Advogado comprova que a delação de Mauro Cid tem “mentiras descaradas”

Advogado de Bolsonaro acredita que acareação pode beneficiar ex-presidente

Vilardi quer incluir provas, mas Moraes mantém o sigilo

Ana Pompeu
Folha

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), indeferiu nesta segunda-feira (30) o pedido da defesa de Jair Bolsonaro (PL) sobre o perfil nas redes sociais que aponta ser do delator Mauro Cid. Os advogados do ex-presidente queriam que o relator incluísse no processo da trama golpista de 2022 documentos que provariam a vinculação do perfil ao ex-ajudante de ordens.

“Conforme já ressaltado inúmeras vezes, não será admitido tumulto processual e pedidos que pretendam procrastinar o processo. O curso da ação penal seguirá normalmente, e a Corte analisará as questões trazidas no momento adequado”, disse o ministro.

GABRIELA4702 – O advogado Celso Vilardi, que representa o ex-presidente, apresentou ainda nesta segunda os documentos para contestar a afirmação do tenente-coronel de que não usava o perfil “Gabrielar702” para se comunicar com pessoas no Instagram.

A equipe de Bolsonaro pedia a juntada das informações mencionadas aos autos do processo antes da apresentação das alegações finais da PGR (Procuradoria-Geral da República).

As informações indicariam que o perfil no Instagram está vinculado ao e-mail “maurocid@gmail.com” —que, por sua vez, foi criado em 2005 e está atrelado ao número do celular de Cid apreendido pela PF.

MENTIRAS DESCARADAS – A defesa de Bolsonaro tem questionado a validade da colaboração premiada de Mauro Cid De acordo com o advogado, a vinculação do número de celular de Cid ao e-mail que criou o perfil no Instagram prova que “as mentiras do delator não só têm se amontoado, como são cada vez mais descaradas e, aparentemente, envolvem destruição de prova”.

Ele incluiu documentos na petição ao STF que mostram que, segundo dados do Google e da Meta, dona do Instagram, o computador que administrava o e-mail ficava no endereço de Mauro Cid.”

A resposta do relator Moraes negando o pedido teve apenas uma página.

ALEGAÇÕES FINAIS – O ministro abriu a fase de alegações finais do processo contra o núcleo central da trama golpista na última sexta (27).

É a última etapa antes do julgamento de Bolsonaro e dos outros sete réus por integrar organização criminosa que supostamente tentou dar um golpe de Estado contra a eleição de Lula (PT) em 2022.

No caso da conta “Gabrielar702”, o advogado Luiz Eduardo Kuntz, defensor de outro réu, Marcelo Câmara, enviou Supremo fotos e áudios de conversas que ele diz ter mantido com o militar nas quais ele supostamente conta detalhes de seus depoimentos e faz desabafos, o que colocaria em xeque a delação.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O ministro Moraes conduz o inquérito de uma forma totalmente parcial e dirigida. Quando é apresentada uma prova para condenar qualquer réu, ele não aceita que também possa ser usada para defender outro réu. E o pior é que mantém a prova sob sigilo. E ainda há quem chame isso de Justiça. (C.N.)

Qualquer forma de amor vale a pena, na poesia de Manuel Bandeira

Manuel Bandeira, um dos poetas mais cantados de sua geração ...

Bandeira, um dos poetas mais amados do país

Paulo Peres
Poemas& Canções

O crítico literário e de arte, professor de literatura, tradutor e poeta Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (1866-1968), conhecido como Manuel Bandeira, no soneto “Desencanto”, diz que faz versos inspirados nas angústias do desamor.

DESENCANTO
Manuel Bandeira

Eu faço versos como quem chora
De desalento, de desencanto
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto

Meu verso é sangue, volúpia ardente
Tristeza esparsa, remorso vão
Dói-me nas veias amargo e quente
Cai gota à gota do coração.

E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca

Eu faço versos como quem morre.
Qualquer forma de amor vale a pena!!
Qualquer forma de amor vale amar!

O que explica a eleição de um socialista para prefeito de Nova York?

Who Is Zohran Mamdani? Meet the Democratic Candidate for NYC Mayor - WSJ

Zohran Mamdani é da ala socialista dos democratas

João Pereira Coutinho
Folha

Nunca levei a sério filmes de zumbis. Por que motivo eles estão sempre tão bravos? Na minha modesta opinião, é melhor estar meio-vivo que completamente morto. Eu próprio preferia andar por aí, meio cambaleante, mas ainda funcional, do que estar a sete palmos, imóvel, no caixão.

Se eu fizesse um filme de zumbis, o herói principal nunca fugiria deles. Ia tentar bater um papo. Eles vinham, todos tortos, e o personagem diria: “Que é isso? Calma, gente! Aproveitem a vida. Arranjem trabalho, botem uma pinturinha, passem um batonzinho.”

Mesmo os hábitos alimentares deles me parecem excessivos. Carne humana o tempo todo? Não é saudável. Tentaria diversificar a dieta com peixe, alguns legumes, alguma fruta.

EDUCAR O ZUMBI – Meu filme ideal seria sobre a educação de um zumbi. Ou como transformá-lo num membro útil da sociedade. Conheço casos de gente sem cérebro ou sem modos que conseguiu se dar bem na vida —por que não um zumbi?

Tentei explicar isso para minha esposa no meio do filme do Danny Boyle, “Extermínio”, mas ela pediu silêncio — e o resto do cinema aplaudiu. Meu reino já não é deste mundo. Mas insisto: como explicar a obsessão da cultura contemporânea com nossos amigos descerebrados?

Por tédio, talvez. Vivemos mais. Vivemos melhor. Nossas sociedades seriam irreconhecíveis para as vidas inseguras e precárias de nossos antepassados. Mas apesar disso, ou por causa disso, sentimos uma vontade animal de fantasiar nossa aniquilação física. Os zumbis são o apocalipse da classe média gentrificada.

SEMPRE EXISTIRAM – Especialistas no assunto, como o estimável Ian Olney, discordam. Mortos-vivos no cinema e na televisão sempre existiram, escreveu ele em seu livro “Zombie Cinema”. A questão é que houve uma explosão desse gênero na virada do milênio —e por motivos bem dramáticos.

O 11 de Setembro, o aquecimento global, a crise financeira de 2008, a crise dos refugiados no Mediterrâneo em 2015 e, claro, a pandemia de Covid —tudo isso só fez multiplicar o número de mortos andantes.

Seguindo esse raciocínio, os zumbis representam a ameaça terrorista, o colapso ambiental, o fim do capitalismo tardio, o medo do “estrangeiro” ou da contaminação viral —é só escolher. Eu me recuso.

VEM A PERGUNTA – Sempre que encontro um zumbi na tela, minha vontade é oferecer um banho, indicar um terapeuta, talvez um bom barbeiro. Estar meio-morto não é desculpa para abrir mão da higiene e do convívio social.

Era a pergunta de um milhão de dólares: como é possível que os mais pobres votem em Donald Trump? Não saberão eles que o partido republicano defende políticas —cortes fiscais para os mais ricos, desregulação, privatizações— que não os beneficiam?

Essa pergunta me dava bocejos. E então lembrava James Carville, estrategista da campanha de Bill Clinton em 1992, que resumiu o espírito da contenda com uma frase famosa: “É a economia, estúpido!”

É A CULTURA, ESTÚPIDO! – Em 1992, era a economia, de fato. Hoje? É a cultura, estúpido. Nem tudo é materialismo nessa vida. Os mais pobres votam na direita populista porque, entre outras razões, as causas culturais ou identitárias são mais importantes do que os benefícios econômicos.

Votam em Trump porque abominam as elites metropolitanas. Votam em Trump porque são mais conservadores em temas como o aborto ou as armas. Votam em Trump porque são mais patriotas.

