Um poema de amor, em estilo samba-canção, de Ana Cristina César

Ana Cristina Cesar - Frases Perfeitas - Querido JeitoPaulo Peres
Poemas & Canções

A professora, tradutora e poeta carioca Ana Cristina Cruz Cesar (1952-1983) é considerada um dos principais nomes da chamada geração mimeógrafo (ou poesia marginal) da década de 1970. No poema “Samba-Canção”, Ana Cristina revela que fez tudo para o seu amor gostar, porque ela queria apenas carinho.

SAMBA-CANÇÃO
Ana Cristina César

Tantos poemas que perdi.
Tantos que ouvi, de graça,
pelo telefone – taí,
eu fiz tudo pra você gostar,
fui mulher vulgar,
meia-bruxa, meia-fera,
risinho modernista
arranhando na garganta,
malandra, bicha,
bem viada, vândala,
talvez maquiavélica
e um dia emburrei-me,
vali-me de mesuras
(era uma estratégia),
fiz comércio, avara,
embora um pouco burra,
porque inteligente me punha
logo rubra, ou ao contrário, cara
pálida que desconhece
o próprio cor-de-rosa,
e tantas fiz, talvez
querendo a glória, a outra
cena à luz de spots,
talvez apenas teu carinho,
mas tantas, tantas fiz…

Governo deve publicar decreto da Lei de Reciprocidade nesta segunda-feira

Entenda o que é intervenção federal, como a decretada por Lula em Brasília,  e saiba o que acontece - Folha PE

Lula precisa ler o que assina, para não anunciar asneiras

Fernanda Tavares
da CNN

O gabinete da Vice-Presidência informou que nesta segunda-feira, 14 de julho, será publicado o decreto que regulamenta a Lei de Reciprocidade Econômica. A medida é uma resposta à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou a aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.

O decreto será assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e visa permitir retaliações comerciais equivalentes contra os Estados Unidos, conforme previsto na lei sancionada em abril deste ano. A norma já havia sido aprovada com amplo apoio no Congresso e autoriza o governo brasileiro a aplicar medidas proporcionais sempre que outro país adotar sanções econômicas unilaterais contra o Brasil.

COMITÊ DE ALCKMIN – Além da regulamentação, o governo também criou um comitê de crise que será coordenado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. A missão do grupo é definir as estratégias de reação ao tarifaço em articulação com empresários dos setores mais impactados, como o agronegócio e a indústria.

A lista de convidados ainda está em elaboração, mas já está confirmado que participarão representantes de cadeias produtivas como carne bovina, suco de laranja, café, setor de tecnologia e da aviação, incluindo a Embraer.

O grupo também discutirá alternativas de mercados para exportação dos produtos brasileiros, caso as negociações com os Estados Unidos não avancem.

SUPOSTO DÉFICIT – A tensão comercial teve início com o anúncio da sobretaxa por Trump, que justificou a medida alegando um suposto déficit dos EUA nas trocas com o Brasil e citando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro como uma “vergonha internacional”.

Lula, por sua vez, classificou a acusação como infundada e defendeu uma reação firme: “Vamos aplicar a reciprocidade. Taxou aqui, vamos taxar lá”, disse, após reunião com ministros na última semana.

O presidente também reforçou que o Brasil não aceita ser tutelado e que eventuais desequilíbrios comerciais deveriam ser resolvidos com base em dados oficiais — que, segundo o governo, apontam superávit americano nas relações bilaterais.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A Lei da Reciprocidade pode ser uma faca de dois legumes, como se diz popularmente. O fato concreto é que, segundo as autoridades americanas, o Brasil divide com o Canadá o sexto lugar na lista de países que mais exercitam protecionismo em relação aos Estados Unidos. São superados apenas pela China, Índia, União Europeia, Japão e México. (C.N.)

Soberania à venda: a farsa da direita no tarifaço de Trump

Trump mira o Brasil e acerta o próprio pé, com a reação global ao tarifaço

Gilmar Fraga (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

A ofensiva tarifária de Donald Trump contra produtos brasileiros — com sobretaxas que atingem setores-chave como aço, carne e café — não provocou apenas tensão no eixo Brasília-Washington. O gesto unilateral, em tom de revanche econômica e aceno à sua base ultranacionalista, atingiu proporções inesperadas: levou à manifestação formal da China em defesa do Brasil, mexeu com os mercados e reacendeu velhas incertezas sobre o papel dos Estados Unidos no comércio internacional.

A política de confronto adotada por Trump, agora em seu segundo mandato, foi descrita pelo The Guardian como “uma volta à diplomacia do tapa”, que ameaça o multilateralismo e compromete a estabilidade das cadeias globais de suprimento. O jornal britânico também destaca que o presidente norte-americano tenta reeditar os moldes de sua primeira gestão, quando impôs tarifas a aliados como Canadá, União Europeia e México. Mas o mundo de 2025 não é o de 2018 — e as consequências de agora mostram-se bem mais delicadas.

REAÇÃO – No Brasil, a reação foi imediata e institucional. O presidente Lula da Silva designou seu vice, Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, para liderar um grupo especial de resposta. A frente conta com representantes da diplomacia, do agronegócio e do setor industrial, que buscam manter pontes abertas com os importadores americanos e costurar uma saída pragmática. “É preciso inteligência e firmeza. A prioridade é proteger os interesses do Brasil, mas sem romper com o que foi construído até aqui”, afirmou Alckmin, em declaração ao Valor Econômico.

O impacto da medida é real: segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, o Brasil registra um déficit comercial com os Estados Unidos — e setores como o aço e o agronegócio, justamente os atingidos pelas tarifas, representam boa parte das exportações brasileiras para o mercado americano. A estratégia de Trump mira diretamente nessas vulnerabilidades, e analistas sugerem que a ação visa também enfraquecer a imagem internacional de Lula, com quem o republicano mantém uma relação fria desde sua vitória em 2022.

ECO – Mas o que Trump não esperava era o eco negativo de sua medida no cenário global. A China, maior parceiro comercial do Brasil, não perdeu tempo: declarou, por meio de seu Ministério das Relações Exteriores, que “ações unilaterais, punitivas e politizadas não são o caminho para relações internacionais saudáveis e sustentáveis”. A fala, embora diplomática, é carregada de recado. O gesto chinês visa reforçar sua posição como defensora da ordem multilateral — e, de quebra, enfraquecer a influência dos EUA na América Latina.

Além disso, líderes da União Europeia e da Organização Mundial do Comércio (OMC) também manifestaram preocupação. Para Pascal Lamy, ex-diretor-geral da OMC, “as ações de Trump aprofundam o isolamento dos EUA no comércio global e podem gerar represálias coordenadas”. A França, por sua vez, mencionou em nota oficial o risco de “desequilíbrio estrutural nas relações Norte-Sul”, sugerindo que medidas protecionistas desse tipo só agravam a desigualdade entre países ricos e em desenvolvimento.

CRÍTICAS – No campo político interno, o episódio também ressuscita fantasmas do bolsonarismo. Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil e aliado ideológico de Trump, foi alvo de críticas por parte de membros do próprio Partido Republicano brasileiro, que veem na atual crise um reflexo do alinhamento automático que o ex-chefe do Executivo adotou com Washington durante seu governo. A retórica de “submissão aos EUA”, agora associada a perdas concretas, começa a ser contestada até mesmo por empresários que, no passado, apoiavam Bolsonaro.

Segundo o New York Times, o cálculo de Trump poderá sair caro. “Ele mirou em um parceiro regional, mas acabou acendendo alertas em todo o mundo — da OMC a Pequim, passando pela América do Sul e os aliados europeus.” Fontes do mercado financeiro relatam que a expectativa é de recuo. A própria Casa Branca estaria avaliando o custo político da medida, após o Departamento de Comércio receber pressões de importadores americanos temerosos com o efeito inflacionário das tarifas.

