Trump deu a Lula uma chance de ouro de recuperar apoio e popularidade

Lula responde Trump após defesa a Bolsonaro

Lula recebeu um “empurrão” político do inimigo Trump

Eliane Cantanhêde
Estadão

Com sua megalomania, impulsividade e imprevisibilidade, Donald Trump deu a Lula tudo o que ele precisava para recuperar apoio político e popularidade: um inimigo externo e um discurso. Um discurso catalisador, resumido no slogan que o Planalto produziu, mas terceirizou para seus militantes e aliados massificarem nas redes sociais: “Lula quer taxar os superricos, Bolsonaro taxa o Brasil”.

É assim que Lula tenta sair das cordas, unindo a perigosa, mas eficaz, bandeira do “pobres contra ricos” com o sempre conveniente nacionalismo, que costuma quebrar o maior galho para governantes sob pressão. O venezuelano Hugo Chávez era craque nisso, mas é apenas um pequeno exemplo no meio da multidão que usava e usa esse recurso quando a política interna esquenta e as pesquisas trazem más notícias.

SOBERANIA – Se Lula recorre à “soberania”, o bolsonarismo tenta, a duras penas, e sem bons resultados até agora, usar a “democracia”. A diferença, porém, é abissal. A agressão do império às instituições, à democracia e à economia – e, portanto, à soberania nacional– é real, palpável.

Já a alegação de Trump de que há censura, ameaça à livre expressão e “caça às bruxas” no Brasil é tão mentirosa quanto a própria “carta” de Trump para anunciar tarifas de 50% a todos os produtos brasileiros.

No texto, ele justificou o tarifaço com “esses déficits comerciais insustentáveis” que o Brasil causaria aos EUA, mas é o oposto!

DÉFICIT – O Brasil teve um déficit de US$ 400 bilhões com os EUA em quinze anos, e oito dos dez produtos americanos exportados para o Brasil chegam aqui com… tarifa zero. Além de mentirosa, malcriada, grosseira e cheia de erros, a carta foi divulgada antes de chegar ao destinatário — o presidente do Brasil.

É algo impensável entre pessoas comuns, imagine-se entre chefes de Estado? O Itamaraty reagiu à altura: devolveu a carta.

É isso que Jair Bolsonaro, o “deputado exilado” Eduardo Bolsonaro e a imensa militância do grupo não apenas defendem, como atiçam incessantemente no governo e no Congresso dos EUA? Taxação no comércio, sanções a ministros do Supremo, avacalhação da imagem do Brasil no exterior? Não combina muito com o lero-lero do “Brasil acima de tudo” que embalava multidões no pico de popularidade de Bolsonaro.

NO SUPREMO – O ataque de Trump não muda uma vírgula, um dia ou um voto no julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo por tentativa de golpe de Estado, mas pode piorar um bocado a investigação do filho Eduardo por coação e obstrução do processo contra o pai.

E o pior para o bolsonarismo é que divide, confunde e amedronta aliados. O melhor exemplo é o governador Tarcísio Gomes de Freitas, que foi, voltou e ficou no meio do caminho, tonto, tentando defender o indefensável e perdendo algo de relevante que ele havia conquistado: uma boa relação com ministros do STF.

Por mais que o bolsonarismo seja uma seita, que as versões de Bolsonaro virem verdades absolutas (até contra vacinas!), é muito difícil até para convertidos assimilar que a Comissão de Relações Exteriores da Câmara tenha aprovado uma moção de louvor a Trump por produzir o maior e mais sério ataque já visto ao Brasil, que atinge agricultura, pecuária, Embraer, serviços… Logo, prejudica empregos, gera queda na Bolsa e alta do dólar, impacta na inflação e pode aumentar os juros. Moção de louvor ao inimigo da Pátria?

NOVA PESQUISA – O grande teste sobre o “pobres contra ricos” e agora, o fresquinho, “Brasil soberano” será a pesquisa que a Quaest começou a fazer nesta quinta-feira sobre Lula, governo, 2026. É difícil captar o efeito, porque o campo da pesquisa começa no dia seguinte ao míssil de Trump, mas não é impossível, porque só se fala nisso nas casas, bares, restaurantes, gabinetes e consultórios pelo Brasil afora. Em menos de 24 horas, já eram computados 240 milhões de menções sobre o ataque na internet.

Trump mirou no governo Lula, no STF e nos Brics, mas errou o alvo e acertou Bolsonaro e pode se transformar no marco da reviravolta de Lula – e, além dele, Fernando Haddad – rumo a 2026. Lula, porém, tem de ajudar, principalmente não errando.

A fórmula está no pós 8 de janeiro: assim como reuniu os poderes e a federação na defesa da democracia, Lula precisa, como sugere o professor Roberto Menezes, da UnB, unir Congresso, setores privados, entidades e brasileiros de qualquer raça, religião ou ideologia em torno do interesse nacional. Só Trump poderia dar essa chance a Lula. E deu.

Ciro Nogueira rebate Rui Costa por crítica a Tarcísio: “Vai trabalhar”

Ciro Nogueira diz que governo tenta culpar Congresso por suspensão do Plano  Safra | Brasil | Valor Econômico

Rui Costa é um fracasso no governo Lula, diz Nogueira

00Rafaela Gama
O Globo

O senador e presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), rebateu pelas redes sociais o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que criticou a postura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em relação ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos. Após o anúncio de taxas de 50% incididas sobre os produtos brasileiros, Tarcísio afirmou que a resposta do governo americano teria sido provocada pelo fato do presidente Lula ter colocado “a ideologia acima da economia”.

Em resposta, Rui Costa escreveu, em um post no X, que “lamenta” que o governador defenda uma tarifa que “penalizará a indústria e a agroindústria paulista, em vez de defender a população do seu estado e do Brasil como nação.

DISSE RUI COSTA – “É curioso: liderar a maior economia do país e, ao mesmo tempo, apoiar medidas que encarecem produtos e prejudicam a economia nacional”, disse o ministro. Ele também afirmou que é “compreensível” que Tarcísio queira agradar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas criticou o apoio a “medidas absurdas, ilegais e imorais impostas por estrangeiros”.

Aliado do chefe do Executivo paulista, o senador Ciro Nogueira retrucou dizendo para o ministro que “sua função agora é tirar o Brasil da encrenca em que o radicalismo da diplomacia do PT enfiou o país e não ficar batendo boca com o governador de São Paulo”.

“Vai trabalhar”, acrescentou ele.

OUTRAS CRÍTICAS – O governador de São Paulo também foi criticado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que afirmou que a fala dele teria sido motivada por sua intenção de disputar contra Lula no ano que vem.

Cotado por aliados para substituir Bolsonaro nas urnas, ele tem feito acenos ao ex-presidente, incluindo a defesa de um indulto a ele em caso de condenação.

– O governador errou muito. Porque ou bem uma pessoa é candidata a presidente, ou é candidata a vassalo. E não há espaço no Brasil para vassalagem, desde 1822 isso acabou. O que está se pretendendo aqui? Ajoelhar diante de uma agressão unilateral sem nenhum fundamento econômico? – declarou o ministro em entrevista nesta quinta.

TAMBÉM GLEISI – O chefe do Executivo paulista também foi criticado pela ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, que afirmou que ele e “todos os cúmplices de Bolsonaro que aplaudem o tarifaço de Trump contra o Brasil” estariam “colocando a ideologia acima dos interesses do país”.

“Pensam apenas no proveito político que esperam tirar da chantagem do presidente dos EUA, porque nunca se importaram de verdade com o país e o povo”, declarou em uma rede social.

