Nem Trump tem direito de se meter no Brasil, nem Lula na Argentina…

Lula responde Trump após defesa a BolsonaroEliane Cantanhêde
Estadão

Quem atira a primeira pedra? Se o presidente dos EUA, Donald Trump, está errado – e está – ao chamar os processos contra Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal de “perseguição” e “caça às bruxas”, o que dizer do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que visitou Cristina Kirchner e tirou foto com o cartaz “Cristina libre” em plena Buenos Aires?

Trump, que se sente imperador dos EUA e age como dono do mundo, ficou mal humorado com a reunião do Brics no Rio de Janeiro e ameaçou impor tarefas adicionais a países que se alinharem com o bloco, que tem China, Rússia e agora Irã. De quebra, se meteu também com a Justiça brasileira, ao defender Bolsonaro e dizer que ele, o ex-presidente, só queria o bem do povo brasileiro (?). Julgou, absolveu e anunciou sua sentença ao mundo.

LULA REAGIU – O STF – onde o principal alvo de trumpistas e bolsonaristas é Alexandre de Moraes — ficou calado, não reagiu, mas Lula pegou em armas e disparou pelas redes que “o Brasil tem soberania” e “não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja”.

Tem toda razão, mas deixou uma dúvida: e se Javier Milei respondesse no mesmo tom à visita, ao cartaz e à decisão de Lula que, como Trump, julgou, absolveu e anunciou sua sentença ao mundo ou, ao menos, à América Latina?

Os dois ex-presidentes fazem oposição aos atuais mandatários, a diferença está nos processos pelos quais Bolsonaro pode ser condenado e Cristina Kirchner, presa em casa, de tornozeleira eletrônica, já foi. Ela sucumbiu diante de uma enxurrada de provas de corrupção, o que remete aos dissabores do próprio Lula com a Lava Jato.

AUTODEFESA – Já Bolsonaro foi indiciado pela PF e denunciado pela PGR, também por uma enxurrada de provas, mas por tramar um golpe de Estado para evitar a posse do presidente eleito, inclusive com prisão ou até a morte de Lula, o que remete a Trump atiçando criminosos a invadirem o Capitólio após a derrota contra José Biden.

Ao defenderem Kirchner e Bolsonaro, Lula e Trump estariam se autodefendendo?

Nem Trump tem o direito de se meter em assuntos internos do Brasil, nem Lula nos da Argentina. São posições voluntariosas, arrogantes, contrárias a regras internacionais básicas e à política de boa convivência entre países. E no pior momento.

O mundo está de pernas para o ar, com guerras, conflitos e autocratas por toda parte e Trump brincando de embaralhar o comércio e desprezar a civilidade, dentro e fora dos EUA, sob a impotência de ONU, OMC e do multilateralismo que os EUA construíram e agora se empenham em destruir.

Será que Trump não tem mais o que fazer e o que se preocupar do que com a prestação de contas à Justiça de um presidente derrotado ao tentar a reeleição no Brasil? E Lula, não estaria melhor e sendo mais útil trabalhando pelo equilíbrio fiscal, uma relação produtiva com o Congresso e a aprovação de projetos de interesse nacional, do que confraternizando com uma condenada por corrupção, em outro país?

Fluminense jogou muito para disputar com os europeus a Copa do Mundo

A imagem mostra uma cena de celebração de uma equipe de futebol após uma vitória. Vários jogadores e membros da comissão técnica estão em um campo, alguns levantando os braços e expressando alegria. Um jogador em destaque, usando a camisa número 14, está no centro da imagem, gritando e fazendo gestos de comemoração. O fundo mostra um estádio com torcedores.

O time exibiuu uma grande garra nesta Copa do Mundo

Juca Kfouri
Folha

Dos quatro brasileiros que começaram a Copa do Mundo de Clubes, o Fluminense é o sobrevivente para disputar com o Chelsea a semifinal. Era o menos cotado, patinho feio, o de menor investimento etc e tal.

Jogou muito contra o Al Hilal para vencer por 2 a 1 depois de sair na frente, sofrer o empate e buscar a vitória.

COM A CABEÇA – Até fazer 1 a 0 com Martinelli o Flu jogou mais com a cabeça do que com os pés.

Cauteloso, ficou com a bola para evitar ser contra atacado pelo time saudita que tentava atraí-lo para explorar a velocidade dos brasileiros Malcom e Marcos Leonardo, além do poderio pelo alto do zagueiro senegalês Koulibaly.

Ao tomar o empate, pareceu fraquejar, esteve próximo de levar a virada, mas se equilibrou e quis a estrela de Renato Gaúcho que Hércules, substituto do amarelado Martinelli, fizesse o 2 a 1 depois de roubar a bola na intermediária saudita, recebê-la de volta, invadir a área e fazer o golaço.

CHEGANDO LÁ – Faltam dois jogos e o Chelsea não é o maior dos obstáculos, embora também seja favorito como foram o Borussia Dortmund e o Al Hilal.

A finalíssima sim, contra quem quer que seja parece intransponível, mas, francamente, respondam a rara leitora e o raro leitor se depois de escalar a montanha e quase chegar ao topo alguém dirá que o cume é inalcançável?

Campeão da Taça Rio em 1952, oxalá o Flu siga vitorioso até o fim e possa proclamar, finalmente com verdade, que também é campeão mundial, até hoje privilégio da metade dos 12 maiores clubes do país: Corinthians, Flamengo, Grêmio, Inter, Santos e São Paulo.

Lula teve uma reação infantil ao responder a artigo da “The Economist”

Dois homens brancos de terno diante de um painel azul. Um deles, de barba e cabelo grisalho, acena com o braço esquerdo

Lula pediu ao Chanceler que respondesse às críticas 

Elio Gaspari
O Globo

Lula 3.0 reagiu a um artigo da revista The Economist com uma carta do chanceler Mauro Vieira falando bem de Lula, na qual afirmou que sua “autoridade moral” é “indiscutível”. Indiscutível não é, tanto que a revista discutiu-a.

Cartas desse tipo são coisas de jecas e quase sempre são sopradas pelo Palácio do Planalto, afagando o ego dos presidentes. (Uma seleta das cartas de chanceleres e embaixadores brasileiros defendendo a ditadura fazem vergonha ao Itamaraty.)

ERA PIOR – A reação epistolar mostra que Lula 3.0 acalmou-se em relação ao Lula 1.0. Em 2004 ele reagiu a um artigo do correspondente do The New York Times, Larry Rohter, cancelando seu visto de permanência no Brasil. Salvou-o do vexame o ministro Márcio Thomaz Bastos, que estava na Suíça e apagou o incêndio ao retornar a Brasília.

Enquanto o Brasil procura um caminho para controlar a circulação de notícias falsas nas redes, um curioso listou a relação de Pindorama com a propagação de fake news.

O Brasil fica na América, continente batizado por um cartógrafo alemão em homenagem ao Américo Vespúcio. Como se sabe, quem primeiro chegou ao Novo Mundo foi Cristovão Colombo, em 1492. Vespúcio só passou por aqui nove anos depois.

MUITO CRIATIVO – Enquanto Colombo acreditava que tinha chegado à Índia, Vespúcio percebeu a massa continental da América do Sul.

Esbaldou-se com a narrativa de suas passagens pela chamada Terra dos Papagaios, a partir de 1501. Descreveu a costa do Brasil em cartas que viraram um livro, o “Mundus Novus”, traduzido em pelo menos sete idiomas com cerca de 60 edições. Inventou (ou alguém inventou em seu nome) que viu leões, ursos e gigantes. Disse que por aqui as pessoas viviam até 150 anos.

Naquele paraíso terrestre do navegador florentino, os nativos “não fazem nenhuma troca ou comércio para comprar ou vender, bastando-lhes o que a natureza oferece: desprezam ouro, pedras preciosas, joias que na Europa consideramos riquezas”.

TRUMP SAI DE CENA – No início de junho, de caso pensado ou não, o presidente americano Donald Trump pôs sua marca na diplomacia internacional. Abruptamente, ele deixou a reunião dos chefes de Estado do G7, no Canadá, e voltou para Washington, onde precisava cuidar da vida.

