Além de não ajudar, Lula e Haddad dificultam qualquer negociação

Emerson Oliveira | Charge para o Jornal da Manhã Juros: Lula e Haddad em  saia justa O Banco Central piorou sua projeção de crescimento econômico do  Brasil... | Instagram

Charge do Emerson Oliveira (J. de Amanhã)

Dora Kramer
Folha

Depois de breves momentos de relativa contenção e alguma calmaria, o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) voltou a adotar o tom de enfrentamento com Donald Trump.

Usou a figuração do jogo de truco para indicar que dobraria a pedida de mão, caso o norte-americano resolva impor sanções ainda mais gravosas que a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Lula falou como se houvesse paridade de forças entre os dois países.

BOM DE PALANQUE – O discurso pode funcionar no palanque e daria ganhos sólidos ao autor, se ele fosse um candidato de oposição. Na boca de um presidente da República, pretendente à reeleição, soa como uma temeridade completamente descolada dos fatos.

A realidade é adversa, mas dela não se pode escapar: o poderio dos Estados Unidos e a ausência de limites de seu atual mandatário são incomparáveis à capacidade do Brasil de sair-se bem numa guerra de retaliações.

Nessa situação de desvantagem objetiva, o blefe de Lula seria apenas inconsequente se não desse margem a consequências indesejáveis.

NEGOCIAÇÃO – Entre a submissão aos ditames inadmissíveis de Trump e o confronto aberto, há uma via intermediária. Caminho já adotado por países muito mais poderosos que conseguiram mitigar os efeitos nefastos sobre as respectivas economias, atuando com estratégia. Não consta que nenhum deles tenha posto a soberania nacional a serviço dos Estados Unidos.

Animado com os ganhos políticos, o presidente cria um cenário de dissonâncias no encaminhamento do problema. Ele vocaliza atrito, enquanto o vice Geraldo Alckmin (PSB) atua no pragmatismo, o ministro Fernando Haddad (PT) transita entre os dois polos e o Itamarati fica refém do antiamericanismo residente no Palácio do Planalto, conceito manifestado em várias ocasiões.

Haddad e Lula fragilizam o Brasil quando um admite que os filhos de Jair têm mais força que o governo junto à Casa Branca e outro diz que Alckmin telefona, mas “ninguém quer falar com ele” em Washington. Não ajudam e conviria não atrapalharem.

O Globo, 100 Anos: Memória, responsabilidade e o desafio do futuro

Trump deu a Lula uma oportunidade para se reorganizar e ganhar apoio

Trump dá tiro no pé (direito). #trump #lula #eua #brasil🇧🇷 #tarifaço # charge #humor @bs9news

Charge do Seri (Arquivo Google)

Maria Hermínia Tavares
Folha

Confirmado para 1º de agosto, o tarifaço contra as exportações brasileiras, imposto por Donald Trump, terá efeito negativo, imediato e inevitável na economia do país. Ainda assim, seu simples anúncio engendrou uma oportunidade política única para fortalecer o governo e o jogo democrático —e colocou na berlinda a direita bolsonarista, cúmplice assumida do desastre anunciado— como, merecidamente, será julgada.

Resultados da pesquisa Genial/Quaest, divulgada na quinta-feira 17/07, ajudam a dar nitidez aos desafios tanto para o governo quanto ao bolsonarismo. A maioria dos brasileiros pensa que governo e oposição deveriam se unir em torno da defesa do país.

ALGUMAS CERTEZAS – Maioria expressiva, incluindo uma parcela dos apoiadores do ex-capitão, ficou sabendo da ameaça feita por Trump; acha que ele está errado ao propagar a falácia de que os Estados Unidos perdem ao comerciar com o Brasil; e considera que o americano não tem direito de criticar o processo no qual Bolsonaro é réu.

Porcentagem ainda maior de brasileiros acredita que as tarifas astronômicas farão suas vidas piorar. Quanto à melhor forma de enfrentar a ameaça, oito e tanto em cada dez entrevistados —sete e tanto em cada dez autoproclamados bolsonaristas— pensam que governo e oposição deveriam se unir em torno da defesa do país.

É sempre possível pensar que tamanho incentivo à convergência política se deve à natureza do problema: uma ameaça externa percebida como prepotente e capaz de prejudicar a vida de todos e cada um.

NEGOCIAÇÕES – Entretanto, dados da sondagem indicam que outros fatores ainda fomentam o apoio a soluções negociadas e que promovam a união dos brasileiros. De fato, o levantamento também tratou da reforma do Imposto de Renda, permitindo saber que os cidadãos, em peso, apoiam a proposta do governo de isentar os mais pobres e taxar os muito ricos.

Contudo, são maioria os que não gostam da retórica de pobres contra ricos, por criar “briga e polarização”. Apresentada como um dos acertos da comunicação da Presidência, a campanha que inundou as redes sociais batendo naquela tecla só é apoiada por 38% das pessoas.

Especialistas dirão que a cultura política que privilegia a negociação e a formação de consensos é mais adequada à democracia pluralista. Nela, o debatido e o negociado sempre se impõem com ganho: dois mais dois são sempre cinco. Mais ainda quando as instituições políticas impedem a existência de maioria partidária e, em consequência, de governos de um só partido, como é o caso do Brasil.

BOA OPORTUNIDADE – A grosseira prepotência de Donald Trump deu ao governo Lula a oportunidade de isolar em um canto a extrema-direita bolsonarista —aí incluídos os governadores eleitos sob suas bandeiras.

O aplauso ao tarifaço e a submissão ao interesse pequeno do golpista e de sua patética família, desqualificam os radicais de direita para dirigir o país em tempos difíceis. Tosco a mais no poder, Trump também proporcionou a um governo cujo prestígio seguia ladeira abaixo a oportunidade de assumir o comando de medidas previamente concertadas com diferentes grupos da sociedade e com as lideranças do Congresso.

Até aqui, Lula tem seguido esse roteiro —recebendo em troca o reconhecimento da opinião pública. A persistir nesse rumo, o ganho para a democracia irá muito além de possíveis dividendos eleitorais ainda incertos e não sabidos.

Fux tenta sair limpo nesse Supremo emporcalhado, mas é tarde demais

Leia a íntegra do voto de Fux sobre restrições a Bolsonaro

Na chamada undécima hora, Fux vota em nome da lei

Hugo Henud
Estadão

Ministro adota postura mais garantista em casos ligados ao bolsonarismo do que em casos anteriores; em 21% das ações relatadas por Moraes na Primeira Turma, Fux votou em divergência; juristas veem inflexão política e apontam que dissenso pode fortalecer legitimidade do STF, desde que bem fundamentado.

Na última semana, Luiz Fux divergiu novamente de Alexandre de Moraes e contestou as medidas restritivas impostas a Jair Bolsonaro. O voto marca uma guinada do ministro, que passou a liderar as divergências contra Moraes, votando em sentido oposto em cerca de 21% dos casos – a maioria deles relacionada ao 8 de Janeiro e à investigação sobre a tentativa de golpe, na qual Bolsonaro é réu.

PADRÃO RECENTE – A posição reforça um padrão recente e contrasta com o histórico de Fux, tradicionalmente associado a posições mais duras em matéria penal, como nos julgamentos do Mensalão e da Operação Lava Jato.

Levantamento do Estadão, com base na plataforma Corte Aberta, mostra que, desde 2023, Fux é o ministro que mais divergiu em ações penais relatadas por Moraes na Primeira Turma do STF. De 100 processos, o ministro votou contra o relator em cerca de 21% dos casos e lidera o número de pedidos de vista, com 11 solicitações que suspenderam temporariamente os julgamentos para permitir uma análise mais aprofundada.