O mesmo acontece na paradoxal relação entre as classes urbanas mais afluentes e a esquerda. Basta olhar para a eleição primária do partido democrata para a prefeitura de Nova York.

O NOVO PREFEITO – A vitória do socialista Zohran Mamdani, segundo o New York Times, também se deveu ao voto dos mais ricos e educados. Exatamente aqueles que mais têm a perder com as políticas socialistas do candidato — congelamento de aluguéis, impostos sobre a riqueza, restrições à especulação imobiliária etc.

O voto é cultural, não econômico. Para os apoiadores de Mamdani, “globalizar a intifada” é mais importante do que qualquer apoio à iniciativa privada.

Significa isso que a esquerda americana finalmente encontrou a receita para derrotar Trump e o trumpismo? Não me parece. Se a maioria dos eleitores — especialmente nos estados-pêndulos — continuar sendo a classe trabalhadora branca (como ainda é o caso em Wisconsin, Michigan, Pensilvânia e Ohio), não vai ser com Mamdani que esse feitiço será quebrado.

Crise entre os Poderes: O caso IOF e os limites da governabilidade

Lula diz que houve o erro foi p descumprimento de um acordo

Pedro do Coutto

Por um fio tênue, balança a relação entre Executivo e Legislativo no Brasil. A recente ofensiva governista contra o deputado Hugo Motta, personagem central na derrubada do decreto presidencial sobre o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), escancara o quanto a articulação política do governo Lula tem patinado, deixando rastros de instabilidade institucional e incompreensão do papel dos Poderes.

O centro do embate gira em torno da anulação do decreto presidencial relacionado ao IOF. O Palácio do Planalto, em reação, decidiu acionar o Supremo Tribunal Federal (STF), numa tentativa de reverter a medida por meio da judicialização. Mas aqui reside o nó fundamental: o Supremo não é — nem deve ser — um espaço de negociação política, como o próprio ministro Gilmar Mendes lembrou ao qualificar o episódio como “a ponta de um iceberg”.

ERRO ESTRATÉGICO – Há, portanto, um erro estratégico que vai além do gesto jurídico. Tentar reposicionar o STF como árbitro de uma contenda eminentemente política expõe o governo a críticas sobre sua capacidade de articulação, além de provocar desconforto no próprio Judiciário, que se vê pressionado a arbitrar questões legislativas. A Constituição é clara quanto à separação entre os Poderes. Judicializar uma disputa que deveria ser resolvida politicamente fragiliza essa fronteira institucional.

Mesmo dentro do governo, não há consenso. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi claro ao defender a retomada do diálogo: segundo ele, foi o Legislativo que se afastou da mesa de negociação. Jorge Messias, advogado-geral da União, também não disfarça a natureza política da decisão de recorrer ao Supremo. E nesse cenário, Lula se vê diante de um dilema: manter a confiança em sua base congressual, mesmo que instável, ou recorrer à força judicial para garantir medidas que, em última análise, deveriam ser fruto de negociação parlamentar.

O presidente culpou abertamente Hugo Motta pela derrubada da medida, lembrando que o tema havia sido discutido previamente em reunião entre Executivo e Legislativo. Mas esse tipo de acusação pública não ajuda a recompor pontes — ao contrário, tende a dinamitar os poucos pilares de articulação ainda de pé. A narrativa do Planalto revela, mais uma vez, as dificuldades de um governo que, embora experiente, tem enfrentado resistências internas e externas ao tentar aplicar sua agenda econômica e fiscal.

RACHADURAS – Além disso, a imagem do governo começa a sofrer rachaduras também junto à opinião pública. A tentativa de judicializar a crise do IOF é percebida por muitos como uma fuga da negociação legítima, uma demonstração de fraqueza política diante de um Congresso que se mostrou disposto a exercer seu protagonismo. O STF pode até ser provocado formalmente, mas não aceitará de bom grado o papel de árbitro de impasses institucionais que o Executivo não consegue resolver no campo político.

O episódio, como bem sugeriu Gilmar Mendes, revela uma crise maior: a dificuldade do governo em estabelecer um pacto funcional entre os Três Poderes. Um iceberg, cujas pontas já começaram a emergir, ameaça afundar a governabilidade se não for contido a tempo. O presidente Lula, alertado por conselheiros próximos sobre os riscos de judicializar excessivamente questões políticas, ainda tem tempo para recalibrar sua estratégia. Mas isso exige um reconhecimento claro: governar, mais do que decretar, é negociar.

E negociar, no Brasil de 2025, não é mais tarefa simples. É preciso habilidade, escuta e, sobretudo, respeito pelas instituições. O IOF pode ser apenas um símbolo — mas um símbolo poderoso do que está em jogo: a própria capacidade de um governo democraticamente eleito conduzir sua agenda dentro das regras do jogo.

Lula parte para a briga em condição de inferioridade política

charge pesquisa lula impopularidade governo

Charge do Baggi (Jornal de Brasília)

William Waack
Estadão

É óbvio que o PT sem Lula corre o sério risco de resvalar para o ocaso. As últimas decisões políticas do chefão estão acelerando esse processo.

A causa principal é a perda de leitura da realidade por parte do próprio Lula. Leia-se: mudanças sociais no País, alteração das relações de força entre os poderes e enfraquecimento das capacidades físicas e intelectuais do líder.

SEM CHANCES – Têm remotas possibilidades de sucesso as mais recentes decisões “estratégicas” para ganhar as eleições de 2026 e reverter poderes do Congresso. De novo, pelo óbvio: não reúne a massa crítica política necessária nem para um nem para o outro.

Lula se encontra hoje vítima da tática “boa constrictor” (o nome científico da jiboia) do Centrão, e sua ida ao STF para anular o decreto legislativo que anulou o decreto executivo não vai folgar o aperto dos anéis dessa gulosa serpente. Ao contrário, qualquer que seja a decisão do Supremo.

Lula acelerou o emprego de uma tática política eleitoral que os velhos revolucionários chamavam de “salto adiante”. Repaginou a velhíssima “luta de classes” superada há muito por enormes transformações sociais, tecnológicas, culturais e econômicas – que ele e seu partido não conseguiram entender.

SEM POPULARIDADE – Parte para o embate quando sua popularidade é no mínimo sofrível, seu governo é mal avaliado, a diferença que lhe deu a vitória em 2022 diminuiu em vez de aumentar, a capacidade de mobilização tradicional (sindicatos e “movimentos sociais”) evaporou, as ruas quando ocupadas o são pelos adversários.

Como símbolo, Lula padece de óbvio desgaste de imagem – raivoso, reclamão, vociferante, repetindo os mesmos bordões e incapaz de exibir a malícia e o humor de antigamente.

Quando tenta, parece patético. E deixando transparecer a tutela de uma primeira-dama que é exatamente o retrato da classe média arrivista que o PT afirma detestar.

EX-PRESIDIÁRIO – Lula julga ter dado a volta por cima em relação à Lava Jato, condenação e prisão. Essa não é a percepção de vastíssima camada do eleitorado, incluindo quem votou nele em 2022 para se ver livre de Bolsonaro. Corrupção, má gestão das estatais, o apoio a ditadores amigos e o cansaço generalizado com um governo gastador que só pensa em arrecadar tem enorme peso político. Chama-se resistência social a Lula e ao PT.

Há personagens políticos que desembarcaram e preservaram ainda em vida certa graça e uma forte aura pessoal, como Mandela ou Pepe Mujica. Outros não souberam fazê-lo, e causaram danos ao partido e à própria imagem, como Joe Biden. Na velhice, Lula propaga ressentimentos, é vingativo e toma decisões estratégicas tresloucadas. Arrisca-se a ser lembrado assim.

