Acossado por Trump, Lula busca repúdio internacional aos ‘extremismos’

Sem citar Trump, Lula diz que Brasil não aceita "interferência" | CNN Brasil

Lula tenta apoio para atacar Trump, mas está difícil

Jamil Chade
do UOL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai usar uma cúpula de líderes no Chile, nesta segunda-feira, para articular uma resposta conjunta de governos democráticos contra os avanços da extrema direita.

A iniciativa não tocará no nome de Donald Trump e foi organizada antes mesmo da ofensiva do americano contra o Brasil. Mas, nos últimos dias, o evento ganhou uma nova dimensão, inclusive diante das investidas contra a Colômbia, as barreiras comerciais contra o cobre do Chile e os ataques ao STF no Brasil.

SEM REPRESENTATIVIDADE – O presidente chileno, Gabriel Boric, será o anfitrião na reunião, que ainda contará com o uruguaio Yamandú Orsi, o colombiano Gustavo Petro e o espanhol Pedro Sánchez, além de Lula.

Dentro do Palácio do Planalto, estima-se que a região esteja “órfã” de um âmbito latino-americano que possa se posicionar contra o avanço da política externa americana.

No Mercosul, a agenda está em parte freada por Argentina e Paraguai, países que se aliaram à Casa Branca. Na OEA, a presença dos EUA impede qualquer debate mais contundente. Mesmo a Celac, esperança do Brasil de uma retomada de arranjo regional, foi minada por aliados de Trump no continente.

SEM CITAR TRUMP – No caso dessa cúpula, uma declaração final está sendo costurada. Mas o UOL apurou que não haverá uma menção explícita ao presidente americano. A consideração dos chilenos é de que, com a eleição se aproximando no país, transformar a cúpula num ato contra Trump pode acabar prejudicando a ala progressista nos cálculos eleitorais. A instabilidade na Colômbia tampouco ajuda.

Lula, porém, usará o palco para fazer um discurso na tarde de segunda-feira. Assessores prepararam uma mensagem “contundente” de defesa da soberania, diante dos ataques contra ministros do STF e tarifas impostas contra o Brasil.

Membros do governo consideram que a disputa está “apenas começando” e que a crise não será resolvida da noite para o dia, ou com uma negociação de abertura de mercados.

FORMA DE CENSURA – Além disso, um dos temas centrais do interesse do governo americano estará no centro das atenções em Santiago: a regulamentação das tecnologias e redes sociais. O governo Trump considera que isso seria uma forma de censura.

O documento deverá pedir um avanço neste sentido. O assunto é considerado central para frear o avanço da desinformação manipulada pela extrema direita.

Em nota, o governo brasileiro indicou que as discussões estarão organizadas em torno de três eixos centrais: defesa da democracia e do multilateralismo; combate às desigualdades; e tecnologias digitais e o enfrentamento à desinformação.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, Lula está completamente perdido. Depois de uma semana inteira de euforia, em que usou o nacionalismo brasileiro para ganhar apoio a um governo que inexiste, Lula enfim percebe que caiu numa armadilha. Entre os países da ONU que mantêm relações comerciais com os Estados Unidos e realmente têm alguma importância, apenas o Brasil não conseguiu renegociar as novas tarifas fixadas. (C.N.)

Ex-premier de Israel denuncia limpeza ética que sempre conduz ao genocídio

The two-state solution map that promised to solve Middle East crisis

Olmert exibe o plano de paz incluindo o Estado Palestino

Demétrio Magnoli
Folha

“Lamento, mas é um campo de concentração. Se os palestinos forem deportados para essa nova ‘cidade humanitária’, pode-se dizer que isso é parte de uma limpeza étnica.” A acusação não partiu da Autoridade Palestina, do Irã, de um governo árabe ou de algum ativista universitário nos EUA. São palavras de Ehud Olmert. Não vale descartá-lo como antissemita.

Olmert é um político conservador. Fez carreira no Likud, o partido de Netanyahu, até juntar-se ao então primeiro-ministro Ariel Sharon para fundar o Kadima, de centro-direita. Chefiou o gabinete de Israel entre 2006 e 2009 e, no apagar das luzes de seu governo, ofereceu à Autoridade Palestina o mais generoso plano de paz da história da Terra Santa.

OUTRA REALIDADE – Abbas hesitou e, no fim, recusou sob a alegação de que Olmert logo renunciaria a seu cargo. Foi sucedido por Netanyahu, que fez do Hamas um parceiro tácito na sabotagem permanente das negociações de paz. Os bárbaros atentados do Hamas e a guerra criminosa de Israel contra a população civil de Gaza foram cozidos no fogo desses 15 anos.

O antissemita do passado desenhava judeus com nariz adunco. O antissemita contemporâneo pinta Israel como Estado genocida desde a sua fundação. Escolhendo as palavras certas, com profundo pesar, Olmert acusa o governo de Netanyahu por crimes de guerra e aponta o plano de limpeza étnica, mas ressalva que isso “ainda não aconteceu”.

Ele certamente sabe, como todos os judeus, que limpeza étnica é o detonador clássico dos genocídios.

INIMIGO INTERNO – “Esses caras são o inimigo interno”, explica Olmert, referindo-se aos ministros supremacistas do governo israelense, que pregam a expulsão da população de Gaza e patrocinam a violência de colonos extremistas na Cisjordânia. São, adiciona, uma ameaça maior à segurança de Israel do que qualquer inimigo externo, pois colocam em risco a legitimidade histórica do Estado judeu.

Fazem, em suma, eficientemente, o serviço que o Irã, o Hamas e ativistas antissemitas de direita ou esquerda no Ocidente nunca conseguiram realizar.

A oferta do mapa da paz por Olmert, durante o derradeiro ciclo de negociações, não foi o gesto de um pacifista. Tal como, antes dele, Shimon Peres e Ehud Barak, seu objetivo era proteger os interesses vitais de Israel.

DOIS ESTADOS – Na Conferência de Annapolis (2007), ele iluminou o cenário: “Se chegar o dia no qual a solução de dois Estados entrar em colapso e nós enfrentarmos um conflito no estilo sul-africano pela igualdade de direitos de voto, o Estado de Israel terá chegado ao fim”. Claro: é precisamente um conflito desse tipo a meta dos defensores da solução de um Estado único “do rio até o mar”, que seria, cedo ou tarde, um Estado árabe-muçulmano.