Com pretensão de disputar o governo do estado em 2026, o ministro Márcio França, do Empreendedorismo, escreveu que “quando Tarcísio desfilava de boné com o boné ‘Make America Great Again’, ninguém avisou que o paulista é quem pagaria a conta”. “Cuidado com as bandeiras que você carrega”, acrescentou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Depois de meses de desespero, os petistas vivem um especial momento de êxtase. Acreditam que deu certo a tentativa de culpar o Congresso pela crise fiscal do IOF e agora estão comemorando também a carta de Trump a Lula, episódio que transformou o presidente americano em algoz do Brasil e permitiu que Lula passasse por vítima. Em cima disso, os petistas acham que já ganharam a eleição, mas Trump ainda tem caras na manga, pois o Congresso americano deve aprovar sanções contra Alexandre de Moraes e reabrir as feridas dos erros do Supremo. (C.N.)

Elevada carga tributária que o Brasil impõe já estava no radar de Trump

Abicalçados - Exportações de calçados somaram 89,6 milhões de pares até novembro

Brasil já é considerado um país muito protecionista

Priscila Yazbek
da CNN

Romero Tavares, sócio-líder de tributação internacional da PwC e doutor pela Universidade de Viena, afirma que a pretendida retaliação do governo Lula contra o presidente americano Donald Trump pode ser prejudicial e levar a uma escalada tarifária nociva às economias brasileira e americana.

“Trump quer alguma sinalização positiva, nem que seja de narrativa, para poder postergar. Nós já estamos batendo nos Estados Unidos há um bom tempo com as nossas tarifas mais altas. Agora que eles começam a revidar, talvez a gente bata de novo. Estamos em um cenário bem perigoso e bem caótico”, diz o tributarista.

PROTECIONISMO – A métrica mais utilizada para comparar o nível de protecionismo de diferentes países hoje é a média simples das tarifas cobradas em produtos importados, calculada pelo Banco Mundial.

O levantamento aponta que o Brasil cobra uma taxa média de 12,4% sobre importações, enquanto os EUA, antes do tarifaço, cobravam uma tarifa média de 2,7%.

“As tarifas dos Estados Unidos eram, em média, baixíssimas, as de outros países são frequentemente menos baixas e as do Brasil altíssimas. Eles sobretaxam itens específicos do Brasil, e uma negociação bilateral poderia resultar em vantagens para ambos”, afirma Tavares.

PILAR DA OCDE – Segundo o especialista, os recentes posicionamentos do Brasil na área tributária também não ajudam. O Brasil se apressou em adotar o Pilar 2 da OCDE (Organização para o Desenvolvimento Econômico), que prevê um imposto mínimo global de 15% sobre o lucro de grandes multinacionais.

O mecanismo é combatido pelo governo americano e, para o tributarista, prejudica o investimento estrangeiro direto e o comércio entre os EUA e o Brasil.

Tavares argumenta ainda que o Brasil mantém uma alta carga tributária sobre lucros das empresas, na faixa de 34% a 45%, e sobre remessas, com o Imposto de Renda na fonte de 15% a 25%.

RADAR DE TRUMP – “O governo também vem propondo novos tributos sobre negócios internacionais: os 10% de IR sobre dividendos; o imbróglio do IOF, taxando da noite para o dia remessas e serviços para os EUA em 3,5%; além da ‘CIDE-remessas’ de 10%. Tudo isso está no radar do Trump”, diz o tributarista, acrescentando:

“Não é de se admirar que o Brasil já estivesse sob uma investigação comercial nos termos da Seção 301 da Lei americana”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Um dos aspectos mais importantes dessa brigalhada é que traz a lume os verdadeiros números e as informações sobre regras de protecionismo adotadas pelos países. Somente conhecendo esses detalhes é que se pode travar um debate justo e verdadeiro sobre o assunto. E a gente constata que o Brasil não é uma Soninha Toda Pura nesse ramo do comércio externo. (C.N.)

Trump afirma que vai conversar com Lula “em algum momento”

Donald Trump analisa relatórios com sanções a Moraes

Donald Trump analisa relatórios com sanções a Moraes

Luana Viana
Metrópoles

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (11/7) que pretende, “em algum momento”, conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre as tarifas de 50% impostas ao Brasil, mas que “não agora”. Na mesma fala, Trump voltou a defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Donald Trump afirmou que a conversa com Lula “talvez aconteça em algum momento, mas não agora. Ele está tratando o presidente Bolsonaro de forma muito injusta. Eu o conheço [Bolsonaro] bem, já negociei com ele, e ele é um bom negociador. Posso te falar que ele é um homem muito honesto e ama o povo brasileiro”, disse Trump em resposta à repórter brasileira Raquel Krakenbuhl, correspondente da TV Globo em Washington.

AGORA, NÃO! – “Talvez em algum momento eu fale com ele [Lula]. Agora, eu não vou. Eles estão tratando o presidente Bolsonaro de forma muito injusta. Ele [Bolsonaro] é um bom homem. Eu o conheço bem. Eu negociei com ele. Ele era um negociador muito difícil e, posso dizer que ele era um homem muito honesto. E ele amava o povo do Brasil. Ele era um cara muito difícil de negociar. Eu não deveria gostar dele, porque ele era muito duro em negociação, mas ele também foi muito honesto e eu conheço os honestos e conheço os corruptos.”

O tarifaço de Trump contra o Brasil foi divulgado na última quarta-feira (9/7), por meio de uma carta enviada ao presidente Lula. Diante da nova taxa, o Brasil se tornou o país ao qual os EUA vão impor as tarifas de importação mais altas entre as 22 já anunciadas por Trump.

EM 1º DE AGOSTO – A taxa entra em vigor a partir de 1º de agosto e será cobrada separadamente de tarifas setoriais, como as que atingem o aço e alumínio brasileiros. Em abril deste ano, o Brasil já havia sido atingido pelo tarifaço de Trump e teve os produtos tarifados em 10%.

Além disso, as taxas norte-americanas de 50% sobre o aço e o alumínio e mais 50% de taxas anunciadas sobre o cobre nesta quinta-feira (10/7) afetam o país.

Trump tem ameaçado o mundo com a imposição de tarifas comerciais, desde o início do mandato, e tem dado atenção especial ao grupo do Brics e ao Brasil. O presidente norte-americano chegou a ameaçar taxas de 100% aos países-membros do bloco que não se curvarem aos “interesses comerciais dos EUA”.

50% PARA BRASIL – Após sair em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Trump impôs 50% de tarifas sobre exportações brasileiras para os EUA.

O líder norte-americano alegou que o Brasil não está “sendo bom” para os EUA e afirmou que existe déficit para seu país no comércio bilateral, o que não é verdade.

Na segunda-feira (7/7), Trump começou a enviar cartas a nações pelo mundo, anunciando oficialmente a implementação de tarifas a 22 países, que variam de 20% a 50%, a depender do país, com validade a partir de 1º de agosto. Entre os países, o Brasil ficou com a taxa mais alta e as Filipinas com a menor, de 20%.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Trump parece maluco, mas sabe muito bem o que faz. Ele quer aumentar a receita dos Estados Unidos através da eliminação de déficits comerciais, discutindo com cada país, caso a caso. O problema de Lula é especial, porque ele dá força ao Supremo quando desrespeita as leis brasileiras, tipo Marco Civil da Internet, e decide censurar empresas americanas, aplicando sanções, bloqueando contas privadas, um verdadeiro festival, que atingiu duas empresas do próprio Trump. O resultado é essa bagunça que afeta Estados Unidos, Brasil e o mundo. Trump já está estudando as sanções que atingirão o ministro Moraes. E vamos comprar pipoca, porque a bagaça não acaba tão cedo. (C.N.)