Projeto da Anistia será aprovado pela Câmara em ritmo de urgência

Anistia ampla tem amparo legal, mas Supremo pode derrubar

Bolsonaristas acham que a anistia pode salvar o mito

Bela Megale
O Globo

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou à coluna que Hugo Motta (Republicanos-PB) se comprometeu a colocar em pauta o projeto de anistia aos condenados pelo 8 de janeiro. O texto vem sendo trabalhado de forma sigilosa pelo presidente da Câmara e Jair Bolsonaro, segundo Sóstenes.

Entre integrantes do governo Lula, a avaliação é que, se Motta colocar a anistia para votar poucas semanas depois da derrota do IOF, o clima vai azedar de vez.

DECLARAÇÃO DE GUERRA — “Uma atitude como essa será vista como uma declaração de guerra” — resumiu um ministro do Palácio do Planalto.

Mesmo com a crise deflagrada pela derrubada do IOF seguida da judicialização do tema pela Advocacia-Geral da União (AGU), integrantes do governo vem fazendo gestos a Hugo Motta.

O deputado vinha se queixando que o governo não reconhecia as pautas boas para o Executivo que foram aprovadas no Congresso. Mas nesta quarta-feira, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, foi às redes sociais reconhecer o ato do Congresso pela aprovação da Medida Provisória que autoriza o uso de até R$ 15 bilhões do Fundo Social do pré-sal para habitação popular e que permite ao governo leiloar óleo e gás excedente.

BOLSONARO FORA – O projeto de anistia que vem sendo costurado pelo presidente da Câmara não incluiu benefícios a Jair Bolsonaro, que está com o julgamento da trama golpista em curso no Supremo Tribunal Federal (STF).

Desde o começo de junho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) promete a aliados que o projeto será pautado em tempo recorde na Câmara e no Senado.

Integrantes do PL afirmam que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), também está envolvido nas negociações da anistia.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Cabe aqui um acréscimo à importante informação de Bela Megale (que pelo nome não se perca, diria Helio Fernandes). Propositadamente, o projeto não inclui anistia a Bolsonaro, mas é evidente que algum deputado aliado vai propor a inclusão, que é o desejo da maioria dos parlamentares, como é mais do que sabido nos bastidores do Congresso, devido às pesquisas que já foram feitas em entrevistas aos deputados e senadores. Ou seja, a anistia será aprovada, mas Bolsonaro continua inelegível, devido às duas condenações no TSE, em processos separados – um, referente à reunião com embaixadores, e o outro, sobre usar o 7 de setembro para fazer campanha eleitoral, junto com o general Braga Netto, também condenado. (C.N.)

Zambelli envia defesa à Câmara pede acareação com hacker Delgatti

Zambelli continua foragida, mas resolveu se defender

Gabriela Boechat
da CNN

Os advogados da deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) apresentaram nesta quarta-feira (2) a defesa no processo que pode levar à perda de seu mandato. O documento foi entregue à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara e conta com um pedido de acareação entre a deputada e o hacker Walter Delgatti, condenado junto com ela.

“O Walter Delgatti, que é o famoso hacker, foi chamado pela Polícia Federal de mentiroso contumaz, mudou seu depoimento pelo menos 6 vezes, então é isso que a gente coloca e pede acareação aqui na CCJ”, afirmou advogado de Carla Zambelli, Fábio Pagnozzi.

CINCO TESTEMUNHAS – Segundo a defesa, cinco testemunhas já foram indicadas para depor na comissão. Os nomes ainda precisam ser aprovados pelo relator, que não foi definido.

São elas o próprio hacker Walter Delgatti Netto; o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira; o perito técnico Michel Spiero; o delegado da PF (Polícia Federal) Flávio Vietez Reis; e o responsável pelos relatórios técnicos no caso, Felipe Monteiro.

Segundo a defesa, Zambelli foi alvo de cerceamento e deve ter direito a novo julgamento, desta vez pela Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal).

10 ANOS DE PRISÃO – A deputada foi condenada pela Primeira Turma do STF a dez anos de prisão por envolvimento na invasão do sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). A decisão também determina a perda do mandato. O trânsito em julgado já foi reconhecido, ou seja, não cabem mais recursos. Zambelli está foragida na Itália.

No início de junho, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), enviou a decisão do STF à Comissão de Constituição e Justiça. Pelo regimento da Câmara, depois de passar pela CCJ, a perda de mandato precisa ser aprovada por maioria simples no plenário, ou seja, ao menos 257 votos favoráveis.

TRAMITAÇÃO – Com a defesa protocolada, a comissão poderá realizar diligências e, depois disso, terá cinco sessões para analisar o parecer, que pode recomendar a cassação ou o arquivamento do caso.

Líder do PL na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ) afirmou nesta quarta (2) que o partido vai apoiar Zambelli. “Não abandonamos nossos soldados, por mais feridos que estejam”, disse em entrevista coletiva.

Segundo ele, o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, orientou a bancada a votar pela manutenção do mandato da deputada. “Toda a direita raiz está junta. Vamos conversar com os líderes [de outros partidos] e vamos estar ao lado de Zambelli. Vamos lutar pelo mandato de uma mulher, a mais votada”, citou.

Sempre flanando pelo mundo, Lula encontra tempo para visitar a corrupta Cristina

Acredito na inocência de Cristina', diz Lula após visitar ex-presidente argentina em apartamento onde ela cumpre prisão domiciliar

Lula ficou emocionada ao encontrar Cristina Kirchner

Vicente Limongi Netto

Com o Brasil feliz e sem problemas, é justo que nosso presidente ande flanando pelo mundo. Desta vez, Lula aproveitou a reunião do Mercosul para ir à Argentina e fazer uma visita à ex-presidente Cristina Kirchner, presa por corrupção.

Em Lisboa, ilustres homens públicos engomados e sorridentes, ministros, deputados, senadores, empresários e jornalistas discutem os problemas mundiais. Por alguns dias, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre fica de plantão, com as chaves do cabaré Brasil.

SEGUIR OS ORÁCULOS – Havendo brecha na atribulada programação, com enfadonhos e patrióticos discursos, é certo que resolverão os problemas do Brasil. Sob aplausos do anfitrião Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), com Fernando Pessoa e Luiz de Camões embalando os corações dos encantadores viajantes.

Todos retornarão contentes, certos do dever cumprido. O Brasil voltará, então, a vidinha medíocre de nação agoniada, desesperada, infeliz, humilhada, infelicitada, desgraçada, vilipendiada.

Qual a saída? Seguir os oráculos da Globonews, Merval Pereira, Andrea Sadi, Otavinho Guedes, Gerson Camarotti, Valdo Cruz, Miriam Leitão, Daniela Lima, Natuza Nery, Ana Flor e Marcelo Lins, em busca de migalhas diárias de sabedoria para pobres e mortais assinantes.

LIVRO NA ABI – A segunda edição do livro “Esquecer? Nunca Mais! A saga do meu filho Marcos Arruda”.  Lançamento no próximo dia 8. às 18 horas, no Rio. Livro editado pela Universidade estadual de São Paulo (Unesp), narra a jornada de Lina Sattamin em busca do seu filho, o geólogo, poeta, escritor e militante, Marcos Arruda, preso e torturado pela ditadura militar. 

PREOCUPAÇÃO – A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) em conjunto com outras entidades do setor produtivo, encaminhou oficio ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, manifestando preocupação com as recentes mudanças no processo de abertura de empresas. As novas regras estão prontas para entrar em vigor no próximo dia 27, com a implementação do módulo de administração tributária da Receita Federal. 

TORCIDA – Sem clubismo. Torcedores que realmente gostam de futebol, devem vibrar nesta sexta-feira, pelos times brasileiros Fluminense e Palmeiras.

Não tem jogos fáceis na empolgante Copa do Mundo de Clubes, nos Estados Unidos.  Adversários duros e respeitados.

Fluminense e Palmeiras já mostraram que estão preparados para a “guerra”.

