado, o advogado-geral da União, Jorge Messias, comemorou a decisão do Supremo — que ele classificou como “histórica” e um “verdadeiro marco civilizatório”. “Não é possível admitir que provedores se eximam de qualquer responsabilidade por conteúdos ilícitos que, embora não sejam por eles criados, geram lucros com seu impulsionamento e violações de direitos fundamentais”, defendeu o AGU.

JULGAMENTO  – Por 8 votos a 3, os ministros do STF entenderam que o artigo 19 do Marco Civil da Internet é parcialmente inconstitucional, pois há omissão na proteção de direitos fundamentais da pessoa humana. Uma das principais mudanças é que as redes deverão levar em conta a notificação extrajudicial para remover um conteúdo irregular. Isso deve valer enquanto não houver uma nova lei sancionada para tratar do assunto.

As empresas também devem responder civilmente por danos morais causados por conteúdos ofensivos ou ilegais, como racismo, discurso de ódio, incitação à violência e fake news. Para a maioria do Supremo, as regras vigentes atualmente — que prevê a remoção somente com decisão judicial — não são suficientes para preservar a dignidade humana.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como diz o velho ditado, o cemitério está cheio de pessoas bem intencionadas. Não há dúvida de que os ministros do Supremo estavam possuídos de boas intenções, mas o resultado é horroroso. Eles definiram regras, mas não sabem como aplicá-las. Vão passar vexame e cair no ridículo, justamente porque o xis da questão é esse – como aplicar regras brasileiras empresas que funcionam no exterior? Comprem pipocas, a novela vai demorar. (C.N.)

Lula, o caso do IOF e o risco de governar contra o vento

Charge do Gilmar Fraga (gauchazh.clicrbs.com.br)

Pedro do Coutto

O presidente Lula, em mais um gesto de firmeza – ou teimosia, a depender da leitura –, decidiu recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão do Congresso que derrubou o decreto presidencial sobre o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

A medida, redigida e enviada pela Advocacia-Geral da União, foi feita mesmo diante da orientação contrária de parte do governo e do ambiente político hostil à iniciativa. Trata-se de uma aposta arriscada, com potencial de desgaste institucional e de enfraquecimento político.

PLACAR – A derrota imposta ao governo no Legislativo foi expressiva: 383 votos pela derrubada do decreto, contra apenas 98 em sua defesa. Um placar eloqüente, que não apenas revela a falta de articulação do Palácio do Planalto com sua base parlamentar, como escancara o isolamento político de Lula em temas sensíveis da política fiscal. Diante de tamanha rejeição, recorrer ao Supremo soa mais como um grito de resistência do que uma estratégia de reconstrução.

Fontes como O Globo e Valor Econômico já apontavam que a própria equipe econômica demonstrava reservas quanto à edição do decreto e, posteriormente, à insistência em mantê-lo como bandeira. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ainda que alinhado à linha econômica do governo, tem optado por cautela ao comentar a judicialização da pauta. Segundo reportagem do O Globo, Haddad admitiu que a única alternativa remanescente ao Executivo seria mesmo o Supremo, após o Congresso enterrar o decreto.

Contudo, o caminho jurídico parece mais uma avenida para desgaste do que uma ponte para solução. O Supremo raramente interfere em decisões majoritárias do Congresso, sobretudo quando a matéria tem ampla repercussão política e foi amplamente discutida. A anulação de um decreto derrubado por maioria absoluta do Legislativo colocaria o Judiciário em rota de colisão com a opinião pública e com os fundamentos democráticos da separação entre Poderes.

NOVA DERROTA – Caso o STF decida, como é esperado, manter a validade da decisão do Congresso, o presidente amargará uma nova derrota – não apenas jurídica, mas simbólica. Em política, perder no Supremo depois de perder no Congresso é perder duas vezes. E, pior, é confirmar um enfraquecimento de liderança que começa a se tornar perceptível inclusive entre aliados.

Ao insistir no recurso, Lula transmite uma mensagem dúbia: de um lado, demonstra apego a medidas fiscais que considera essenciais para manter o equilíbrio das contas públicas; de outro, revela dificuldade em recompor sua base política e aceitar os limites impostos pelas instituições republicanas. É o dilema de quem, ao tentar governar por decreto, colhe resistência de um Parlamento que exige ser ouvido – e de uma Corte que dificilmente atropelará uma decisão política tão robusta.

MAIS DIÁLOGO – Governar exige pragmatismo, e o momento impõe ao presidente mais escuta e menos confrontos. O risco agora é o de caminhar para um impasse de difícil reversão, em que cada derrota acumula sequelas e mina a autoridade de quem precisa manter a governabilidade em meio a uma base fragmentada.

O recurso ao STF pode ser, no máximo, uma manobra de contenção de danos. Mas dificilmente trará de volta o controle político que escapou pelas mãos. Talvez seja hora de Lula lembrar uma de suas máximas preferidas: “Quando a gente erra, a gente tem que ter humildade para voltar atrás”. Afinal, o Brasil de 2025 é outro – e o governo não pode perder tempo colecionando derrotas por teimosia.

Lula perde o rumo e manda PT “atacar o Centrão e os ricos”

Haddad diz que 'é hora de vestir o uniforme do embate, do bom debate  público, do debate político' | Brasil | Valor Econômico

Haddad é incentivador da guerra de pobres contra ricos

Catia Seabra e Caio Spechoto
Folha

O presidente Lula (PT) tem encorajado ministros e aliados a expor divergências com o centrão e a oposição depois da série de derrotas impostas pela própria base ao governo no debate sobre mudanças no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Segundo auxiliares do petista, a orientação é denunciar que parlamentares de centro e da direita – inclusive integrantes de partidos aliados – resistem à implementação de justiça tributária no Brasil.