O G7 reúne os Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Japão e a União Europeia. Suas reuniões ecoam as conferências de Yalta e Potsdam, de 1945, quando os Três Grandes —Franklin Roosevelt (EUA), Winston Churchill (Inglaterra) e Stalin (União Soviética)— redesenharam o mapa da Europa.

Passou o tempo, os Três são sete e as reuniões de chefes de Estado viraram arroz de festa, dando aos governantes agendas irrelevantes, jantares e fotografias.

IRRELEVÂNCIAS – Pior: aqui e ali realizam-se reuniões da cúpula disso ou daquilo. Na semana passada reuniram-se em Buenos Aires os chefes de Estado do Mercosul. Mal ela terminou, começou no Rio a reunião de cúpula dos Brics.

Deveria reunir os chefes de Estado de 28 países, entre os quais estariam a China, Rússia, Egito, México e Turquia. Os governantes desses países e mais uns dez anunciaram que não viriam à reunião. Como Trump, têm mais o que fazer.

O teatrinho das reuniões de cúpula pode estar saindo da moda.

Estudo exibe facetas desconhecidas da violência por armas nos EUA

Ilustração de Anette Schwartsman (Folha)

Hélio Schwartsman
Folha

Para a esquerda, o crime é resultado de disparidades econômicas. Para a direita, é uma questão moral. Gente ruim, as famosas maçãs podres, é que se mete em comportamentos antissociais.

Não é que as duas visões estejam totalmente erradas. Determinantes sociais estão na origem de parte da criminalidade e psicopatas são uma realidade. Mas ambas explicam pouco. E explicam particularmente pouco do tipo de crime que mais nos incomoda, que são os assassinatos.

ARMAS DE FOGO – Em “Unforgiving Places” (lugares implacáveis), Jens Ludwig (Universidade de Chicago) se propõe a explicar o fenômeno dos homicídios por armas de fogo nos EUA. Com base em dados e alguns experimentos naturais, Ludwig mostra que assassinatos são um tipo particular de crime que não responde muito a estratégias de dissuasão racional, como o clássico aumento de penas.

É que apenas 20% dos homicídios nos EUA têm motivação econômica. São as disputas entre quadrilhas e latrocínios. Os outros 80% são conflitos interpessoais que vão escalando até que alguém puxe a arma e a dispare. É por isso que há muito mais assassinatos no verão, quando há mais gente interagindo nas ruas, do que no inverno (especialmente na gélida Chicago).

COMO REDUZIR? – E o que podemos fazer para reduzir as mortes? Um experimento natural de Chicago traz pistas interessantes. Great Grand Crossing e South Shore são dois bairros demograficamente muito semelhantes, com as mesmas leis e servidos pela mesma polícia, mas o primeiro ostenta taxas de homicídio bem maiores que o segundo. O que explica a diferença?

Coisas triviais, como a disposição do transporte urbano, a presença de comerciantes e agentes de segurança privada e outros elementos que criem o efeito olhos da comunidade, isto é, que façam com que pessoas que estão nas imediações esfriem as disputas interpessoais antes que elas se tornem uma briga fatal. Em geral, são dez minutos entre o desentendimento e o tiro.

Em muitos casos, as soluções têm mais a ver com urbanismo que com aumento de penas.

Quando ninguém esperava mais, Trump sai em defesa de Bolsonaro, e Lula reage

Vaquinha para pagar passeio de submarino para Bolsonaro supera arrecadação da vaquinha oficial

Bolsonaro vibra com o apoio e a disposição de Trump

Carlos Newton

Nas redes sociais, o presidente americano Donald Trump afirmou nesta segunda-feira estar acompanhando o que classificou como uma “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro no Brasil e defendeu que “o julgamento dele deve ser nas urnas”.

Trump referia-se ao fato de o ex-presidente brasileiro já ter sido declarado inelegível em duas decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e atualmente responder a processos no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposto envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado.

GRANDE SURPRESA – Ninguém acreditava mais que Eduardo Bolsonaro conseguisse uma declaração de Trump sobre a política brasileira. Assim, a iniciativa de Trump foi uma grande surpresa na rede Truth Social.

Para Trump, o Brasil está fazendo uma “coisa terrível” no tratamento dado a Bolsonaro e afirmou que ele, “assim como o mundo”, está acompanhando “como eles (o STF) não fizeram nada além de ir atrás dele (Bolsonaro), dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano!”.

Em resposta, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que recebeu “com muita alegria” a manifestação de apoio do político americano, que disse estar acompanhando a “caça às bruxas” contra Bolsonaro e declarou que o julgamento do ex-presidente brasileiro “deve ser nas urnas”.

COMPARAÇÃO – Exultante, Bolsonaro comparou sua situação jurídica à enfrentada por Trump nas eleições americanas de 2020, quando o republicano perdeu para Joe Biden e, posteriormente, alegou fraude na votação — exatamente igual a Bolsonaro, que contestou o resultado das eleições presidenciais de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva.

Agora, o ex-presidente chega a chamar o processo sobre a tentativa de golpe, no qual é réu no STF, de “aberração jurídica”.

“Este processo ao qual respondo é uma aberração jurídica (lawfare), clara perseguição política, já percebida por todos de bom senso”, disse Bolsonaro. “Agradeço ao ilustre presidente e amigo. Vossa excelência passou por algo semelhante. Foi implacavelmente perseguido, mas venceu, para o bem dos Estados Unidos e de dezenas de outros países verdadeiramente democráticos”, destacou.

LULA PROTESTA – Conforme divulgado pelo Correio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu à manifestação de Trump.

Por meio de nota oficial, distribuída à imprensa, o o presidente afirmou que “a defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros”.

“Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo os que atentam contra a liberdade e o Estado de Direito”, completou.

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P.S.Agora ficou mais provável que o governo e o Congresso dos Estados Unidos determinem sanções contra o ministro Alexandre de Moraes e outros membros do Supremo. Vamos aguardar. (C.N.)

Um comovente texto de Sarney lembra a presença eterna de d. Kiola

O nascer da memória – A Página do Sarney

Dona Kiola ia ao palácio abençoar seu filho

Vicente Limongi Netto

Belo e carinhoso artigo do ex-presidente e acadêmico José Sarney, homenageando a mãe dele, dona Kiola, que dia 4 de julho completaria 114 anos de idade. O texto saiu no Correio Brasiliense. Sarney recorda os traços marcantes da mãe. Para ele, “santa de altar”, que representava “devoção e segurança”.

Mãe é a semente divina germinando vidas. Minha mãe, Alcy, estaria completando 109 anos. Como dona Kiola, a professora Alcy, nascida em Coari, interior do Amazonas, tinha o dom de cativar todos em sua volta. Kiola e Alcy alimentavam esperanças e otimismo. Eram mulheres simples, lúcidas, respeitadas, dignas, amadas e fortes.

Sarney conclui o fervoroso artigo, emocionado, enfatizando sua devoção eterna a dona Kiola: “Esta é a história de amor de um menino de 95 anos que não tem mais seu tesouro, e uma saudade que não passa permanece em seu coração, em sua alma, em sua vida”.

O fantasma de Trump continuará pairando sobre os países do Brics

A imagem mostra um grupo de líderes de diferentes países em frente a grandes letras brancas formando a palavra 'BRICS', com a inscrição 'Brasil 2025' na parte inferior. Os líderes estão de mãos dadas, sorrindo, e ao fundo é possível ver um cenário com montanhas e barcos em um corpo d'água. O ambiente é ensolarado e parece ser um evento oficial.