Mendonça mantém críticas e pede que o Supremo repense seu papel

Ministro palestrou na capital portuguesa nesta quinta-feira.

André Mendonça condena os julgamentos no estilo Moraes

Fellipe Gualberto
Estadão

O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu que o Estado deve repensar o papel atual do Supremo, em que a Corte processa e julga crimes. A declaração ocorreu durante o painel “Ações estruturais, controle de constitucionalidade e separação de poderes”, realizado nesta quinta-feira, 3, no Fórum de Lisboa.

De acordo com ele, o Tribunal deveria desempenhar uma função mais alinhada com as questões constitucionais e a garantia de direitos fundamentais. A revisão do papel da Suprema Corte, pedido feito por Mendonça, poderia ser feita via Parlamento, por meio de uma emenda constitucional.

CASO DAS BIG TECHS – Em ocasiões anteriores, Mendonça já demonstrou desejo por limitar a interferência do STF em certas questões. O ministro defendeu a “autocontenção judicial” do STF ao falar no julgamento sobre regulamentação das big techs que o Tribunal conduziu em 4 de junho.

Neste caso, Mendonça votou contra a responsabilização das redes sociais por publicações criminosas feitas por usuários. O ministro foi o primeiro a divergir de seus pares e, em sua fala, equiparou as redes sociais a veículos de comunicação e jornalísticos e defendeu que, por isso, elas não podem sofrer restrições “à plena liberdade de informação”.

A Corte, por fim, optou por ampliar as obrigações das big techs. A decisão foi tomada pela maioria dos integrantes, em uma votação com o placar de oito votos a favor e três contra.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A palestra de Mendonça é um grito de alerta em meio ao corporativismo que caracteriza as posições da maioria dos ministros. Ele tem toda razão. O Supremo faz tempo que extrapolou suas funções e por isso é responsável pela crise atual, por ter libertado Lula e permitido a candidatura de um criminoso como ele. A palestra de Mendonça mostrou que o Fórum de Lisboa, apelidado de “Gilmarpalooza”, valeu alguma coisa este ano. (C.N.)

Começou a palhaçada! PSOL invade Itaú para declarar guerra aos “ricos”

03/07/2025 Protesto do MTST hoje, na Faria Lima. (Crédito: Reprodução via X/@mtst)

Ativistas do PSOL invadiram o prédio na Rua Faria Lima

Geovani Bucci
Estadão

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo realizaram na manhã desta quinta-feira (3), um protesto em frente à sede do Banco Itaú (ITUB3; ITUB4), na Avenida Faria Lima, zona sul da Capital paulista, em ato contra o Congresso Nacional. 

O grupo invadiu o saguão do prédio com cartazes e gritos de ordem pedindo taxação de alta renda e defendendo a reforma tributária. Procurada, a assessoria do Banco Itaú disse à reportagem que não comenta sobre o ocorrido.

ACABOU A MAMATA – “Ocupamos o saguão do edifício de R$ 1,5 bilhão, o mais caro do Brasil na Faria Lima, exigindo justiça tributária, inclusão dos milionários no Imposto de Renda e do povo no orçamento”, afirmou o movimento nas redes sociais. Cartazes exibiam frases como “acabou a mamata” e “está na hora de milionário pagar imposto”.

O ato ocorre em meio ao acirramento da tensão entre o Palácio do Planalto e o Congresso. Na última terça-feira (1º) a Advocacia-Geral da União (AGU) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão do Legislativo que derrubou o decreto de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), assinado pelo presidente Lula da Silva (PT) no fim de maio.

A medida fazia parte da estratégia do governo para reforçar a arrecadação e cumprir as metas do novo arcabouço fiscal.

A BRIGA DO IOF – No último dia 25 de junho, a Câmara dos Deputados aprovou, por 383 votos a 98, o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 214/25, que suspende os decretos do governo federal relacionados a mudanças no IOF. A atitude dos parlamentares deflagrou uma crise entre o Poder Executivo e o Legislativo – veja mais aqui.

Depois de idas e vindas diante das repercussões negativas provocadas pelas primeiras alterações nas alíquotas de operações de câmbio, linhas de crédito para empresas e, inclusive, planos de previdência privada do tipo Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), o governo federal chegou a uma alternativa.

Assim, determinou a tributação em 5% de novas emissões de títulos que hoje são isentos, como Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs).

ALÍQUOTA ÚNICA – Em relação às aplicações que seguem atualmente a tabela regressiva do Imposto de Renda (IR), fica uma alíquota única de 17,5%, independente do tempo de investimento. O governo, assim, editou um novo decreto do IOF, recalibrando as alíquotas do imposto.

Foi este decreto que a Câmara dos Deputados derrubou e que, logo em seguida, foi acompanhada pelo Senado. Assim, o Legislativo conseguiu anular todas as mudanças promovidas pelo governo federal sobre o IOF.

O governo Lula, por meio da AGU, ajuizou, então, uma ação no STF para reativar os efeitos do decreto. A equipe econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, alega que precisa do ajuste para garantir o cumprimento da meta fiscal do ano que vem, de superávit de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB).

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O problema tende a se agravar, com a nova política do Planalto e do PT, que foram insuflados por Lula a declarar guerra aos ricos. Os ministros petistas, como Fernando Haddad e Gleisi Hoffmann, imediatamente iniciaram as agressões e o Itaú é a primeira vítima. (C.N.)  

Michelle pede que seu partido PL não atrapalhe o tratamento de Bolsonaro

Jair Bolsonaro acompanha ao aeroporto de Brasília Michelle Bolsonaro que embarca para a posse do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Michelle resolveu comandar o tratamento de seu marido

Bela Megale
O Globo

Michelle Bolsonaro entrou em campo para garantir que o marido atenda a ordem médica e repouse neste mês. Ela procurou o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), para solicitar que a bancada do partido não busque Bolsonaro durante este mês.

Michelle pediu que o capitão reformado seja preservado, inclusive, se algum dia quiser ir à sua sala na sede do PL, em Brasília.

AJUDA E COMPREENSÃO – No telefonema a Sóstenes, a ex-primeira-dama pediu ajuda ao líder. Ela disse que não conseguirá segurar Bolsonaro em casa todos os dias e que, quando ele estiver na sede da sigla, é importante que não seja demandado pelos parlamentares.

— Se você me ajudar, ajuda ele — resumiu Michelle.

Sóstenes então enviou mensagem ao grupo de parlamentares do PL com o pedido para que não busquem Bolsonaro em julho. O líder ainda ligou para alguns congressistas para reforçar a ordem.

CUIDANDO DO JAIR – O estado de saúde do ex-presidente preocupou aliados na véspera do ato da Paulista, no domingo passado (29). Bolsonaro abreviou sua participação na live que fez no sábado (28) e teve ordens médicas de repousar e ficar em silêncio até o momento da manifestação.

Como o capitão reformado seguiu com crises de soluço e outros problemas, a equipe médica decidiu que era preciso mais tempo de repouso, e ele cancelou todas as agendas que realizaria em julho.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O Brasil deve ser considerado o país da terceira idade. Aqui, os principais partidos políticos insistem em disputar a próxima eleição com dois políticos que estão com prazo de validade já vencido – Lula, que terá 81 anos na data da votação, e Bolsonaro, que terá 71 anos, é mais novo, porém está com a saúde em risco, não tem a menor condição. (C.N.).

Mais escândalos! Ataque hacker desvia cerca de R$ 1 bilhão do Banco Central

Golpe do Pix: bancos lançam campanha para reduzir riscos

Ilustração reproduzida do Arquivo Google

Pedro S. Teixeira, Nathalia Garcia e Raquel Lopes
Folha

Um ataque hacker desviou cerca de R$ 1 bilhão de recursos mantidos no Banco Central, no maior evento do tipo já registrado no Brasil, segundo a principal empresa brasileira de segurança cibernética, o Grupo FS. Os valores estavam em contas de clientes da empresa C&M Software, que presta serviços de tecnologia para instituições do setor financeiro.