RICOS E POBRES – Nas palavras de um colaborador direto do presidente, o governo quer dizer que tem lado e que não vai admitir cortes de programas sociais para manter privilégios.

Outro integrante da equipe do presidente afirma que Lula está decidido a travar essa disputa. Segundo ele, o petista adotou nos dois primeiros anos de governo uma política econômica de inclusão dentro das limitações do arcabouço fiscal. Seu limite seriam medidas que restringem os direitos dos mais pobres.

Ainda segundo aliados, o presidente tem incentivado o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), a falar mais e apresentar argumentos em favor da incidência de tributos sobre os mais ricos para desoneração dos mais pobres.

HADDAD ASSUME – Assim, o chefe da equipe econômica, defensor há anos de impostos progressivos, passou a se colocar de forma ainda mais assertiva sobre o tema.

“Quem está condoído [com o projeto de aumentar impostos para ricos], quem faz propaganda contra são os 140 mil [super-ricos]. Eu estou tranquilo em relação a isso, porque eu sou ministro da Fazenda para enfrentar os 140 mil. Eu estou aqui para fazer justiça tributária”, disse Haddad em entrevista à Folha publicada na quinta-feira (26).

Além disso, o PT divulgou na última semana um vídeo sobre pagamento de impostos no qual fala em “taxação BBB: bilionários, bancos e bets”: “O governo vai passar a taxar quem sempre pagou pouco ou quase nada: os super-ricos”.

DISCURSO ELEITORAL – Um ministro afirma que, mesmo que não houvesse um incentivo de Lula, seus auxiliares passariam a reproduzir esse discurso de tanto ouvir essa avaliação do próprio presidente.

Aliados apontam o debate do IOF como um marco para o endurecimento do discurso governista, especialmente depois de a cúpula do Congresso colocar em votação na última semana o projeto que derrubaria as mudanças feitas pelo Executivo sem avisar ao Planalto.

A inclusão da proposta na agenda de votações foi anunciada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por meio das redes sociais sem uma comunicação prévia ao Executivo. A postagem foi no fim da noite anterior à sessão que decidiria sobre o assunto, na quarta (25).

INSULTO A LULA – Segundo aliados, Lula encarou a atitude como um insulto a ele. Não apenas a Haddad.

Aliados do presidente enxergam as digitais de seus opositores na atuação de Hugo Motta, presidente da Câmara, em uma clara antecipação da disputa eleitoral do ano que vem. Haveria uma tentativa de enfraquecer o governo para que o grupo político de Lula chegue em 2026 com chances reduzidas de vencer a eleição.

Nesse cenário, a única opção seria disputar o eleitorado desde já, visando a corrida presidencial do ano que vem.

TAXAR MILIONÁRIOS…  – A ordem do presidente é ir a público dizer que a gestão petista quer taxar milionários para bancar serviços, programas sociais e redução de impostos para os mais pobres.

A mensagem a ser transmitida é que as forças políticas que se opõem a isso defendem privilégios para poucos setores da sociedade.

Governistas detectaram há algumas semanas que a pauta da taxação dos mais ricos tem aderência nas redes sociais e passaram a apostar no tema para enfrentar a oposição. A deterioração do clima político nos últimos dias fez essa aposta passar a ser uma instrução de Lula e uma estratégia política mais estruturada.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Mais uma grande Piada do Ano. Depois de 35 anos disputando eleições presidenciais, de repente Lula da Silva, o pai dos pobres, desperta de um sonho ruim e decide taxar os milionários, que ele tanto protegeu por esses anos todos. Se não é Piada do Ano, Lula então precisa parar de beber e fazer uma reabilitação a sério, tendo dona Janja como cuidadora. (C.N.)

Motta pede que o governo não se atreva a levar ao STF o caso do IOF

Hugo Motta em sessão na Câmara para votar projeto que cancela decreto do governo que elevou o IOF

“Congresso está perdendo a paciência com Lula”, diz Motta

Bela Megale
O Globo

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deu um recado duro a integrantes do governo Lula sobre as consequências de entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a derrubada do aumento do IOF.

Motta destacou que o gesto será visto como um enfrentamento claro e que só fará o Congresso querer dobrar a aposta nos embates com o Palácio do Planalto. A leitura da judicialização do caso, segundo ele, será que “o governo abriu mão de governar com os parlamentares e agora busca governar com o STF”.

SÓ VAI PIORAR – A aliados, Motta faz a avaliação de que levar a questão para o Supremo só vai piorar a situação do Executivo, já que o problema que tem hoje não é jurídico, mas político.

A falta de base no Congresso e a crescente insatisfação de parlamentares com o governo Lula são apontadas por Motta como fatores que podem levar à ingovernabilidade, caso o Palácio do Planalto não consiga mudar sua relação com os congressistas.

Para o presidente da Câmara, judicializar o caso do IOF é dobrar a aposta no enfrentamento sem colocar no radar as consequências que estão por vir.

SÓ QUEIXAS… – Em conversas com representares do governo, o presidente da Câmara ainda se queixou que ele só recebeu contatos com queixas e que o Palácio ignorou as medidas positivas que ele pautou e que foram aprovadas no mesmo dia da derrubada do IOF.

Motta se refere à Medida Provisória (MP) que autoriza o uso de até R$ 15 bilhões do Fundo Social do pré-sal para habitação popular e que permite ao governo leiloar óleo e gás excedente, com potencial de arrecadar até R$ 20 bilhões, à MP que isenta do Imposto de Renda de quem ganha até dois salários mínimos e a outra que permite a contratação de crédito consignado por trabalhadores do setor privado.

Como informou a coluna, entre as ações que estão no radar do centrão, caso o embate com o Executivo continue, está escolher o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), um expoente da oposição, como relator da CPI do INSS.