Uma experiência trágica de dois séculos mostrou aos judeus que é mortalmente perigoso ser uma minoria nacional. O Estado judeu surgiu justamente para que os judeus nunca mais sejam uma minoria. Em meados do século 20, cerca de um quinto dos palestinos da Terra Santa eram cristãos; hoje, somam 1%. O destino dos judeus seria o mesmo no tal Estado único “do rio até o mar”.

A longo prazo, os supremacistas de Netanyahu que enterram a solução de dois Estados só podem conseguir a expulsão dos judeus de Israel. Eis o motivo pelo qual a diáspora judaica –nos EUA, na Argentina, no Brasil– precisa erguer sua voz contra a limpeza étnica.

No Dia do Amigo, as mensagens de Milton Nascimento, Fernando Brant e Paulo Peres

Amigo é aquele diante de quem podemos... Ralph Waldo Emerson - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, compositor e poeta mineiro Fernando Rocha Brant (1946-2015), na letra de “Canção da América”, lembra o desejo de frátria, devido aos laços histórico/afetivos que unem os países americanos, em especial, os latino-americanos. Pelo potencial confraternizador que carrega, a canção tornou-se o hino de celebração das amizades, mormente, para retratar os encontros e as despedidas existentes em nossa vida.

Esta música foi gravada por Milton Nascimento, em 1980, no LP Sentinela, pela Ariola. E deve ser cantada sempre, como se fosse um hino do Dia do Amigo, que se comemora hoje, 20 de julho.

CANÇÃO DA AMÉRICA
Milton Nascimento e Fernando Brant

Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou

Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam “não”
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.

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DIA DO AMIGO
Paulo Peres

Não existe palavra
Que possa definir
O real significado,
A bênção Divina
E a felicidade infinda
De tê-lo como amigo.

Com Bolsonaro na tornozeleira, o Centrão terá de rever os planos eleitorais

A imagem mostra a silhueta de uma pessoa em um ambiente interno, com iluminação baixa. A figura está de perfil, destacando o contorno do rosto e do cabelo. Ao fundo, há uma parede clara e um sinal de direção à esquerda, indicando uma saída. A pessoa está vestindo um casaco escuro.

Bolsonaro agora está em prisão domiciliar preventiva

Dora Kramer
Folha

A truculência custou a reeleição a Jair Bolsonaro (PL) e agora o leva ao caminho do infortúnio pessoal e da inevitável perda de relevância no cenário nacional. A trilha foi aberta pelo filho Eduardo (PL) no afã de posar como fonte de inspiração de Donald Trump na ofensiva por imposição de prejuízos ao Brasil.

Começou exigindo anistia ao pai e acabou colocando nele uma tornozeleira de vigilância cautelar, a fim de que não repita a façanha de Carla Zambelli (PL) que fugiu do país nas barbas da justiça. É o mesmo 03 da bazófia sobre fechar o Supremo Tribunal Federal com “um cabo e um soldado”.

BANANINHA – Faz jus ao apelido dado em 2020 pelo então vice-presidente, Hamilton Mourão, ao sugerir que se trocasse o sobrenome dele de Bolsonaro para Bananinha.

Pois de novo atrapalhou-se ao se colocar como porta-voz de Trump, levando com ele a arrancada do projeto da direita para 2026. Os planos desse campo de ascender ao Palácio do Planalto terão de ser revistos. Ou o centrão dá meia-volta nessa aliança ou se afunda junto.

Flávio Bolsonaro (PL), senador e tido como o moderado da família, aludiu aos ataques atômicos ao Japão na Segunda Guerra para alertar sobre o risco de um confronto com os Estados Unidos. O irmão ecoou o exemplo dizendo, em tom de vanglória, que Trump ainda pode jogar “uma bomba nuclear” no Brasil.

JOGO POLÍTICO – A violência aí se expõe como método na resolução de conflitos. Uma via oposta à da política, arena em que os extremistas não sabem jogar com competência exigida para a obtenção de ganhos a longo prazo.

Conseguiram nos últimos sete anos (nada, em termos históricos) reunir batalhões de adeptos, mas perderam para a institucionalidade as batalhas impulsionadas por um DNA de selvageria incompatível com as ferramentas de urbanidade, astúcia, interpretação correta dos fatos e visão estratégica necessárias à consumação exitosa de projetos de poder.

Ao menos assim é no regime democrático que pretenderam destruir., mas foram impedidos de fazê-lo.

É preciso entender a gravidade da retaliação de Trump contra o STF

Arquivo do Google

Pedro do Coutto

A decisão do governo Donald Trump de revogar os vistos dos ministros do Supremo Tribunal Federal, entre eles Alexandre de Moraes, é um dos gestos diplomáticos mais agressivos e infundados dos últimos tempos — e revela mais sobre a política externa do presidente norte-americano do que sobre o Brasil.

Trata-se de uma retaliação puramente política, que expõe o esforço deliberado de Trump em se alinhar a Jair Bolsonaro e pressionar o Judiciário brasileiro, que, por dever constitucional, declarou o ex-presidente inelegível. Não há qualquer justificativa jurídica ou diplomática concreta para impedir a entrada de magistrados em solo norte-americano — apenas uma tentativa de intimidar e constranger quem cumpre a lei.

SANÇÕES – O recado é claro e perigoso: para Trump, decisões judiciais que desagradam seus aliados merecem sanções internacionais. Ao suspender os vistos dos ministros e ameaçar ampliar o veto, o presidente dos Estados Unidos adota uma postura digna de um imperador autocrático, não de um chefe de Estado que respeita o princípio da separação de Poderes — tanto no seu país quanto no exterior.

Ao misturar preferências políticas pessoais com a diplomacia internacional, ele compromete a seriedade das relações entre as nações e abre um precedente inaceitável de interferência estrangeira em assuntos internos do Brasil. O Judiciário brasileiro, alvo direto da medida, não responde ao Executivo, tampouco deve satisfações a interesses estrangeiros. Atua, como manda a Constituição, com base nas leis e nas provas.

A reação brasileira foi imediata e firme. O procurador-geral da República classificou a medida como “arbitrária e ofensiva à soberania nacional”. O Itamaraty, embora cauteloso, manifestou preocupação com os rumos da política externa norte-americana. Ministros do Supremo também se pronunciaram, reafirmando que não se curvarão a pressões externas.

DIÁLOGO – A percepção geral é de que a medida enfraquece o diálogo institucional entre os dois países e atinge diretamente o coração de um dos pilares democráticos: a independência judicial. A imprensa internacional também reagiu com perplexidade. Jornais como The New York Times, El País e Le Monde destacaram o caráter inédito da decisão e alertaram para os perigos que ela representa à democracia.