Segundo pessoas que acompanham o caso, ouvidas pela Folha, do rombo de cerca de R$ 1 bilhão envolvendo oito instituições, R$ 500 milhões pertenciam a uma única cliente da C&M. A notícia do desvio foi antecipada pelo Brazil Journal.

A empresa de tecnologia que sofreu o ataque hacker administra a troca de informações entre instituições brasileiras ligadas ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), incluindo o ambiente do Pix. Entre os seus clientes estão grandes companhias brasileiras como os bancos Bradesco e XP, que afirmam não terem sido afetados pelo incidente.

COMUNICAÇÃO – Em nota, o BC disse que a prestadora de serviços de tecnologia comunicou o ataque à sua infraestrutura tecnológica e que a autoridade monetária determinou o “desligamento do acesso das instituições às infraestruturas por ela operadas”.

O ataque não atingiu a infraestrutura do Pix, que segue operando normalmente. A equipe técnica do BC está apurando quanto foi possível recuperar da cifra desviada, mas o montante é de cerca de 2%, segundo análise preliminar.

Até o momento, não há informações oficiais sobre a dimensão do desvio e sobre os atingidos, OS clientes da empresa de tecnologia foram afetados.

FOI NA SEGUNDA – A invasão ocorreu na madrugada de segunda-feira (30), mas a autoridade monetária só foi informada do problema na terça (1º). A Polícia Federal foi acionada e abriu inquérito nesta quarta (2) para investigar o ataque hacker. Procurado, o órgão não quis se manifestar.

A fintech SmartPay, que oferece integração entre o Pix e plataformas de criptoativos, afirma que seu serviço foi utilizado para converter as quantias desviadas em criptomoedas. “Detectamos um problema à 0h18 do dia 30 de junho devido ao movimento atípico nas compras de USDT e Bitcoin”, afirmou o CEO da SmartPay, Rocelo Lopes.

De acordo com Lopes, a SmartPay, então, passou a bloquear as operações e iniciou uma operação para estornar o que foi possível dos valores desviados. “Foram retidas grandes somas de dinheiro e, na mesma hora, foi feito o processo de devolução para as instituições envolvidas.”

ALGO DE NOVO – Furtos cibernéticos dessa monta nunca haviam sido registrados oficialmente no Brasil, segundo Alberto Leite, CEO do Grupo FS.

 “No cenário internacional, já observamos casos mais expressivos, como o ataque à exchange de criptomoedas Bybit, que resultou na perda de US$ 1,5 bilhão.” Os valores foram desviados para contas fraudulentas envolvendo mais de 40 instituições

O diretor comercial da C&M Software, Kamal Zogheib, disse que os criminosos usaram credenciais de clientes (como usuário e senha) para tentar acessar os sistemas de forma fraudulenta. “A empresa colabora ativamente com as autoridades competentes, incluindo o Banco Central e a Polícia Civil de São Paulo, nas investigações em andamento”.

SEIS INSTITUIÇÕES – Um dos clientes da C&M Software, a prestadora de serviços bancários BMP, afirmou que os criminosos tiveram acesso a contas reservas de seis instituições financeiras, incluindo a da própria companhia.

Essas contas são mantidas no Banco Central para fins de acolhimento dos depósitos dessas instituições. Elas são obrigatórias para os bancos comerciais, por exemplo, que guardam recursos ali para melhor controle do risco das suas atividades operacionais.

“As contas reserva são mantidas diretamente no Banco Central e utilizadas exclusivamente para liquidação interbancária [transferências de fundos entre as instituições financeiras]”, afirmou, em nota, a BMP.

CONTAS PI – Um interlocutor ouvido pela Folha sob condição de anonimato disse que foram acessadas as Contas PI (Pagamentos Instantâneos), mantidas no BC pelos participantes do sistema para dar liquidez às transações via Pix.

Segundo a empresa, nenhum cliente da BMP foi afetado ou teve recursos acessados. “A instituição já adotou todas as medidas operacionais e legais cabíveis e conta com colaterais suficientes para cobrir integralmente o valor impactado, sem prejuízo à sua operação ou a seus parceiros comerciais”, acrescentou.

A Credsystem, outra cliente da C&M Software, disse que o incidente impactou apenas o seu serviço de Pix, que está temporariamente fora do ar por determinação do BC. “Nossos clientes podem continuar utilizando normalmente e sem custo o serviço de TED.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Pix, bitcoins, criptomoedas… Como diziam os irmãos Ringling, reis do circo, a cada 30 segundos nasce um otário… (C.N.)

A falsa baiana foi criada por um mineiro e cantada por um carioca

LP – História Da Música Popular Brasileira - Geraldo Pereira ( Vários  Artistas )

Geraldo Pereira, compositor mineiro

Paulo Peres
Poemas & Canções

O compositor mineiro Geraldo Theodoro Pereira (1918-19554), nascido em Juiz de Fora, mostra sambando a diferença existente entre a verdadeira e a “falsa baiana”.

A música foi composta em 1943, a partir de uma cena num baile de carnaval. A esposa do compositor e pianista Roberto Martins estava fantasiada de baiana, mas sua postura e falta de animação contrastavam com o espírito festivo da fantasia, levando o marido a comentar: “É a falsa baiana”, o que inspirou a criação da música. Este samba foi gravado pelo carioca Ciro Monteiro, em 1944, pela RCA Victor.

FALSA BAIANA
Geraldo Pereira

Baiana que entra no samba e só fica parada
Não samba, não dança, não bole nem nada
Não sabe deixar a mocidade louca…
Baiana é aquela que entra no samba
de qualquer maneira, que mexe,
remexe, dá nó nas cadeiras
Deixando a moçada com água na boca

A falsa baiana quando entra no samba
Ninguém se incomoda, ninguém bate palma
Ninguém abre a roda, ninguém grita ôba
Salve a Bahia, senhor

Mas a gente gosta quando uma baiana
Samba direitinho, de cima embaixo
Revira os olhinhos dizendo
Eu sou filha de são salvador

O fim da internet livre no Brasil está mais próximo do que se pensa

Expresso a la Castro: Charges: Diga não à censura na internet!

Charge do Jota (Arquivo Google)

André Costa
Timeline

Enquanto o país se distrai com CPI, escândalos fabricados e cortinas de fumaça, avança discretamente no Congresso Nacional um projeto que pode desmontar, na canetada, o último bastião de liberdade digital do Brasil. Trata-se do Projeto de Lei 4.557/2024, que, sob o pretexto de “modernizar” a internet, esconde um ataque direto ao atual modelo democrático de governança digital.

 O texto propõe um movimento perigoso: colocar o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) sob o guarda-chuva da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), órgão estatal historicamente alinhado a interesses políticos e corporativos, longe do crivo da sociedade civil. Na prática, significa substituir a gestão plural da internet por uma caneta governamental, em sintonia com as velhas práticas centralizadoras que tanto conhecemos.

MODELO MUNDIAL – O CGI.br não é uma invenção de gabinete. É um modelo respeitado mundialmente, criado em 1995 (Decreto 4.829/2003, posteriormente regulamentado), que reúne representantes do governo, setor privado, meio acadêmico, sociedade civil e comunidade técnica para definir diretrizes de funcionamento da internet no país.

Graças a esse arranjo, o Brasil conseguiu proteger princípios como a neutralidade de rede, a liberdade de expressão, o acesso universal e o estímulo à inovação digital.

Não por acaso, o modelo multissetorial brasileiro é citado em fóruns internacionais como referência de governança aberta e democrática, alinhado aos valores da ICANN (Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números, em português) e do Fórum de Governança da Internet (IGF/ONU).