Um poema de Alice Ruiz, saudando a saudade de quem se foi desta vida

poesia.net 459 - Poetas de 2020Paulo Peres
Poemas & Canções

A publicitária, tradutora, compositora e poeta curitibana, Alice Ruiz Scherone, compôs uma delicada e criativa “Saudação da Saudade”.

SAUDAÇÃO DA SAUDADE
Alice Ruiz

Minha saudade
saúda tua ida
mesmo sabendo
que uma vida
só é possível
noutra vida

Aqui, no reino
do escuro
e do silêncio
minha saudade
absurda e muda
procura às cegas
te trazer à luz

Ali, onde
nem mesmo você
sabe mais
talvez, enfim
nos espere
o esquecimento

Aí, ainda assim
minha saudade
te saúda
e se despede
de mim

Empresários pedem “diálogo” com Trump para reverter esse tarifaço

Momento político impõe a neoindustrialização, avalia Ricardo Alban -  Agência de Notícias da Indústria

Governo tem de dialogar com Trump, diz Alban, da CNI

Letícia Lopes e Cássia Almeida

Associações e entidades empresariais estão manifestando preocupação e já apontam impactos negativos em diferentes segmentos do setor produtivo com o anúncio do americano Donald Trump, nesta quarta-feira, de uma sobretaxa de 50% aos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos.

O economista-chefe do Goldman Sachs, Alberto Ramos, em relatório divulgado na própria quinta-feira, diz que o PIB brasileiro pode ser reduzido entre 0,3 e 0,4 ponto percentual com as tarifas aplicadas por Trump. Ele calcula que a tarifa efetiva de importação para os produtos brasileiros aumente em 35,5 pontos percentuais, se não houver “grandes retaliações”:

REDUZIR A TENSÃO – “Não está claro se, como e quando o Brasil retaliaria. A inclinação política pode ser nesse sentido, mas prevemos que os exportadores locais irão pressionar o governo para reduzir a tensão”, diz Ramos.

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), não há fato econômico que justifique a tarifa de 50%. A entidade diz que a prioridade do governo brasileiro após o tarifaço deve ser “intensificar a negociação com o governo de Donald Trump para preservar a relação comercial histórica e complementar entre os países”.

“Os impactos dessas tarifas podem ser graves para a nossa indústria, que é muito interligada ao sistema produtivo americano. Uma quebra nessa relação traria muitos prejuízos à nossa economia. Por isso, para o setor produtivo, o mais importante agora é intensificar as negociações e o diálogo para reverter essa decisão”, diz Ricardo Alban, presidente da CNI, em nota.

IMPACTOS SEVEROS – A Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) disse em nota que tem “profunda preocupação” com o anúncio, que pode “causar impactos severos sobre empregos, produção, investimentos e cadeias produtivas integradas entre os dois países”.

pediu em nota que os governos brasileiro e americano retomem “com urgência um diálogo construtivo” na busca por uma solução negociada “fundamentada na racionalidade, previsibilidade e estabilidade, que preserve os vínculos econômicos e promova uma prosperidade compartilhada”.

“A relação bilateral entre Brasil e Estados Unidos sempre se pautou pelo respeito, pela confiança mútua e pelo compromisso com o crescimento conjunto. O comércio de bens e serviços entre as duas nações é fortemente complementar e tem gerado benefícios concretos para ambos os lados, sendo superavitário para os Estados Unidos ao longo dos últimos 15 anos — com saldo de US$ 29,2 bilhões em 2024, segundo dados oficiais norte-americanos”, diz o texto.

AÇÃO DIPLOMÁTICA – A Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan) também manifestou preocupação, e defendeu a intensificação da atuação diplomática para uma “solução negociada”.

“Em contraste com as medidas aplicadas, Brasil e Estados Unidos mantêm um longo histórico de relações mutualmente benéficas, parcerias econômicas e industriais salutares e voltadas para a promoção dos negócios. O país é o principal investidor externo direto no mercado brasileiro, sendo o segundo maior parceiro no comércio de bens nacional”, destacou a Firjan, em nota.

A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) destacou que a política tarifária atinge diretamente as empresas brasileiras. Presidente do conselho da entidade, José Ricardo Roriz traçou que uma tarifa de 50% torna “praticamente inviável” a operação, afetando faturamento e empregos.

IMPACTOS PROFUNDOS – Ele ainda observa que os impactos não se restringem apenas aos produtos finais exportados, mas a toda a cadeia produtiva, com pressão em outros setores que dependem de embalagens, como alimentos, componentes automotivos e fertilizantes.

“Estamos passando de um dos países com menores tarifas de importação para uma situação de isolamento comercial. Isso desestimula o investimento produtivo e compromete a credibilidade do Brasil como parceiro confiável. Empresas internacionais que atuam no país para exportar a partir daqui serão diretamente penalizadas. Estamos vendo crescer um clima de incerteza justamente quando deveríamos estar atraindo investimento estrangeiro”, afirmou Roriz, em nota.

Ele também defendeu que é preciso cautela na negociação:

SEM GEOPOLÍTICA – “O Brasil não pode se colocar em disputas geopolíticas que não nos dizem respeito. Precisamos focar em abrir mercados, fortalecer nossas cadeias industriais e garantir segurança jurídica e diplomática. Neutralidade e pragmatismo devem orientar nossa atuação internacional”, ponderou.

Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), lembrou que, em junho, o setor registrou um crescimento de 24,5% nas exportações, e que foram justamente os EUA que puxaram o crescimento: para o país, as exportações subiram 40% no período. O anúncio, diz ele, causa “surpresa e preocupação”:

“No primeiro semestre, estávamos, aos poucos, recuperando mercado nos Estados Unidos, apesar de todas as instabilidades. O anúncio do presidente Trump, com novas tarifas a partir do dia 1º de agosto, é um grande balde de água fria para o setor calçadista brasileiro”, lamenta Ferreira, em nota.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Os empresários vão exigir que Lula negocie com Trump a redução das tarifas, porque não há outro caminho. Lula vai se recusar, animado pelo ímpeto nacionalista que despertará nesse início. Os empresários apoiarão o primeiro bolsonarista que passar diante deles e Lula estará acabado, pois há tempos já está de validade vencida. (C.N.)

Tarifas, ameaças e interferência: o Brasil na linha de fogo de Trump

Charge de William Medeiros (Arquivo do Google)

Charge de William Medeiros

Pedro do Coutto

O presidente Donald Trump protagonizou um dos episódios mais tensos das relações diplomáticas entre os Estados Unidos e o Brasil. Em um gesto unilateral, o governo americano anunciou a imposição de tarifas de 50% sobre uma série de produtos brasileiros — como aço, alumínio, café, açúcar e carne — o que deve provocar impacto direto na economia brasileira e nas cadeias globais de comércio.

Mais do que uma decisão econômica, a medida tem um evidente componente político: Trump, que já declarou abertamente apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, usou o anúncio para desferir críticas duras ao Supremo Tribunal Federal e ao governo Lula, acusando-os de promover uma “caça às bruxas” contra seu aliado ideológico.

CARTA – A retórica usada por Trump foi agressiva e impositiva. Em uma carta enviada diretamente ao Palácio do Planalto, o presidente norte-americano exigiu que o governo brasileiro cessasse imediatamente o “comportamento persecutório” contra Bolsonaro, fazendo referência ao julgamento que tramita no STF sobre a tentativa de golpe em janeiro de 2023.