Se recuará ou dobrará a aposta, ninguém sabe ao certo. O que parece claro, no entanto, é que a tentativa de Donald Trump de se impor como “xerife do comércio global” encontrou resistência inédita, não apenas em Brasília, mas também em Pequim, Bruxelas e Nova York. A história mostra que, em política internacional, gestos têm peso — e consequências. E, neste caso, o gesto de Trump reacendeu uma fogueira que talvez ele não consiga apagar sozinho.

Lula cai na real e cancela pronunciamento em rede sobre tarifaço de Trump

Tarifaço de Trump: entenda impacto econômico no Brasil da taxa de 50% |  ac24horas | Notícias do Acre

Fotomontagem do Arquivo Google

zTainá Falcão, Gustavo Uribe e Julliana Lopes
da CNN

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desistiu de um pronunciamento em cadeia nacional para rebater a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% a produtos brasileiros.

O governo cogitou veicular um discurso em rede na quinta (10) ou na sexta (11). Assessores do presidente, no entanto, avaliaram ser melhor aguardar as negociações até agosto, data prevista para as novas taxas entrarem em vigor.

PROVIDÊNCIAS – Conforme adiantou a CNN, o governo vai acionar a OMC (Organização Mundial do Comércio) para entender quais os melhores caminhos a serem seguidos nessas tratativas. Além disso, Lula tem reforçado que se necessário utilizará a Lei da Reciprocidade.

“Vou tentar brigar em todas as esferas para que não venha a taxação. Vou brigar na OMC, vou conversar com meus companheiros do Brics. Agora, se não tiver jeito no papo, nós vamos estabelecer a reciprocidade: taxou aqui, vamos taxar lá. Não tem outra coisa a fazer”, disse o presidente durante agenda nesta sexta (11), no Espírito Santo.

Também nesta sexta-feira (11), Trump deixou em aberto a possibilidade de conversar com Lula sobre as tarifas “em algum momento”. Reforçou, no entanto, a defesa a Jair Bolsonaro. Disse que o ex-presidente é tratado de forma “muito injusta” e relembrou quando negociou com então presidente no contexto das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos durante o primeiro mandato de Trump.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGEm tradução simultânea, Lula parece estar caindo na real. Alguém deve ter dito a ele que o Brasil é o sexto colocado no ranking mundial do protecionismo comercial. (C.N.)

Lula prepara ofensiva para fortalecer sua candidatura e destruir Bolsonaro

Com Sidônio na Secom, Lula falou ainda mais bobagens

Lula e Sidônio já estão comemorando a vitória em 2026

Catia Seabra
Folha

O presidente Lula (PT) deverá ter mais exposição, dar mais entrevistas e procurar empresários após Donald Trump anunciar tarifa de 50% sobre produtos brasileiros em represália a decisões do STF (Supremo Tribunal Federal). Para auxiliares do petista, a sobretaxa do Governo dos EUA dá força ao discurso de combate a privilégios encampado pelo governo brasileiro.

A ideia é usar a imagem de Trump como a personificação da injustiça social e do desrespeito à soberania, associando a ele o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e também seu afilhado político, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cotado para a disputa presidencial de 2026.

PEDINDO RESPEITO – O perfil de Lula no X publicou neste sábado (12) um card com a bandeira do Brasil e assinatura de Lula. “O povo brasileiro precisa ser respeitado”, diz o texto, que também ressalta a soberania e proteção das empresas.

“A justiça brasileira precisa ser respeitada. Somos um país grande, soberano, e de tradições diplomáticas históricas com todos os países. O Brasil vai adotar as medidas necessárias para proteger seu povo e suas empresas”, completa.

Um dos materiais que fazem parte da campanha a que a reportagem teve acesso é um vídeo com a temática da soberania. “O Brasil é um país soberano. E um país soberano é um país independente, que respeita suas leis. Um país soberano protege seu povo e sua democracia. Um país soberano não baixa a cabeça para outros países. E ser contra nossa soberania é ser contra o Brasil”, diz o narrador, em meio a imagens de florestas, plantações, bandeiras do Brasil, além de homens, mulheres e crianças.

“MY FRIEND” – A gravação conta inclusive com uma breve expressão em inglês. “É my friend [meu amigo], aqui quem manda é a gente. O Brasil é soberano, o Brasil é dos brasileiros. Governo do Brasil.”

A partir de agosto, o governo também planeja adotar um novo slogan baseado no conceito de defesa dos mais pobres. O desafio da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência) é tentar ampliar o alvo dessa campanha, na tentativa de convencer que, ao falar em desfavorecidos, não se refere apenas aos beneficiários de programas sociais.

Trump anunciou a sobretaxa aos produtos brasileiros na quarta-feira (9) da semana passada, em carta na qual afirma que Bolsonaro é perseguido pela Justiça brasileira —o ex-presidente é réu em uma ação no STF na qual é acusado de liderar uma trama golpista em 2022 para impedir a posse de Lula.

JUNTO COM ANISTIA – A medida de Trump foi comemorada publicamente pelos bolsonaristas. Nesta sexta (11), o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, publicou texto em que vincula qualquer negociação sobre as tarifas a uma “anistia ampla, geral e irrestrita”.

A carta do presidente americano e a reação dos apoiadores de Bolsonaro propiciaram ao governo o discurso de que o ex-presidente conspirou contra a economia brasileira e tem o apoio de Tarcísio.

Apesar dos danos à economia e da necessidade de uma reação diplomática exitosa, a retaliação americana foi recebida no Palácio do Planalto também como uma oportunidade política para reforçar o discurso de que Lula enfrenta interesses de poderosos na busca por justiça tributária.

EXEMPLOS DE AÇÕES – Nesse esforço de comunicação, ministérios foram incentivados a encaminhar à Secom ações governamentais que sirvam de exemplo de enfrentamento à desigualdade.

Também foram orientados a divulgar em seu site o vídeo sobre ressarcimento a beneficiários do INSS que sofreram descontos sem prévia autorização. Nas palavras de um ministro, a tática do “nós contra eles” não tem mais volta.

Representantes de agências de publicidade com conta no governo federal foram chamados na quinta-feira (10) para uma conversa sobre esse novo conceito.

NOVA PESQUISA – Nesta próxima semana, a avaliação de Trump será objeto de pesquisa encomendada pela Presidência para nortear a comunicação e as medidas a serem adotadas pelo governo. Em abril, uma sondagem mostrou que apenas 20% dos entrevistados estariam ao lado do governo americano na disputa travada contra a China.

O plano do ministro Sidônio Palmeira, da Secom, prevê que Lula conceda mais entrevistas. Sidônio já vinha insistindo para que ele abrisse sua agenda à imprensa, a começar pelas emissoras de TV. A tentativa de interferência americana no Judiciário reforçou seus argumentos.

Lula concedeu duas entrevistas a emissoras já na quinta-feira, à Record e à Globo. Disse que Bolsonaro deveria assumir a responsabilidade porque concorda com as tarifas de Trump, mencionou a soberania do Brasil e instou Trump a respeitar a Justiça brasileira.

SEM FORMAR REDE – Na noite de quarta, durante reunião com ministros no Palácio do Planalto, o chanceler Mauro Vieira chegou a sugerir que a resposta ficasse a cargo do Itamaraty. Prevaleceu o argumento, defendido por Sidônio, de que aquela era uma agressão política às instituições brasileiras e caberia uma resposta do presidente.

Na reunião, avaliou-se a possibilidade de convocação de rede de rádio e TV para um pronunciamento. A proposta foi descartada.

Além da associação de Bolsonaro a ameaças à economia brasileira, o governo deverá investir na vinculação da crise a Tarcísio, que já vestiu boné com o lema de Trump e, dias antes do anúncio da tarifa, reverberou mensagem do republicano.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O ministro Sidônio Palmeira está em êxtase e acha (?) que já ganhou a eleição de 2026. Esquece que esse esforço a que está submetendo Lula tem um preço a pagar. O presidente é um homem idoso e com data de validade vencida. Essa ofensiva não vai destruiu Bolsonaro nem muito menos Tarcísio. Esse esforço de exposição é muito cansativo e Lula pode não aguentar o tranco. Mas quem se interessa? (C.N.)