Tarifas de Trump são criticadas e Lula articula Sul Global

Eliane Cantanhêde
Estadão

Segundo o presidente Lula, ao lado do trumpista Javier Milei, na Cúpula do Mercosul, “a Ásia (não os EUA…) é o centro dinâmico da economia mundial”. Foi uma senha para o que está em jogo numa cúpula muito mais poderosa, a dos Brics, que começa neste domingo no Rio de Janeiro e reúne oito países asiáticos, a começar da China e da Rússia e, para piorar, o Irã, o que empurra o foco da reunião para o “outro lado”, Estados Unidos e Israel. Com o presidente de Cuba, Miguel Diaz Canel, presente…

As questões temáticas são razoavelmente consensuais: valor monetário dos dados da IA, “saúde dos pobres” (problema comum a todos) e responsabilidade dos países ricos sobre a sustentabilidade ambiental dos não tanto.

SEMPRE TRUMP – Até nelas, porém, o alvo continua sendo Donald Trump que, por exemplo, suspendeu recursos para a saúde dos próprios americanos, asfixiou a USAID, braço dos EUA para ajuda humanitária, e rompeu com o Acordo de Paris. De quebra, reativou todas as sanções contra Cuba.

A ausência de Xi Jinping e Vladimir Putin (que entrou por vídeo) tem dois lados. Se esvazia o peso da Cúpula – e da foto -, alivia a tensão no grupo e a pressão sobre Brasil e Lula.

O Brics criticou a invasão de Israel e dos EUA no Irã, que agora quer mais: uma condenação contundente, com citação explícita aos dois países, o que não convém nem aos interesses do bloco, nem aos de cada país. Um documento final assim teria consequências graves e duradouras

MALA ANTISSEMITA – O chanceler iraniano, Abbas Araghchi, chegou ao Rio trazendo na mala a velha negação do Estado de Israel, renovada com os ataques de Netanyahu e depois de Trump a suas usinas de enriquecimento de urânio.

Mas, do outro lado, Índia, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita não querem confusão com os EUA. O Brasil está no grupo que atua para equilibrar – e amenizar – uma posição final.

Lula também receberá em Brasília, em visitas separadas, Narendra Modi, da Índia, e Prabowo Subianto, da Indonésia.

PAÍSES IMPORTANTES – A Índia passou a China como maior população mundial, quase 2,5 bilhões de habitantes, e a Indonésia tem 280 milhões.

A Índia é top em tecnologia, na área farmacêutica e em medicamentos genéricos e a Indonésia, com poderosas florestas tropicais e o foco nas energias renováveis, deve ter destaque na COP 30.

Além de driblar as pressões do Irã e calibrar o tom contra EUA e Israel, o desafio foi Lula deixar de lado os improvisos e ler os textos dos profissionais. Quem banca a política externa é o presidente, mas quem entende do recado é a diplomacia. Ainda mais num momento delicado – e explosivo – dentro e fora do Brasil.

Machado de Assis despediu-se de sua amada dedicando-lhe um soneto

Brazil Imperial - Machado de Assis e o Brasil Império Joaquim Maria Machado  de Assis nasceu no dia 21 de Junho de 1839 no morro do livramento, Rio de  Janeiro, filho do

Machado exaltava seu amor por Carolina

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, crítico literário, dramaturgo, folhetinista, romancista, contista, cronista e poeta carioca Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) é amplamente considerado como o maior nome da literatura nacional. O poeta escreveu “A Carolina”, este belíssimo soneto sobre o amor.

A CAROLINA
Machado de Assis

Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.

Trago-te flores, restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.

Veja como Lula é corrupto e fez questão de corromper os próprios filhos

STF pede que caso do Instituto Lula retorne à fase de alegações finais |  Jovem Pan

O petista usava o Instituto Lula para corromper a família

Deu no Estado de Minas

O Ministério Público Federal rastreou a entrada e a saída dos recursos do Instituto Lula e da LILS Palestras, ligadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e revelou que a entidade e a empresa pagaram, entre 2011 e 2014, R$ 1.763.206,59 a empresas dos filhos do petista. Lula é alvo da Operação Aletheia, o ápice da Lava Jato.

O ex-presidente foi conduzido coercitivamente – quando o investigado é levado para depor e liberado – e falou por mais de três horas em uma unidade da Polícia Federal, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

LULA CORRUPTO – Em documento de 89 páginas, a investigação da força-tarefa da Lava Jato detalhou as finanças do Instituto Lula e da LILS Palestras.

Para a Procuradoria, “há evidências de que o ex-presidente Lula recebeu valores oriundos do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento tríplex e de um sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens por transportadora. Também são apurados pagamentos ao ex-presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a título de supostas doações e palestras.

“Sociedades empresárias ligadas a pessoas próximas do ex-presidente da República e a pessoas que ocuparam cargos/funções de destaque no Poder Executivo federal na época em que Lula governava o País foram destinatárias de recursos recebidos pelo Instituto Luiz Inácio Lula da Silva”, apontaram 11 procuradores que subscreveram o documento.

FILHOS DE LULA -“Destaque-se que a entidade que mais recebeu recursos foi a G4 Entretenimento e Tecnologia Digital LTDA. (R$ 1.349.446,54 entre 2012 e 2014), empresa de que são sócios Fabio Luís Lula da Silva, filho de Lula, Fernando Bittar e Kalil Bittar. Outra empresa que recebeu recursos foi a FlexBR Tecnologia LTDA., que tem o mesmo endereço da G4, e cujos sócios são Marcos Claudio Lula da Silva, filho de Lula, Sandro Luís Lula da Silva, filho de Lula, e Marlene Araujo Lula da Silva, nora de Lula. A FlexBR também recebeu R$ 72.621,20 da L.I.L.S. Palestras, Eventos e Publicações, entre 2013 e 2014”, relata a força-tarefa.

O documento aponta ainda que Luís Claudio Lula da Silva, também filho do ex-presidente, recebeu entre 2011 e 2013, R$ 227.138,85 da LILS Palestras, Eventos e Publicações LTDS.

A FlexBR Tecnologia, informou a Procuradoria ao juiz federal Sérgio Moro, recebeu R$ 114 mil do Instituto Lula em 2014. A empresa tem como atividade empresarial “consultoria em tecnologia da informação”.

SEM EMPREGADOS – “Destaque-se o fato de que no período de 2009 a 2014 a empresa não registrou funcionário algum. Registre-se, também, que, no sistema do Ministério da Fazenda, consta como endereço da FLEXBR Rua Padre João Manoel, nº 450, andar 3, Cerqueira Cesar, São Paulo/SP. Trata-se do mesmo endereço da empresa G4”, apontou o Ministério Público Federal.

A Procuradoria informou que a G4 Entretenimento, que recebeu R$ 1.349.446,54 do Instituto Lula, entre 2012 e 2014, tem como atividade empresarial “suporte técnico, manutenção e outros serviços em tecnologia da informação”.

“De longe, dentre os destinatários dos recursos da entidade, é a empresa que mais recebeu recursos. Como parâmetro, repisando que se trata de análise dos dados ora disponíveis, a G4 recebeu em 2014 mais que todas as demais empresas destinatárias de valores do instituto e, entre 2011 e 2014, recebeu mais recursos que as cinco empresas que mais receberam da entidade após a própria G4”, sustentam os procuradores.

CADÊ OS EMPREGADOS? – Os procuradores afirmam que entre 2009 a 2014 a G4 teve “modesto quadro de empregados”: em 2009, zero empregados; em 2010, zero empregados; em 2011, um empregado; em 2012, três empregados; em 2013, oito empregados; e em 2014, seis empregados.

“Relevante indicar que, entre 2013 e 2014, quando teve uma redução no quadro de empregados, os recebimentos da G4 vindos do instituto saltaram de R$ 263.489,54 para R$ 1.067.657,0041”, destaca o documento.

A investigação apura “pagamentos vultosos” feitos por construtoras beneficiadas no esquema Petrobras em favor do Instituto Lula e da LILS Palestras. Entre 2011 e 2014, os maiores doadores do Instituto Lula são os mesmos maiores contratantes de palestras junto à LILS: Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS e Andrade Gutierrez, todas envolvidas nas investigações da Operação Lava Jato.