Para analistas internacionais, a linguagem usada por Trump extrapola os limites da diplomacia tradicional, resvalando numa interferência inaceitável nos assuntos internos de outro país. O tom determinante da carta e o gesto de impor tarifas comerciais como forma de pressão revelam uma tentativa clara de condicionar decisões judiciais soberanas a interesses políticos externos.

A resposta do governo brasileiro veio com rapidez. O presidente Lula convocou uma reunião de emergência com ministros da área econômica e da diplomacia e já anunciou que o Brasil deve aplicar medidas de retaliação comercial, com base na Lei de Reciprocidade e nas regras da Organização Mundial do Comércio.

NOTA –  O Itamaraty também divulgou uma nota firme, classificando as declarações de Trump como “ofensivas à soberania brasileira” e alertando para os riscos que essa escalada pode trazer para a estabilidade das relações bilaterais. O mercado reagiu com nervosismo: o dólar subiu, a Bolsa recuou e setores exportadores ligados aos produtos afetados já começaram a reavaliar contratos e projeções de lucro.

Mais do que um conflito comercial, o que se desenha é um embate geopolítico e ideológico. Trump parece decidido a transformar Bolsonaro em símbolo de perseguição política — narrativa semelhante à que ele próprio alimenta nos Estados Unidos ao se apresentar como vítima de um “sistema corrompido”. Ao atacar o STF e criticar abertamente o processo legal em curso no Brasil, o presidente americano tenta deslegitimar instituições democráticas em nome de alianças pessoais e eleitorais.

É uma estratégia já conhecida: criar tensão, alimentar a polarização e mobilizar sua base conservadora com discursos inflamados contra inimigos externos e internos. O problema é que essa tática não se limita ao campo retórico — ela tem efeitos reais e imediatos. O aumento nas tarifas pode causar prejuízos bilionários ao agronegócio e à indústria brasileira, além de pressionar a inflação nos Estados Unidos e desorganizar cadeias de fornecimento internacionais.

RETRAÇÃO –  Setores como o do café e da carne, que têm forte presença no mercado americano, já estimam retração nas exportações. Ao mesmo tempo, consumidores norte-americanos também devem sentir os efeitos com preços mais altos nas prateleiras. Ou seja, trata-se de uma guerra onde todos perdem, mas que interessa a Trump como combustível eleitoral.

A crise que se abre tende a se prolongar. De um lado, o governo brasileiro tem o desafio de defender sua soberania jurídica e econômica sem comprometer relações comerciais fundamentais. De outro, Trump parece determinado a usar o Brasil como palco secundário de sua cruzada ideológica. O embate, ao que tudo indica, está apenas começando — e poderá se tornar um dos capítulos mais delicados da diplomacia latino-americana contemporânea.

Tarifaço não ajuda Bolsonaro nem a busca de superávit comercial dos EUA

A imagem mostra o rosto de um homem com cabelo loiro e pele clara, olhando para o lado. O fundo é composto por uma parede azul e cortinas brancas. A expressão facial do homem é séria e contemplativa.

Medidas tomadas por Trump realmente não têm lógica

Hélio Schwartsman
Folha

Não é de assessoria política, econômica e nem mesmo da ajuda de um profissional de saúde mental que Donald Trump precisa agora. O que ele deveria fazer é convocar com urgência um professor de lógica para auxiliá-lo na Casa Branca, pois suas ações estão mais erráticas do que o habitual.

Se o objetivo do presidente americano é ajudar Jair Bolsonaro, então a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros é uma péssima escolha. É zero a chance de a ameaça tributária aliviar a situação jurídica do capitão reformado no STF.

TUDO ERRADO – No plano político, o tarifaço, caso se concretize, mais prejudicará do que ajudará o candidato da direita no pleito de 2026. E ele bateria forte no coração do bolsonarismo. As barreiras extras seriam ruins para a economia brasileira como um todo, mas péssimas para setores específicos como o agronegócio, onde se concentram apoiadores do golpista impenitente.

Nada disso deveria ser surpresa para Trump, que, desde que assumiu, perdeu mais eleições no exterior do que venceu. Ele foi decisivo para a virada dos trabalhistas no Canadá e na Austrália e foi um cofator para o triunfo de centristas na Groenlândia e na Romênia. Só na Polônia o candidato por ele apoiado se deu bem.

Se a meta real de Trump não é Bolsonaro, mas a agenda econômica da Casa Branca, a sobretarifa também é um tiro no pé. O Brasil é um dos poucos países com os quais os EUA têm superávit comercial. Diminuir o volume de trocas não faz sentido.

COMO REAGIR – Vamos ver como Lula reagirá. O brasileiro foi imprudente quando declarou apoio a Kamala Harris, mas vinha atuando com sabedoria ao manter um low profile desde a posse do americano. Estava dando certo, até agora.

Lula terá de optar entre falar grosso e colher os aplausos da torcida ou entregar as negociações a profissionais do Itamaraty, a fim de tentar reduzir os danos econômicos, obviamente sem ceder na política.

Trump, como se sabe, só é consistente em sua inconsistência. Não tem nenhum problema em se contradizer e voltar atrás em ações e ameaças.

Eufórico, o PT lança campanha antiamericanista com provocações a “falsos patriotas”

A ideia do PT é fortalecer o nacionalismo para eleger Lula

Teo Cury
da CNN

O Partido dos Trabalhadores lança nesta sexta-feira (11) uma campanha, nas redes sociais, com o mote “Defenda o Brasil” em resposta ao anúncio do presidente Donald Trump de cobrar 50% sobre os produtos brasileiros.

A mensagem que o partido pretende passar com a campanha é a de que cabe a todo brasileiro defender o país e descobrir quem é o “falso patriota”. O símbolo da campanha, de acordo com integrantes do partido, é a defesa da bandeira brasileira.

PÓS-TRUMP –  A decisão pela nova iniciativa foi tomada depois de o partido avaliar como tendo sido bem-sucedida a campanha de combate a privilégios e que foi batizada de “BBB”, que propõe a taxação de bilionários, bancos e bets. As duas serão veiculadas ao mesmo tempo nas redes sociais.

A campanha foi idealizada pelo marqueteiro Otávio Antunes após ter sido encomendada pelo partido na noite desta quarta-feira (9), horas após Trump anunciar o aumento da tarifa aos produtos brasileiros.

Em um dos vídeos da campanha, o narrador afirma que “roubaram a bandeira” brasileira, “mentiram” vestindo-a e “traíram com elas nas costas”. As peças dizem ainda que “patriotas batem continência para outra bandeira”, “bajulam Trump” e que há “silêncio covarde de falsos patriotas”.

BANDEIRA/SÍMBOLO – Em outro momento, o narrador do vídeo diz que “bandeira não é adereço, não é figurino de traidor”, mas sim “símbolo de país que trabalha” e que, portanto, “é para ser defendida”. As imagens do vídeo mostram manifestantes utilizando a bandeira do Brasil.

O conteúdo replica vídeos de Jair Bolsonaro (PL) afirmando que bate continência à bandeira dos Estados Unidos enquanto brada “USA, USA” e do governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), de São Paulo, usando o boné com a frase “Make America Great Again” e dizendo “grande dia”.