A maioria dos processos envolve réus dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, incluindo o próprio ex-presidente Bolsonaro. Já entre 2019 e 2022, em 108 ações penais relatadas por Moraes e outros ministros e julgadas no Plenário do STF, Fux divergiu apenas em cerca de 9% dos casos.

CASO DA TORNOZELEIRA – Fux foi o último a votar na decisão de Moraes que impôs cautelares a Bolsonaro, que incluem, entre outras medidas, o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de acessar redes sociais.

As restrições foram determinadas no âmbito da investigação que apura uma suposta atuação coordenada entre o ex-presidente e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, para coagir o Supremo, por meio de autoridades americanas, e tentar reverter a ação penal do golpe, na qual Bolsonaro é réu.

O dado reforça um movimento recente do ministro, avalia o pesquisador da UFMG Shandor Torok, especialista no comportamento judicial do STF. Ele destaca a mudança brusca de postura de Fux, a despeito da gravidade dos crimes investigados.

VIÉS GARANTISTA – Torok lembra que, ao longo da trajetória no Supremo, Fux teve uma atuação marcada pelo rigor punitivista, o que contrasta com o posicionamento adotado nos últimos julgamentos da Primeira Turma. “Justamente nesses casos, Fux faz uma guinada de 180 graus e se revela um garantista”, afirma.

Esse movimento não tem sido isolado. O ministro tem se notabilizado por abrir contrapontos com os demais integrantes da Primeira Turma em temas relacionados ao 8 de janeiro, especialmente na dosimetria das penas dos condenados. Foi o que ocorreu, por exemplo, no caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, que pichou, com batom, a frase “Perdeu, mané” na estátua A Justiça, em frente ao prédio do Supremo.

Fux pediu vista do processo e, posteriormente, divergiu da pena proposta por Moraes, que fixou 14 anos de prisão e foi seguido pela maioria. Para Fux, a pena adequada seria de 1 ano e 6 meses.

NÚCLEO CENTRAL – Além disso, Fux também fez ressalvas durante o recebimento da denúncia contra o núcleo central do golpe, que tem como réu Bolsonaro. Na ocasião, embora tenha votado a favor do recebimento da denúncia contra todos os acusados, ele foi o único ministro a acolher uma das preliminares da defesa: a de que o processo deveria ir para instâncias inferiores ou, caso permanecesse no STF, ser julgado pelo Plenário, e não pela Primeira Turma.

Ao mesmo tempo em que adota um posicionamento mais garantista nesses processos, Fux mantém seu perfil rígido em decisões individuais sobre liberdade. Entre 2023 e 2025, concedeu apenas 0,84% dos habeas corpus e recursos apresentados para contestar prisões supostamente ilegais ou abusivas, um dos índices mais baixos da Corte.

TUTELA DA LIBERDADE – Para o criminalista e pesquisador David Metzker, responsável pelo levantamento, a variação decorre do perfil do ministro. A rigidez nos pedidos de liberdade acompanha a trajetória de Fux. Ele votou de forma dura em casos como o Mensalão e a Lava Jato, defendeu a prisão após condenação em segunda instância e relativizou o princípio do in dubio pro reo, segundo o qual, na dúvida, a decisão deve favorecer o réu.

Da mesma forma, resistiu ao uso – em favor da defesa – das mensagens obtidas por hackers entre procuradores da Lava Jato e o então juiz Sergio Moro, e negou o pedido de entrevista de Lula enquanto este estava preso.

Para o professor do Insper e pesquisador da USP Luiz Gomes Esteves, o comportamento de Fux nos casos ligados a Bolsonaro e ao 8 de Janeiro não reflete, necessariamente, uma mudança de convicção jurídica, mas sim uma reação ao contexto do momento. “São pontos fora da curva no histórico do tribunal”, afirma.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Não era possível ver Fux votando em 17 anos ou 14 anos de prisão para os acampados do 8 de Janeiro. Mas o fez. Com isso, manchou sua biografia. Agora, revolveu acordar contra Moraes e seus desmandos. Mas na verdade é tarde demais. Fux dormiu como um porco, no meio da porcalhada. Tem esperança de sair limpo, daqui pela frente. Vai depender da intensidade de suas próximas colocações em nome da Justiça. (C.N.)

Criminalista diz que Moraes errou sobre os parlamentares acampados

Deputados do PL deixam acampamento em frente ao STF após ordem de Moraes

Moraes mandou retirar à força os dois parlamentares

Da CNN

O advogado e professor de Direito Constitucional André Marsiglia criticou, neste sábado (26), a determinação de Alexandre de Moraes para retirar parlamentares do Partido Liberal que estavam acampados na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Segundo o especialista, a medida representa uma limitação indevida do direito fundamental de reunião.

Marsiglia argumenta que o direito de reunião está garantido no artigo 5º, inciso 16 da Constituição Federal, tendo como única restrição que o encontro seja pacífico e sem armas. “Não havia absolutamente nada disso no caso em questão”, afirmou o professor.

8 DE JANEIRO – O especialista questiona a utilização dos eventos do 8 de janeiro de 2023 como justificativa para a decisão. “Não há como você, por precaução ou por receio, limitar um direito fundamental”, explicou Marsiglia, acrescentando que direitos fundamentais podem ser harmonizados com outros direitos, mas não podem ser extintos preventivamente.

Em sua análise, o professor argumenta que, se o medo de novos episódios similares aos do 8 de janeiro fosse usado como justificativa para coibir direitos fundamentais, outras liberdades também poderiam ser afetadas, como o uso de redes sociais.

“As autoridades têm de lançar mão de outros artifícios para que não ocorra um novo 8 de janeiro que não o de limitar direitos fundamentais das pessoas”, concluiu.

Direita unida em 2026 e apoiada por Bolsonaro, anunciam governadores

Os governadores de direita demonstram muita unidade

Leticia Martins e Renan Fiuza,
da CNN

Os governadores de São Paulo, Goiás e Paraná afirmaram, neste sábado (26), durante evento Expert XP, em São Paulo, que a direita está unida para as eleições de 2026.

Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União-GO) e Ratinho Jr. (PSD-PR), dividiram o palco no evento que reuniu empresários e investidores e foram bastante aplaudidos ao criticarem a atual gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

COMPETÊNCIA – Para o governador do Paraná, Ratinho Jr., “aquele que tiver a alegria de ir pro segundo turno, vai ter a competência de juntar todo esse time aqui pra apresentar um novo projeto ao Brasil”.

Caiado, que governa o estado de Goiás é já oficializou sua pré-candidatura à Presidência da República para o pleito de 2026, disse que irá derrotar o petista.

“A primeira medida que eu vou tomar é extremamente simpática, que é derrotar o Lula, essa é a primeira medida […] nós vamos ganhar essas eleições”, afirmou.

ACIMA DE TUDO – O governador do estado paulista, Tarcísio de Freitas, declarou que “o projeto nacional está acima de todas as vaidades, então eu prego, sim, a união. A gente tem que mudar o rumo do Brasil”.

Tarcísio ainda mandou um recado direcionado a oposição: “Se engana quem pensa que uma liderança como Jair Bolsonaro vai ficar de fora desse processo, seja na condição que for, porque ele vai participar desse processo. Se engana quem pensa que vai haver um racha na direita, porque não vai, essa turma vai estar unida”.