AS EMPREITEIRAS – “Entre 2011 e 2014, o Instituto Luiz Inácio Lula da Silva recebeu R$ 34.940.522,15. Desse montante, R$ 20,74 milhões, ou seja, cerca de 60%, foram oriundos das construtoras Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS e Andrade Gutierrez, todas envolvidas nas investigações levadas a cabo na Operação Lava Jato”, aponta a Procuradoria.

“Entre 2011 e 2014, a L.I.L.S. Palestras, Eventos e Publicações LTDA. recebeu R$ 21.080.216,67. Desse montante, R$ 9.920.898,56, ou seja, cerca de 47%, foram oriundos das construtoras Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS e Andrade Gutierrez, todas envolvidas nas investigações levadas a cabo na Operação Lava Jato.”

No período, destaca a força-tarefa, juntos, o Instituto Lula e a LILS receberam mais de R$ 55 milhões, sendo mais de R$ 30 milhões de empreiteiras investigadas na Lava Jato.

“Entre 2011 e 2014, a L.I.L.S. Palestras, Eventos e Publicações LTDA distribuiu ao sócio Lula, a título de lucro, R$ 7.589.936,14, ou seja, 36% do total auferido pela entidade no período (destacando-se que a maior retirada, de R$ 5.670.270,72 aconteceu em 2014, ano da deflagração da fase ostensiva da Operação Lava Jato).”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Sensacional matéria, de 2016, enviada por Armanda Gama. Mostra que não somente Lula é um descarado corrupto, como também corrompeu os próprios filhos. E ainda quer ganhar o Nobel da Paz. Tragam o balde grande, por gentileza. (C.N.)

O Globo, 100 Anos de História e o papel insubstituível da Imprensa no Brasil

O Globo celebrou 100 anos com resgate de sua história

Pedro do Coutto

No domingo em que completou um século de existência, o jornal O Globo foi celebrado em uma edição especial que não apenas enalteceu sua trajetória, mas também reforçou a importância histórica e contemporânea da imprensa para a vida democrática do país. Em um tempo de transformações vertiginosas no modo de produzir e consumir informação, alcançar 100 anos de circulação ininterrupta é, por si só, um feito monumental. Mais que isso: é a prova de que o jornalismo, mesmo desafiado pelas novas tecnologias, continua sendo um pilar da cidadania e da memória nacional.

Fundado em julho de 1925 por Irineu Marinho — e conduzido desde então por seus sucessores na família Marinho — O Globo esteve presente nos grandes episódios que marcaram o Brasil no século XX e neste início do XXI. Desde o Estado Novo de Getúlio Vargas até o regime militar de 1964, passando pela redemocratização, os planos econômicos, as manifestações populares e as recentes disputas eleitorais polarizadas, o jornal exerceu, com maior ou menor intensidade crítica, a função de espelho e ator da história brasileira.

OLHA CRÍTICO – É impossível, no entanto, celebrar o centenário sem olhar criticamente para o papel que o jornal desempenhou em momentos controversos. Em 2013, por exemplo, O Globo publicou um editorial histórico reconhecendo que o apoio editorial dado ao golpe de 1964 foi um erro. “Em 1964, O Globo apoiou o movimento que derrubou o presidente João Goulart. Em retrospecto, esse apoio foi um equívoco”, escreveu o jornal, em um gesto raro de autocrítica na grande imprensa brasileira. A admissão não apaga os erros, mas sinaliza a capacidade de revisão e amadurecimento — algo essencial no jornalismo que se pretende ético e comprometido com os fatos.

Ao longo de sua história, O Globo também foi espaço para vozes plurais. De colunistas consagrados a repórteres investigativos, o jornal contribuiu para colocar sob análise os fatos da vida pública e dar visibilidade a questões fundamentais para a sociedade. Temas como desigualdade social, crise climática, violência urbana, direitos humanos e corrupção ganharam destaque em suas páginas, influenciando a formação da opinião pública e pressionando instituições.

ATAQUES – Não por acaso, a imprensa profissional — da qual O Globo é um dos protagonistas — continua sendo alvo de ataques de setores que se incomodam com a crítica, a checagem de fatos e a fiscalização do poder. Em tempos de desinformação viralizada por redes sociais e algoritmos, o jornalismo sério, com apuração rigorosa e compromisso público, torna-se ainda mais essencial.

O jornal da família Marinho, com todas as contradições que sua história carrega, representa também a resistência em defesa da liberdade de expressão, da consciência crítica e da diversidade de ideias.

Assim, ao completar 100 anos, O Globo não celebra apenas a si mesmo, mas reafirma a relevância da imprensa como guardiã da memória e ferramenta de transformação social. É um marco que merece não apenas parabéns, mas também reflexão sobre o futuro do jornalismo no Brasil.

Valdemar Costa Neto diz que só Michelle, além de Bolsonaro, venceria Lula

PF devolve passaporte e bens de Valdemar Costa Neto

Costa Neto faz malabarismos para fortalecer seu partido

Manoela Carlucci e Yasmin Silvestre
da CNN

O presidente nacional do PL (Partido Liberal), Valdemar Costa Neto, afirma que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro seria a única, além de seu marido e ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), candidatura capaz de vencer um eventual segundo turno contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2026.

O político deu a declaração em evento do PL Mulher em Guarulhos, na Grande São Paulo. Valdemar também elogiou o desempenho de Michelle nas pesquisas. “E, para nossa surpresa, ela, depois do Bolsonaro, é a única que bate o Lula no segundo turno. Em todas as pesquisas que nós fizemos, todas”, disse.

BEM COLOCADA – Apesar não ter confirmado se concorrerá à Presidência da República no ano que vem, Michelle aparece bem colocada nas pesquisas eleitorais.

Michelle ligou a líder do PL pedindo que evitem contato com Bolsonaro

Na pesquisa recente divulgada pelo Paraná Pesquisas, em 26 c estados e no Distrito Federal, a ex-primeira-dama, seu marido Jair Bolsonaro e o presidente Lula apresentaram empate técnico em eventuais cenários de primeiro turno nas eleições de 2026.

APOIO A BOLSONARO – Mesmo elogiando Michelle, Valdemar não descarta a candidatura do ex-presidente para as próximas eleições. Hoje, Bolsonaro está inelegível por duas decisões do Tribunal Superior Eleitoral.

Em março deste ano, por decisão dos ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro também se tornou réu por tentativa de golpe de Estado.

“Quero deixar bem claro para vocês uma coisa: o nosso candidato a presidente vai ser o Jair Bolsonaro, não tenham dúvida disso”, afirmou o presidente do PL.

INJUSTIÇA – Na leitura de Valdemar, a inelegibilidade de Bolsonaro é uma “injustiça”. O ex-presidente foi punido por, segundo o TSE, abusar de poder político e usar indevidamente os meios de comunicação.

“Se acontecer uma injustiça no Brasil e o impedirem, quem escolhe o candidato não é o partido, é o presidente Bolsonaro, porque ele é que tem os votos”, disse Valdemar.

O líder da sigla também criticou Lula, afirmando que os petistas já “perderam” as eleições de 2026. “O Lula, para crescer, precisa melhorar. Eles precisam mudar tudo no governo. Tudo vai mal. Então, o que eu acho é o seguinte: eles não vão conseguir essa vitória contra nós. A eleição do ano que vem, na minha opinião, o PT já perdeu. Como nós perdemos a outra, eles já perderam esta”, disse Valdemar.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Valdemar Costa Neto, um dos grandes espertalhões da política brasileira, luta desesperadamente para continuar a ter o maior partido do país, com as maiores verbas, incluindo a superdotação do Fundo Eleitoral, de dois em dois anos. Sabe muito bem que Bolsonaro não será candidato em nenhuma hipótese, mas tenta manter no ar a pipa da candidatura dele, que nem mesmo a anistia poderia garantir. (C.N.)

Documentário expõe Malafaia como “pastor de palanque” e “mau profeta”

Apocalipse nos Trópicos • Cinema com Crítica

Lula também aparece no filme, “pedindo” votos aos fiéis

Bernardo Mello Franco
O Globo

Silas Malafaia não gostou de “Apocalipse nos trópicos”, o novo documentário de Petra Costa. Convidado para uma sessão especial na quinta-feira, o pastor saiu aos berros da sala de cinema. Deve ter se irritado com a própria performance diante das câmeras.