Cards que serão veiculados a partir desta sexta-feira nas redes sociais trazem imagens do ex-presidente com os dizeres: “A culpa do tarifaço de Trump ao Brasil é dos Bolsonaros”. A campanha prevê ainda bonés de diferentes cores com a frase “O Brasil é soberano” estampada.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Lula, Janja e o petismo estão em euforia. Acreditam (?) que foram salvos por Trump, cujos atos estariam fazendo ressuscitar um forte sentimento nacionalista, de sabor antiamericano e capaz de reverter sua falta de aprovação popular. Sugere-se que usem também lemas como “Ianques, go home”, “In Fidel We Trust”, “Fuck You, Musk” e “Cadê os Viralatas?”
(C.N.)   

Agressão de Trump seria uma chance para a direita se livrar de Bolsonaro?

Tribuna da Internet | O segredo das joias abalou fortemente a posição política de Jair Bolsonaro

Charge do Amarildo (Arquivo Google)

Fabiano Lana
Estadão

Impacto econômico de tarifa dos EUA sobre Brasil pode ser forte, mas limitado no curto prazo. Setores como siderurgia e aviação podem ser mais afetados. A tendência é de que País redirecione produtos para outros países, como a China.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, – e, em certa medida, os governadores Romeu Zema (MG), Ronaldo Caiado (GO) e Ratinho Júnior (PR) – estão às voltas com um dilema político complexo.

NA CORDA BAMBA – Por um lado, precisam do chamado bolsonarismo para viabilizarem suas pretensões presidenciais, o que exige demonstrar, pelo menos publicamente, devoção ao líder. Por outro, se exageram nessa postura, podem perder valiosos votos de centro, necessários para vencer as eleições presidenciais. A entrada do americano Donald Trump na jogada, a sobretaxar produtos brasileiros, torna o cenário mais nebuloso para esse pessoal.

A dubiedade pode ser colocada da seguinte maneira: é preciso, ao mesmo tempo, ser amigo de Jair Bolsonaro e se livrar dele para conseguir ser presidente da República. Mas aí que está.

O lado ser “amigo” de Bolsonaro significa apoiar anistia para “malucos”, estar do lado de vândalos políticos e filhos como Carlos e Eduardo Bolsonaro, e agora, apoiar ações de agressões contra o Brasil vindas dos Estados Unidos.

CULPAM LULA – Tarcísio, Zema e Caiado, aliás, já soltaram notas em que culpam a gestão Lula pela decisão do presidente americano. Ou seja, pretensos liberais apoiando taxas, o que torna o labirinto desses governadores ainda mais sem saída à vista.

No caso de Tarcísio, a dificuldade ainda é maior. Porque ele, como político, é uma criação de Jair Bolsonaro. Precisa andar no fio da espada para não magoar o antigo (e atual?) chefe e virar um traidor.

Zema, quase um desconhecido para o resto do Brasil, tem investido em bizarrices para chegar ao público bolsonarista – entre elas até comer uma banana com casca. Caiado mais acena do que critica Bolsonaro. Ratinho JR corre por fora, mas vem de um estado do sul, o que significa que suas sinalizações estão mais pró do que contra Bolsonaro.

SENTENÇA ARITMÉTICA – O problema pode ser colocado em termos de uma sentença aritmética. Sem os votos de quem apoia Bolsonaro, é impossível a chamada centro-direita vencer a eleição de Lula em 2026. E todos parecem ter receio (ou medo) de buscar votos nesse campo sem o aval do ex-presidente e, provavelmente, futuro condenado por tentativa de golpe de Estado.

Uma saída arriscada seria declarar independência de Bolsonaro. Isolá-lo. Alegar que a família Bolsonaro é nefasta ao País, como comprovaria o caso o Trump – toda a sociedade a pagar por uma tentativa de um líder político se manter poderoso.

ANTIPETISMO – Com certeza, os postulantes do Planalto à direita, mesmo assim, receberiam os votos do antipetismo (bolsonarismo radical incluído).

Com a esquerda votando em Lula, a disputa ficaria circunscrita aos eleitores de centro. O risco, como se sabe, é Bolsonaro, que só pensa em si, lançar um dos seus – filhos ou esposa – como candidato, embolando o jogo. Seria o melhor cenário para a esquerda.

Deixar o bolsonarismo pessoa física fora da eleição seria uma engenharia complexa que garantiria mais chances de vitória – mas um empreendimento que a atual centro-direita ainda não sabe exatamente executar. Enquanto isso, segue nas juras de amor a Jair Messias Bolsonaro.

Quem é pior? O destrambelhado Trump ou nossa desorientada Suprema Corte?

Trump e o sonho americano..." - A Charge do Blogdoeliomar

Charge reproduzida do Blog do Eliomar

Vicente Limongi Netto  

Jair Bolsonaro chamou de “aberração jurídica”, o que a Suprema Corte faz com o couro dele. Já um valente ministro do STF, comodamente no anonimato, considerou “risíveis” as declarações de Donald Trump defendendo Jair Bolsonaro.

É preciso que autoridades tenham cuidado com as palavras. Palavras escritas ficam. As faladas, voam. Algumas vezes, as palavras escritas voltam-se contra seus autores.

Exemplo: muitos ainda julgam Bolsonaro como a aberração em pessoa. Outros tantos afirmam de pés juntos que não há nada mais patético na vida brasileira do que o atual Supremo Tribunal Federal e seus ministros. Até os buracos das ruas sabem disso. E Trump tenta se aproveitar dessa realidade.

QUADRO MEDONHO – Os brasileiros sofrem, humilhados, famílias são destroçadas. todos os dias, vítimas do quadro medonho de tragédias, crimes, assassinados, sequestros, assaltos, roubos, estupros, golpes. É um Deus nos acuda.

Em São Paulo, rapaz ordeiro, trabalhador, negro, voltando para casa, como fazia diariamente, foi assassinado. Morto por um policial militar, que o confundiu com um bandido. Mais um caso horroroso, vira infame e cretina estatística.

No Paraná, jovem foi espancado e assassinado pelos seguranças do mercado, porque fugiu roubando uma barra de chocolate. Onde vamos parar? A violência, a insegurança, a impunidade, a incerteza de não voltar para casa tornaram-se rotinas medonhas e perigosas do povo brasileiro. 

Tarcísio diz que é preciso negociar com Trump, ao invés de tentar derrotá-lo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, durante entrega do primeiro trem da Linha 6-Laranja do metrô

“Todo problema pode ter solução”, recomenda Tarcísio

Sérgio Quintella
O Globo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quinta-feira (10) que o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é prejudicial ao Brasil e defendeu um diálogo.

— O tarifaço é deletério, principalmente para aqueles estados que têm produção industrial de maior valor agregado. A gente precisa sentar na mesa, deixar de lado as questões ideológicas, deixar de lado as questões políticas, deixar de lado o revanchismo, as narrativas e trabalhar.

RUIM PARA TODOS – “Os EUA são o maior investidor estrangeiro direto no Brasil. A gente tem muito a perder e isso não é bom para ninguém, nem para o Brasil, nem para os EUA. É bom lembrar que vários produtos brasileiros são importantes para ealtura”, assinalou Tarcísio.

Durante a entrega do primeiro trem da Linha 6-Laranja do metrô na manhã de quinta-feira em São Paulo, Tarcísio defendeu que é preciso colocar a questão política de lado para resolver a equação e citou o México como exemplo de negociação bem-sucedida.

— Vamos pensar que, recentemente, o México foi sobretaxado em meio a uma questão política envolvida na aplicação da super tarifa, da super taxação e, mesmo sendo o governo de um outro alinhamento, sentaram na mesa, discutiram e chegaram à boa equação.

CRÍTICA A HADDAD – O governador, no entanto, não perdeu a chance de criticar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmando que a economia do país não vai bem.