Exploração política da carta não vai salvar o Brasil do tarifaço de Trump

Tribuna da Internet | Vida do americano nunca mais será a mesma após o tarifaço de Trump

Charge do J.Bosco (O Liberal)

Caio Junqueira
da CNN

O resultado até agora é favorável ao governo, que usa o episódio para sair das cordas e surfar nas redes sociais historicamente refratárias ao petismo

Os dados coletados nas redes sociais não deixam dúvidas de que o brasileiro reconhece a responsabilidade do bolsonarismo no tarifaço de Trump. E isso tem a ver com os fatos.

CHAVE DA CADEIA – O movimento liderou uma operação política nos Estados Unidos que, na prática, enxergou Trump como alguém com a chave da cadeia para impedir a entrada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados nela.

Nesse roteiro, porém, não dá para excluir a linha da política externa brasileira, que entrou nas provocações de Trump e ajudou a criar um péssimo ambiente com os Estados Unidos.

Por exemplo, ao declarar apoio a Kamala Harris, ao profetizar a desdolarização do mundo, ao incentivar um bloco claramente anti-americano e, principalmente, ao não ter construído nem ter se preocupado em construir pontes com Trump.

PÉSSIMO AMBIENTE – Passadas 48 horas, num péssimo ambiente, os dois campos políticos — petismo e bolsonarismo — fazem seus cálculos sobre o tarifaço muito mais de olho nos ganhos internos do que nos externos.

O resultado até agora é favorável ao governo, que usa o episódio para sair das cordas e surfar nas redes sociais historicamente refratárias ao petismo.

Isso pode ajudar a resolver o problema de Lula em 2026. Mas não vai resolver o problema do tarifaço.

Brasil empata com Canadá no sexto lugar na lista dos mais protecionistas

Houldine Nascimento e Gabriel Benevides
Poder360

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), fez uma afirmação controversa e imprecisa em sua carta de quarta-feira ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): “Essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil, que causaram esses deficits comerciais [sic] insustentáveis contra os Estados Unidos. Esse deficit [sic] é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional!”.

Ocorre que o Brasil é o deficitário no comércio bilateral com os Estados Unidos há mais de uma década. Isso significa que os norte-americanos mais vendem do que compram dos brasileiros.

PROTECIONISMO – A carta de Trump pode ter sido redigida sem o devido cuidado ao falar sobre o tema. Só que há outro fato a ser considerado: uma crítica histórica dos EUA sobre o grau que Washington entende ser elevado de protecionismo do Brasil sobre produtos norte-americanos.

O presidente norte-americano cita o USTR (“United States Trade Representative”, ou Representante de Comércio dos Estados Unidos) e diz que em breve terá um estudo detalhado sobre o caso brasileiro.

Em março de 2025, o USTR já havia publicado seu relatório anual afirmando que considera elevadas as barreiras comerciais (tarifárias ou não) em vários países. Junto com o Canadá, o Brasil é o sexto país mais citado no estudo.

LISTA DO PROTECIONISMO -Estão atrás de China (48 páginas no relatório), União Europeia (34 páginas), Índia (16 páginas), Japão (11 páginas) e México (7 páginas). O Brasil empata com o Canadá, com 6 páginas cada um. O USTR afirma que o Brasil cobrava em média 11,2% em 2023.

Desse valor, a divisão é a seguinte: 8,1% para produtos agrícolas; 11,7% para produtos não agrícolas. Para o USTR, as barreiras tarifárias ou não resultam num impacto estimado de US$ 8 bilhões por ano contra os EUA: etanol (os EUA deixariam de vender US$ 3 bilhões ao Brasil por ano por causa da tarifa de importação brasileira), bebidas alcoólicas (US$ 1,5 bilhão), produtos remanufaturados (US$ 2 bilhões) e barreiras alfandegárias (US$ 1,5 bilhão).

 Em suma, o que Washington diz é que se houvesse uma equalização das tarifas desses produtos (o Brasil taxasse com percentuais iguais aos dos EUA), os norte-americanos conseguiriam vender mais US$ 8 bilhões por ano para o mercado brasileiro.

DADOS CONCRETOS – O Poder360 fez uma pesquisa de 9 produtos e lista a seguir a tarifa cobrada sobre as importações desses itens quando entram nos EUA ou no Brasil.

Percebe-se que, para a maioria das categorias, a cobrança brasileira é maior. Muitas das taxas dos Estados Unidos são zeradas, como smartphones e perfumes em geral.

O iPhone está colocado na lista acima porque, embora seja de uma empresa dos EUA, a Apple, o produto é em sua maioria fabricado na China. Ou seja, tanto Brasil como EUA importam iPhones. Só que no mercado norte-americano esse celular entra com zero de taxa de importação.

TABELA TARIFÁRIA – O Poder360 levantou os dados dos Estados Unidos na plataforma da Organização Mundial do Comércio. Foram considerados os códigos da Tabela Tarifária Harmonizada (Harmonized Tariff Schedule, em inglês).

Os produtos têm variações específicas, que podem afetar a taxa cobrada em determinados casos. Os dados do Brasil foram enviados à reportagem pelo Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços). Considera a Tarifa Externa Comum do Mercosul, um sistema de taxas de importação padronizadas para todos os países membros do bloco econômico.

No caso de ambos os países, especificidades dos produtos podem mudar a taxa, como peso de cada um ou a presença de alguma substância em específico. O levantamento apresentado nesta reportagem, entretanto, apresenta um panorama geral que ilustra a realidade da maioria dos itens no comércio exterior com os EUA.

ALÉM DAS TARIFAS -O relatório do USTR sinaliza que o protecionismo do Brasil ante os Estados Unidos não se limita à cobrança de taxas maiores. Um dos pontos é o licenciamento não automático de importações.

O texto diz que as exigências de autorização de ministérios e agências para algumas importações muitas vezes vêm com falta de transparência ou justificativas para a recusa. Os setores mais impactados seriam calçados, vestuário e automóveis.

“A falta de transparência em torno ou justificativas para a recusa. Os setores mais impactados seriam calçados, vestuário e automóveis. “A falta de transparência em torno desses procedimentos é um obstáculo às exportações dos Estados Unidos”, afirma o estudo.

MAIS CRÍTICAS -Outros pontos são levantados. Leia um resumo dos argumentos dos EUA: discriminação fiscal via IPI – produtos nacionais como a cachaça pagam IPI menor do que bebidas alcoólicas importadas, o que configuraria tratamento desigual; restrições à importação de produtos usados e remanufaturados – proibição ampla para bens como roupas, carros e equipamentos médicos, mesmo quando não há produção nacional.

Além disso, há exclusão de produtores estrangeiros no RenovaBio – só empresas brasileiras podem gerar créditos de carbono, limitando a competitividade de biocombustíveis dos EUA; cotas e tributos sobre conteúdo audiovisual estrangeiro – leis exigem que parte da programação na TV por assinatura seja nacional e aplicam impostos mais altos a filmes e publicidade estrangeiros.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Excelente reportagem do Poder360. Mostra a realidade do protecionismo brasileiro, que é um assunto meio tabu, raramente abordado pela imprensa nacional. (C.N.)

Trump seria preso se fizesse no Brasil o que fez nos EUA, debocha Lula

Lula on X: "Gostaram da gravata? #LulaNoJN 📸: @ricardostuckert https://t.co/aF0UdMr9uG" / X

Nos EUA, Lula não seria solto nem voltaria à Presidência

Deu no Correio Braziliense

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (10/7) que o presidente norte-americano Donald Trump poderia ser processado e preso se fizesse no Brasil o que fez nos Estados Unidos. A declaração ocorreu ao Jornal Nacional, da TV Globo. Lula fazia um paralelo entre a postura do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quando perdeu as eleições em 2022 e a de Trump, em 2020, que resultou na invasão do Capitólio, quando cinco pessoas morreram.