Negar vistos a magistrados de uma nação soberana, sem apresentar provas de má conduta, é um gesto extremo e antidemocrático. É como se Trump quisesse exportar sua política de intimidação institucional — a mesma que o levou a confrontar seu próprio sistema judiciário nos EUA — para além das fronteiras americanas, utilizando o peso geopolítico de seu país como ferramenta de pressão ideológica.

Mais do que um gesto contra os ministros do Supremo, a revogação dos vistos é uma tentativa de deslegitimar o sistema de Justiça brasileiro e enfraquecer a autonomia de suas instituições. Se for aceita sem contestação, abre-se um precedente perigoso para que outros países passem a interferir em processos internos do Brasil, com base em afinidades políticas ou conveniências geoestratégicas.

PRESSÃO EXTERNA – O que está em jogo, portanto, não é apenas o direito de magistrados brasileiros de viajarem aos EUA, mas a própria ideia de que a Justiça deve ser livre de pressões externas, soberana e intransigente na defesa da legalidade. Ao se utilizar do aparato diplomático para proteger Bolsonaro e atacar ministros que apenas cumprem sua função, Trump mais uma vez demonstra que vê a política internacional como uma extensão de suas disputas pessoais e eleitorais.

Mas o Brasil não pode aceitar esse jogo. A resposta precisa ser institucional, firme e à altura do ataque. Afinal, um país soberano se reconhece também pela sua capacidade de proteger seus juízes quando estes são atacados por fazerem justiça. E justiça, neste caso, é não ceder ao autoritarismo travestido de diplomacia.

Para Trump e as big techs, o Brasil não é mais parte do mundo livre

Lula e Xi Jinping

Lula colocou o Brasil a reboque da China e da Rússia

Luís Francisco Carvalho Filho
Folha

O objetivo do Supremo é impedir a fuga de Jair Bolsonaro. É um alento para a democracia brasileira. A restrição imposta à sua liberdade individual (a prisão, para garantia da ordem pública, seria mais eficaz) é também um sinal profilático contra conspirações futuras.

As Forças Armadas só não aderiram ao movimento de Bolsonaro contra a eleição de Lula pela oposição estratégica dos Estados Unidos –na época, o país era governado por Joe Biden. A conjuntura mudou. Para Donald Trump e para as big techs, o Brasil não é mais parte do mundo livre.

A decisão de Alexandre de Moraes aumenta a temperatura da crise tarifária. O desfecho é imprevisível.

POSSIBILIDADES – Na hipótese de revisão das tarifas impostas por Trump, ainda que parcial, ou de adiamento, Lula se fortalece. No Brasil e fora do Brasil. Se a taxação entra em vigor em agosto, um sinal amarelo acende na economia e na política.

Desde que anunciada a medida, até quinta-feira (17), informa a Folha, investidores estrangeiros sacaram J´QR$ 4,5 bi da Bolsa de Valores de São Paulo, amostra das consequências do tarifaço.

Há aspectos inegociáveis, como o julgamento do golpista Jair Bolsonaro, suposto amigo de Donald Trump. Mas há, aparentemente, espaço técnico para negociações. A medida atinge também interesses de setores industriais norte-americanos. É via de mão dupla. Não há razão econômica para o ataque desferido contra as exportações brasileiras.

INVESTIGAÇÕES – Paradoxalmente, com a abertura de ampla “investigação” de práticas comerciais “injustas” do Brasil (Pix, 25 de Março, desmatamento, corrupção etc), a perspectiva de negociação é mais palpável: podem ser adotadas providências que não afetem a soberania brasileira e que, de certa forma, se harmonizariam com “preocupações” do governo norte-americano, como a instalação de uma CPI para tratar do tema pirataria.

A motivação real de Trump, contudo, são interesses econômicos das big techs, atingidos pelo Pix (meio de pagamento criado pelo Banco Central na gestão Bolsonaro), e pela decisão do STF que impôs responsabilidades nas redes sociais.

Bolsonaro entra na cena trumpista como força política (piada de mau gosto) comprometida com liberdade de expressão e democracia.

CHANCE PARA LULA – O tarifaço criou para Lula uma janela de oportunidade política capaz de isolar o bolsonarismo e a extrema direita, e de ampliar para o centro a sua popularidade.

Faz sentido radicalizar o discurso contra “traidores da pátria” que se alinharam a interesses dos EUA em troca da impunidade de criminosos.

No cenário internacional das reciprocidades Lula se arrisca. O presidente do Brasil desferiu uma canelada ao dizer na CNN que Trump não foi eleito para “ser o imperador do mundo”. A Casa Branca reagiu dizendo que o presidente dos EUA é “líder do mundo livre”.

MUITAS DÚVIDAS – Estimulada pelas pesquisas de opinião, a escalada retórica contra Trump e sua insanidade (independentemente da escalada judicial contra a famiglia Bolsonaro) pode inibir movimentos pragmáticos de uma negociação diplomática ainda viável com os EUA? Ou a negociação não é mais viável?

A taxação das big techs é mesmo para valer? Com o desenlace da questão tarifária, o país saberá se Lula pratica diplomacia de centro acadêmico ou se age como verdadeiro estadista.

Há algo errado! Brasil é o único país que não consegue negociar com EUA

Quaest: 55% dizem que Lula provocou Trump ao criticá-lo no Brics | LIVE CNNLourival Sant’Anna
da CNN

A falta de progressos nas negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos chama a atenção. Outros países, incluindo membros do Brics, como China, Índia, Indonésia e Vietnã, têm avançado de forma significativa nas tratativas com o governo Trump.

Em entrevista à CNN Internacional, o presidente Lula disse que houve “mais de dez” reuniões do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e do chanceler Mauro Vieira, com integrantes do governo americano. E que o Brasil mandou uma carta no dia 16 de maio com uma proposta, sem obter resposta.

OUTROS PAÍSES – Não é o caso de outros países. A Indonésia firmou acordo na terça-feira (15) com os Estados Unidos, reduzindo as tarifas americanas de 32% para 19% sobre produtos indonésios. É alta, mas é a mais baixa conseguida em acordos de outros países do Sudeste Asiático com os Estados Unidos: o Vietnã, também novo membro do Brics, aceitou 20 %; Filipinas, 21 %; Malásia, 25 %; Tailândia e Camboja, no mínimo 36 %.

Em troca, a Indonésia se comprometeu a comprar US$ 15 bilhões em energia dos EUA, US$ 4,5 bilhões em produtos agrícolas e 50 aviões da Boeing. Foram eliminadas ainda tarifas sobre exportações americanas à Indonésia e estabelecidas penalidades para mercadorias chinesas reexportadas através do país.