Bolsonaro está inelegível até 2030 por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O ex-presidente também é réu por envolvimento na trama golpista após as eleições de 2022.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É uma notícia destinada a ganhar pouca divulgação, mas sua importância é inquestionável. A meu ver, se não houver alguma surpresa, com essa união dos governadores de direita, que inclui Zema (MG), Castro (RJ), Jorginho (SC) e outros, a eleição já pode ser considerada decidida. Lembrando que, por mais que se esforce na campanha, como já está fazendo, a idade não perdoa e Lula já está com a data de validade vencida. O resto é folclore, como dizia Sebastião Nery. (C.N.)

Senador do Val ironiza Moraes e diz que já se tornou “cidadão norte-americano”

Senador exibe seus dois passaportes e diz que tem visto

Do UOL e da CNN

O senador Marcos do Val (Podemos-ES), que viajou para fora do país com passaportes suspensos pelo STF (Supremo Tribunal Federal), postou foto com os documentos. A publicação não está disponível no Brasil e só pode ser visualizada por quem está fora do país.

Na publicação o senador afirma que chegou aos EUA “depois de dois anos e meio de perseguição impiedosa por parte de Alexandre de Moraes”.

CIDADÃO AMERICANO -O congressista ainda afirma ter sido acolhido oficialmente como cidadão americano. “Reconheceram, reafirmaram e ampliaram minha função diplomática. E mais: me acolheram oficialmente como cidadão americano”, escreveu.

Do Val ainda afirmou que enquanto Moraes “encara o peso das suas próprias decisões”, ele segue com a “missão, com dignidade, honra e a verdade como aliadas”.

A CNN apurou que o senador entrou nos Estados Unidos na última quarta-feira (23), por Miami. Em fevereiro deste ano, entretanto, o STF negou recurso e manteve decisão que bloqueou e determinou a entrega dos passaportes do senador.

INFORMOU AO STF – Marcos do Val, mesmo diante da decisão, alega que foi aos EUA de maneira legal. O parlamentar afirma que os documentos estão válidos e que informou ao Supremo sobre viagem entre 23 de julho e 3 de agosto.

“Meu passaporte diplomático, emitido pelo Ministério das Relações Exteriores, está válido até julho de 2027 e sem restrição. Além disso, meu visto oficial de entrada nos Estados Unidos foi recentemente renovado, com validade até 2035”, afirmou em nota.

Em agosto do ano passado, a PF (Polícia Federal) esteve em um endereço do senador Marcos Do Val, em Vitória (ES), para apreender passaportes do parlamentar, inclusive o diplomático por determinação do STF. Na ocasião, os itens não teriam sido localizados.

BLOQUEIO MANTIDO – Já em fevereiro deste ano, a Primeira Turma do STF rejeitou, por unanimidade, um recurso do senador e manteve o bloqueio e a entrega dos passaportes. Na época, o senador chamou atenção para o bloqueio de seus documentos oficiais enquanto ainda ocupava o cargo no Congresso.

“A maior perseguição política da história partindo de um único ministro. Infelizmente com a conivência da Mesa do Senado, sou o único senador da história do Brasil que enquanto exerce seu mandato está censurado com redes sociais bloqueadas, salários bloqueados […] Tive meu passaporte civil e diplomático suspenso”, disse Do Val.

A CNN questionou o STF sobre a suspensão do passaporte do senador e se havia autorização para a viagem, mas não houve resposta.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Sem alternativa, o ministro Alexandre de Moraes determinou o bloqueio dos cartões de crédito do senador Marcos do Val (Podemos-ES) após o parlamentar viajar para os Estados Unidos mesmo com uma ordem para cancelar seu passaporte diplomático. O objetivo deve ser matar de fome o senador (C.N.)

EUA vão usar Lei Magnitsky e cassar vistos de outros membros do governo 

Charge | O Imparcial

Charge do Sena (O Imparcial)

Lourival Sant’Anna
Estadão

As sanções do governo dos Estados Unidos a autoridades brasileiras devem ser ampliadas nos próximos dias. Na próxima semana devem ser aplicadas sanções que vão incluir também integrantes do alto escalão do governo Lula.

No médio prazo, até a expulsão da embaixadora brasileira Maria Luiza Ribeiro Viotti estaria na lista das sanções, o que representaria um rompimento de relações diplomáticas entre os dois países.

CASO DO STJ – Também haveria punições ainda mais duras a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Oito deles já perderam o visto de entrada em território americano: Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Luiz Roberto Barroso, Flávio Dino, Edson Fachin, Cristiano Zanin e Dias Toffoli.

 O objetivo é sancionar aqueles que têm votado pelas punições ao ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado do presidente americano Donald Trump, e a favor da responsabilidade das plataformas de redes sociais

Agora, eles seriam alvos da Lei Magnitsky, com sanções econômicas e financeiras. Assim, bens que eles por ventura tiverem nos Estados Unidos seriam congelados. Além disso, haveria restrições a empresas e instituições que fizessem negócios com esses ministros. Com isso, o objetivo seria tentar bloquear o acesso desses integrantes do STF a serviços bancários proporcionados por empresas que façam negócio com os americanos.

OUTROS ATINGIDOS – No caso dos integrantes do governo Lula, a expectativa é de que o presidente e a primeira-dama Janja escapem da perda do visto. Contudo, integrantes do alto escaldão do Palácio do Planalto seriam afetados com a proibição de viajarem para os Estados Unidos.

O Brasil está sendo usado como experimento de um plano do governo Trump, a ser aplicado também a outros países governados pela esquerda na América Latina, como Colômbia e México. O objetivo é demonstrar a capacidade dos EUA de impor alinhamento ideológico e geopolítico nas Américas.

Empresas brasileiras que exportam para os EUA precisam negociar diretamente com autoridades e companhias americanas compromissos de investimentos e parcerias comerciais para contornar a tarifa e outras sanções.

Com o quadro, a iniciativa privada precisaria se desmarcar dos dois pólos políticos nessa briga, que não interessa a ela: Lula e Bolsonaro. Para se salvar, as empresas exportadoras devem atuar abaixo do radar político e da mídia.

NEGOCIAÇÕES – Os desfechos das negociações do Japão, Indonésia e Filipinas com os EUA indicam o caminho, com exceção do fato de que foram conduzidas pelos respectivos governos, enquanto no caso do Brasil a essência política da disputa significa que ela deve ser superada pelas empresas.

O governo americano anunciou que companhias japonesas teriam se comprometido a investir um total de US$ 550 bilhões nos setores de energia, semicondutores e farmacêutica nos EUA. Em troca, o governo Trump reduziu a tarifa sobre exportações japonesas de produtos industriais de 25 % para 15%, com aplicação recíproca.

A Casa Branca divulgou um comunicado intitulado “Restaurando o poder industrial americano”, no qual não estão detalhados os investimentos de cada empresa. Isso não é casual: os compromissos são volumosos o suficiente para servir de peça de propaganda e nebulosos o bastante para não serem cobrados no futuro. O governo japonês desmentiu as informações.

PODERIA SER PIOR – Indonésia e Filipinas, bem menos industrializadas que o Brasil, zeraram suas tarifas para produtos industriais americanos, em troca de pagar alíquotas de 19% — que não são baixas, mas os governos foram advertidos de que poderia ser pior.

O Brasil não tem essa opção, por causa da falta de diálogo político com os EUA e do protecionismo da indústria brasileira.

Os aliados potenciais dos exportadores brasileiros são importadores, atacadistas e varejistas americanos, para indicar investimentos e concessões que podem pavimentar o caminho da negociação. O importante é oferecer algo que a Casa Branca possa anunciar como resultados positivos de sua estratégia no campo comercial, para que possa ceder também nesse campo. Na esfera política, o jogo será diferente e potencialmente desastroso para o Brasil.