BARREIRA PROTETORA – Foi essa estrutura que impediu, por exemplo, abusos no controle de domínios, imposições unilaterais de censura e restrições ao livre uso da rede — problemas corriqueiros em países menos comprometidos com a liberdade digital.

Agora, o perigoso PL 4.557/2024 é de autoria do deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), e seria para “fortalecer” e “trazer eficiência” à gestão da internet, mas o método escolhido revela sua face centralizadora: a subordinação do CGI.br à Anatel.

O artigo mais polêmico da proposta determina que a Anatel passe a supervisionar o sistema de domínios “.br”, a alocação de endereços IP e as diretrizes de funcionamento da internet no Brasil, hoje atribuídas ao NIC.br, braço operacional do CGI.br.

CONTROLE OFICIAL – Sob o pretexto de “transparência”, o projeto abre as portas para que decisões técnicas e estratégicas, que afetam milhões de brasileiros, sejam controladas por uma autarquia federal, politicamente suscetível e distante do debate público.

Nota técnica do próprio CGI.br alerta que essa mudança compromete a pluralidade, cria riscos à neutralidade da rede e enfraquece a estrutura multissetorial que tem garantido o equilíbrio institucional desde os anos 1990.

A Anatel, que deveria focar exclusivamente em telecomunicações, demonstra interesse direto em ampliar seu escopo, incorporando atividades de gestão de domínios e de governança da internet — temas para os quais historicamente não possui o conhecimento técnico ou a legitimidade democrática necessária.

DIREITOS CIVIS – O problema é conceitual: regular a infraestrutura de telecomunicações (cabos, torres, espectro) é bem diferente de regular o ambiente da internet, que envolve direitos civis, inovação, privacidade e liberdade de expressão.

A experiência internacional mostra o perigo dessa fusão. China, Rússia e Irã, por exemplo, subordinam a internet aos seus governos, resultando em censura explícita, bloqueios de conteúdo, vigilância massiva e restrições ao debate público.

 Se aprovado, o PL 4.557/2024 trará consequências drásticas:         pequenos Provedores Regionais, que hoje conectam comunidades remotas, podem ser sufocados por burocracias e exigências técnicas inadequadas, ampliando o monopólio das grandes operadoras;

OUTROS EFEITOS – Empresas de tecnologia e inovação, sobretudo startups, perderão o ambiente flexível que hoje impulsiona o empreendedorismo digital no país.

A sociedade civil, voz fundamental nos debates sobre direitos digitais, será excluída das decisões estratégicas. Com isso, o cidadão comum, usuário da internet, enfrentará riscos de bloqueios, censura seletiva e redução da diversidade de conteúdos.

Especialistas alertam que a centralização de poder nas mãos da Anatel pode minar a neutralidade da rede, princípio que impede que certos serviços ou conteúdos sejam privilegiados em detrimento de outros, garantindo igualdade de acesso para todos os brasileiros.

REFERÊNCIA MUNDIAL – O CGI.br e sua governança multissetorial são respeitados internacionalmente. Relatórios como o da New America Foundation e documentos do Internet Governance Forum (ONU) destacam o Brasil como exemplo de equilíbrio entre governo, sociedade e setor privado na construção de uma internet democrática e funcional. Abandonar esse modelo em favor de um sistema centralizado, inspirado em regimes autoritários, representa retrocesso inaceitável.

A Abranet, o NIC.br, a Coalizão Direitos na Rede e dezenas de entidades já se posicionaram contra o PL, alertando para os riscos concretos de censura, interferência política e perda de autonomia técnica.

Se o Brasil seguir por esse caminho, abre-se um precedente perigoso: hoje é o controle dos domínios; amanhã, o bloqueio de sites; depois, a criminalização da opinião divergente — tudo travestido de “gestão eficiente”. Por isso, fique atento. Mobilize-se. A internet livre do Brasil está sob ataque.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Excelente matéria, enviada por Mário Assis Causanilhas.  Mostra que a defesa da internet livre não é bandeira de esquerda ou de direita. É questão de soberania, de liberdade e de garantir que o ambiente digital continue sendo espaço para inovação, expressão e pluralidade. O PL 4.557/2024 ameaça desmontar tudo isso. E, como costuma acontecer com as liberdades, quando o povo acorda, já é tarde demais. (C.N.)

Governo Lula escolhe o enfrentamento, mas pode perder nesmo vencendo

IOF virou disputa entre o Ministério da Fazenda e o Congresso

Pedro do Coutto

O governo federal escolheu o pior campo de batalha para lidar com uma crise que exigia mais tato do que teimosia: recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do Congresso Nacional que anulou o decreto presidencial sobre o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A escolha revela não apenas uma avaliação jurídica questionável, mas sobretudo um erro político crasso.

O STF é, por natureza, o guardião da Constituição e não um árbitro de disputas políticas mal conduzidas. A expectativa de que o tribunal invalide uma decisão amplamente respaldada pelo Parlamento coloca o Supremo numa situação delicada. Não é razoável esperar que a Corte confronte diretamente o Legislativo em uma questão que, embora tenha implicações técnicas, foi decidida com evidente respaldo político. Na prática, seria uma derrota simbólica do próprio Congresso – algo que, por equilíbrio institucional e leitura do cenário, o STF tenderá a evitar.

PODER DE COMPRA – Ainda que, em um cenário improvável, o governo saia vitorioso juridicamente, o prejuízo político será inevitável. O aumento do IOF recai diretamente sobre as operações de crédito, afetando consumidores e empresas, encarecendo a vida de quem já enfrenta juros altos e perda do poder de compra. O governo, portanto, venceria nos autos, mas perderia nas ruas — e na percepção pública.

A base da política é a negociação, e não a insistência em medidas impopulares sem o respaldo adequado do Congresso. Ao escolher a confrontação, o Planalto passa a imagem de isolamento e inflexibilidade. Para além do direito, há a sensibilidade política, uma qualidade que tem faltado nas recentes tomadas de decisão do Executivo.

É compreensível que a equipe econômica, pressionada por metas fiscais, busque novas fontes de arrecadação. Mas a forma como isso se dá importa — e muito. A ausência de diálogo e a tentativa de impor uma medida impopular por decreto indicam um erro de cálculo, uma leitura equivocada da correlação de forças no Legislativo e no próprio ambiente institucional do país.

REFLEXOS – A derrota no Congresso foi clara. Voltar-se ao STF agora é como tentar apagar o incêndio com gasolina: mesmo que a Corte aceite julgar o mérito, dificilmente o fará sem considerar as consequências políticas e o impacto sobre a harmonia entre os Poderes. Ao provocar um novo embate, o Executivo corre o risco de sair ainda mais fragilizado, com a credibilidade arranhada diante de um Congresso que já demonstrou disposição para se impor.

O momento exigia recuo estratégico, busca de consenso, e talvez uma reformulação mais ampla da política fiscal. O que se vê, no entanto, é uma insistência que beira a obstinação, com alto custo institucional e político. O país precisa de estabilidade e previsibilidade, mas a escolha do governo leva exatamente na direção oposta.

Em política, há vitórias que saem caro demais — e derrotas que ensinam mais que triunfos. Lula e sua equipe precisam, urgentemente, redescobrir o valor do diálogo e da prudência. Porque, no fim, a insistência no erro pode transformar um tropeço em tragédia.

Nos Estados Unidos, os democratas já flertam com guinada à esquerda

Um homem com barba e cabelo escuro, usando um moletom preto. Ele está falando ou expressando uma opinião, com uma expressão facial intensa. O fundo é desfocado, sugerindo que a imagem foi tirada em um ambiente interno.