— Se ele cuidasse da economia, ele estaria indo bem. O Brasil não está indo bem. Cabe a ele falar menos e trabalhar mais.

Sobre os impactos do tarifaço de Trump para São Paulo, Tarcísio considera que são negativos para o Estado.

— O impacto é negativo porque São Paulo é um grande exportador e o maior destino de exportações industriais do Estado de São Paulo são os Estados Unidos. Pega o exemplo de empresas importantes como a Embraer, que fechou grandes contratos agora recentemente. A gente está fazendo a nossa parte, nós já estamos conversando com a embaixada norte-americana, mas o esforço diplomático agora cabe ao Governo Federal. Cabe a ele sentar na mesa, negociar e resolver, apontar um caminho, como a diplomacia brasileira sempre fez ao longo da sua história.

AFASTAMENTO DE LULA – Tarcísio lamentou o afastamento do atual governo da Casa Branca e ressalta que é preciso resolver a questão do tarifaço até agosto, quando a medida entra efetivamente em vigor, segundo divulgado por Trump.

— É lamentável esse afastamento da Casa Branca, porque nós temos interesses que são muito fortes. Agora, há um problema para ser resolvido e a gente tem prazo, nós temos até agosto para resolver.

Tema inicial da carta de Donald Trump ao presidente Lula, o julgamento do ex-presidente Bolsonaro também foi abordado pelo governador paulista, que defendeu um indulto em caso de condenação. “Primeira coisa, eu entendo que o presidente é inocente e vai ser inocentado. E aí não vai ser necessário indulto. E, se for necessário, eu tenho certeza de que qualquer candidato desse bloco de centro-direita vai dar o indulto. Esse indulto vai ser negociado porque deve ser visto como um fator de pacificação”.

Se estivesse no Brasil, Trump poderia ter sido processado e preso, diz Lula

Lula diz que pode acionar a Organização Mundial do Comércio por tarifa imposta por Trump

Lula fala em sobretaxar produtos importados dos EUA

Deu no Estadão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevou o tom das críticas ao presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Nesta quinta-feira, 10, Lula disse que o norte-americano tem que respeitar o Brasil e a Justiça brasileira. E comparou as ações de Trump na época da invasão do Capitólio com o que ocorreu nos ataques de 8 de Janeiro em Brasília.

“Eles têm que respeitar a justiça brasileira como eu respeito a americana. Se o que o Trump fez no Capitólio tivesse feito no Brasil, ele estaria sendo processado como Bolsonaro e arriscado a ser preso porque feriu a democracia e a Constituição”, declarou Lula em entrevista à TV Record.

SOBRETAXAÇÃO – Na quarta-feira, 9, Donald Trump anunciou sobretaxação dos produtos brasileiros em 50% e disse que estava adotando essa medida, em parte, por conta da atuação do Supremo Tribunal Federal do Brasil. O presidente dos EUA divulgou em sua rede social uma carta para Lula. “Achei que a carta era apócrifa”, disse Lula nesta quinta.

O petista afirmou ainda que não vai interferir no Poder Judiciário que é autônomo para tomar suas decisões. “Não me meto no poder Judiciário porque o Judiciário é autônomo. Ele (Trump) não pode ficar dizendo que o Brasil não pode fazer nada com as empresas americanas que não respeitam a legislação brasileira. Aqui respeita”, disse Lula, numa referência às plataformas digitais.

“Quem estabelece as regras no Brasil é o Congresso Nacional e o Judiciário. Nenhuma empresa estrangeira pode vir aqui e ignorar nossas leis. Trump precisa entender isso”, afirmou Lula.

VELHAS RELAÇÕES – O presidente brasileiro lembrou ainda que sempre teve boa relação com ocupantes do chefe do Poder Executivo nos EUA e que o Brasil mantém uma relação de mais de 200 anos.

“Se o presidente Trump conhecesse o Brasil teria mais respeito. Temos relação de mais de 200 anos. Me dei bem com todos os presidentes. Com Clinton, com Bush, com Obama, com Biden”, declarou.

Lula usou sua rede social para reproduzir trecho da TV Recorde e voltou a afirmar que a soberania do País deve ser respeitada. “O povo brasileiro precisa ser respeitado. A justiça brasileira precisa ser respeitada. Somos um País grande, soberano, e de tradições diplomáticas históricas com todos os países. O Brasil vai adotar as medidas necessárias para proteger seu povo e suas empresas”, escreveu.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Há um ditado que diz: “A ignorância é a mãe de todos os males”. Nessa briga com Trump, é justamente isso que está em jogo. A base da disputa é a decisão do ministro Moraes, que descumpriu a lei brasileira (Marco Civil da Internet) para ameaçar, punir e multar empresas americanas. Este é o fato gerador de tudo, e a briga foi crescendo para incluir Bolsonaro e família, com “Fuck You, Musk” e tudo mais. Quanto ao tarifaço, o Brasil tinha sido um dos países menos atingidos, mas Lula foi incapaz de entrar em contato com Trump e lhe explicar que deveria até revogar a decisão, porque conosco os EUA são superavitários no comércio exterior. Agora Lula diz que vai adotar “as medidas necessárias para proteger seu povo e suas empresas”, mas não é capaz de citar nenhuma delas, porque a ignorância é a mãe de todos os males. Aliás, “cadê os vira-latas?” (C.N.)

Supremo acredita que Trump prepara fuga de Bolsonaro para os EUA

Supremo interesse! As consequências da escolha a ser feita por Lula para Ministro do STF. » Mauricio FerroMônica Bergamo
Folha

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) acreditam que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está criando as condições para que Jair Bolsonaro fuja do Brasil para não ser preso.

Magistrados receberam a informação de aliados do próprio Bolsonaro de que ele está em pânico com a possibilidade de parar atrás das grades.

PREPARO DA FUGA – O medo demonstrado pelo ex-presidente, sinalizações de que poderia fugir do país em passado recente e o fato de um de seus filhos, Eduardo Bolsonaro, se definir como “deputado em exílio” nos EUA levam ministros a enxergar nas falas do norte-americano o preparo para a fuga.

A saída seria a concessão de um asilo político a Bolsonaro sob o argumento de que ele sofre perseguição no Brasil. As declarações de Trump, que impôs sobretaxas de 50% ao Brasil citando a suposta perseguição ao ex-presidente, são todas no sentido de caracterizá-lo como um perseguido, em tom dramático.

Três dias antes, ele tinha postado mensagens no mesmo tom em sua rede social: “Eu tenho assistido, assim como o mundo, como eles não fizeram nada além de ir atrás dele, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano! Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”

FUGIR É PRECISO – Em carta a Lula, ele chamou de “vergonha interna” a forma como Bolsonaro é tratado, e disse: “Este julgamento não deveria estar acontecendo” e tem que “acabar IMEDIATAMENTE!”.

Para magistrados do Supremo, Bolsonaro já deu diversas vezes sinais de que, sim, a fuga é uma possibilidade para ele.

O primeiro deles foi a viagem que fez aos Estados Unidos no fim de 2022, depois de um “pressentimento” de que poderia ter algum problema no Brasil, como já admitiu.

Em outro sinal, Bolsonaro dormiu por duas noites na embaixada da Hungria depois de ter o passaporte apreendido. O governo daquele país, de direita, é próximo do ex-presidente.

EM EXÍLIO – Um dos filhos do ex-presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) já se mudou para os EUA, onde vive, segundo sua própria definição, como “deputado em exílio”.

Aliados do ex-presidente afirmaram à coluna que a saída do país não está nos planos dele. “Esse negócio do presidente sair do Brasil tem ZERO chance”, escreveu um deles por mensagem.