“O que o presidente Trump tem que saber é que aqui no Brasil ele tivesse feito o que ele fez nos Estados Unidos com as eleições, ele também estaria sendo processado. Estaria sendo julgado e se fosse culpado, seria preso. É assim que funciona a lei para todos no mundo. E nós precisamos aprender a respeitar”, disse.

INTERFERÊNCIA – Lula cobrou respeito de Trump e reiterou que a taxação será recíproca. O petista também classificou como inaceitável a tentativa de interferência de Trump no Judiciário brasileiro. Em sua carta dirigida ao governo brasileiro na quarta (9), em que anunciou tarifas de 50% aos produtos brasileiros, o presidente Donald Trump começou exaltando o ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem se referiu como “um líder altamente respeitado em todo o mundo”.

Disse que o tratamento dado a Bolsonaro é uma “vergonha internacional” e que o julgamento “não deveria estar ocorrendo”.

Lula assim respondeu: “Tem algumas coisas que um governo não pode admitir é a ingerência de um país na soberania de outro. E mais grave, intromissão de um presidente de um país no poder judiciário do meu país. É inaceitável que o presidente Trump envie uma carta pelo site dele dizendo que precisa acabar a ‘caça às bruxas’ (referindo-se ao julgamento de Bolsonaro)”, afirmou o petista.

“TAXAÇÃO INFINITA” – Lula também explicou que o Brasil não vai ceder se as tarifas anunciadas por Trump forem colocadas em prática em 1º de agosto. Confirmou que pretende recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as medidas dos EUA, mas disse que se não houver solução, o Brasil usará a Lei de Reciprocidade Econômica para contra-atacar.

Trump, no entanto, já havia dito que qualquer país que retaliasse as taxas dos Estados Unidos teria uma nova elevação nas tarifas. Mas o petista disse não se importar. Afirmou que se houver novo aumento nas taxas, o Brasil fará o mesmo.

“O Brasil não tem contencioso com ninguém, nós não queremos brigar com ninguém, nós queremos negociar. O que nós queremos é que sejam respeitadas as decisões brasileiras. Portanto, se ele ficar brincando de taxação, vai ser infinita essa taxação. Nós vamos chegar a milhões e milhões por cento de taxa”, disparou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Não dá para saber quem é o mais incompetente ou ultrapassado. Lula, por exemplo, diz que Trump estaria processado ou até preso se fizesse no Brasil a manifestação do Capitólio, que teve cinco mortes e muitos feridos. Mas a recíproca é verdadeira, Lula poderia estar preso nos Estados Unidos se pressionasse a Suprema Corte a descumprir leis, como o Marco Civil da Internet, e se mandasse punir empresas de outros países, como o ministro Moraes insiste em fazer. Os dois – Trump e Lula – estão errados. Mas o que se pode esperar desse tipo de gente. (C.N.)

Trump anuncia tarifas de 30% sobre União Europeia e México

Um homem com cabelo loiro e pele clara está falando ao ar livre. Ele usa um paletó escuro e uma camisa branca. O fundo é desfocado, mas parece ser uma área externa com uma estrutura arquitetônica ao fundo. O homem parece estar expressando emoções intensas, com a boca aberta como se estivesse falando ou gritando.

Trump alega que o México não combate o narcotráfico

Deu na Folha

Produtos importados da União Europeia e do México enfrentarão uma tarifa de 30% dos EUA a partir de 1º de agosto, afirmou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em cartas publicadas em suas redes sociais neste sábado (12).

As novas tarifas foram anunciadas em cartas separadas publicadas no Truth Social, rede social do republicano, destinadas aos líderes das duas regiões.

“O México tem me ajudado a proteger a fronteira, MAS o que o México tem feito não é suficiente. O México ainda não deteve os cartéis que estão tentando transformar toda a América do Norte em um playground do narcotráfico”, escreveu à presidente do México, Claudia Sheinbaum.

MAS TARIFAS – No início desta semana, Trump emitiu novos anúncios de tarifas para vários países, incluindo Japão, Coreia do Sul, Canadá e Brasil, bem como uma tarifa de 50% sobre o cobre.

“A União Europeia permitirá o acesso completo e aberto ao mercado dos Estados Unidos, sem que nenhuma tarifa seja cobrada de nós, em uma tentativa de reduzir o grande déficit comercial”, escreveu Trump na carta divulgada neste sábado.

A UE esperava chegar a um acordo comercial abrangente com os EUA para o bloco de 27 países, incluindo tarifas zero por zero sobre produtos industriais, mas meses de negociações difíceis levaram à percepção de que provavelmente terá que se contentar com um acordo provisório e esperar que algo melhor ainda possa ser negociado.

TÁTICA DE TRUMP – Para oficiais do bloco econômico, o anúncio deste sábado é uma tática de negociação de Trump. O bloco de 27 países está sob pressões conflitantes, já que a Alemanha pediu um acordo rápido para proteger sua indústria, enquanto outros membros da UE, como a França, disseram que os negociadores da UE não deveriam ceder a um acordo unilateral nos termos dos EUA.

Em resposta ao anúncio de Trump, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a UE está preparada para tomar as medidas necessárias para salvaguardar seus interesses, caso os EUA prossigam com a imposição de uma tarifa de 30% e que o bloco continua pronto “para continuar trabalhando em direção a um acordo até 1º de agosto”.

“Poucas economias no mundo igualam o nível de abertura e adesão da União Europeia a práticas comerciais justas. Tomaremos todas as medidas necessárias para salvaguardar os interesses da UE, incluindo a adoção de contramedidas proporcionais, se necessário”, afirmou von der Leyen.

SEM POLARIZAR – Em comunicado, a Itália disse ser crucial manter o foco nas negociações comerciais com os EUA e evitar uma polarização ainda maior e que a primeira-ministra Giorgia Meloni está confiante de que um “acordo justo” pode ser alcançado.

O primeiro-ministro holandês, Dick Schoof, disse que o anúncio do republicano é “preocupante” e não o caminho a seguir. “A Comissão Europeia pode contar com o nosso total apoio. Como UE, devemos permanecer unidos e determinados na busca por um resultado com os Estados Unidos que seja mutuamente benéfico”, escreveu na rede social X.

A série de ordens tarifárias de Trump desde seu retorno à Casa Branca começou a gerar dezenas de bilhões de dólares por mês em novas receitas para o governo americano. A receita com taxas alfandegárias dos EUA ultrapassou US$ 100 bilhões no ano fiscal federal até junho, de acordo com dados do Tesouro dos EUA divulgados na sexta-feira (11).

Lula precisa entender que não basta ser atacado para vencer as eleições

JOSÉ PEDRIALI: Lula foca meio ambiente para fazer contraste com Bolsonaro

Charge reproduzida da revista Veja

Deborah Bizarria
Folha

O anúncio de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, feito por Donald Trump sob a justificativa de “perseguição política” a Jair Bolsonaro, reacendeu a tensão entre Brasil e Estados Unidos. A medida foi interpretada como tendo apenas motivação política, permitindo ao governo Lula apresentar-se como alvo de uma articulação entre a oposição e o governo americano.

Desde então, analistas discutem se o episódio poderá ser usado para reforçar a coesão institucional e gerar ganhos eleitorais para Lula e o PT.

CASO A CASO – O que mostram outros episódios de sanções ou tarifas externas? Em alguns casos, gestos hostis vindos de fora estimulam apoio ao governo, especialmente quando a narrativa de soberania nacional é bem conduzida. Mas a literatura empírica mostra que a reação do eleitorado varia.

Quando os custos econômicos recaem sobre grupos articulados e não há compensação clara, a pressão externa pode se voltar contra quem governa, mesmo que o conflito tenha sido provocado por outros.