LEI MAGNITSKY – O pedido é embasado na Lei Global Magnitsky, legislação que permite punir estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos. Nomes de outros ministros não foram citados no pedido.

A lei foi aprovada em 2012, durante o governo de Barack Obama, e prevê sanções como o bloqueio de contas bancárias e de bens em solo norte-americano, além de visto cancelado e proibição de entrar no país.

A decisão de punir alguém embasado na legislação é do presidente dos Estados Unidos. Segundo o texto da lei Magnitsky, Trump, que tem maioria nas duas Casas legislativas americanas, precisaria apresentar provas ao Congresso das supostas violações de direitos humanos.

POSSÍVEL REVISÃO – Para ter o nome retirado da lista, o punido precisa provar que não teve ligação com as atividades ilegais que levaram à punição, que já respondeu na Justiça pelos atos ou que mudou de comportamento de forma significativa.

O próprio governo também pode retirar as sanções, caso entenda que é importante para a segurança do país.

O que fazer nessa guerra de Trump e dos Bolsonaro contra o Brasil?

Um homem está sentado à mesa, assinando um documento. Ele usa um terno escuro e uma gravata vermelha. Ao fundo, há bandeiras dos Estados Unidos e outros símbolos presidenciais. Algumas pessoas estão aplaudindo.

O que se sabe é que Trump só negocia sem escrúpulos

Vinicius Torres Freire
Folha

Donald Trump vai levar algum butim em sua guerra contra o Brasil. É um negocista bandoleiro, que gosta de combater, incutir medo e dominar. Quer se impor, apoiando a conspiração dos Bolsonaro ou subjugando os países das Américas.

 De resto, tem apoio de empresas e de outros interesses que promovem a causa deles de modo direto ou embarcam de modo oportunista na ofensiva de Trump, não importa o dano de longo prazo para os EUA.

CASO INDONÉSIA – Do ponto de vista dele, Trump começa a ter vitórias para cantar. Vide o que fez com a Indonésia. Cerca de 99% dos impostos de importação sobre produtos americanos irão a zero; as exportações indonésias serão tributadas em 19%.

O país vai aceitar regulações de produtos e comércio americanas, acabar com a restrição de exportação de minerais críticos e isentar empresas americanas de regras de conteúdo local. A lista de imposições vai longe.

A Indonésia não tem o peso geopolítico e regional do Brasil. Talvez por isso mesmo, o risco brasileiro possa ser maior. De qualquer modo, o PIB da Indonésia é de US$ 1,4 trilhão (16º do mundo); o do Brasil, de US$ 2,2 trilhões (9º). O comércio entre EUA e Indonésia foi de US$ 38 bilhões em 2024 (com o Brasil, de US$ 91 bilhões). Se não serve de modelo, o caso da Indonésia é um alerta.

BRASIL EMPAREDADO – O que o Brasil pode fazer no curto prazo? Quase nada, a não ser negociar para evitar o embargo (tarifa de 50% é embargo) ou ataques mais destrutivos. O que é “negociar”? Ao que parece, o governo Trump pode ouvir de empresas sugestões de acertos quanto a impostos de importação (“tarifas”), se o Brasil não retaliar. Mas o problema pode ser maior.

O Representante de Comércio dos EUA (USTR) tem lista longa e velha de queixas contra o Brasil, até agora sem consequência prática maior. O buraco desceu. Estão no alvo subsídios, impostos e regulações sobre empresas americanas, regras de conteúdo local e de compras governamentais, de propriedade intelectual etc.

Há sugestões de intervenção no comércio de minerais críticos. De sanções financeiras. Mesmo se houver canal de conversa, se vier ameaça de imposições nesses assuntos, vai restar pouco a negociar a não ser abertura comercial —ou enfrentar conflito inglório.

ALVO PREFERÍVEL – O Brasil já deixava de ser café-com-leite no jogo geoconômico e político. No mundo de Trump, até por ter um governo de esquerda, se tornou alvo preferencial, assim como o restante das Américas, que têm pouco poder de retaliar.

Antes de o Brasil entrar na mira, Canadá e México eram objeto das maiores agressões. Trump já havia ameaçado jogar na Colômbia o equivalente econômico das bombas que lançou no Irã.

Pode ser que o establishment americano leve Trump a limitar o ataque ao Brasil. Trump é imprevisível e este jornalista não leu ou ouviu descrição mesmo vaga do processo de decisão do ataque —Bolsonaros, regulação de “big techs”, Brics, dominação do quintal, tudo pode ser motivo. Sabe-se que o risco é enorme —um país que é alvo de ataques dos EUA pode se tornar perigoso para o investimento estrangeiro.

EFEITOS PROLONGADOS – Por fim, eventuais resultados da ofensiva podem permanecer, mesmo sob democratas, se for do interesse de empresas e política dos EUA (vide a sobrevida de sanções de Trump 1 sob Joe Biden).

O Brasil tem de pensar na vida. Saber das vantagens tangíveis da política “Sul Global”. Em estratégia objetiva, pensar em ter política de desenvolvimento para um mundo de barbárie política sem freio. Sem submissão, sem fantasia ideológica.

Trump confirma para 1º de agosto as tarifas que atingem o Brasil 

Tarifas: Trump e chefe da Comissão Europeia se reúnem na Escócia |  Metrópoles

Trump esquece o Brasil e negocia com a União Europeia

Deu na Folha

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo (27) que tarifas sobre produtos vindos de outros países entrarão em vigor em 1º de agosto, como planejado. A sobretaxa atinge o Brasil e foi estabelecida em 50%, uma das maiores do mundo.

“O 1º de agosto é para todos”, disse o republicano durante entrevista coletiva ao lado de Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, com quem se encontrou na Escócia.

SEM PRORROGAR – Mais cedo, o secretário de Comércio, Howard Lutnick, já havia descartado adiamento. “Não haverá prorrogação nem mais períodos de carência. Em 1º de agosto as tarifas serão fixadas. Entrarão em vigor. As alfândegas começarão a arrecadar o dinheiro”, declarou Lutnick à Fox News.

No entanto, Trump manterá abertas as portas abertas para negociação, disse o secretário. Tentar adiar o início das tarifas é um dos pleitos do empresariado brasileiro ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ao menos cinco países firmaram acordos comerciais com Washington: Reino Unido, Vietnã, Indonésia, Filipinas e Japão.

MESA PREPARADA – Sobre a União Europeia, com quem o presidente americano negocia neste domingo na Escócia, o secretário de Comércio disse: “Esperam chegar a um acordo, e isso depende do presidente Trump, que lidera esta mesa de negociações. Nós preparamos a mesa”.

As tarifas acordadas por esses Estados superam a taxa de 10% que os Estados Unidos aplicam desde abril à grande maioria dos países, mas ainda assim estão muito abaixo dos níveis com os quais Trump ameaçou se os governos não chegassem a um acordo com Washington que pôs fim ao que ele considera como práticas desleais.

As tarifas de 10% foram anunciadas em 2 de abril em cerimônia na Casa Branca. Na ocasião, Trump afirmou que o objetivo é trazer empregos e fábricas de volta ao país.

TARIFAS ADICIONAIS – Trump também determinou a cobrança de tarifas adicionais a um grupo de países que, segundo ele, têm sido injustos com os EUA no comércio internacional.

O tarifaço provocou forte reação negativa dos mercados financeiros por todo o mundo. Em 9 de abril, Trump anunciou uma pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas para os países, com exceção da China. Dias depois, o presidente americano também recuou das tarifas sobre smartphones e computadores.