A Índia, como a Indonésia, é integrante do Brics, e está em estágio avançado de negociação para um acordo provisório, que prevê a redução de tarifas recíprocas com os Estados Unidos.

ÍNDIA E CHINA – Uma equipe indiana esteve em Washington para a quinta rodada de discussões, e ambos os lados demonstram otimismo de que um acordo possa ser fechado nas próximas semanas. O próprio presidente Donald Trump fez referência a isso.

A China, líder do Brics e principal adversária dos Estados Unidos, obteve no dia 12 de maio acordo preliminar com o governo americano. Os EUA reduziram sua sobretaxa de 145 % para 30 % e a China, de 125 % para 10 %.

Diante da alíquota imposta por Trump em abril, o governo em Pequim suspendeu o fornecimento de minérios estratégicos para os Estados Unidos, que reagiram restringindo ainda mais a exportação de chips sofisticados para a China. Isso foi superado em maio. Ou seja, são questões bem mais estratégicas do que as que os Estados Unidos têm com o Brasil.

JAPÃO NEGOCIA – Com o Japão, o contencioso gira em torno de barreiras japonesas à importação de automóveis e cereais americanos. São dois setores muito sensíveis para a economia e até para a cultura japonesa. No caso dos automóveis, cujas exportações representam 3% do PIB, o Japão impõe regras de segurança consideradas excessivas para os padrões americanos. E o Japão preserva sua segurança alimentar e sua agricultura quase como tabus.

Mesmo assim, as negociações não foram concluídas principalmente porque o Japão realiza eleições para a Câmara Alta (equivalente ao Senado) no domingo. O Partido Liberal-Democrata, no governo, sente-se vulnerável a discursos nacionalistas na oposição.

Mas tem havido telefonemas entre os ministros do Comércio dos dois países e o primeiro-ministro Shigeru Ishiba pretende se reunir com o influente secretário americano do Tesouro, Scott Bessent, antes do prazo fatal de 1º de agosto.

COREIA, TAMBÉM – A Coreia do Sul iniciou negociações com os Estados Unidos imediatamente depois das tarifas anunciadas por Trump no dia 2 de abril, mesmo em meio ao processo de impeachment de seu presidente, Yoon Suk Yeol.

Estão em discussão a abertura do mercado agrícola e cooperação industrial, incluindo a revitalização de estaleiros nos Estados Unidos, além de medidas de contenção da China. Acordo “de princípio” pode ser firmado até 1º de agosto.

Negociações estão em curso com o objetivo de evitar tarifas de até 30% sobre produtos mexicanos, não contemplados pelo acordo comercial USMCA, com prazo para 1º de agosto. Também está sendo discutida a tarifa de 25% imposta por Trump sobre aço de todos os países. E a Argentina, que ficou com a tarifa de 10%, imposta por Trump aos países com superávit americano na balança comercial, como é o caso do Brasil, negocia um acordo de tarifa zero para 70% a 80% dos produtos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O Brasil tinha as menores taxas, de 10%. Por causa das patriotadas de Moraes, já subiu para 50% e pode chegar a 100%. Ainda há quem ache que Lula está certo em sua política interna e externa, mas minha ironia não chega a tanto. (C.N.)

A chantagem de Trump já conseguiu matar o bolsonarismo moderado?

Trump ameaça impor tarifas de 100% sobre a Rússia se não houver cessar-fogo com a Ucrânia – CartaCapital

Trump é um jogador de cartas e sabe o que está fazendo

Joel Pinheiro da Fonseca
Folha

Um nome de direita pode chegar ao segundo turno das eleições de 2026 sem o apoio de Bolsonaro? Por mais que isso me entristeça, sou obrigado a admitir: “provavelmente não”. A não ser que uma revolução do sentimento popular ocorra, o candidato que disputará o segundo turno com Lula será aquele ungido por Bolsonaro.

É claro que o melhor para o Brasil é ter uma direita democrática e que rejeite o bolsonarismo. A criação dessa direita, contudo, é um trabalho de mais longo prazo. No horizonte previsível, o ex-capitão segue incontornável em 2026.

PELA DEMOCRACIA – Para o Brasil —e sem expressar aqui preferência por qualquer lado que seja—, seria muito importante que o candidato de direita em 2026 não reproduza as condutas antidemocráticas de Bolsonaro em 2022, o mais grave ataque à nossa democracia na Nova República.

Desses parágrafos iniciais, uma conclusão se segue: seria muito importante para o Brasil que o candidato apoiado por Bolsonaro seja alguém que não reproduza as condutas antidemocráticas de Bolsonaro. Estou falando, é claro, do “bolsonarismo moderado”.

Esse campo é ocupado pelos governadores de direita aliados de Bolsonaro, como Tarcísio, Ratinho Jr., Romeu Zema ou mesmo Ronaldo Caiado. Desde que Bolsonaro está inelegível, muito se discute se ele apoiará alguém com esse perfil ou se optará por um nome do bolsonarismo mais radical, como algum familiar.

CHANTAGEM DE TRUMP – A chantagem tarifária de Trump —em parte fruto da influência de Eduardo Bolsonaro junto a políticos americanos— pode ter ferido de morte as chances dos bolsonaristas moderados.

O caminho do meio, de ser aliado político de Bolsonaro ao mesmo tempo em que se respeita a democracia e as instituições brasileiras, está impossibilitado. Ou adere-se ao clamor pela supressão do nosso Judiciário em subserviência aos EUA ou rompe-se com Bolsonaro. O ticket para o segundo turno acaba de ficar muito mais caro.

Trump exige que, para não impor tarifa de 50% sobre nossas exportações, o Brasil mantenha Bolsonaro livre e elegível. Vale lembrar: a inelegibilidade não vem do processo sobre a tentativa de golpe; ela decorre da condenação eleitoral, em 2023, por abuso de poder econômico e político.

DUPLA ANISTIA – Para que o julgamento de Bolsonaro seja encerrado e ele possa concorrer será necessário revogar não só o STF (Supremo Tribunal Federal), como também o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O discurso de Tarcísio — e de boa parte da direita brasileira — de culpar Lula pelas tarifas não funciona para o bolsonarismo radical. Para essa ala extremista, o culpado pelas tarifas tem que ser o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Se o discurso de Tarcísio colasse e Lula perdesse popularidade, isso seria péssimo para eles, pois seu objetivo não é derrotar a esquerda em 2026, e sim salvar Bolsonaro da Justiça. O ataque frontal ao Judiciário e a subserviência a Trump viraram condições inegociáveis para se estar junto de Jair.