O socialista Mamdani, candidato a prefeito de Nova Iorque

Hélio Schwartsman
Folha

A estrela do momento é Zohran Mamdani, o democrata que venceu as primárias do partido para disputar a prefeitura de Nova York. Zohran é declaradamente socialista num país que forjou sua identidade no anticomunismo. É muçulmano num país que não esconde suas inclinações islamofóbicas. E faz críticas pesadas a Israel numa cidade em que 12% da população é judia.

Não obstante, são grandes as chances de virar prefeito. Zohran é jovem e domina como poucos a linguagem das redes sociais. Seu sucesso é tamanho que o Partido Democrata já se pergunta se o caminho para sair da crise não é radicalizar o discurso de esquerda.

SETORIALMENTE – Tenho dúvidas. Acho que a guinada à esquerda pode funcionar em Nova York, Boston, Chicago e alguns lugares da Califórnia, mas não creio que baste para vencer uma eleição nacional.

Enquanto os EUA conservarem seu arcaico sistema eleitoral, os pleitos serão decididos pelos chamados estados-pêndulo. E neles a disputa é tão acirrada que acaba triunfando o candidato que atrair a maior parte dos eleitores não comprometidos com nenhum dos dois partidos nacionais.

Até dá para conceber que o independente nova-iorquino penda para Zohran, mas acho difícil que o eleitor moderado da Pensilvânia, de Michigan ou da Geórgia se enamore tanto assim de um discurso de esquerda.

NO REINO UNIDO – Os trabalhistas britânicos já viveram o dilema dos democratas americanos e fizeram a opção preferencial pela esquerda, sob a liderança de James Corbyn. Colheram uma tremenda derrota eleitoral em 2019. Reconquistaram o poder no ano passado, após livrar-se de Corbyn e voltar a abraçar posições mais centristas com Keir Starmer.

Mas o pleito de 2024 é mais bem descrito como uma eleição que os conservadores perderam do que como uma que os trabalhistas venceram.

O populismo baseado em mentiras tende a ser autolimitado. As soluções milagrosas prometidas não se realizam e aí é questão de tempo até a oposição triunfar. Trump, com suas maluquices econômicas, já trabalha para que isso ocorra.

PT inunda redes sociais com ‘ricos versus pobres’, e Congresso é o alvo

Charge do Baldinger (Arquivo Google)

Ranier Bragon, Catia Seabra e Caio Spechoto
Folha

Em sintonia com os discursos de Lula e do ministro Fernando Haddad (Fazenda), governistas têm inundado suas redes sociais com a retórica da luta entre pobres e ricos, cenário em que o presidente da República estaria entrando em choque contra poderosos interesses do status quo empresarial e financeiro.

No discurso capitaneado pelo PT, estimulado pelo Palácio do Planalto e disseminado por perfis alinhados, a campanha é formada em boa parte por vídeos produzidos por inteligência artificial e tem como mote a defesa da “taxação BBB”, em referência a “bilionários, bets e bancos” —grupo que formaria um poderoso lobby em parceria com o centrão e a direita no Legislativo.

INIMIGO DO POVO – O Congresso é um dos principais alvos, em especial no varejo da rede social, onde o Legislativo aparece claramente identificado como “inimigo do povo”.

A imagem é uma colagem que contém três partes. À esquerda, um homem com cabelo ondulado e camisa clara fala para a câmera, com legendas em português que dizem: “não paga nada e é rico”.

 No centro, há uma imagem de um homem mais velho com cabelo grisalho, acompanhado de um texto que menciona responsabilidade fiscal e a necessidade de dignidade. À direita, um homem com cabelo curto e terno fala para a câmera, com um texto em destaque que diz: “ELÉTRICA MAIS CARA PRA TODOS OS”. No canto superior direito, há um selo que diz “URGENTE”. A colagem parece abordar temas de política e economia.

REBELIÃO DE LULA – O direcionamento político das redes segue o discurso e a ação de Lula, que nesta terça-feira (1º) disse enfrentar uma “rebelião” toda vez que tenta cobrar mais impostos de ricos.

A declaração foi dada pouco depois de a AGU (Advocacia-Geral da União) ingressar no STF para tentar resgatar o decreto presidencial que elevou alíquotas do IOF —Imposto sobre Operações Financeiras derrubado pelo Congresso com 383 votos na Câmara, incluindo a maior parte das bancadas dos centro-esquerdistas PDT e PSB.

“Não é briga política, partidária. É a elite, junto com a direita e o centrão, se unindo contra o povo brasileiro”, disse em um dos vídeos postados por governistas o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), cotado a ocupar a Secretaria-Geral da Presidência do governo Lula.

PROTESTO NO MASP – Boulos e o PSOL são os que, da linha de frente lulista, mais apontam o dedo contra o Congresso. Em uma das postagens do deputado, é convocado um protesto para o dia 10 no Masp, em São Paulo, sob o mote “centrão inimigo do povo”.

O PT produziu e jogou em suas redes sociais recentemente vídeos que exploram essa retórica e que foram reproduzidos nos perfis de vários políticos governistas.

Nessas peças, feitas com IA, afirma-se que Lula busca equilibrar a balança de pagamento de impostos apesar das resistências das elites econômicas.

BOTECO DO BRASA – Um dos vídeos que viralizaram é o do “boteco do Brasa”, em que personagens engravatados aparecem em uma mesa ao lado de pessoas comuns querendo pagar menos na conta apesar de terem consumido champagne, caviar e lagosta. A peça já tem mais de 2 milhões de visualizações no Instagram

Secretário de Comunicação do PT, o deputado Jilmar Tatto (SP) afirma que, semanalmente, o partido leva ao ar dois novos vídeos. Nesta quarta-feira (2), apoiadores do governo participarão de uma live com ênfase no discurso em favor da justiça tributária no Brasil.

“Finalmente, conseguimos uma coesão no governo, no PT e nos setores progressistas sobre a linha política para diálogo com a sociedade, que é fazer o andar de cima pagar impostos”, disse Tatto.

IDEIA DE GLEISI – Segundo um integrante do governo, essa ação mais enfática nas redes nasceu a partir de uma cobrança da ministra Gleisi Hoffmann (PT), chefe da articulação política de Lula, e conta com o apoio do ministro Sidônio Palmeira (Secom).

Já em contas alinhadas, o ataque ao centrão e ao Congresso é mais explícito. Um vídeo do perfil “brasilsatiradopoder” que circulou entre governistas, por exemplo, apresenta vídeo de IA parodiando o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Na peça, ele se apresenta como “Hugo nem se importa” em um jantar de luxo, fazendo piada com gastos exorbitantes e terminando bebendo uma garrafa de uísque no bico. A paródia explora o ocorrido em uma festa de São João na Paraíba, quando o presidente da Câmara aderiu a um desafio de tomar um gole de uísque direto na garrafa.

DERROTA DO IOF – A retórica que busca colar no Legislativo o rótulo de defensor de privilégios de ricos foi um dos motivos da rebelião em que o governo foi derrotado no caso do IOF.

Na ocasião, já havia insatisfação na cúpula de Câmara e Senado com campanhas em perfis de esquerda que apontavam o Congresso como “inimigo do povo”, em especial pela derrubada de vetos de Lula que devem beneficiar empresários do setor elétrico e aumentar a conta de luz.

Na segunda (30), Hugo Motta também foi às redes criticar o governo, afirmando que “quem alimenta o nós contra eles acaba governando contra todos”.

IMPOSTOS PARA RICOS – O governo percebeu em junho o potencial da discussão sobre mais impostos para ricos. Naquele mês, Haddad teve um enfrentamento público com deputados bolsonaristas em torno do tema e ganhou engajamento nas redes sociais.

Nas semanas seguintes, como mostrou a Folha, Lula instruiu aliados a fazer mais contrapontos públicos ao centrão e à oposição a partir do tema dos impostos.