No final de maio, um tribunal comercial dos Estados Unidos bloqueou a maioria das tarifas do presidente Donald Trump e concluiu que ele havia excedido sua autoridade, provocando alívio nos mercados. Um dia depois, entretanto, um tribunal federal de apelação restabeleceu temporariamente as tarifas, pausando a decisão para analisar recurso do governo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Lula ficou irredutível e agora tenta colocar a culpa no Trump e no Bolsonaro. Agora, já se sabe que candidato será apoiado pelas classes produtoras, como se dizia antigamente. (C.N.)

Uma inesquecível canção de amor, com o talento de Sérgio Bittencourt

Sérgio Bittencourt - LETRAS.MUS.BR

Sérgio Bittencourt, grande compositor

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista e compositor carioca Sérgio Freitas Bittencourt (1941-1979) revela, na letra de “Modinha”, o seu lírico e belíssimo sonho. Esta música foi vencedora do festival “O Brasil Canta no Rio”, em 1968, interpretada e, posteriormente, gravada por Taiguara.

MODINHA
Sérgio Bittencourt

Olho a rosa na janela,
sonho um sonho pequenino…
Se eu pudesse ser menino
eu roubava essa rosa
e ofertava, todo prosa,
à primeira namorada,
e nesse pouco ou quase nada
eu dizia o meu amor,
o meu amor…

Olho o sol findando lento,
sonho um sonho de adulto…
Minha voz, na voz do vento,
indo em busca do teu vulto,
e o meu verso em pedaços,
só querendo o teu perdão…
Eu me perco nos teus passos
e me encontro na canção…

Ai, amor, eu vou morrer
buscando o teu amor…
Ai, amor, eu vou morrer
buscando o teu amor…
(Eu vou morrer de muito amor)

Moraes deixou de ser magistrado quando “substituiu” as leis pelo interesse político

Cid: juiz do próprio TSE era informante sobre o paradeiro de Moraes |  Metrópoles

Moraes já mostrou que não tem vocação para ser juiz

J.R. Guzzo
Estadão

O jurista Marco Aurélio Mello, que passou 31 anos de sua vida como ministro do Supremo Tribunal Federal, sugere que seu ex-colega Alexandre de Moraes procure ajuda profissional de algum praticante das ciências psicológicas – e presumivelmente com urgência.

É para o seu próprio bem, mas é, sobretudo, para o bem de quem lhe paga os vencimentos e tem o direito de receber dele os serviços devidos à sua função pública. Estamos pagando. Mas não estamos recebendo de volta o que o ministro tem obrigação de entregar. 

É o exato contrário. Moraes, já há anos e em modo cada vez mais extremo, vem usando o seu cargo para impor uma situação de terra arrasada na ordem jurídica brasileira. Por interesses políticos puros, simples e chocantes, substituiu a Constituição Federal por uma maçaroca de regras pessoais – e é com elas, sem o controle de ninguém, que passou a dizer o que é permitido e o que é proibido neste país. Mais do que qualquer um de seus colegas, decretou o Regimento Interno do STF como lei suprema da República. Suas decisões têm sido vitais para o fim da segurança jurídica no Brasil.

A MESMA RESPOSTA – Há seis anos, desde que começou a escalada totalitária que o transformou no maior ídolo da extrema esquerda nacional, Moraes dá a mesma resposta – exatamente a mesma – para toda crítica a ele e a seus despachos, por mais cautelosa e educada que seja: calem a boca, porque vocês não entendem nada de Direito e não sabem do que estão falando.

Não é apenas grosseiro. É falso. Ele é uma autoridade pública e pode, sim, ser criticado a qualquer momento por qualquer decisão capaz de afetar a vida de qualquer cidadão. E agora?

Ainda outro dia, teve de engolir um manifesto de 15 mil advogados denunciando as barbaridades do STF. Não dá também para sustentar que o ex-ministro Marco Aurélio é um idiota que só dá palpite infeliz.

UM EX-MAGISTRADO – Alexandre de Moraes deixou de ser um magistrado há muito tempo e se tornou uma combinação de carcereiro, operador de célula política a favor do governo Lula e falsificador-geral da legislação em vigor.

Deixou, também, de ser um caso da vida pública e passou a ser um caso clínico. Seu problema, como diz Marco Aurélio, talvez já não tenha mais de ser resolvido pelo Senado.

O que parece realmente estar faltando é um bom atestado médico.

(Artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)

Crédito extraordinário: Solução ou paliativo para o tarifaço dos EUA?

Proposta do governo não pode se tornar uma política permanente

Pedro do Coutto

O governo Lula estuda conceder um crédito extraordinário bilionário para socorrer exportadores de frutas e peixes afetados pelo chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos, que elevou em 50% as tarifas sobre produtos brasileiros. A medida é uma tentativa de mitigar os impactos imediatos sobre setores que dependem fortemente do mercado norte-americano, mas levanta questionamentos sobre sua eficácia e sustentabilidade a longo prazo.

O setor já sinaliza que, com a barreira tarifária, as vendas se tornarão inviáveis, especialmente porque frutas e pescados são produtos perecíveis e exigem escoamento contínuo. Nesse cenário, a proposta do crédito parece mais um remédio paliativo do que uma solução definitiva, uma vez que a exportação desses itens é realizada todos os meses, o que exigiria a repetição da medida, criando um custo insustentável para os cofres públicos.

DISTORÇÕES – Além do impacto fiscal, essa política pode gerar distorções no mercado. Ao subsidiar exportações que não se concretizaram, o governo assumiria o papel de comprador indireto, o que configura uma espécie de estatização velada do setor exportador. Essa intervenção, embora bem-intencionada, pode comprometer a lógica de mercado, desestimular a eficiência e criar dependência de recursos públicos, em vez de incentivar soluções estruturais.

Outro ponto de preocupação é que o crédito extraordinário, se renovado continuamente, pressionaria ainda mais as contas públicas, forçando cortes em outras áreas prioritárias ou ampliando o endividamento. Trata-se, portanto, de uma medida emergencial que resolve apenas o sintoma, sem atacar a causa do problema.

Para enfrentar essa crise de forma estratégica, é necessário olhar para alternativas mais sustentáveis. A primeira delas é a diversificação de mercados, reduzindo a dependência do Brasil em relação aos Estados Unidos. Exportadores podem buscar novos destinos, como países da União Europeia, da Ásia e da América do Sul, que apresentam grande potencial de consumo e não estão sujeitos às mesmas barreiras tarifárias.

DIPLOMACIA – Outra ação essencial é fortalecer a diplomacia comercial. O Brasil já estuda levar a questão à Organização Mundial do Comércio (OMC) e adotar medidas de reciprocidade, mostrando que não aceitará passivamente sanções que distorcem a concorrência. A pressão diplomática e a negociação são instrumentos fundamentais para restabelecer condições mais equilibradas no comércio internacional.

Além disso, políticas internas também podem contribuir para amenizar os impactos. Estados como São Paulo, Rio Grande do Sul e Goiás já anunciaram linhas de crédito com juros reduzidos e devolução de ICMS para empresas prejudicadas pelo tarifaço, o que ajuda a manter o fluxo de caixa sem gerar dependência estrutural. Essa estratégia, quando combinada com incentivos à inovação, investimentos em logística e ações para aumentar a competitividade, pode fortalecer a posição brasileira no cenário global, mesmo diante de desafios tarifários.

CICLO – Em síntese, a proposta do governo ao setor exportador deve ser entendida como uma resposta emergencial, necessária para evitar um colapso imediato de empresas e empregos. No entanto, não pode se tornar uma política permanente, sob pena de criar um ciclo de dependência e desequilíbrio fiscal.