SEM POSSIBILIDADE – A estratégia de Eduardo Bolsonaro é racional? Não. Um nome mais moderado apoiado por Bolsonaro teria chances em 2026 e poderia, aí sim, articular uma anistia com o Congresso.

Eduardo feriu de morte essa possibilidade. Agora, ele não só não conseguirá reabilitar o pai como mina a popularidade de seu próprio lado, fortalece Lula para 2026 e ainda cola em seu próprio movimento o selo de traidores da pátria.

A racionalidade pode muito pouco, contudo, quando a família está em jogo.

Se depender de Trump e Moraes, logo será declarada a Terceira Guerra Mundial

Empresa de Trump entra com ação contra Alexandre de Moraes nos EUA |  Metrópoles

Trump usa até suas empresas para investir contra Moraes

Vicente Limongi Netto

Perfeita a manchete do Correio Braziliense (19/07): “Bolsonaro usa tornozeleira, EUA tiram visto de Moraes”. O arranca rabo entre Brasil e Estados Unidos parece não ter fim. Agora inclui o procurador-geral da República e mais sete ministros do Supremo e seus familiares.

Ficou claro que Trump pode recuar, se a justiça brasileira pegar leve com Bolsonaro e Moraes parar de exportar censura prévia e descumprir a Primeira Emenda americana. Porém, Moraes não cederá, porque ministro do Supremo não erra. E assim foi  declarada a Terceira Guerra Mundial.

SOBERANIA INTOCÁVEL – A alta temperatura prossegue. A nação aguarda as próximas reações duras de Trump. Por sua vez, seguramente, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes tem consciência, com base nos autos contra Bolsonaro e o filho fujão que, antes de tudo, é preciso salientar para fariseus, que a soberania brasileira é intocável e precisa ser respeitada.

Nada indica que magistrados da Suprema Corte cederão aos caprichos de Trump. Há poucos dias, nessa linha, a diretora de redação do Correio Braziliense, Ana Dubeux, foi taxativa: “O Brasil não tem vocação para ser quintal”.

No meio do fogo cruzado, o povo trabalhador, o cidadão ordeiro e empresários criadores de empregos pegam as sobras da insensatez de Donald Trump. Fantasiado de dono do mundo montado em cavalo pangaré e armadura de lata.

PELOS COTOVELOS – A grandiosa Flávia Oliveira, notável comentarista da GloboNews, ocupou, neste sábado, bom espaço da grade do canal. Falou de tudo e de todos, sempre pelos cotovelos.

Até que chegou a hora dela mesmo cair em si: “Estou falando muito”.

Mas o pior é que o esforço foi sem dizer nada.

AMIGO VALE OURO – O dia 20 de julho tem um significado especial para todos que gostam de exaltar a arte de viver. É o Dia do Amigo. Ele preenche o vazio da alma. O amigo não nos deixa faltar nada.

É uma dádiva do céu. Presente em momentos difíceis. Espanta a melancolia. O amigo estimula a convivência. Respeita a individualidade. Pondera com sabedoria.

Amo meus amigos. Não vivo sem eles. No meu blog, destaco Victor Hugo: “Um amigo pela metade é traidor pela metade”.

Governo dos EUA avisam que sanções devem aumentar na próxima semana

Secretário de Trump admite “grande possibilidade” de sanção contra Moraes | CNN Brasil

E agora, Moraes? O Central Park, a Disneylândia, o Pateta?

Deu na Folha

Membros da Secretaria de Estado dos EUA informaram a aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro que a revogação de vistos de entrada para o ministro Alexandre de Moraes (STF) e outros integrantes da corte é apenas o começo.

Segundo relato de um integrante do governo americano a bolsonaristas, “o Brasil terá uma longa semana a partir do dia 21”.

OPÇÕES NA MESA – O presidente Donald Trump teria dito que “todas as opções estão na mesa” e que a decisão de Moraes de autorizar uma ação contra Bolsonaro nesta sexta-feira (18) foi equivalente a uma declaração de guerra contra ele e os EUA.

Entre as novas sanções cogitadas estão aumentar as tarifas de 50% para 100%, adotar punições em conjunto com a Otan e até bloqueio do uso de satélites e GPS.

Moraes e outros membros da corte também estariam sujeitos à chamada Lei Magnitsky, que impede uma série de operações financeiras, entre outras punições.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG Os ministros do Supremo estão desesperados. Jamais imaginaram (?) que Trump chegaria a esse ponto. (C.N.)

EUA revogam visto de sete ministros do STF, do PGR e dos seus familiares

Bom comportamento: Fux, Mendonça, Nunes Marques mantêm seus vistos

Mendonça, Marques e Fux ainda podem ir à Disneylândia

Carolina Brígido e Zeca Ferreira
Estadão

O secretário de Estado do governo de Donald Trump, Marco Rubio, anunciou nesta sexta-feira, 18, a revogação imediata do visto do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, de seus aliados na Corte e familiares diretos. Procurado, o STF não se manifestou.

O Estadão apurou que estão na lista, além de Moraes, mais sete ministros do STF: Luís Barroso, Flávio Dino, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Edson Fachin e ainda o procurador-geral da República, Paulo Gonet. Só ficaram de fora da lista de sanções impostas pelo governo americano André Mendonça, Luiz Fux e Nunes Marques.

PRIMEIRA SANÇÃO – O anúncio foi feito nas redes sociais, após a decisão de Moraes que impôs uma série de medidas restritivas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Essa é a primeira sanção adotada pelo governo dos Estados Unidos diretamente contra o ministro. O secretário Rubio, no entanto, não especificou quem seriam os aliados próximos de Moraes no Supremo.

“(O presidente Trump) deixou claro que seu governo responsabilizará cidadãos estrangeiros que forem responsáveis por censurar a liberdade de expressão protegida nos Estados Unidos”, disse, acrescentando:

“A caça às bruxas política conduzida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola direitos fundamentais dos brasileiros, mas também ultrapassa as fronteiras do Brasil para atingir cidadãos americanos. Por isso, ordenei a revogação imediata dos vistos de Moraes, de seus aliados na Corte e de seus familiares diretos”, escreveu Rubio no X (antigo Twitter)”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– A grande surpresa foi o governo Trump ter poupado Luiz Fux, que publicamente já ameaçou divergir de Moraes, mas acaba sempre aprovando as barbaridades jurídicas dele. (C.N.)