O exemplo mais recente é o do Canadá. Com o Partido Liberal em queda nas pesquisas e enfrentando uma campanha difícil contra os Conservadores, o anúncio de tarifas por Trump, acompanhado de insinuações sobre a soberania territorial, foi incorporado pela campanha como símbolo de agressão externa.

UNIDADE NACIONAL – O governo Trudeau ativou o discurso de unidade nacional, e Mark Carney passou a ser identificado como defensor da economia canadense. Pesquisas registraram aumento de aprovação e os Liberais venceram nas urnas.

No Irã, as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos durante o governo Trump foram enquadradas pelo regime como parte de uma ofensiva política contra o país.

Um estudo analisou cerca de dois milhões de postagens de influenciadores iranianos e observou que, após o endurecimento das sanções, houve aumento do apoio ao regime, inclusive entre opositores moderados. A retórica nacionalista pareceu se sobrepor ao custo material.

EXEMPLO DA RÚSSIA – Mas o mesmo padrão não se repete sempre. Na Rússia, as sanções ocidentais impostas após a anexação da Crimeia, em 2014, não resultaram em fortalecimento unânime do governo. Um estudo de Timothy Frye mostrou que a reação da população foi dividida.

Russos alinhados ao regime culparam o Ocidente e mantiveram seu apoio a Vladimir Putin. Mas em áreas urbanas afetadas pela deterioração econômica, houve queda de aprovação ao governo.

Já Alexseev e Hale mostraram que as sanções internacionais de 2014 contra a Rússia tiveram um efeito negativo modesto na aprovação de Putin. O patriotismo despertado pela anexação da Crimeia causou um aumento significativo no apoio ao governo, mas as sanções isoladas não geraram um reforço político —apenas um desgaste discreto.

EFEITOS NEGATIVOS – Um caso em retaliação comercial que gerou efeitos negativos vem dos Estados Unidos. Durante a guerra comercial com a China, iniciada no primeiro governo Trump, Pequim impôs tarifas sobre produtos agrícolas e industriais, atingindo diretamente redutos eleitorais republicanos.

Análises de Blanchard, Bown e Chor, e de Fetzer e Schwarz mostram que os condados mais afetados registraram queda significativa de apoio a candidatos republicanos nas eleições de meio de mandato em 2018.

As regiões mais prejudicadas eram as mesmas que haviam dado sustentação à eleição de Trump dois anos antes.

TUDO DEPENDE – A política tarifária do atual governo dos Estados Unidos recoloca esse impasse no Brasil. A medida anunciada por Trump tem claro conteúdo político e atinge diretamente setores exportadores.

Ainda não se sabe se o governo Lula conseguirá transformar esse episódio em capital político, como ocorreu no Canadá, ou se será interpretado como sinal de fragilidade internacional.

O que os estudos indicam é que os efeitos da pressão externa dependem do contexto, dos grupos afetados e da capacidade de reação. E nem sempre favorecem quem está no poder.

Se Brasil retaliar com tarifas, impacto no PIB poderá ser ainda pior

Importações crescem e déficit comercial da indústria brasileira é o maior  em 13 anos; entenda - TV Pampa

EUA têm déficit anual de US$ 1,67 bilhão com o Brasil

Priscila Yazbek
da CNN

Se o Brasil de fato recorrer à Lei da Reciprocidade e elevar as tarifas sobre produtos americanos em resposta à taxa de 50% imposta por Donald Trump, o impacto sobre a economia brasileira pode ser ainda mais negativo, de acordo com especialistas consultados pela CNN.

Tanto economistas quanto diplomatas afirmam que o governo brasileiro está de mãos atadas e não tem ferramentas eficazes para pressionar Trump. A saída seria tentar negociar uma redução da tarifa, caso contrário o governo corre o risco de a oposição assumir o papel de negociador, no lugar do Itamaraty.

QUEDA DO PIB – Gabriel Barros, economista-chefe da ARX, projeta que se a tarifa dos EUA ficar em 40%, sem retaliação, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro deve cair pouco menos de 0,2 ponto percentual.

Já se o Brasil retaliar com suas próprias tarifas, o impacto negativo no PIB seria de 0,3 ponto percentual e haveria pressão inflacionária provocada pelo aumento dos preços e pela volatilidade do dólar.

“Isso poderia levar o Banco Central a elevar os juros em até 0,3 ponto percentual”, diz Barros. Ele acrescenta que, embora a retaliação possa compensar parcialmente a perda nas exportações, ela amplificaria os efeitos negativos sobre o investimento e a inflação, se revelando uma medida contraproducente.

ESCALADA DE TENSÕES – “Seria um erro e acredito que produziria uma nova escalada nas tensões, tornando o tit for tat imprevisível”, diz o economista-chefe da ARX.

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço, 16% de todos os produtos importados pelo Brasil vieram dos Estados Unidos entre janeiro a junho deste ano, totalizando cerca de R$ 20 bilhões.

Com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 5,35% e a taxa Selic em 15%, os aumentos de preços provocados pela elevação de tarifas para produtos americanos poderiam pressionar ainda mais a inflação e os juros.

PREJUÍZO AO COMÉRCIO – Um eventual aumento de tarifas também tende a prejudicar mais o comércio brasileiro do que o americano. Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, tanto em importações quanto em exportações. Já o Brasil é apenas o nono país que mais importa produtos americanos e o 18º país que mais exporta.

Apesar da resposta do presidente Lula, que afirmou que o tarifaço de Trump será respondido com reciprocidade, diplomatas que atuam nas embaixadas brasileiras nos EUA disseram à CNN que não acreditam em uma retaliação tarifária mais significativa.

Eles dizem que o Brasil não está em condições de suportar as consequências de elevar os custos de importações americanas.

BUSCAR O DIÁLOGO – Em entrevista ao Live CNN, o ex-embaixador do Brasil em Londres e Washington, Rubens Barbosa, afirmou que o governo brasileiro deveria buscar o diálogo com os americanos. Ele avalia que há um “esvaziamento do Itamaraty” e “o partidarismo e a ideologia têm contaminado a política externa”.

“Todos os países que receberam cartas de Trump estão negociando porque não existe mais regra no mercado internacional, não há alternativa. O único país que pôde se opor foi a China, que é a segunda maior economia do mundo e usou os minerais de terras raras e chips como moeda de troca”, afirma Barbosa.

“Ou o Brasil estabelece canais de comunicação e inicia uma negociação comercial, ou os opositores vão pedir a redução tarifária por conta própria, Trump vai conceder e a redução tarifária vai ser feita pela oposição”, afirma Barbosa, que observa que o Brasil não tem diálogo com os EUA, nem com a Casa Branca, nem com o Departamento de Estado.

Um belo argumento de Paulinho da Viola em defesa do samba tradicional

Aos 82 anos, Paulinho da Viola é internado no Rio de Janeiro | CNN Brasil

Paulinho da Viola mantém a tradição

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor carioca Paulo César Batista de Faria, o Paulinho da Viola, é tido como um dos mais talentosos representantes da MPB. A letra de “Argumento” é um protesto contra a inclusão do piano nos sambas, que Benito di Paula colocava, naquela época, em que os sambistas clássicos não aceitavam a falta dos instrumentos essenciais, como cavaco, pandeiro e tamborim. Este samba, com várias gravações, faz parte do CD Meus Momentos, de Paulinho da Viola, gravado em 1999.