O caminho mais inteligente é adotar uma estratégia integrada, que envolva diversificação de mercados, negociação internacional e medidas internas de competitividade. Somente assim o Brasil poderá transformar uma crise comercial em oportunidade de fortalecimento econômico e inserção mais sólida no comércio global.

Lula descarta ligar para Trump, pois seria “inócuo” e “sinal de fraqueza”

Governo Lula vai enviar zap para celulares roubados e exigirá que o aparelho seja entregue à delegacia

Lula ficou intrigado: “Por que Trump não me telefonou”

Débora Bergamasco e Daniel Rittner
da CNN, Brasília

Na reta final para a entrada em vigência das tarifas americanas de 50% sobre produtos brasileiros, em 1º de agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descarta uma ligação para Donald Trump e ainda tem esperança de que a Casa Branca decida excluir de última hora setores específicos.

No Palácio do Planalto, a avaliação é de que um telefonema para Trump neste momento teria grandes chances de ser “inócuo” e demonstrar “fragilidade” ou “desespero” nas negociações.

SEM CHANCES? – “Inócuo”, segundo auxiliares diretos do petista, porque outros países e blocos econômicos com contato próximo com a Casa Branca não conseguiram escapar do tarifaço de Trump.

Nesta semana, ao conversar com Lula por telefone, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, relatou ter sido surpreendida com as alíquotas de 30% no momento em que seus secretários (equivalentes a ministros) estavam em Washington negociando com o governo americano.

A União Europeia, também atingida pela ameaça de alíquotas de 30% sobre seus produtos, vinha mantendo contato direto com a Casa Branca e não foi preservada.

VISÃO ERRADA – Para o Planalto, isso indica que seria errada a percepção — de parte do empresariado — de que basta ter “canais diplomáticos” mais fortes com Trump e com sua equipe para escapar do tarifaço ou prosperar em uma negociação comercial.

Paralelamente, conselheiros de Lula acreditam que uma ligação agora para Trump seria encarada pela Casa Branca como “desespero” e “sinal de fraqueza”, como uma ideia de que o Brasil estaria disposto a ceder tudo em troca de um alívio no tarifaço.

E Trump, diz um assessor próximo do petista, não respeita quem adota esse tipo de postura.

HÁ CONTROVÉRSIAS – O tema — ligar ou não ligar — não é totalmente consensual. A maioria dos conselheiros do presidente, incluindo o ministro Fernando Haddad (Fazenda) e sua assessoria internacional, são contra.

Um dos poucos favoráveis ao telefonema é o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que está embarcando para Washington junto com uma comitiva de senadores.

A percepção no Palácio do Planalto é que o tarifaço de Trump realmente vai entrar em vigência no dia 1º e não há mais perspectiva de um acordo comercial de última hora.

FALTA O DECRETO – No entanto, conforme lembram fontes, é preciso a publicação de uma “executive order” (espécie de decreto presidencial) detalhando como as alíquotas serão aplicadas.

O governo brasileiro ainda tem a esperança de que, graças ao lobby empresarial em Washington, a Casa Branca exclua setores específicos do tarifaço.

Suco de laranja, café e aeronaves da Embraer são vistos como os principais candidatos a escapar — seja pelo esforço do setor privado brasileiro, seja pelo trabalho dos clientes americanos, que teriam feito chegar ao governo Trump sua preocupação com o aumento de custos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É claro que Lula não pretende ligar para Trump. Pelo contrário, ele precisa atribuir ao presidente americano a culpa pelo fracasso do governo petista. E não é só o tarifaço, não; Lula está na mira de Trump também por causa do apoio que o petista dá ao Supremo, na briga contra as big techs. Portanto, comprem pipocas, porque é guerra de extermínio, misturada com briga de cachorro gordo. (C.N.)

Deputados sem decoro provocam constrangimento diante da Câmara

Deputado do PL faz protesto silencioso em frente ao STF | CNN Brasil

Protesto fracassou e se limitou a dois parlamentares

Vicente Limongi Netto

Abissal patetice, falta do que fazer, um grupo de pavorosos deputados federais bolsonaristas insistindo em montar acampamento na Praça dos Três Poderes, numa tola e idiota tentativa de intimidar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

São obscuros parlamentares servindo de paus mandados da família Bolsonaro. É o fim da picada. Turba de cretinos e irresponsáveis querendo reviver o medonho 8 de Janeiro.

Um dos capachos engomados colovou um esparadrapo na boca, para fingir que está sendo censurado. Cena degradante e hilária. Obrou bem o ministro Alexandre de Moraes, mandando que os rebeldes deputados e seguidores fossem tentar fazer baderna em outros lugares, longe da Praça dos Três Poderes e da Esplanada dos Ministérios. 

TUDO EM FAMÍLIA – Aos domingos, sempre há netos zelando pelos avós. Com ternura, amor e dedicação. Incluo os meus na saudável relação. Com emoção e orgulho. Jovens e adultos de todas as idades, retribuindo o carinho e atenção que sempre tiveram dos avós.

Bom verificar que, na correria pela vida, muitos netos ainda encontram tempo no coração e nos compromissos, para beijar os avós. Para saber como estão. Para saborear boas lembranças. Para rirem abraçados. Para saber se precisam de alguma coisa. Nada mais sublime do que o afeto desinteressado. Do gesto grandioso de saber ouvir e conviver com os mais experientes. 

São exemplos marcantes de seres humanos que mostram que nem tudo está perdido no planeta Terra. Prova de que os milhões de jovens iluminados salvarão o mundo do caos da ignorância, da intolerância,  da patrulha doentia e da barbárie de sentimentos. Sou avô feliz.

“Bondades tributárias” podem não ter os efeitos pretendidos eleitoralmente

folha8: Oposição e a trombeta em tempo eleitoral

Charge do Kemp (humortadela.com.r)

Marcus André Melo
Folha

Entre os candidatos, o distributivismo oportunista gera uma espécie de corrida armamentista para ver quem dá mais. Mas será que a contraofensiva midiática do governo, centrada na questão da justiça tributária, teve impacto na reversão da queda de popularidade do presidente? A questão é muito complexa porque coincidiu, em larga medida, com um choque externo no sistema: o tarifaço de Trump. Mas os dados de pesquisa da Quaest nos ajudam a analisar a questão.

Segundo a pesquisa, 63% dos respondentes concordam que “os ricos devem pagar mais impostos para diminuir os impostos dos mais pobres”, enquanto 33% discordam. No entanto, 53% afirmaram que o discurso que coloca “ricos contra pobres, porque chama a atenção contra os privilégios de alguns” está errado, porque cria mais briga e polarização no país”. Um percentual bem menor — 38%— concorda.

MAIORIA IGNORAVA – Mais relevante: 56% não tinham ouvido falar da campanha “pobres contra ricos”. Sim, o impacto concentrou-se nas bolhas da esquerda. Mas o grupo fundamental são os swing voters — os eleitores sem lealdades partidárias e que são suscetíveis de alterar o voto: concordam em tese mas opõem-se à estratégia.

O conhecimento acumulado na ciência política sugere que os efeitos eleitorais de políticas tributárias são pequenos (exceções confirmam a regra, como mostrei aqui).

Embora a questão redistributiva seja em larga medida o eixo vertebrador de disputa política, a política tributária não o é.

OS EFEITOS VARIAM – As questões tributárias são marcadas por tecnicalidades que as tornam opacas e pouco tangíveis para eleitorado. Exemplo bizarro é que a “guerra dos pobres contra ricos” foi deflagrada pelo aumento de um imposto regressivo, o IOF!