O filme mostra como o crescimento dos evangélicos e a ascensão de pastores fundamentalistas influenciaram a política brasileira na última década. Personagem desses tempos estranhos, Malafaia não se constrange em usar o nome de Deus para direcionar o voto dos fiéis.

TRAJETÓRIA – O pastor pulou de galho em galho em sua peregrinação palanqueira. Apoiou Lula, José Serra e Aécio Neves até firmar aliança com Jair Bolsonaro às vésperas da eleição de 2018. Dois dias depois da vitória, o capitão marchou até a igreja de Malafaia, onde foi recebido com o coro de “Mito!”.

“Deus escolheu as coisas fracas para confundir as fortes. Deus escolheu as coisas vis, de pouco valor, as desprezíveis, que podem ser descartadas, as que não são, que ninguém dá importância, para confundir as que são, para que nenhuma carne se glorie diante dele. É por isso que Deus te escolheu”, disse o pastor, dirigindo-se ao presidente eleito.

COISAS LOUCAS – Ao fim da cena, a diretora repete o que foi dito no púlpito. “Deus escolheu as coisas loucas, fracas, vis e desprezíveis”, sublinha. “Usando esses versos bíblicos, Malafaia inaugura um novo tipo de líder para o Brasil”, arremata, numa síntese do que o país viveria nos anos seguintes.

O documentário retrata o jogo bruto do pastor para defender seus interesses terrenos. Quando Bolsonaro indicou André Mendonça ao Supremo, ele ameaçou fazer campanha contra senadores que resistiam a aprovar o ministro “terrivelmente evangélico”.

Quando outros pastores se aproximaram de Lula em 2022, ele ameaçou demonizar um a um nas redes sociais. “Aqui a gente destrói os caras”, disse, exibindo o celular. “Não vem, que a gente arrebenta eles”, prometeu.

SADISMO  – Em outra cena reveladora, Malafaia despeja ira sobre um motoqueiro que ousou mudar de faixa diante do seu carro. Depois avisa, sem esconder o sadismo, que seus seguranças dariam um “susto” no rapaz. Os amigos de Bolsonaro em Rio das Pedras ficariam orgulhosos.

O pastor é um caso de sucesso da teologia da prosperidade. Transformou uma pequena igreja no subúrbio do Rio num império milionário de empresas e templos, não necessariamente nesta ordem. Vaidoso, ele se deixou filmar ao volante de uma BMW blindada e a bordo de um jatinho batizado de “Favor de Deus”.

Malafaia sabe multiplicar o dízimo, mas emerge de “Apocalipse nos trópicos” como um mau profeta.

PREVISÃO ERRADA – Antes da eleição de 2022, ele assegurou que Lula seria batido nas urnas. “Sabe por quê? Ele tá ferrado no mundo evangélico. Não vai dar para ele, não”, vaticinou, em entrevista para o documentário.

Após a derrota do capitão, o pastor passou a incitar abertamente o golpe.

“O senhor tem poder de convocar as Forças Armadas para botar ordem”, bradou, em vídeo dirigido a Bolsonaro. Curiosamente, Malafaia não foi incluído na denúncia da Procuradoria-Geral da República contra militares e civis que tramaram contra a democracia.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGMalafaia não gostou do documentário porque não é ele que anda atrás dos políticos. Na verdade, são os políticos que procuram os líderes evangélicos, para mendigar votos. (C.N.)

No Fluminense, o goleiro Fábio mostra que devia ser lembrado por Ancelotti

Fábio, goleiro do Fluminense

Um goleiro que desafia o tempo e acumula recordes

Vicente Limongi Netto

O goleiro Fábio do Fluminense, 43 anos de idade, contrato renovado, profissional e cidadão com trajetória marcante e cativante, não é de hoje que precisava entrar no radar dos comandantes da seleção brasileira. O que Fábio está pegando, defesas difíceis, algumas quase impossíveis, merece, faz tempo, ser lembrado pelo treinador Carlo Ancelotti.

Fábio é atleta perfeito. Creio que não existe no futebol mundial outro goleiro com a qualidade do Fábio. Não convoca-lo para a seleção brasileira é um crime de lesa Pátria. Amargura a bola e entristece o torcedor. Nessa linha, enfatizo e saliento que o gênio eterno, o cerebral Gerson, Canhotinha de Ouro, também é amplamente favorável a entrada de Fábio no radar de Ancelotti. 

GÊMEOS – Com as devidas proporções, méritos e qualidades, o técnico espanhol do fabuloso PSG, Luis Henrique, é o Renato Gaúcho do futebol europeu. Profissionais impecáveis e exemplares.

Ex-jogadores que sabem lidar com os atletas. Cativam a alma e o coração de seus craques. Elevam a autoestima deles. Luis Henrique e Renato Gaúcho explodem na hora certa. Não complicam. Não desperdiçam adrenalina.

Quanto à reta final, cada jogador do Real Madrid ganhará 1 milhão de euros se conquistar o título da Copa. Tá na hora do Vini Jr devolver meu cartão Visa que pediu emprestado.

Putin discursa no Brics ao vivo, mas o Brasil não transmite a fala do russo

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou em declaração na cúpula dos líderes do Brics, que a era da globalização liberal está obsoleta

Putin afirmou que a era da globalização liberal já acabou

Felipe Frazão
Estadão

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, discursou remotamente na Cúpula do Brics, no Rio, ao vivo de Moscou, por meio de vídeoconferência. Ele também acompanhou remotamente outras falas. Porém, o governo brasileiro decidiu não transmitir ao vivo publicamente a fala de Putin e dos demais chefes de Estado, de governo e de delegações presentes ao Rio para o Brics.

Coube ao Kremlin divulgar o discurso de Putin, que falou no Rio por uma retribuição ao discurso de Lula, também por vídeo, no ano passado. O petista deixou de viajar à Rússia por restrição médica, após ter sofrido uma queda no Palácio da Alvorada.

IGUAL AO G-20 – A decisão do governo foi de restringir o acesso às falas apenas às delegações, repetindo o que ocorreu no G-20, em novembro passado. Esse agrupamento, porém, tem muito mais rivalidades e divergências do que o Brics.

Putin desistiu de vir ao Rio pelo risco de ser preso, como requer o Tribunal Penal Internacional, que o acusa de crime de guerra na Ucrânia. O Kremlin informou que o governo brasileiro não deu garantias de segurança a ele e reconheceu que o mandado de prisão era um impeditivo.

Na prática, apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já ter dito até publicamente que Putin não seria preso no País em visita oficial, a decisão poderia ser de um juiz federal de primeira instância.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGPrender Putin em viagem oficial ao Brasil seria bizarro e grotesco. Enquanto isso, Netanyahu, que também é criminoso de guerra, bate pernas pelo mundo, impunemente. 

Pregar holocausto dos palestinos dá até audiência na TV de Israel

Palestinos são levados à prisão por soldados israelenses

Muniz Sodré
Folha

Negação ativa é o que ocorre quando diante de um fato claro e simples, uma evidência, o sujeito finge que não vê, para aplacar a consciência. É um mecanismo de defesa, individual ou coletivo, em geral por cinismo ou perturbação mental profunda. Aplica-se bem à indiferença generalizada a uma postagem do famoso produtor de televisão israelense Elad Barashi: “Não consigo entender as pessoas aqui no Estado de Israel que não querem encher Gaza com chuveiros de gás… ou vagões de trem… e acabar com essa história! Que haja um Holocausto em Gaza!” (5/5/2025).

“O horror, o horror”, balbuciaria o atormentado Kurtz de “Coração das Trevas” (Joseph Conrad). Mas houve reação da mídia internacional à gravidade dessa linguagem. Embora muitos cidadãos israelenses reajam a isso, os círculos oficiais não criticaram os comentários de Barashi, que pertence à TV Canal 14, porta-voz de ultradireita do premier Netanyahu. Entre nós, o destaque ao fato deveu-se apenas à forte voz semanal da jornalista Dorrit Harazim.