Bolsonaro fora do caminho é ótimo para Tarcísio de Freitas, se for hábil

Tarcísio ultrapassa limites ao tentar negociar tarifas com EUA, dizem  especialistas - ISTOÉ Independente

Tarcisio sabe que terá de substituir Bolsonaro na eleição

Fabiano Lana
Estadão

Já pipocam nas redes de esquerda comemorações pelas medidas de restrição contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que por determinação do ministro Alexandre de Moraes passará a usar humilhante tornozeleira eletrônica, entre outras deliberações não muito edificantes.

Mas quem ganha com essa história, se tiver habilidade para isso, é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Pela simples razão de que a família Bolsonaro, por suas atitudes erráticas, pela fome de se manter com poder, é hoje o principal obstáculo para os movimentos políticos de Tarcísio, em empate técnico com Lula nas pesquisas.

PAGAR PEDÁGIO – Mas para isso, em primeiro lugar, o governador terá de pagar um pedágio, que pode até fazer parte de suas convicções. Precisará se mostrar solidário com o drama de seu mentor político. E acertar a dose.

Se for muito tímido no desagravo, irá levar pedradas do bolsonarismo radical, hoje comandado dos Estados Unidos pelo deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, vulgo 03. Se for muito incisivo no posicionamento, leva bala do mercado financeiro, do setor produtivo e até mesmo de gente do Centrão, essenciais aos seus supostos planos.

Os representantes do Centrão, aliás, também perceberam que Bolsonaro é hoje um problema sob a ótica da manutenção do poder. Na prática, o ex-capitão é, neste momento, o maior cabo eleitoral do presidente Lula.

INIMIGOS DA PÁTRIA – Percebam que no pronunciamento em rede na noite de ontem, na verdade, um comício consentido na TV, Lula escolheu seu adversário presidencial: o bolsonarismo. Por se aliarem a Trump e suas tarifas, foram taxados de inimigos da pátria. O presidente age respaldado por pesquisas de opinião.

Sem Bolsonaro no caminho, provavelmente na cadeia pela tentativa de golpe de Estado, restará ao lulismo tentar fundir a imagem de Tarcísio com a do radicalismo arrivista representado pelo padrinho.

O governador tem cartas na manga para se livrar disso. Foi, por exemplo, chefe do poderoso Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no governo Dilma Rousseff. Consta que se dava bem com a chefe. Tem também a saída discursiva de ser essencialmente um “gestor”.

TERCEIRA VIA – Mais difícil será convencer ao bolsonarismo raiz de que Tarcísio de Freiras, por variados motivo, é a melhor opção ao movimento da direita e do centro.

Que, se o objetivo for tirar Bolsonaro da cadeia, por meio de algum acordo (sim, o STF é hoje uma casa política), é melhor deixar de lado a intransigência e aceitar um candidato mais alinhado ao famigerado sistema. Um postulante que ainda possa trazer os votos de centro, decisivos para a vitória.

A outra opção é ver Lula se reeleger e o sinal se fechar de vez. Mas, lembremos, racionalidade e sangue-frio não são o forte dessa turma.

Com Bolsonaro em prisão domiciliar, Brasil e EUA praticamente em guerra 

Trump acusa Moraes de descumprir leis americanas e promover censura |  Metrópoles

Ninguém até onde vai a briga de Moraes com Trump

Mario Sabino
Metrópoles

Uso de tornozeleira eletrônica, proibição de usar redes sociais, recolhimento domiciliar noturno, proibição de sair de casa nos finais de semana, proibição de se ausentar de Brasília, proibição de comunicação com embaixadas, proibição de contato com o filho Eduardo e demais investigados: Jair Bolsonaro foi praticamente preso nesta manhã.

As justificativas policiais para a decisão devem ser deixadas em segundo plano, inclusive as eventuais provas contra o ex-presidente que forem obtidas na busca e apreensão realizada pela PF na casa dele.

REAÇÃO À CHANTAGEM – Está claro que o objetivo principal de Alexandre de Moraes foi responder à chantagem tarifária de Donald Trump, antecipando-se também a retaliações que o presidente americano poderá vir a tomar contra o próprio ministro e outros colegas seus.

Em decisão, Moraes cita possibilidade de Bolsonaro fugir do país

Integrantes ou não das torcidas organizadas da política nacional internacionalizada, os brasileiros estão todos na mesma nau dos insensatos.

Já começa a deixar o terreno do improvável para adentrar o campo do impossível que, com Jair Bolsonaro submetido a medidas restritivas de liberdade e Lula apostando em patriotadas para ganhar a simpatia da patuleia, Donald Trump aceite negociar um acordo para baixar a tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil. Talvez até aumente a taxa ignominiosa.

DIZ O ZERO UM – O risco é tamanho que mesmo Flávio Bolsonaro já tenta frear os ímpetos do presidente americano. Depois da operação da PF contra o seu pai, ele escreveu nas redes sociais:

“O justo seria Donald Trump suspender a taxa de 50% sobre importações brasileiras e meter sanção individual em quem persegue cidadãos e empresas americanas, viola liberdades, usa o cargo público para violar direitos humanos e implodir a democracia de um país para satisfazer seu próprio ego.”

Flávio Bolsonaro apagou o post, mas é rezar para que o presidente americano se segure, porque, caso contrário, no plano econômico, sangraremos na forma de crescimento menor e mais inflação, para não falar da danação das empresas que negociam com os americanos.

NADA A FAZER  – Já no plano institucional, não há o que fazer, ainda que haja sanções individuais da parte de Washington.

Podemos esquecer de vez qualquer autocontenção da parte do STF, em especial do ministro cheio de testosterona que se tornou o Grande Inquisidor nacional, com todas as implicações deletérias disso para o Estado de Direito.

Neste momento, estamos em guerra com os Estados Unidos da América, senhores, e não temos nada a ver com isso.

A esperança do homem está sempre no dia seguinte, lamenta Raul de Leôni

Raul de Leoni, um poeta que morreu jovem, mas deixou uma obra marcante - Flávio ChavesPaulo Peres
P0emas & Canções

O advogado e poeta Raul de Leôni (1895-1926), nascido em Petrópolis (RJ), expressa no soneto “Legenda dos Dias” o cotidiano do homem atrás do ideal da vida, uma trajetória na qual a eterna esperança possa estar no dia seguinte.