Na quarta (9), Trump enviou uma carta a Lula anunciando sobretaxa de 50% a todos os produtos brasileiros vendidos aos EUA.

 

Pacheco chama de “conspirador” quem defende aumento de tarifa de Trump

Rodrigo Pacheco: Frase do dia | VEJA

Pacheco entra na guerra para atacar Eduardo Bolsonaro

Deu na Folha
Painel

O ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), criticou indiretamente nesta quarta-feira (9) o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro ao comentar a imposição de tarifa de 50% pelo presidente americano, Donald Trump, ao Brasil sob argumento de “ataques insidiosos do Brasil às eleições livres”.

“Há um limite para as coisas. Conspirar contra o Brasil no exterior não é direito individual, tampouco político”, disse. “Atuar para que a economia do Brasil seja penalizada com tarifas excessivas é indecente e antipatriótico. O Brasil tem mais de duzentos anos de boa relação diplomática com os EUA e isso deve preponderar sobre a ideologia de grupos políticos. No final, quem sofrerá será o povo pobre do Brasil.”

SEM CITAR – Pacheco não cita nominalmente Eduardo, mas o filho 03 de Jair Bolsonaro se licenciou do mandato na Câmara em março e se mudou para os Estados Unidos com o argumento de defender junto a autoridades americanas sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e contra a gestão Lula.

Ao anunciar a imposição da tarifa, Trump citou Bolsonaro e afirmou que a sobretaxa será imposta, em parte, devido aos “ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Pacheco é advogado. Deveria se posicionar sobre as decisões de Alexandre de Moraes, que não mostra nenhum respeito pelas leis brasileiras. Por que não o faz? (C.N.)

Três momentos que valorizaram o amor, segundo Antonio Cícero

Mina Bem-Estar | Morreu Antonio Cicero aos 79 anos, poeta amado mesmo por quem não ama poesia. Isso porque fazia versos para livros e para canções – muitos... | InstagramO filósofo, escritor, letrista e poeta carioca Antonio Cícero Correa Lima 1945-2224), membro da Academia Brasileira de Letras, fez um poema romântico, em que descreve três momentos que levaram a um grande amor, que terminou, mas ele insistia em recomeçar .

TRÊS
Antonio Cícero

Um
Foi grande o meu amor
não sei o que deu
quem inventou fui eu
fiz de você o sol
da noite primordial
e o mundo fora nós
se resumia a tédio e pó
quando em você
tudo se complicou

Dois
Se você quer amar
não basta um só amor
não sei como explicar
um só é sempre demais
pra seres como nós
sujeitos a jogar
as fichas todas de uma vez
sem temer naufragar
não há lugar para lamúrias
essas não caem bem
não há lugar para calúnias
mas por que não
nos reinventar

Três
Eu quero tudo que há
O mundo e seu amor
Não quero ter que optar
Quero poder partir
Quero poder ficar
Poder fantasiar
Sem nexo e em qualquer lugar
Com o seu sexo
Junto ao mar

Emendas parlamentares, seus privilégios e a urgência de fiscalização

Charge do Baggi (instagram.com/falabobaggi)

Pedro do Coutto

O recente escândalo envolvendo o deputado federal Júnior Mano, acusado de destinar emendas parlamentares para a cidade onde sua esposa exerce o cargo de prefeita, expõe mais uma fissura crônica na estrutura orçamentária e política brasileira. Trata-se de um episódio simbólico — e não isolado — de um sistema que permite o redirecionamento de recursos públicos com finalidade eleitoral, muitas vezes passando ao largo da transparência e da moralidade administrativa.

As chamadas emendas impositivas, instituídas pela Emenda Constitucional nº 86/2015, foram pensadas para garantir aos parlamentares a capacidade de indicar diretamente a aplicação de parcelas do orçamento da União, sob o manto da descentralização e da representatividade. Na prática, no entanto, têm se tornado terreno fértil para o clientelismo, o favorecimento pessoal e, como no caso de Júnior Mano, o conflito de interesses. O orçamento público, nesse contexto, transforma-se em moeda política, barganhada por apoio e reeleição.

REGRA – Reportagens investigativas de veículos como Folha de S.Paulo, O Globo e Agência Pública têm demonstrado que essa prática, longe de ser exceção, é regra silenciosa no jogo político nacional. Parlamentares articulam o repasse de verbas para municípios aliados — ou administrados por seus familiares — e, muitas vezes, escolhem as empresas que executarão as obras com base em vínculos obscuros, quando não escandalosamente evidentes.

A questão central é: quem fiscaliza esse circuito orçamentário? A Controladoria-Geral da União (CGU), o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal têm atuado, mas com recursos e quadros limitados frente ao volume de emendas e à complexidade de rastrear a efetiva execução das obras. Em muitos casos, os projetos não saem do papel ou são superfaturados, e a prestação de contas se perde em burocracias lenientes ou coniventes.

O modelo das emendas impositivas, sem um controle institucional eficiente, cria uma simbiose perigosa entre orçamento público e projeto de poder. O dinheiro que deveria ser destinado à saúde, educação, infraestrutura e desenvolvimento regional, muitas vezes é desviado para alimentar redutos eleitorais e relações promíscuas com empreiteiras. É a perpetuação de um ciclo vicioso: recursos públicos que financiam campanhas disfarçadas de obras públicas.

FICALIZAÇÃO – Não se trata de criticar o instrumento das emendas parlamentares — elas podem, sim, ser um importante mecanismo de descentralização e democratização dos investimentos federais. Mas é preciso apertar os parafusos da fiscalização. Um sistema automatizado e transparente, como propõem especialistas da Transparência Internacional, combinado com auditorias frequentes do TCU e ações proativas do Ministério Público, pode reduzir drasticamente o desvio de finalidade.

Enquanto não houver rigor na apuração e punição exemplar dos envolvidos, escândalos como o de Júnior Mano continuarão surgindo — e se multiplicando. O Parlamento, que deveria ser a casa da representação popular, corre o risco de se tornar apenas o balcão de negócios das elites políticas locais. E o cidadão, como sempre, paga a conta.

A crise ética que corrói o uso das emendas parlamentares não é apenas uma questão técnica de gestão orçamentária — é, sobretudo, uma questão moral e democrática. Ou o Brasil enfrenta com seriedade essa distorção, ou continuará sendo vítima do velho hábito nacional de transformar o público em privado sob o pretexto da legalidade.

É apressado dizer que Lula pode ganhar eleitores devido às ameaças de Trump

Barroso e Lula logo combinaram como “enfrentar” Trump

Carlos Newton

Com todo respeito a quem pensa o contrário, é muito precipitado proclamar que a candidatura do petista Lula da Silva será fortalecida às custas do aumento de tarifas e das ameaças feitas pelo presidente Donald Trump em sua estranha correspondência pessoal e direta, que desmoraliza a diplomacia.

É claro que a atitude do governante americano foi precipitada e intempestiva, mas devemos reconhecer que acabou provocada pelo próprio Lula, de forma repetitiva e insultuosa, ao criticar seguidamente Trump nas reuniões do Mercosul e do Brics.

MERCOSUL E BRICS – Certamente, Trump e seu governo não têm preocupação com o Mercosul, um bloco comercial pequeno e em decadência, especialmente devido aos desentendimentos de Lula com o ditador venezuelano Nicolás Maduro e com o novo presidente argentino Javier Milei.

Mesmo assim, Trump não gostou nada ao ser ridicularizado por Lula de maneira nada diplomática. Mas o pior viria a seguir, na importantíssima reunião dos Brics, já com representação do Irã, seu novo membro.