Ahrens e Bandau (2024), em “The electoral consequences of taxation in OECD countries”, analisam a questão com dados abrangendo 30 países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) em 50 anos. Concluem que os efeitos variam dependendo do imposto, se direto ou indireto.

Mudanças no IVA, seja reduzindo ou aumentando as alíquotas, não tem impacto eleitoral, enquanto as mudanças no Imposto de Renda de Pessoas Físicas, sim.

AUMENTOS E ISENÇÕES – Aumento de impostos impactam negativamente nas eleições subsequentes. Mas as isenções de impostos têm impacto menor, e estão sujeitas a serem esquecidas.

Há um viés de negatividade: aumentos de impostos geram reações mais intensas do que isenções ou cortes. Ou seja, perdas de bem-estar têm maior peso do que ganhos da mesma magnitude.

A guerra dos “pobres contra os ricos” se inscreve na primeira lição do manual do populista: criar uma “democracia agonística”, centrada no conflito permanente.

A DEMOCRACIA RESISTE – Como mostrou Weyland, essa estratégia para governos de esquerda só funciona em contextos de bonanças fiscais. O populismo de direita, em contraste, viabiliza-se através do êxito na resolução de crises nacionais agudas, por exemplo, na segurança pública e na imigração.

Na ausência destes fatores, o populismo agonista se esgota e a democracia se mostra resiliente. O distributivismo oportunista gera uma corrida armamentista para ver quem dá mais.

Isso já aconteceu com o Auxílio Brasil e Bolsa Família, e agora com a proposta do deputado Arthur Lira (PP-AL) de elevar o teto da isenção do IRPF proposto.

General que ia matar Lula, Alckmin e Moraes deveria ser internado

General Mario Fernandes admite ser autor de plano para matar Lula e Moraes | Página 12

Este general é muito mais perigoso do que Adélio Bispo

Ana Pompeu
Folha

O general da reserva Mário Fernandes afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta-feira (24) que o arquivo “Punhal Verde e Amarelo”, com plano para matar autoridades e encontrado no seu computador, se tratava de “pensamentos digitalizados” e que nunca foi compartilhado com ninguém.

O militar é interrogado como um dos seis réus do segundo núcleo do processo da trama golpista de 2022. A Primeira Turma da corte faz nesta quinta-feira os interrogatórios dos réus do segundo núcleo da denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República).

CONFESSOU A PROPOSTA – Fernandes foi questionado se confirmava a existência do documento e respondeu de forma positiva, mas argumentou que era uma análise do momento do país.

“Confirmo, excelência. Esse, na verdade, é um arquivo digital que nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilar de dados, um estudo de situação, meu pensamento, uma análise de riscos que eu fiz e, por um costume próprio, eu resolvi, inadvertidamente, digitalizar”, disse.

Segundo a denúncia, o documento Planejamento Punhal Verde Amarelo “tramava contra a liberdade e mesmo a vida” do ministro do Alexandre de Moraes, do presidente Lula (PT) e do vice Geraldo Alckmin (PSB). O plano citava alvos como “Jeca”, “Joca” e “Juca”.

SEM DISCUSSÃO – De acordo com a defesa do general, o plano não foi discutido nem encontrado com quaisquer dos investigados.

“Não foi apresentado a ninguém esse pensamento digitalizado, não foi compartilhado com absolutamente ninguém. E, eu garanto, este arquivo é absolutamente descontextualizado”, afirmou.

O general foi preso em 19 de novembro do ano passado. Segundo as investigações, Fernandes imprimiu o planejamento dos assassinatos em 9 de novembro de 2022 no Palácio do Planalto. Cerca de 40 minutos depois, ele teria ido até o Palácio do Alvorada, residência oficial da Presidência então ocupada por Bolsonaro.

COINCIDÊNCIA – Segundo ele, no entanto, no interrogatório, foi uma coincidência. “A coincidência desse horário foi uma coincidência em relação à função da produção aqui do Estatuto de Logística minha, como secretário-executivo. Mas eu não levei, não apresentei, não compartilhei esse arquivo, seja em digital ou em texto, com ninguém.”

Investigação da Polícia Federal apontou que cinco pessoas, presas em novembro de 2024 (quatro militares, incluindo Mario Fernandes, e um policial federal), conversavam em 2022 em um aplicativo de mensagens sobre o plano para matar o Lula, Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

Segundo as investigações que respaldaram o aval de Moraes à operação policial de novembro passado, os suspeitos se conectavam pelo aplicativo Signal em um grupo nomeado Copa 2022. Cada um utilizava como codinome o nome de um país (Alemanha, Áustria, Brasil, Argentina, Japão e Gana), de forma a não serem identificados.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Ainda segundo a polícia, a ação ocorreria em 15 de dezembro de 2022, com o plano de prisão e assassinato contra autoridades. Já escrevi antes sobre isso e convém repetir. Como não houve a tentativa, não há crime a punir. O que existe e se comprova é que há oficiais superiores nas Forças Armadas com evidentes problemas mentais e que não são submetidos a tratamento. Esse general Fernandes precisa de internação e medicação de traja preta mais pesada do que a de Dilma Rousseff, porque ela não oferece perigo de vida, mas o general Fernandes é capaz de matar os outros, tem armas em casa e direito de portá-las. É mais perigoso do que Adélio Bispo e precisa ser enjaulado imediatamente. (C.N.)

Deputados acamparam diante da Câmara e governador ameaçou prendê-los

Deputados do PL deixam acampamento em frente ao STF após ordem de Moraes

Deputado Helio Lopes colocou esparadrapo na boca

Deu no Estadão

Os deputados bolsonaristas Hélio Lopes (PL-RJ) e Coronel Chrisóstomo (PL-RO) recolheram as barracas que haviam montado na Praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), com a intenção de acampar em reação ao que chamaram de “ditadura disfarçada” e “perseguição” ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

A desmobilização ocorreu no fim da noite desta sexta-feira (25/7), após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. O magistrado determinou a remoção imediata das estruturas e a proibição de acesso e permanência dos deputados em frente ao STF.

INTIMAÇÃO – O ministro intimou pessoalmente o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), a não permitir “nenhum novo acampamento” na Praça dos Três Poderes.

No despacho, o ministro considerou que os deputados bolsonaristas reivindicaram o direito de manifestação com o “confessado propósito de repetir os ilegais e golpistas acampamentos realizados na frente dos quartéis do Exército, para subverter a ordem democrática e inviabilizar o funcionamento das instituições republicanas”.
A primeira barraca montada em frente ao STF foi a do deputado Hélio Lopes, que gravou vídeos com um esparadrapo na boca e uma camisa com a bandeira de Israel. Em suas postagens, o parlamentar alegou que optou por entrar em um “jejum de palavras”.

ATO LEGÍTIMO – Em outro post, Hélio Lopes compartilhou o que chamou de “ofício público” ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), pedindo que registrasse oficialmente sua “manifestação pacífica e silenciosa” como um ato “legítimo de um deputado federal em pleno exercício de seu mandato”.

Depois, o deputado Coronel Chrisóstomo aderiu à mobilização e, em suas redes sociais, mostrou outros apoiadores do ex-presidente, vestidos com camisetas da seleção brasileira, que se juntavam à manifestação. 

AMEAÇA DE PRISÃO – O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, ameaçou prender o grupo de deputados bolsonaristas que estão acampados na Praça dos Três Poderes, próximo ao prédio do Supremo Tribunal Federal. Rocha disse que iria pessoalmente tentar negociar uma saída pacífica, mas se não houver concordância, vai autorizar que a polícia local prenda os parlamentares.