ARGUMENTO
Paulinho da Viola

Tá legal
Tá legal, eu aceito o argumento
Mas não me altere o samba tanto assim
Olha que a rapaziada está sentindo a falta
De um cavaco, de um pandeiro ou de um tamborim

Sem preconceito ou mania de passado
Sem querer ficar do lado de quem não quer navegar
Faça como um velho marinheiro
Que durante o nevoeiro
Leva o barco devagar

Tarcísio dá demonstrações ostensivas de que vai disputar a Presidência

Tarcisio no lançamento do programa Trampolim

Tarcísio já subiu no trampolim e começa a escancarar

Vera Magalhães
O Globo

A pressão intensa dos partidos do Centrão, do empresariado e do mercado financeiro parece ter surtido efeito junto a Tarcísio de Freitas: o governador de São Paulo vem dando demonstrações cada vez mais incisivas, por isso mesmo arriscadas, de que está pronto para receber a indicação de Jair Bolsonaro como seu candidato a presidente no ano que vem. Parece disposto até a arcar com os ônus dessa exposição prematura.

Ao reproduzir e endossar a fala de Donald Trump segundo a qual Bolsonaro é vítima de perseguição política e a Justiça brasileira não é legítima para julgar o ex-presidente, que deveria ser avaliado pelos eleitores, Tarcísio deixa de lado a cautela com que costumou navegar nos mares turbulentos da relação entre seu padrinho político e o Supremo Tribunal Federal para mergulhar de cabeça no puro suco do bolsonarismo-raiz.

MUITAS CAMADAS – O governador do estado mais rico e mais populoso do país toma lado numa disputa que tem muitas camadas: política, diplomática, jurídica e até comercial.

O governo federal percebeu o movimento e tratou de, ato contínuo, deixar claro que enxerga o ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro como candidato mais provável a enfrentar Lula nas urnas eletrônicas no ano que vem. Veio do titular da Casa Civil, Rui Costa, no Roda Viva desta segunda-feira, um ataque direto a Tarcísio, diante da sem-cerimônia com que o político do Republicanos foi um dos primeiros a ecoar o ataque do presidente dos Estados Unidos ao Judiciário brasileiro.

Costa aproveitou que as bravatas de Trump nunca vêm sozinhas e associou os arroubos contra o STF à ameaça explícita que o americano fez aos países do Brics de tarifas comerciais adicionais em punição a um não alinhamento aos seus desígnios.

DISSE RUI COSTA — “Me parece que o Tarcísio está mais preocupado em defender o Trump que em defender os empresários paulistas, defender o emprego dos trabalhadores brasileiros” — pespegou o ministro de Lula.

Embora tenha feito aquele seguro-padrão de dizer que a eleição está distante, por isso não cabe ao PT ou ao governo escalar o time adversário, Costa trouxe o nome de Tarcísio à baila sem que tivesse sido questionado a respeito.

Deixou bastante patente quem a esquerda enxerga como candidato mais provável para encarnar o que ele mesmo batizou de “50 tons de Bolsonaro”.

LISTA PESADA – O problema para Tarcísio são esses tons. Todo mundo sabe o que o ex-presidente exige daquele a quem entregará o cetro da candidatura.

A lista é pesada. Começa na aparentemente mais simples exigência de se filiar ao PL e termina no compromisso de, já na largada do mandato, se comprometer a assinar indulto ou graça, livrando-o de cumprir uma pena cada vez mais dada como certa pela tentativa de golpe no curso de seu governo.

Se havia alguma dúvida quanto à disposição do governador paulista de encarar um pedágio assim tão alto, suas ações mais recentes começam a dissipá-la.

EM CAMPANHA – Antes mesmo de graciosamente aplaudir a explícita e indevida intervenção de Trump na soberania da Justiça brasileira para fazer valer as leis do país, Tarcísio vestiu boné, subiu em palanques ao lado de Bolsonaro e tem cada vez menos desencorajado aqueles que defendem publicamente sua candidatura.

Parte dessa mudança de postura em campo, pedindo a bola em voz alta, advém de que os partidos e o establishment econômico deixarem claro a Bolsonaro que vão com ele só até parte do caminho e não aceitam a ideia de ter Michelle ou Eduardo, sua mulher e seu filho Zero Dois, como adversários de Lula no ano que vem.

Lançar um familiar pode até ser mais confortável a Jair, mas deixa em dúvida o grau de apoio que pode reunir e põe em risco sua prioridade — livrar-se de uma prisão que insiste em aparecer em seus pesadelos mais recorrentes.

Trump ataca, Brasil responde as ofensas com inteligência estratégica

Lula pretende usar reciprocidade contra tarifa de Trump

Pedro do Coutto

A ofensiva tarifária do presidente Donald Trump contra o Brasil não poderia ter gerado repercussão mais desfavorável ao líder americano. A imprensa internacional foi quase unânime em condenar a medida, classificada como arbitrária, revanchista e perigosa para o comércio global. A decisão de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros como café, suco de laranja, carne e aço foi anunciada como uma resposta ao julgamento de Jair Bolsonaro, numa mistura preocupante entre diplomacia econômica e interesses pessoais.

Trump parece confundir seus aliados ideológicos com os interesses institucionais dos Estados Unidos, atacando o Brasil como se estivesse em uma cruzada pessoal contra Lula e o sistema de justiça brasileiro. Mas, ao contrário do que talvez esperasse, o governo brasileiro reagiu com firmeza e equilíbrio, posicionando-se de maneira estratégica diante do maior parceiro comercial das Américas.

ESTRATÉGIA – O presidente Lula, que poderia ter usado o episódio para inflamar a base e criar uma narrativa eleitoral agressiva, preferiu agir com inteligência política. Em entrevista ao Jornal Nacional, evitou confrontos verbais e disse que não se move quando a temperatura está alta demais. Com isso, deu o tom de uma diplomacia madura: enquanto articula a entrada do caso na Organização Mundial do Comércio (OMC), já orienta o Ministério do Desenvolvimento e o Itamaraty a estudarem medidas de retaliação.

Está em discussão a aplicação da chamada Lei da Reciprocidade, que permite ao Brasil retaliar na mesma proporção tarifas impostas por parceiros comerciais. Patentes americanas e bens culturais podem ser os primeiros alvos. O objetivo do governo brasileiro, no entanto, é mostrar que tem instrumentos técnicos, jurídicos e diplomáticos à disposição para se defender — mas não cairá na armadilha da histeria protecionista.

APREENSÃO – A ação de Trump, ainda que tenha gerado apreensão entre exportadores brasileiros, permitiu ao governo Lula consolidar apoio interno entre os produtores, especialmente nos setores agrícola e industrial, e reposicionar o país no cenário internacional como uma nação capaz de resistir a pressões políticas externas sem comprometer sua soberania.

O Itamaraty, antes questionado por falta de protagonismo, agora se vê à frente de uma crise que pode, se bem administrada, fortalecer a imagem do Brasil como potência comercial e diplomática. A imprensa mundial destacou essa virada com ênfase.

O Financial Times afirmou que Lula está usando o embate com Trump para fortalecer sua posição política, ao passo que o The Guardian observou que o Brasil está mais preparado do que nunca para lidar com governos hostis e manobras imprevisíveis.

REAÇÃO – A verdade é que Trump atingiu, com sua tarifa, não apenas os produtos brasileiros, mas também o espírito da cooperação internacional. O Brasil, ao reagir de forma articulada e racional, consegue transformar uma provocação em oportunidade.

Resta agora saber se os efeitos econômicos — inevitáveis — serão atenuados pela ação rápida do governo e pela coesão política que Lula conseguiu construir em torno do tema. No tabuleiro do comércio global, quem perde o equilíbrio perde o jogo. Até agora, quem demonstrou estar mais firme sobre os próprios pés foi o Brasil.

O Globo diz que “independência da justiça e democracia são inegociáveis”

Donald Trump has begun a mafia-like struggle for global power

Reprodução da The Economist

Deu em O Globo

Há mistura de chantagem, ofensa, desleixo, ignorância, mentira e até ridículo na carta em que Donald Trump anuncia tarifas de 50% sobre importações do Brasil caso não seja suspenso o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Trump costuma se gabar de seus dotes como negociador, mas simplesmente não há o que negociar diante de exigência tão estapafúrdia. Por um motivo singelo: tanto a independência da Justiça brasileira quanto a democracia brasileira são inegociáveis — e é ofensivo imaginar o contrário.