Como presidente da mesa e gestor do encontro, Lula deitou e rolou nas críticas a Trump, certamente julgando (?) estar se fortalecendo para a conquista do Nobel, sua atual obsessão.

CARTA-BOMBA – Nessa conjuntura, a carta presidencial de Trump estourou como uma bomba nesta quarta-feira, porque o Brasil sempre se posicionou como terceira via na política internacional, com eventuais divergências aqui e ali, o que é comum na diplomacia.

Assim, é apressado dizer que Lula pode acabar se beneficiando com o fortalecimento do nacionalismo e da aversão dos brasileiros aos Estados Unidos.

Na verdade, Trump fez uma grande jogada, porque se baseia na fragilização da democracia no Brasil, devido ao promíscuo relacionamento entre governo e Supremo e às decisões fora da lei adotadas pelo ministro Alexandre de Moraes, com apoio e louvor da quase totalidade dos ministros.

IMPOR CENSURA – O Congresso americano tende a apoiar a posição de Trump, devido aos limites que Moraes coloca à liberdade de expressão, tentando impor sanções a empresas americanas que jamais desobedeceram à legislação brasileira do Marco Civil da Internet. Isso é inaceitável em qualquer país democrático, porque significa impor censura nacional e internacional.

Da mesma forma, são inaceitáveis as outras impropriedades jurídicas e políticas de Moraes, que chega ao ponto de julgar um presidente da República apenas numa Turma do Supremo, decisão estranhíssima, inexplicável, mas aprovada pelos ministros.

A médio e longo prazos, tudo isso será estudado e debatido aqui e nos Estados Unidos, onde o Congresso já conhece bem o perfil de Moraes. E o tão falado favorecimento eleitoral a Lula pode ser demolido com facilidade.

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P.S. –
Já ia esquecendo. O conluio de Supremo e Planalto está tão claro e transparente que nesta quarta-feira uma das primeiras atitudes de Lula foi telefonar para o presidente do Supremo e combinar uma linha comum de defesa contra Trump. Aliás, Lula e Barroso poderiam aproveitar para cantar “Evidências” (José Augusto e Paulo Sérgio Valle), porque hoje o que não falta são evidências quanto aos dois. (C.N.)

Lula manda “devolver” carta de Trump, após Itamaraty confirmar a veracidade

Continuamos acreditando no diálogo', afirma diplomata brasileira sobre  situação na Venezuela

Embaixadora Escorel confirmou que a carta é verdadeira

Deu no UOL

O governo Luiz Inácio Lula da Silva avisou na noite desta quarta-feira, dia 9, que devolverá a carta por meio da qual o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comunicou a imposição unilateral de tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil.

Nesta noite, o encarregado de negócios Gabriel Escobar, chefe da embaixada dos Estados Unidos em Brasília, foi convocado pela segunda vez no dia a comparecer ao Itamaraty. Ele é a principal autoridade do governo americano no País desde janeiro, quando a ex-embaixadora Elisabeth Bagley voltou aos EUA. Trump nunca indicou seu novo representante.

COMUNICAÇÃO – A embaixadora Maria Luisa Escorel, secretária de Europa e América do Norte, comunicou a Escobar que o presidente não receberia a carta, divulgada informalmente por Trump na rede Truth Social.

A diplomata quis saber do encarregado se a carta era autêntica, e o encarregado confirmou que sim, relatam fontes familiarizadas com a conversa. Isso ocorreu pelo método considerado “pouco ortodoxo” na diplomacia de publicar o documento antes que chegasse ao destinatário

A embaixadora Escorel afirmou que a carta era “ofensiva” e apontou que havia “afirmações inverídicas” sobre o País e “erros factuais” a respeito da relação comercial bilateral. Trump citou um déficit na balança, quando na verdade os EUA têm superávit com o Brasil.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Mais Piadas do Ano! Entre as “afirmações inverídicas” e os “erros factuais de Trump, o Itamaraty só conseguiu encontrar um, quando ele menciona o “déficit” que na verdade é “superávit” americano. De qualquer maneira, o governo brasileiro devolver a carta que o mundo inteiro já leu é como a piada do matuto que se aborreceu com o motorista do ônibus e, para sacaneá-lo, comprou passagem de ida e volta, foi e não voltou, para que a poltrona ficasse vazia, dando prejuízo ao ônibus… (C.N.)

Ameaças de Trump podem prejudicar a direita e favorecer Lula em 2026

Crise diplomática? Lula responde Trump

Tratamento que Trump dá a Lula é simplesmente burrice

William Waack

O ataque do presidente americano ao Brasil não tem paralelos históricos. Trata-se sobretudo de uma agressão política, cujos termos são por definição inegociáveis. Trump age com a prepotência de quem, de fato, escolheu dividir o mundo em esferas onde os fortões fazem o que querem, e os fracos — como o Brasil — que se virem.

A última vez em que um presidente americano agiu contra o Brasil por questões políticas ocorreu sob Jimmy Carter a meados da década de setenta. As semelhanças são remotas dada a brutalidade — e a irracionalidade ideológica — exibida por Trump neste momento.

DOIS MOTIVOS – Naquela época dois fatores haviam se combinado: a pressão contra a ditadura militar brasileira por conta de violações de direitos humanos e o acordo nuclear que o Brasil assinara com a Alemanha, que incluía a transferência de tecnologia sensitiva.

O presidente era o general Ernesto Geisel, que reagiu cancelando um acordo de cooperação militar com os EUA. O Brasil acabou fazendo um programa nuclear paralelo e a democratização liquidou a questão dos direitos humanos.

Do ponto de vista exclusivamente comercial e geopolítico o tratamento que Trump dá ao Brasil é simplesmente burrice. Mas é um extraordinário nível de mediocridade estratégica, ignorância histórica e posturas prejudiciais aos próprios interesses da superpotência que Trump vem exibindo desde que assumiu. Em nome de um eleitorado que aplaude o populista que está diminuindo em vez de aumentar a liderança e capacidade de ação americana.

ALGO A NEGOCIAR – Os danos comerciais ao Brasil são consideráveis, mas em situações semelhantes de imposição de tarifas Trump demonstrou a falta de consistência habitual — é algo que pode ser eventualmente “negociado”. O problema muito mais grave é político e terá impacto também no contexto eleitoral doméstico brasileiro.

Como aconteceu em países como Canadá, Austrália, México e, até certo ponto Alemanha, a interferência política de Trump nos assuntos de cada um produziu os resultados contrários.

Ou seja, Trump desmoralizou, enfraqueceu e tirou potencial eleitoral das forças políticas que quis “proteger”. No caso brasileiro, o clã Bolsonaro e todo agente político que aderiu ao fã clube de Trump.

ILUSÃO INFANTILÓIDE – É claro que esse é um problema do capitão e sua ilusão infantilóide de que um prepotente como Trump possa livrá-lo da cadeia — onde provavelmente mais e não menos gente vai querer vê-lo agora. Bem mais complicada é a situação do governo brasileiro que, ao contrário do exemplo da esquerdista que preside o México, não soube criar qualquer canal direto com a Casa Branca.

O Brasil é uma potência menor, com escassa capacidade de retaliação que não nos torne ainda mais vulneráveis, sobretudo em relação a insumos. É grande a tentação de pular para um lado no confronto geopolítico, mas um pouco de inteligência estratégica indica que os Trumps acabam indo embora, e a profundidade dos laços entre Brasil e Estados Unidos permanecem. Mas o mais provável é que ninguém vai enxergar esse horizonte nos próximos dias.