NEGAÇÃO PÚBLICA – Tão grave quanto naturalizar o horror é a negação ativa por parte de vozes públicas. Disso não está isenta a grande imprensa, focada na “objetividade” da contagem dos mortos na represália da máquina de morte de Netanyahu ao pogrom terrorista do Hamas.

Entre nós, um paralelo chocante é a espetacularização jornalística da Marcha para Jesus, em que o governador e o prefeito de São Paulo desfilaram enrolados nas bandeiras de Israel. Aos leigos em religião, muitos, cabem dúvidas sobre a pertinência desse estandarte no evento.

O judaísmo não cultua Jesus, e deve ter havido confusão entre israelenses e os hebreus das Escrituras. Mesmo esses não tinham Jesus nem bandeira, muito menos aquela que a polícia remove à força dos bairros da zona norte do Rio agrupados por traficantes como Complexo de Israel, onde matadores formam o Bonde de Jesus.

RETÓRICA GENOCIDA – Não se trata da mesma divindade venerável da Hebreia. A menos que as identificações remontem às passagens do Velho Testamento, em que o combativo Davi, divina escolha para governar a nação de Israel e Judá, se mostrava crudelíssimo para com os inimigos, filisteus ou amalequitas, quase todos exterminados, mulheres, crianças até o gado. Nesse caso, a inflexibilidade bíblica explica a retórica genocida de Barashi:

“Gaza merece a morte. Os 2,6 milhões de terroristas em Gaza merecem a morte! Homens, mulheres e crianças, de todas as formas possíveis (…) Sem medo, sem hesitação, simplesmente espatifar, erradicar, massacrar, demolir, desmoronar, esmagar, estilhaçar”. Edward Said, o grande intelectual da causa palestina, se espantaria: ele reconhecia e abominava a Shoah, o holocausto dos judeus.

PASSA AO LARGO – Esse terror passa ao largo do pacifismo da marcha. Mas por que marchar, perguntaria o leigo, se Jesus caminhava a passos crísticos com seus seguidores?

Sem resposta cívico-militar: o argumento impositivo seriam os 590 milhões injetados no comércio pelo evento, na mesma semana do aumento das isenções tributárias às igrejas.

Algo contraposto ao Evangelho (Lucas, 6:13), de que não se pode servir ao mesmo tempo a Deus e a Mamon (demônio bíblico das finanças). Disso não sabe ou esqueceu o governador em sua retórica teocrática. Aliás, também esqueceu em casa o boné de Trump.

Guerra de Milei é cultural e exibe a inviabilidade do socialismo na Argentina

Se, para viver de arte, você precisa de subsídio do Estado, você não é um artista, você é um funcionário público.” - Javier Milei | ☀️ MAURICIO CONTI 🌴Ricardo Dias de Sousa
Observador de Portugal

A Oficina da Liberdade, em parceria com o grupo LeYa, promove o lançamento de um livro sobre Javier Milei da autoria do professor Phillip Bagus, que é prefaciado para a edição em Portugal pelo próprio Presidente da República Argentina. É um livro que recomendo vivamente porque o fenómeno é mal compreendido em Portugal, em grande parte por desconhecimento do que aconteceu na Argentina no último quarto de século.

O pano de fundo é a Argentina, um dos poucos casos da História contemporânea de um país que foi desenvolvido, um dos mais ricos do mundo há pouco mais de um século, que caiu na indigência. Como Milei bem explicou, a causa dessa queda foi ter abraçado as políticas do Socialismo.

ATAQUES DA ESQUERDA – Só por esse motivo, por ter apontado corretamente o motivo do fracasso da Argentina, Milei começou atacado pela esquerda um pouco por todos os lados.

Existe uma certa ironia nisso. Toda a gente sabe que o Socialismo fracassou, até a esquerda. De tal forma que muito poucos se afirmam socialistas em público e os políticos do quadrante evitam a palavra.

Preferem substituí-la por eufemismos como “progressista”, ou “de esquerda” quando se referem à sua ideologia, ou chamar “justiça social”, “políticas igualitárias” ou “defesa das minorias” às políticas socialistas que continuam a implementar.

FORA DO AR – Com a excepção de Portugal e Espanha onde continuam a controlar grande parte do aparelho estatal, a palavra “Socialista” desapareceu das siglas dos partidos do ramo.

Mas quando Milei diz algo óbvio, que o Socialismo destruiu a sociedade e a economia argentina, é logo apelidado de fascista, como se isso não tivesse acontecido na URSS, na Coreia do Norte ou em Cuba.

Ironicamente, o único país socialista que vai revelando algum êxito (em grande parte por ter abandonado o Socialismo versão maoísta) é a China. País que raramente a esquerda progressista utiliza como exemplo a seguir. Mas o Socialismo não morreu, simplesmente mudou de pele como as serpentes.

ERRO INTELECTUAL – Na feliz expressão de Hayek, o Socialismo é um erro intelectual pelo que, na medida em que esse erro continue a ser cometido, o Socialismo continuará a prosperar. Especialmente quando esse erro passa despercebido.

Um dos grandes triunfos da Economia, enquanto ciência, foi desmascarar a pretensão de que o Socialismo era o caminho para uma sociedade mais próspera. Houve um tempo, que a esquerda atual prefere ignorar, em que os socialistas acreditavam que as economias socialistas, com o seu planeamento central e propriedade pública dos meios de produção iam ser mais prósperas que as outras.

A famosa frase de Nikita Kruschev ao Ocidente – “vamos enterrar-vos” – fazia referência a essa crença que, num futuro próximo (duas décadas), a URSS iria ultrapassar os Estados Unidos em riqueza material.

JUSTIÇA SOCIAL – Os socialistas atuais são mais cautos, prometem uma riqueza materialista sim, mas não material. A riqueza está na construção de uma sociedade mais justa, mais solidária, mais inclusiva, um discurso que só apela a quem dá por garantido o acesso a bens e serviços em quantidade e qualidade.

No entanto a ciência económica também está em crise. Esse é um tema que daria para uma tese e não cabe num artigo de jornal. Mas é suficiente com dizer que, na ânsia de abraçar os métodos das ciências exatas, a Economia sacrificou a Teoria à Prática sendo que, sem Teoria, a Prática dificilmente terá utilidade.

Concretamente, para poder medir os fenómenos que tratam, os economistas reduzem a complexidade qualitativa dos conceitos a grandezas quantitativas que possam medir.

VERSÕES DO PIB – Por exemplo, crescimento económico passa a ser produção nacional, e produção nacional aquilo que o PIB mede. Obviamente que não há nenhum economista que não saiba que isto é apenas aproximadamente correto.

Mas na hora de tentar prever o futuro (que é, no fundo, o motivo pelo qual os economistas se focam em imitar a metodologia das ciências exatas – prever com rigor), nenhum economista tenta prever o crescimento económico, mas sim o valor do PIB que depois é utilizado como sinónimo de crescimento económico.

Entenda-se que, do ponto de vista económico, dificilmente se vai encontrar um indicador que quantifique melhor essa realidade para o consenso da profissão, mas isto leva a situações caricatas, como a de políticos tentarem manipular o valor do PIB para as que as regiões que governam apresentem pequenas variações positivas neste indicador de ano para ano e assim presumir de êxito económico nas suas políticas.

REFORMAS REGRESSIVAS – Fruto desta forma de pensar, muitos economistas insuspeitos de socialismo apostaram que as reformas que Milei queria implementar na Argentina iriam provocar uma grande depressão no país porque eram “regressivas” – leia-se – iriam fazer contrair o PIB (que, acreditavam, entraria numa espiral deflacionária devido a algo que aprenderam de Keynes e que nunca fez muito sentido).

É o tal temor a “políticas de austeridade” que fez que muitas economias europeias tivessem perdido a oportunidade de reverter rapidamente a crise económica há década e meia, mesmo aquelas governadas à direita teoricamente insuspeitas de socialismo, porque a tal austeridade consistiu não em reduzir o gasto, mas em reduzir o ritmo do crescimento.