“O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”, respondeu em tom preciso e sereno o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

CARTA ESTRANHA – Das dezenas de cartas que Trump enviou a diversos países anunciando aumento de tarifas, a brasileira é a única que mistura a política comercial dos Estados Unidos às preferências políticas de seu presidente. Tal confusão entre interesse público e afetos privados é sinal eloquente da visão autocrática que move seu governo.

Do ponto de vista econômico, as tarifas carecem de sentido. Os Estados Unidos compram 11% das exportações brasileiras e, ao contrário do que Trump afirma na carta, a balança tem sido amplamente favorável aos americanos, com US$ 410 bilhões de superávit nos últimos 15 anos em comércio e serviços.

“Trump nem finge haver justificativa econômica. Trata-se apenas de punir o Brasil por julgar Bolsonaro”, escreveu o Nobel de economia Paul Krugman. “Será que ele acredita mesmo que pode usar tarifas para forçar uma nação enorme, que nem é tão dependente do mercado americano, a abandonar a democracia?”

COMO REAGIR? –  Trata-se, naturalmente, de questão retórica. Dado que nada mudará nos processos contra Bolsonaro nem nas decisões da Justiça brasileira relativas a conteúdos em redes sociais — a segunda exigência feita por Trump —, o governo Lula se vê diante de um problema prático: como reagir?

As primeiras manifestações foram corretas. Trump deve receber o tratamento que se dispensa a provocadores: firmeza e serenidade na exposição de seus motivos e fraquezas. Ao mesmo tempo, o governo brasileiro faria bem em tentar retomar negociações comerciais se houver abertura. Países como Reino Unido, México, Vietnã e a própria China já obtiveram sucesso com diálogo.

Há, é verdade, dificuldades. No campo externo, era previsível alguma reação americana às iniciativas diplomáticas de Lula, sobretudo à tentativa de buscar alternativas ao dólar e à retórica que alinha o Brasil a países no polo oposto dos valores ocidentais, como Irã e Rússia.

RETALIAÇÃO – Escalar a disputa por motivação política só prejudicará ainda mais o Brasil, portanto o próprio governo. Se necessária, qualquer retaliação precisa dar ênfase a medidas que se façam sentir para as empresas americanas, como quebra de patentes ou taxação de serviços digitais.

No campo interno, continuará a pressão de Bolsonaro. Mas a carta de Trump faz mal também à oposição, pois traz danos a setores com ela identificados, como indústria ou agronegócio. E, fundamentalmente, ao Brasil, empresários e trabalhadores.

Não tardará a que o país entenda as consequências das tarifas e ponha a culpa em quem as celebrou. No passado, Trump já abandonou aliados e recuou de medidas estapafúrdias quando a realidade se fez valer. É incerto até que ponto irá seu apego a Bolsonaro.

Folha adverte que “chantagem rasteira de Trump não passará…”

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Arquivo Google (reprodução)

Deu na Folha 

Cogitar de que a intimidação fará um Poder independente como o Judiciário brasileiro deixar de processar Bolsonaro é devaneio autoritário

A chantagem rasteira de Donald Trump contra o Brasil não vai funcionar. Cogitar de que o Judiciário de uma nação soberana e democrática, que opera com independência, deixará de processar quem quer que seja para livrar o país de retaliações econômicas dos Estados Unidos não passa de devaneio autoritário.

EFEITO NULO – Se a manifestação foi pensada para ajudar Jair Bolsonaro (PL) no julgamento em que é acusado de tramar um golpe, ela, na melhor hipótese para o ex-presidente, terá efeito nulo. Se tentou fortalecer o deputado fugitivo Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para a disputa de 2026, acabará tornando o seu caso na Justiça brasileira ainda mais complicado.

Se seu intento foi impulsionar a direita brasileira, o resultado líquido tenderá a ser negativo. Vai ser difícil ficar do lado de quem patrocina uma agressão estrangeira à soberania e aos empregos brasileiros, pois tarifas adicionais de 50% sobre as exportações teriam efeitos nefastos sobre vários setores da economia nacional.

Chegou a hora de lideranças como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) escolherem de que lado estão. Ou bem Tarcísio defende os exportadores paulistas e a soberania brasileira ou continua posando de joguete de boné de um agressor estrangeiro e da família Bolsonaro, cujo patriotismo de fancaria se dissolve e se transforma em colaboracionismo diante da perspectiva da cadeia.

MENTIRAS E INCOERÊNCIAS – Está repleta de mentiras e incoerências a carta em que Trump tenta justificar o ataque comercial. As trocas com o Brasil não contribuem para o déficit norte-americano. Pelo contrário, há anos o resultado da corrente é superavitário para os EUA. O presidente republicano diz defender a liberdade de expressão aqui, mas lá manda deportar quem emite opiniões consideradas erradas pela Casa Branca.

O histórico de decisões anunciadas mas nunca efetivadas de Donald Trump faz duvidar da implementação das tais tarifas adicionais. Ele já mandou cartas ameaçadoras a outras nações marcando prazos para o início da vigência. A entrada em vigor de todas essas decisões causaria tumultos graves na própria economia dos EUA, pois se trata de um imposto sobre seus consumidores.

O sangue frio, portanto, é o melhor caminho para lidar com o novo arreganho de Trump. Nesse quesito, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem se portado bem, o que ficou mais uma vez atestado na reação sóbria do Planalto ao anúncio do tarifaço.

RETALIAR É PRECISO – O governo brasileiro não deve abrir mão de seus poderes de retaliar, conferidos pelo Congresso Nacional ao Executivo em legislação recente. Mas deveria recorrer a esse expediente apenas em casos extremos, que ainda não se concretizaram.

Insistir em demonstrar às contrapartes norte-americanas que não há nenhuma razão econômica para a invectiva contra o Brasil continua a ser a linha de ação mais indicada. No mínimo se ganha tempo para que as ciclotimias do populismo empurrem o presidente dos Estados Unidos para outros temas em suas redes sociais.

O tempo trabalha a favor do Brasil e dos outros países acossados pelas bravatas das guerras comerciais de Donald Trump.

Lula faz piada, quando diz que no Brasil a Justiça é para todos

Tarifas de Trump: veja as armas que governo Lula prepara para retaliação |  Metrópoles

Se houvesse justiça no Brasil, Lula ainda estaria preso

Vicente Limongi Netto 

Lula tirou o couro de Donald Trump no Jornal Nacional. Sorridente e afiado, reiterou que no Brasil existe justiça. “Aqui a justiça é para todos”, bateu no peito, com notável fervor cívico. 

Cidadão que passou na padaria e parou para ver na tv o feroz script presidencial, coçou a cabeça e lascou: “Ué, já que a justiça no Brasil é mesmo para todos, porque ele, o Lula, está solto?”.

Na troca de pantomimas entre Trump e Lula, quem sai mais chamuscados é exatamente a dupla pai e filho. O ex-presidente que adora hospital, e o filho, deputado federal fujão, Eduardo, que todo dia divulga notas contra o ministro Alexandre de Moraes, queimaram de vez o filme no Supremo Tribunal Federal (STF).

TIRO NO PÉ – Ministros da má, péssima ou boa suprema corte, não importa, ficaram furiosos com os excessos verbais de Trump. Motivos e mais munições para os severos e vingativos ministros para esfolar os dois Bolsonaros. Em praça pública. Quanto mais abrem a boca para declarar paixão e amor por Trump, dão motivos para o STF concluir o que sempre quis: condenar e prender a insuportável dupla.

Na GloboNews, onde o comentarista Otavinho Guedes tirou autoridade para chamar Trump de bêbado? Otavinho é um dos destaques da galera do canal de notícias da Globo, cuja audiência cai progressivamente. E seus gestores não sabem como explicar a decadência da emissora.