LEGENDA DOS DIAS
Raul de Leôni

O Homem desperta e sai cada alvorada
Para o acaso das cousas… e, à saída,
Leva uma crença vaga, indefinida,
De achar o Ideal nalguma encruzilhada…

As horas morrem sobre as horas… Nada!
E ao poente, o Homem, com a sombra recolhida,
Volta, pensando: “Se o Ideal da Vida
Não veio hoje, virá na outra jornada…

Ontem, hoje, amanhã, depois, e, assim,
Mais ele avança, mais distante é o fim,
Mais se afasta o horizonte pela esfera;

E a Vida passa… efêmera e vazia:
Um adiamento eterno que se espera,
Numa eterna esperança que se adia…

Será que a UNE vai atender Lula e colocar os estudantes em protestos nas ruas?

O presidente Lula discursa no Congresso da União Nacional dos Estudantes, em Goiânia (GO)

Lula foi à UNE para convocar manifestações nas cidades

Gabriel Hirabahasi
(Broadcast)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que “não é um gringo que vai dar ordem para este presidente da República”. A declaração foi dada durante o 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Lula foi ovacionado no evento em diversos momentos, principalmente quando se referia ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O presidente fez uma metáfora usando o jogo truco. Disse que “quando o cara truca, a gente tem que escolher: eu corro ou grito ‘seis’ na orelha dele. Eu estou jogando. O Brasil gosta de negociação”.

RETALIAÇÃO – No discurso, Lula afirmou também que o Brasil não cederá à pressão da Casa Branca para aliviar a regulação e a tributação das plataformas de redes sociais no País. “Vamos cobrar imposto das empresas americanas digitais”, afirmou.

A declaração ocorreu diante das críticas do petista ao ambiente digital e à tarifa de 50% anunciada pelo presidente por Trump sobre produtos brasileiros.

O presidente também voltou a culpar o ex-presidente e seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), pela taxação. “Eles não tiveram preocupação com os prejuízos que essa taxação vai trazer ao Brasil, à indústria, ao agronegócio”, declarou.

IR PARA A RUA – Ainda no discurso, Lula cobrou os estudantes uma mudança de atitude, transpondo o debate da universidade para a rua.

“É importante que vocês, ao saírem daqui, comecem a pensar que Brasil querem a partir de 2026. Temos que conversar muito com juventude, porque ela é muito vulnerável às redes digitais. Precisa distinguir a mentira da verdade. Chamar a atenção da forma mais carinhosa possível: se quisermos mudar o Brasil, vamos ter que mudar de atitude. É preciso trabalhar um pouco mais, se dedicar e saber o que vamos querer. O debate não pode ser só dentro da universidade. Tem que sair e ir para a rua”, afirmou.

Lula diz que não cederá à pressão dos EUA e que vai cobrar imposto das empresas americanas digitais.

AUTO-ELOGIOS – Apesar do puxão de orelha, feito em tom amistoso, Lula fez elogios à UNE e aos estudantes presentes na Universidade Federal de Goiás (UFG), onde o evento foi realizado. Disse que a organização “é responsável por termos conquistado tantas coisas no ensino neste País”.

“Muitas vezes não foi fácil a UNE estar do nosso lado. Tinha oposição no movimento estudantil e muita gente achava que as coisas que a gente queria fazer, que aumentar de 12 para 18 alunos na classe ia piorar a qualidade de ensino. Quando criamos o Prouni, diziam que a gente ia ajudar as faculdades particulares, a burguesia da educação. A UNE enfrentou esse debate e fez com que as pessoas entendessem que estávamos dando, enquanto não podíamos fazer as universidades, garantindo as bolsas de estudo. Tenho muito orgulho de que cada lugar que eu vou, as coisas que as pessoas mais me agradecem é pai e mãe agradecendo pelo filho ter feito faculdade”, disse o presidente, citando também o Fies.

Lula x Trump: a crise das tarifas e o duelo por soberania no cenário global

Eduardo festeja punição a Moraes nos EUA e diz que há “mais por vir”

Eduardo Bolsonaro mostra que está conseguindo influir

Deu no Jornal de Brasília

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) publicou um agradecimento a Donald Trump após o secretário de Estado americano, Marco Rubio, anunciar proibição da entrada nos Estados Unidos do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e de “seus aliados” na corte.

“Eu não posso ver meu pai e agora tem autoridade brasileira que não poderá ver seus familiares nos EUA também – ou quem sabe até perderão seus vistos. Eis o CUSTO MORAES para quem sustenta o regime. De garantido só posso falar uma coisa: tem muito mais por vir!”, escreveu na rede social X.

CAÇA ÀS BRUXAS – Rubio, na postagem, disse que o Supremo faz uma “caça às bruxas política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e viola direitos fundamentais não só dos brasileiros, mas também de americanos.

Também afirmou que o presidente Trump já tinha deixado claro que iria agir contra estrangeiros responsáveis por “censura”. O secretário não cita os demais ministros do tribunal na postagem nem dá detalhes de como será oficializada a medida.

A punição ocorre após Eduardo ter feito um périplo por Washington nos últimos meses, em busca de punições ao ministro do STF.

Os 100 anos do Globo e a usurpação da TV Paulista por Roberto Marinho

Globo lucra mais e amplia domínio na TV paga - CTBCarlos Newton

Ao comentar a série produzida pela TV sobre o centenário do jornal O Globo, critiquei algumas impropriedades veiculadas, vez que conflitaram com os fatos de que fui testemunha. Na verdade, o roteiro da série foi um samba-exaltação, que só faltou colocar Marinho como opositor do regime militar, quando na verdade foi o grande beneficiário.

Nenhum general, político ou empresário soube faturar os 21 anos da ditadura como Marinho, que vendeu caro seu apoio aos militares, e as verbas governamentais o transformaram num dos maiores empresários do mundo.

ASSUNTOS-TABU – Muitos leitores da Tribuna de Internet têm me pedido para retomar aos 100 anos, e pretendo fazê-lo, tal a desfaçatez dos responsáveis pela suposta série de documentários. Afinal, há temas importantes que são vetados na Organização, mas precisam ser lembrados pela opinião pública.

O principal, a meu ver, é a usurpação do controle da TV Paulista, para que Marinho conseguisse fazer uma rede que enfrentasse os Diários Associados de Assis Chateaubriand.

Entrei no Google e fiz a seguinte indagação: “Roberto Marinho comprou a TV Paulista, hoje, TV Globo de São Paulo, da família do então deputado federal Oswaldo Junqueira Ortiz Monteiro?”.

SEM A MENOR DÚVIDA – A resposta do Google foi peremptória e aparentemente sem contestação: “Sim, Roberto Marinho adquiriu a TV Paulista, que posteriormente se tornou a TV Globo de São Paulo, da família do então deputado federal Oswaldo Junqueira Ortiz Monteiro. Essa aquisição ocorreu no contexto da expansão dos negócios do Grupo Globo, e a TV Paulista, na época, era a concessão do canal 5 em São Paulo. A compra foi um marco importante na história da emissora e no desenvolvimento da televisão brasileira.