Aumento esse que, mesmo sendo menor que o originalmente projetado, foi financiado através do aumento da dívida pública, dos impostos e finalmente da inflação, que é o imposto sobre a insolvência do Estado e é geralmente pago pelos mais desfavorecidos.

REDUÇÃO DO PIB – Como seria de esperar, a tal esquerda progressista celebrou com júbilo os primeiros dados de redução do PIB para afirmar alto e a bom som que as políticas económicas “ultradireitistas” de Milei estavam a fracassar.

Foi este temor, o temor de ver o PIB reduzir, o que impediu uma reforma profunda na Europa depois da crise de 2008. Mas Milei, armado com um sólido conhecimento de Economia, sabia que essa contração era inevitável.

Se o parasita que provoca esse aumento no PIB não for alimentado, esses recursos ficam disponíveis para que a economia produza aqueles bens e serviços que têm valor e, o que é melhor, crie as condições para um crescimento aritmético ou mesmo exponencial futuro, coisa que o desvio de recursos constante do parasitismo estatal impede.

CRESCIMENTO SÓLIDO – É por isso que, a partir de meados de 2024 a economia argentina passou a registar, não crescimentos do PIB raquíticos da ordem dos 1,5%, mas crescimento do PIB real de 5,8%, indiciando que o crescimento económico real seja maior.

Curiosamente, quando os dados positivos começaram a ser publicados, o PIB argentino deixou de ser utilizado como argumento que espelhava a política económica do Milei. O mesmo sucedeu com a redução do indicador de pobreza de 52% para 31%.

Os argentinos ainda têm um longo caminho a percorrer, com muitos altos e baixos, antes de voltarem a ser uma economia desenvolvida. E não existe nenhuma garantia de que tal venha a suceder se voltarem a escolher o Socialismo. Mas enquanto o silêncio dos detratores de Milei persistir, sabemos que os argentinos estão no bom caminho. 

(Artigo enviado por Duarte Bertolini)

Lula critica “genocídio” em Gaza e “uso da fome” como arma de guerra.

Em reunião extraordinária do Brics, Lula volta a cobrar reforma no Conselho  de Segurança da ONU – CartaCapital

Lula voltou a pedir a reforma do Conselho de Segurança

Célia Froufe, Laís Adriana e Daniela Amorim
Broadcast

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a criação de um Estado palestino dentro dos limites criados em 1967 para garantir o fim do conflito na Faixa de Gaza, em seu discurso de abertura da Cúpula do Brics, que ocorre no Rio. A sessão de abertura tem como tema “Paz e Segurança e Reforma da Governança Global”.

O presidente disse que “nada justifica as ações terroristas cometidas pelo Hamas, mas que não é possível permanecer indiferente ao genocídio praticado por Israel em Gaza” com a “matança indiscriminada de civis inocentes e o uso da fome como arma de guerra”.

OUTROS CONFLITOS – Lula mencionou outros conflitos globais, destacando que o governo brasileiro condenou os atentados na Caxemira – que ampliaram temporariamente tensões entre Índia e Paquistão. O presidente frisou que as violações de integridade territorial dificultam esforços de não-proliferação de armas atômicas.

Sem mencionar diretamente os Estados Unidos, Lula acusou ações sem amparo no direito internacional de aumentar a tendência de repetir de forma mais grave o “fracasso” das operações no Afeganistão, no Iraque, na Líbia e na Síria. “Suas consequências para a estabilidade do Oriente Médio e Norte da África, em especial no Sahel, foram desastrosas e até hoje são sentidas”, disse.

DEFESA DO IRÃ – Novo membro do Brics, o Irã foi recentemente atacado por forças americanas em uma ação para destruir seu programa nuclear e exigiu a menção de repúdio à escalada de tensões no Oriente Médio no comunicado final do bloco.

“O governo brasileiro denunciou as violações à integridade territorial do Irã, como já havia feito no caso da Ucrânia. É urgente que as partes envolvidas na guerra na Ucrânia aprofundem o diálogo direto com vistas a um cessar-fogo e paz duradoura”, acrescentou, sem mencionar a Rússia.

Lula acusou ainda a comunidade internacional de ignorar “gravíssimas crises em outras partes do mundo” e quem, para isso, o Grupo de Amigos da Paz – liderado por Brasil e China – procura identificar caminhos para o fim das hostilidades com a participação do Sul Global.

CONSELHO DE SEGURANÇA – Lula pediu novamente a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). O presidente defendeu que é necessário “transformar completamente” o conselho para torná-lo mais legítimo, representativo, eficaz e democrático ao incluir novos membros permanentes da Ásia, África, América Latina e Caribe.

Lula alegou que o vazio de crises globais não-solucionadas criou um “terreno fértil” para o terrorismo e que “a ideologia do ódio não pode ser associada a nenhuma religião ou nacionalidade” em específico.

Contudo, o presidente reconheceu que “nem tudo foi um fracasso” nas oito décadas de funcionamento das Nações Unidas, classificando a organização como “central” para o processo de descolonização, promoção da paz, estabilidade e mediação de conflitos.

“Gilmarpalooza”! Câmara paga despesas de 30 dos 44 deputados que quiseram ir 

Charge 25/06/2024

Charge do Marco Jacobsen (Arquivo Google)

Weslley Galzo
Estadão

O ‘Gilmarpalooza’, apelido dado ao Fórum de Lisboa organizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, levou 44 deputados em missão oficial de Brasília para a capital de Portugal nesta semana.

Dentre os parlamentares, 30 solicitaram que a viagem fosse com “ônus” à Câmara. Ou seja, a Casa vai arcar com todas as despesas, como hospedagem, deslocamento e custos adicionais. (veja ao final do texto a lista de deputados custeados pela Câmara). A lista foi divulgada pela própria Câmara a partir de um pedido de Lei de Acesso à Informação feito pelo Estadão. Procurada, a direção da Casa não quis se manifestar.

NOTAS FISCAIS – Os deputados que pediram o ressarcimento das despesas serão reembolsados após a apresentação das notas ficais. Por isso, ainda não é possível estimar quanto o deslocamento em massa de parlamentares a Lisboa custou aos cofres públicos.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), está entre os deputados que solicitaram o reembolso dos valores. Na lista dos viajantes, também figuram seis parlamentares que são parte em processos no STF: Arthur Lira (PP-AL), Elmar Nascimento (União Brasil-BA), Luís Tibé (Avante-MG), Paulinho da Força (Solidariedade-SP), Rodrigo Gambale (Podemos-SP), Baleia Rossi (MDB-SP).

Como mostrou o Estadão, o Senado vai custear a ida de seis senadores ao evento. O afastamento de parlamentares do País precisa ser comunicado às Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, a quem cabe autorizar a ida dos solicitantes.

HÁ DUAS MANEIRAS – Os deputados e senadores podem optar por duas formas de deixar o País: em missão oficial, representando a Casa da qual faz parte, ou apenas como participantes em determinado evento, o que também exige comunicação ao comando do órgão.

Os parlamentares ainda podem escolher se desejam deixar o País com ou sem ônus à instituição da qual fazem parte — ou seja, se querem ser reembolsados por todos os gastos existentes na viagem ou não.

O ‘Gilmarpalooza desloca anualmente o poder político de Brasília para a capital de Portugal. O evento é realizado na Universidade de Lisboa e versa sobre diversos temas, desde direito a mudanças tecnológicas, mas são as atividades paralelas e fora do escopo acadêmico que mobilizam parte dos participantes.

PALCO DE LOBISMO – Além da classe política e da cúpula do Judiciário, o evento reúne ministros e empresários de grandes companhias, advogados dos escritórios mais renomados do País e acadêmicos.

A união desses diferentes grupos, mas que podem partilhar interesses em comum, torna as festas, os almoços, os passeios e os jantares organizados paralelamente ao evento atrações à parte e altamente concorridas.