MAIS DECADÊNCIA – A queda da qualidade da YV Globo também é impressionante. Suas novelas, que faziam sucesso no mundo inteiro, estão cada vez mais insuportáveis.

Fizeram uma reforma no Departamento de Esportes e foi para pior. Logo depois da eliminação do Fluminense na competição, um quarteto de trapalhões fez um vexame no ar.

Logo após a eliminação do Fluminense, Luiz Roberto, Caio Ribeiro, Júnior falso maestro e Roger Flores, dançaram a música da copa do mundo de clubes. Sem necessidade, tripudiaram do centenário e amado clube carioca e de sua grande torcida.

LIGA A SETA – O milionário Detran de Brasília precisa colocar placas na cidade com os dizeres, alertando a cambada de motoristas irresponsáveis; “Liga a seta, pateta, quando for mudar de faixa” 

Estadão volta a apoiar Lula e chama a carta de Trump de “coisa da mafiosos”

Donald Trump has begun a mafia-like struggle for global power

Ilustração reproduzida da The Economist

Deu no Estadão

Que o Brasil não se vergue diante dos arreganhos de Trump. E que aqueles que são verdadeiramente brasileiros não se permitam ser sabujos de um presidente americano que envergonha a democracia.

O presidente americano, Donald Trump, enviou carta ao presidente Lula da Silva para informar que pretende impor tarifa de 50% para todos os produtos brasileiros exportados para os EUA.

DEPREENDE-SE – Da confusão de exclamações, frases desconexas e argumentos esquizofrênicos na mensagem, depreende-se que Trump decidiu castigar o Brasil em razão dos processos movidos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado e também por causa de ações do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas americanas que administram redes sociais tidas pelo STF como abrigos de golpistas.

Trump, ademais, alega que o Brasil tem superávit comercial com os EUA e, portanto, prejudica os interesses americanos.

Não há outra conclusão a se tirar dessa mixórdia: trata-se de coisa de mafiosos. Trump usa a ameaça de impor tarifas comerciais ao Brasil para obrigar o País a se render a suas absurdas exigências.

Antes de mais nada, os EUA têm um robusto superávit comercial com o Brasil. Ou seja, Trump mentiu descaradamente na carta para justificar a medida drástica. Ademais, Trump pretende interferir diretamente nas decisões do Judiciário brasileiro, sobre o qual o governo federal, destinatário das ameaças, não tem nenhum poder.

DIFERENTE DOS EUA – Talvez o presidente dos EUA, que está sendo bem-sucedido no desmonte dos freios e contrapesos da república americana, imagine que no Brasil o presidente também possa fazer o que bem entende em relação a processos judiciais.

Ao exigir que o governo brasileiro atue para interromper as ações contra Jair Bolsonaro, usando para isso a ameaça de retaliações comerciais gravíssimas, Trump imiscui-se de forma ultrajante em assuntos internos do Brasil.

É verdade que Trump não tem o menor respeito pelas liturgias e rituais das relações entre Estados, mas mesmo para seus padrões a carta endereçada ao governo brasileiro passou de todos os limites.

LULA REAGE – A reação inicial de Lula foi correta. Em postagem nas redes sociais, o presidente lembrou que o Brasil é um país soberano, que os Poderes são independentes e que os processos contra os golpistas são de inteira responsabilidade do Judiciário. E, também corretamente, informou que qualquer elevação de tarifa por parte dos EUA será seguida de elevação de tarifa brasileira, conforme o princípio da reciprocidade.

Esse espantoso episódio serve para demonstrar, como se ainda houvesse alguma dúvida, o caráter absolutamente daninho do trumpismo e, por tabela, do bolsonarismo. Para esses movimentos, os interesses dos EUA e do Brasil são confundidos com os interesses particulares de Trump e de Bolsonaro.

Não se trata de “América em primeiro lugar” nem de “Brasil acima de tudo”, e sim dos caprichos e das ambições pessoais desses irresponsáveis.

APOIAR TRUMP – Diante disso, é absolutamente deplorável que ainda haja no Brasil quem defenda Trump, como recentemente fez o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que vestiu o boné do movimento de Trump, o Maga (Make America Great Again), e cumprimentou o presidente americano depois que este fez suas primeiras ameaças ao Brasil por causa do julgamento de Bolsonaro.

Vestir o boné de Trump, hoje, significa alinhar-se a um troglodita que pode causar imensos danos à economia brasileira.

Caso Trump leve adiante sua ameaça, Tarcísio e outros políticos embevecidos com o presidente americano terão dificuldade para se explicar com os setores produtivos afetados.

BOLSONARO – Eis aí o mal que faz ao Brasil um irresponsável como Bolsonaro, com a ajuda de todos os que lhe dão sustentação política com vista a herdar seu patrimônio eleitoral. Pode até ser que Trump não leve adiante suas ameaças, como tem feito com outros países, e que tudo não passe de encenação, como lhe é característico, mas o caso serve para confirmar a natureza destrutiva desses dejetos da democracia.

Que o Brasil não se vergue diante dos arreganhos de Trump, de Bolsonaro e de seus associados liberticidas.

E que aqueles que são verdadeiramente brasileiros, seja qual for o partido em que militam, não se permitam ser sabujos de um presidente americano que envergonha os ideais da democracia.

Grande imprensa volta a apoiar Lula, mas vai cobrar caro pelas palavras elogiosas

Genial/Quaest mostra aprovação de Lula em alta, chegando a 54%

Lula já mandou contratar novas pesquisas de opinião

Carlos Newton

Para a grande imprensa brasileira, a disputa entre os presidentes Lula e Trump chegou na hora certa. Aqui debaixo do Equador, quando duas grandes lideranças entram numa briga, quem sai ganhando é a imprensa, que sabe se posicionar com habilidade.

Aproxima-se uma das mais importantes eleições no Brasil, e a imprensa não estava conseguindo chegar aos cofres de quem possui a chave-mestra dos cofres públicos.

GRANDE ALÍVIO – A briga entre Trump e Lula foi um alívio. Com a intermediação do ministro Sidônio Palmeira, marqueteiro de profissão, cuja principal atividade é justamente tirar o dinheiro de onde está e levá-lo para onde deveria estar, como diz Lula da Silva.

Assim, quando os barões da mídia já se sentiam desesperados e tudo o que Lula fazia era cometer um erro atrás do outro, de repente o presidente Trump abre a guarda e deixa Lula na condição de vítima de uma chantagem atômica de fazer inveja ao satânico Doutor No.

Numa velocidade impressionante, a imprensa colocou as cartas na mesa. Primeiro, o Estadão, ainda na quarta-feira, às 21h50, com “Coisa de mafiosos”; depois a Folha, já na quinta-feira, às 11h49, com “Chantagem rasteira de Trump não passará”; e depois O Globo, às 18h11, com “Independência da justiça e democracia são inegociáveis”.

BELO FIM DE SEMANA – Este é o melhor fim de semana de Lula desde a eleição em 2022. Estava completamente perdido, empenhado numa campanha difamando o Congresso para ver se melhorava um pouco a popularidade, mas que poderia minar ainda mais a base aliada, e de repente lá vem Trump com a boia de salvação.

O país inteiro se uniu em torno do presidente, era como um sonho, as estações de rádio e TV não falavam outra coisa, as redes sociais voltaram a prestigiar o PT, o Congresso está com Lula e não abre, os jornais se renderam a sua coragem e destemor…

Este apoio vai custar caro. Como o dinheiro é do povo, que agora voltou a apoiar Lula, não há problema, mas abrir os cofres, porque a hora é esta.

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P.S. 1 –
Recado aos hackers que tiraram do ar a Tribuna nessa madrugada, dando trabalho aos técnicos do UOL até quase meio-dia: não adianta perder tempo com isso, porque a gente sempre
voltará, sob o signo da liberdade

P.S. 2 – A seguir, publicaremos os editoriais do Estadão, da Folha e de O Globo, dando apoio irrestrito a Lula.(C.N.)