“Vamos tentar tirar pacificamente. Se não saírem, serão presos”, disse o governador ao Estadão. A Praça é considerada área de segurança.

INTERDIÇÃO – Para reforçar a proteção ao local, o acesso para veículos à Praça dos Três Poderes foi interditado pela Polícia Militar. Na Praça estão os prédios do Congresso, do STF e o Palácio do Planalto.

Mais cedo o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Sandro Avelar, mencionou o risco de um novo 8 de Janeiro para evacuar os deputados federais Hélio Lopes (PL-RJ) e Coronel Chrisóstomo (PL-RO) que se manifestaram na Praça dos Três Poderes nesta sexta-feira, 25.

Segundo Avelar, a ideia era que os manifestantes seguissem para a Praça das Bandeiras, na Esplanada dos Ministérios. Já o entorno do STF deveria ser isolado por gradis ainda na noite da sexta, segundo o plano.

Bolsonaristas ironizam erros de português no despacho de Moraes sobre as restrições

EUA avaliam sanções ao STF: tensão entre Brasil e Trump cresce

Moraes fica nervoso e acaba cometendo erros infantis

Yago Godoy
O Globo

Parlamentares bolsonaristas ironizaram, nas redes sociais, um trecho da manifestação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), divulgado nesta quinta-feira, para esclarecer as medidas cautelares impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

No despacho, o magistrado comete alguns erros de português, como uma imprecisão no uso da crase e a troca de “mas” (conjunção adversativa) por “mais” (advérbio de intensidade). Ainda pela manhã, contudo, o ministro divulgou uma nova versão do documento para corrigir o equívoco.

PRIMEIRO ERRO – Em um trecho da versão inicial, Moraes esclarece a proibição de Bolsonaro usar as redes sociais, o que inclui a utilização por intermédio de outras pessoas. O magistrado reiterou que o ex-presidente pode conceder entrevista, desde que elas não sejam previstas para outro tipo de veiculação.

“Não será admitida a utilização de subterfúgios para a manutenção da prática de atividades criminosas, com a instrumentalização de entrevistas ou discursos públicos como ‘material pré-fabricado’ para posterior postagens nas redes sociais de terceiros previamente coordenados”, diz a manifestação.

Segundo o ministro, a constatação desse tipo de utilização das redes, “com a nítida finalidade de continuar a prática das condutas ilícitas”, pode ocasionar a decretação de prisão preventiva para “cessar a conduta criminosa”. Por isso, Moraes escreveu: “como diversas vezes salientei na Presidência do Tribunal Superior Eleitoral, a Justiça é cega mais (sic) não é tola!!!!!”.

OUTRO ERRO – Em outro trecho, o magistrado também trocou “a favor” por ” à favor”: “Efetivamente, não há dúvidas de que houve descumprimento da medida cautelar imposta, uma vez que, as redes sociais do investigado EDUARDO NANTES BOLSONARO foram utilizadas à (sic) favor de JAIR MESSIAS BOLSONARO dentro do ilícito modus operandi já descrito”, escreveu.

Os erros repercutiram entre os bolsonaristas. Os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-SP), Júlia Zanatta (PL-MG) e Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), além do senador Carlos Portinho (PL-RJ), foram alguns dos parlamentares que divulgaram o equívoco. “Em breve, ‘agente’ vai censurar”, zombou Nikolas.

Filho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também republicou a frase. Assim como ele, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi outro que aproveitou o momento: “Estou proibido de postar falas de meu pai, ‘MAIS’ posso postar as decisões do Alexandre de Moraes?”, publicou Eduardo.

O jurista e ex-deputado federaral Deltan Dallagnol utilizou o erro para provocar Moraes: “Tudo isso vindo de um finalista do Prêmio Jabuti, o maior reconhecimento literário do país”, escreveu.

Casa Branca considera que o Brasil não se interessou em reduzir tarifas

A imagem mostra um homem com cabelo loiro e pele clara, sentado em um ambiente formal. Ele está usando um terno escuro e uma camisa branca. Ao fundo, há uma parede decorada com detalhes em dourado e uma mesa ou sofá claro. O homem parece estar em uma conversa ou prestando atenção em algo.

Prioridade de Trump é garantir os minerais estratégicos

Julia Chaib
(Folha)

Um integrante do governo dos Estados Unidos afirmou à Folha de S.Paulo que a Casa Branca avalia não ter percebido envolvimento relevante ou recebido ofertas significativas por parte do Brasil na negociação em torno das tarifas de 50% anunciadas por Donald Trump sobre produtos importados do país.

A percepção é formada a uma semana do prazo programado para as sobretaxas entrarem em vigor, em 1º de agosto. O governo dos EUA prepara um decreto para instituir a medida.

HÁ NEGOCIAÇÃO – Apesar da afirmação dessa autoridade americana, negociadores brasileiros vêm dizendo que o processo formal de tratativas está travado, à espera de um sinal verde justamente da Casa Branca. Eles afirmam ter feito ofertas aos EUA antes mesmo de Trump anunciar a elevação da tarifa de 10% para 50%.

O governo brasileiro, no entanto, não fez e afirma que não fará concessões relativas à parte política da carta em que o presidente americano justifica as tarifas. O presidente americano disse que vai aplicá-las, em parte, devido “a caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Por ora, os brasileiros dizem que o governo americano mantém silêncio sobre as ofertas que foram feita. A equipe do ministro Fernando Haddad (Fazenda) tentou contato com o o secretário do Tesouro, Scott Bessent, mas recebeu como resposta a informação de que o processo está na Casa Branca.

ALCKMIN EM CENA – O ministro Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio) conversou com o secretário do Comércio, Howard Lutnick, no sábado (19). A conversa teria durado 50 minutos e Alckmin reforçou a disposição do governo de dialogar.

Como a Folha mostrou, a mensagem que teria sido passada ao ministro é a de que a decisão sobre a negociação também está com Trump.

Nesta sexta-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que Alckmin tenta diariamente negociar com os EUA, mas não tem sucesso. “Todo dia ele liga para alguém e ninguém quer conversar com ele”, afirmou.

HOUVE UMA CARTA – Integrantes do governo brasileiro também dizem ter enviado ainda em maio uma proposta de negociação por meio de carta às autoridades americanas, quando as tarifas ainda estavam consolidadas em 10%.

No documento, constavam os pedidos para isenção ou redução do tributo sobre certos produtos, mas também concessões por parte do Brasil. Na semana passada, o governo enviou nova carta cobrando um retorno após uma primeira carta enviada no dia 16 de maio -antes do anúncio da medida mais dura de Trump.

O documento, assinado por Alckmin e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, também manifesta indignação e cobra resposta dos EUA acerca da sobretaxa anunciada pelo país.

FAZENDO ACORDOS – Trump anunciou nesta semana acordos com alguns países, entre eles Japão e Indonésia.

No caso brasileiro, a negociação tem um desafio diferente dos demais porque na carta enviada a Lula, Trump também alegou que há “centenas de ordens” do Judiciário brasileiro que censuram a “liberdade de expressão”. O STF (Supremo Tribunal Federal) é categórico ao dizer que não haverá recuo no julgamento do ex-presidente.

E Lula classificou o gesto como tentativa de interferência e ataque à soberania do Brasil. 

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGA reportagem esqueceu de mencionar que, um dia sim e outro também, Lula  esculhambava Trump e defendia a soberania, com palavras de ordem e tudo o mais. Só faltou declaração de guerra. (C.N.)