Mas há controvérsias, diria o genial ator Francisco Milani. Os filhos de Roberto Marinho, no portal “Memória Globo”, como em diversos processos judiciais e administrativos, continuam afirmando que as ações do canal 5 de São Paulo foram adquiridas do jovem empresário Victor Costa Júnior, de apenas 24 anos, em 9 de novembro de 1964, mas ele não tinha nenhuma ação da emissora, segundo o Ministério das Comunicações.

OUTRA VERSÃO – Porém, para o Poder Judiciário, existe outra versão. A compra foi concretizada, em 5 de dezembro de 1964, entre Roberto Marinho e os Ortiz Monteiro, por Cr$ 60.396,00, sessenta mil, trezentos e noventa e seis cruzeiros (equivalente a trinta e cinco dólares, à época), o valor de uma bicicleta usada e mal conservada, como registrado em recibo que o próprio Roberto Marinho anexou a um processo movido pelos verdadeiros da TV Paulista.

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P.S. 1  – Fato ou Fake é um serviço de verificação de fatos do Grupo Globo, lançado em 30 de julho de 2018. Tem como objetivo esclarecer conteúdos duvidosos disseminados em redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas. Por favor, liguem para a equipe de Fato ou Fake do Grupo Globo. Basta adicionar o número de celular +55(21)97305-9827 e enviar a sua indagação: “É fato ou fake que o sr. Roberto Marinho comprou a TV Paulista (52% do seu capital) pertencente à família Ortiz Monteiro e outros 48% de 600 outros acionistas por Cr$60.396,00, equivalentes a meros 35 dólares?.

P.S. 2Esses 100 anos de O Globo são uma tremenda “Piada do Século”. Se amanhã eu estiver de bom humor, contarei a Piada da Censura que O Globo diz ter sofrido no AI-5. (C.N.) 

Trump reage e manda revogar os vistos de Moraes, parentes e aliados

Secretário de Estado da Casa Branca, Marco Rubio, durante evento na Casa Branca

Marco Rubio afirma que a revogação tem efeito imediato

Paulo Assad
O Globo

O secretário de Estado dos EUA, o republicano Marco Rubio, anunciou nas redes sociais ter determinado a revogação dos vistos americanos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, familiares e “aliados no tribunal”, sem especificar quais. A medida, segundo Rubio, tem “efeito imediato”.

Segundo disse Rubio na publicação, o presidente Donald Trump “deixou claro que seu governo responsabilizará estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos”.

DIREITOS BÁSICOS – “A caça às bruxas política do Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende além das fronteiras do Brasil, atingindo os americanos”, acrescenta o secretário de Estado na publicação.

A medida foi anunciada após Moraes impor medidas cautelares contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que passou a usar tornozeleira eletrônica. A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na residência de Bolsonaro e na sede do PL em Brasília.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Uma lágrima furtiva escorreu na face do ministro Moraes, quando lembrou que esquecera de fazer uma foto com o Pateta quando esteve na Disneylândia. Mas logo se recompôs, porque precisa manter sua fama de mau. (C.N.)

Com a tornozeleira, país fica preso na polarização e decepciona moderados

Regis Soares – A tornozeleira do mito – BigPB

Charge do Régis Soares (Arquivo Google)

Sergio Denicoli
Estadão

A decisão do ministro Alexandre de Moraes de impor tornozeleira eletrônica a Jair Bolsonaro reativou instantaneamente o modo turbo da polarização política. O assunto foi o suficiente para que os dois grandes blocos voltassem a se enfrentar com a mesma fúria das últimas eleições.

Um levantamento da AP Exata, com 62 mil publicações sobre o tema, feitas no X e Instagram, mostra as militâncias divididas de forma quase milimétrica. Excluindo as menções neutras, 50,3% das manifestações nas redes são contra o ex-presidente, enquanto 49,7% são a favor.

A direita organizou sua reação com um repertório bem conhecido. A hashtag #SomosTodosBolsonaro liderou as menções, seguida de #Trump e #STFvergonhaMundial. As palavras de ordem mais utilizadas foram “perseguição política”, “ditadura de toga” e “Brasil virou Venezuela”.

FORTE MOVIMENTAÇÃO – Vídeos, cards e posts pedindo mobilização voltaram a circular como em tempos de campanha. Também foram muitos os apelos ao presidente dos Estados Unidos, para que tomasse alguma providência. A narrativa foi de que o ex-presidente estaria sendo humilhado por motivações políticas e o Brasil teria se transformado num regime de exceção.

A esquerda respondeu com comemoração e provocação. #BolsonaroNaCadeia e #GrandeDia ocuparam os primeiros lugares entre as hashtags usadas por perfis desse espectro ideológico.

A linguagem foi marcada por ironia, escárnio e memes. Frases de efeito e montagens circularam com velocidade. A resposta não teve compromisso com o debate jurídico ou político. Teve o objetivo de devolver na mesma moeda dos que se regozijaram quando Lula foi preso.

TERCEIRO SETOR – No campo dos que não tomaram partido, o comportamento também chama atenção. Não se trata de silêncio total. Muitos falaram da repercussão, da cobertura da imprensa, da reação das bases bolsonaristas e governistas, sem manifestar apoio nem reprovação direta a qualquer um dos lados.

O tom predominante foi de cansaço. Frases como “mais um capítulo da novela”, “nada muda”, “estamos presos nesse ciclo” apareceram com frequência.

Esses perfis não são apáticos. São atentos, informados e cada vez mais distantes do debate polarizado. Observam com descrença tanto os que comemoram quanto os que denunciam. E deixam claro que o episódio da tornozeleira, para além da disputa entre extremos, reforça a sensação de paralisia de um País que não consegue se libertar das mesmas narrativas.

PAÍS CONGELADO – Para esse grupo, o Brasil parece congelado em um roteiro repetido, onde os personagens são sempre os mesmos e o final nunca chega.

As reações à tornozeleira eletrônica de Jair Bolsonaro expõem uma nação que insiste em se manter aprisionada à polarização, como se não houvesse outro caminho. Mas há. E talvez esteja justamente na parte da sociedade que hoje prefere observar em silêncio. Os que não berram, mas pensam. Os que não compartilham, mas enxergam.

Essa maioria, exausta, que rejeita os extremos e torce para que o País finalmente vire a página, pode ser o único antídoto possível para o ciclo que insiste em se repetir.