Na edição deste ano, a Associação Latino-americana de Internet (ALAI), que representa as big techs, ofereceu um almoço a participantes seletos do Fórum e o BTG Pactual preparou um novo happy hour.

EM MISSÃO OFICIAL – Deputados que solicitaram missão oficial com ônus para a Câmara: 1. Adail Filho (Republicanos-AM), 2. Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), 3. Alex Manente (Cidadania-SP), 4. Aliel Machado (PV-PR), 5. Amom Mandel (Cidadania-AM), 6. ArthurLira (PP-AL), 7. Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), 8. Baleia Rossi (MDB-SP), 9. Dani Cunha (União-RJ), 10.Domingos Neto (PSD-CE), 11.Doutor Luizinho (PP-RJ), 12.Eduardo da Fonte (PP-PE), 13.Elcione Barbalho (MDB-PA), 14.Elmar Nascimento (União-BA), 15.Felipe Carreras (PSB-PE), 16.Felipe Francischini (União-PR), 17.Gilvan Maximo (Republicanos-DF), 18.Hugo Motta (Republicanos-PB).

E mais: 19.Julio Arcoverde (PP-PI), 20.Lafayette de Andrada (Republicanos-MG), 21.Luciano Vieira (Republicanos-RJ), 22.Luís Tibé (Avante-MG), 23.Lula da Fonte (PP-PE), 24.Mersinho Lucena (PP-PB), 25.Newton Cardoso Jr (MDB-MG), 26.Odair Cunha (PT-MG), 27.Orlando Silva (PCdoB-SP), 28.Paulinho da Força (Solidariedade-SP), 29.Pedro Paulo (PSD-RJ) e 30.Robinson Faria (PL-RN).

POR CONTA PRÓPRIA – Deputados que solicitaram autorização de missão oficial sem ônus adicionais: 1. Camila Jara (PT-MS), 2. Carlos Sampaio (PSD-SP), 3. Cezinha de Madureira (PSD-SP), 4. Cleber Verde (MDB-MA). 5. David Soares (União-SP), 6. Isnaldo Bulhões Jr (MDB-AL), 7. Marangoni (União-SP), 8. Marcos Soares (União-RJ), 9. Marcos Pereira (Republicanos-SP), 10.Maurício Neves (Podemos-PB), 11.Rodrigo Gambale (Podemos-SP), 12.Romero Rodrigues (Podemos-PB), 13.Soraya Santos (PL-RJ) e 14.Tabata Amaral (PSB-SP).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
E ainda se dizem representantes do povo… Sem maiores comentários, apenas tragam o balde grande. (C.N.)

Lêdo Ivo ensina a deixar poeticamente tudo para trás

Homenagem a Lêdo Ivo – Educação Emocional e Terapia por meio de contosO jornalista, cronista, romancista, contista, ensaísta e poeta alagoano Lêdo Ivo (1924-2012) aconselha (queime tudo o que puder) no poema “A Queimada”, pois a verdade não é para ser dita, ela é o eterno segredo.

A QUEIMADA
Lêdo Ivo

Queime tudo o que puder:
as cartas de amor
as contas telefônicas
o rol de roupas sujas
as escrituras e certidões
as inconfidências dos confrades ressentidos
a confissão interrompida
o poema erótico que ratifica a impotência
e anuncia a arterioesclerose
os recortes antigos e as fotografias amareladas.

Não deixe aos herdeiros esfaimados
nenhuma herança de papel.
Seja como os lobos: more num covil
e só mostre à canalha das ruas
os seus dentes afiados.

Viva e morra fechado como um caracol.
Diga sempre não à escória eletrônica.
Destrua os poemas inacabados, os rascunhos,
as variantes e os fragmentos
que provocam o orgasmo tardio dos filólogos e escoliastas.

Sanções a Moraes: a farsa internacional de Eduardo Bolsonaro

A retórica inflamada de Eduardo tem erros técnicos grosseiros

Marcelo Copelli
Revista Fórum

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), numa estratégica tentativa de ocupar as manchetes dos noticiários e mobilizar as bases bolsonaristas, prometeu, em solo norte-americano e em tom de espetacularização, que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, seria alvo de sanções dos Estados Unidos, a serem aplicadas pelo governo Trump, entre o fim de maio e o início de junho. O prazo, como era previsível, não foi cumprido.

Eduardo justificou o afastamento de seu mandato por meio de um discurso ornamentado por questionáveis vestes diplomáticas, engajando-se em uma campanha junto a parlamentares republicanos e membros da extrema-direita americana para convencer o governo dos EUA a enquadrar Moraes na Lei Global Magnitsky — legislação que permite sanções unilaterais contra indivíduos acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos.

DESINFORMAÇÃO – Em tom de bravata, Eduardo Bolsonaro — que, quando mais jovem, fez intercâmbio “fritando hambúrguer no frio do Maine” — afirmou que Moraes “não poderia nem usar um cartão de crédito”, dramatizando o suposto alcance das sanções. O problema, contudo, é que essas declarações, além de juridicamente frágeis, beiram o terreno da desinformação deliberada — conhecido cenário em que trilha a única e desgastada linha de ação política que norteia e municia o seu clã familiar.

A Lei Magnitsky, sancionada nos Estados Unidos em 2016, foi criada para punir indivíduos responsáveis por violações sistemáticas de direitos humanos e atos de corrupção significativa. Sua aplicação, até hoje, esteve associada a regimes autoritários — como os da Rússia, Venezuela, China e Mianmar —, contextos em que perseguições, torturas, execuções extrajudiciais e censura institucionalizada são comprovadamente praticados.

A tentativa de aplicar essa legislação contra um ministro da Suprema Corte brasileira, com base em decisões judiciais amparadas pelo próprio sistema legal do país, representa um desvio gritante da finalidade da lei. No discurso de setores extremistas, porém, essa distorção é intencional, servindo para alimentar uma narrativa de perseguição e produzir falsas expectativas.

DETURPAÇÃO – Ao tratar Alexandre de Moraes como um “violador de direitos humanos” digno de sanção internacional, Eduardo Bolsonaro deturpa conceitos jurídicos e omite que o ministro tem atuado no combate a milícias digitais, à disseminação de desinformação e à tentativa de subversão institucional promovida por aliados do bolsonarismo.

As decisões de Moraes podem — e devem — ser analisadas no campo jurídico, dentro dos limites democráticos. O debate sobre a atuação do STF é legítimo. Porém, reduzi-las a violações de direitos humanos num cenário autoritário é uma falácia sem qualquer respaldo técnico.

Em entrevista ao Financial Times, Eduardo chegou a afirmar que havia “85% de chance” de as sanções se concretizarem — uma estimativa tão arbitrária quanto infundada, usada para animar seus correligionários com a sensação pueril de uma vitória no campo internacional.

USO POLÍTICO – A retórica inflamada vem acompanhada de erros técnicos grosseiros, e o uso político da Lei Magnitsky por Eduardo Bolsonaro revela, mais uma vez, uma tentativa de instrumentalizar a diplomacia americana para atacar instituições brasileiras. A ironia é que o mesmo grupo que costuma defender a soberania nacional e a não interferência estrangeira agora clama por intervenção externa para resolver disputas internas de poder.

O gesto não é apenas contraditório, mas perigosamente corrosivo. Ao internacionalizar um conflito institucional brasileiro, Eduardo Bolsonaro tenta legitimar a retórica antidemocrática que vem sendo usada desde a derrota eleitoral de 2022. A aposta é clara: gerar constrangimento ao STF, enfraquecer a imagem institucional do Brasil e manter acesa a chama do bolsonarismo internacionalizado, sobretudo junto à ala trumpista nos Estados Unidos.

No fundo, trata-se de mais um capítulo da já conhecida política do espetáculo: manchetes ruidosas, promessas fantasiosas e nenhum resultado concreto. Enquanto isso, a desinformação continua sendo alimentada, viciando o debate público e criando tensões artificiais entre poderes, entre nações e entre brasileiros. A democracia, por sua vez, segue sendo testada — e, por enquanto, resistindo.