Levantamento da Bites, consultoria especializada em dados de ambientes digitais, mostra que ao menos os governistas da Câmara têm conseguido disputar as redes abertas com opositores de Lula.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Pobres contra ricos? O que se pode dizer é que essa bagaça não vai dar certo. (C.N.)

Três Poderes só deixam intacto o que realmente interessa a cada um deles

Tribuna da Internet | Maior desafio do governo em 2024 é o desequilíbrio  entre os Três Poderes

Charge do Duke (Dom Total)

Dora Kramer
Folha

Nessa série de atitudes passivo-agressivas entre os três Poderes — vide corte de gastos do Executivo, supersalários do Judiciário e aumento de cadeiras no Legislativo—, há uma evidência em forma de pacto não escrito: nenhum deles interfere nos interesses corporativos e/ou ideológicos do outro.

O Parlamento eleva despesas, o governo propõe, mas não trabalha efetivamente pelo fim dos privilégios de magistrados, e o Supremo Tribunal Federal faz de conta que não é com ele, aludindo, quando convém, ao princípio da não interferência.

EMENDAS E IOF – Há um paralelo nítido a ser traçado entre a reunião de agosto de 2024, quando representantes dessas instâncias anunciaram um entendimento para regularizar o uso das emendas, e o encontro de junho de 2025, em que se proclamou um acordo “histórico” para o encaminhamento do decreto ao aumento do IOF.

Nenhum desses acertos progrediu e os signatários fizeram-se de desentendidos a respeito do fracasso das tratativas.

Assim, o STF sentiu-se traído pela insistência do Congresso em não atender à transparência no manejo dos recursos do Orçamento, mantendo-se indiferente ao cumprimento da Constituição.

O CASO IOF – Adiante, na derrubada do decreto sobre operações financeiras, o ministro da Fazenda seguiu dizendo que não compreendia o que se passou para Hugo Motta (Republicanos) e Davi Alcolumbre (União Brasil) terem mudado de ideia e liderado a imposição de derrotas ao Planalto.

A razão é simples: em ambos os casos, nas emendas e no IOF, sobrou precipitação, um quê de soberba —para não dizer ingenuidade— para levar em conta a ausência de concordância dos colegiados aos quais os presidentes da Câmara e do Senado devem satisfação.

Haddad e o presidente Lula (PT) estão grandinhos o suficiente para saber que não há acordos possíveis sem o aval dos deputados e senadores que por quase unanimidade colocaram os chefes nos cargos que os fazem poderosos, com um exército de quase 400 contra menos de 100 soldados na luta pelo poder.

Barroso e Moraes representam no Supremo uma sucursal de Lula

Barroso defende atuação de Moraes: 'Merece admiração e respeito'

Barroso indicou Moraes para julgar o processo do IOF

Vicente Limongi Netto

Tudo em casa. Há dias observei em artigo, aqui na Tribuna, que a saída para Lula e para o governo salvarem o IOF, derrubado com ampla maioria no Congresso, seria o recurso no STF cair nas mãos de relator apaniguado do Palácio do Planalto.

Adivinhem quem o presidente da Suprema Corte, Luís Roberto Barroso, escolheu para relatar a matéria? Claro, o inefável cama e mesa palaciana Alexandre de Moraes. Nefasta tabelinha.

GRANDE HAVELANGE – A bem sucedida Copa do Mundo de Clubes, em andamento nos Estados Unidos, patrocinada pela Fifa, deveria destinar ao campeão a Taça João Havelange. Por tudo que o brasileiro fez pelo futebol brasileiro e mundial. Como presidente da Fifa, de 1974 a 1998, Havelange expandiu e modernizou a Copa do Mundo. Foi ele quem colocou países africanos e asiáticos nas disputas de Copas do Mundo.

A frente da Fifa, Havelange foi recebido por reis, rainhas e presidentes. Em Brasília, no Tribunal de Contas da União (TCU), foi condecorado com o colar do mérito da instituição, das mãos do então presidente, ministro Valmir Campelo.  Havelange tornou a Fifa uma potência financeira. Antes de presidi-la, João Havelange comandou a então CBD. Com Havelange à frente, o Brasil conquistou três copas do mundo. Em 8 de maio, Havelange teria completado 109 anos de idade.

CANALHAS – Ninguém sofre mais do que o povo. O desespero sem nada para comer em casa, desemprego ainda alto, contas para pagar. Agora, são vítimas de ladrões nas aposentadorias. É a hora que golpistas entram em ação. Patifes se passam por advogados, por policiais, se valem da boa fé dos necessitados, sobretudo idosos.

Telefonam, inventam histórias, fazem promessas mirabolantes. Os coitados acabam caiando na lábia dos ordinários. Já que o dinheiro que têm é curto ou nenhum.  Quando a vítima percebe, é tarde. Os vigaristas agem com facilidade em todos os setores. Pobre povo, pobre cidadão.

RETRATO DE LULA – A Revista inglesa “The Economist” traçou singelo perfil de Lula. Pinceladas sem novidades. Desmoralizado no Brasil e no exterior. Não é levado a sério por ninguém. A não ser por Janja, Rui Costa e Fernando Haddad. Nenhum presidente dá a mínima para Lula. O francês Macron finge bem.

Trump não tem nenhuma consideração pelo boquirroto petista. Até ditadores, como Nicolau Maduro, pisa em Lula sem dó nem piedade.

O consolo para Lula é visitar na Argentina a ex-presidente Cristina Kirchner, condenada por corrupção.

PIADA SEM GRAÇA  – A governadora petista do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, inaugurou a extensão de uma adutora para forne cer água a cerca de onze mil pessoas. Foi ridicularizada com a informação de que teria inaugurado uma torneira.

É triste e desanimador esse tipo de política, que destorce informações propositadamente. E muitas pessoas acabam acreditando na notícia maldosa, não interessa a que partido pertença a autoridade denegrida.

Boa vontade do Supremo em apoiar o Planalto está acabando

Rodrigo Maia à CNN: Discussão das emendas parlamentares não é uma briga do STF | CNN Brasil

Rodrigo analisa o momento difícil vivido pelo governo

Mariana Barbosa
do UOL

O governo deverá “ter muitas dificuldades” para reverter no Supremo a derrota imposta pelo Congresso Nacional na noite de quarta-feira, com a aprovação do PDL (projeto de decreto legislativo) que derrubou o decreto do IOF, avalia o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, hoje presidente da Fin, a confederação das instituições financeiras que reúne diversas associações e sindicatos patronais do setor.

Para Maia, a boa vontade do Supremo em ajudar o governo a arrecadar “está acabando”. Em uma conversa com Carlos André, presidente da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), durante o Anbima Summit,

DECISÕES ERRADAS – Maia lembrou que o governo vem apelando cada vez mais à alta corte em busca de decisões para aumentar a arrecadação. No entanto, avalia Maia, nem todas as decisões resultaram na arrecadação esperada pelo governo.

Para Maia, o impasse entre Executivo e Legislativo tampouco será resolvido se o governo insistir em jogar ricos contra pobres e tentar colar no parlamento a pecha de defensor de privilégio das elites.

“As críticas que o governo faz ao Hugo Motta (presidente da Câmara) são equivocadas. O decreto do IOF cairia de qualquer jeito. O governo esqueceu que o Parlamento derrubou a CPMF?”

CRIA DESPESAS – Segundo Maia, o governo “cria despesa todo dia” e quer jogar as medidas impopulares no colo do Congresso. “Isenção de Imposto de Renda, isenção na conta de luz? Não é possível não pagar. Você pode ter redutores, mas não pagar não acho certo. E a gente fica nesse discurso bobo de que rico não paga imposto”.

E acrescenta: “Não sei onde o governo quer chegar com essa narrativa. Pelas declarações da Gleisi [Hoffmann, ministra da Secretaria de Relações Institucionais) e do Lindbergh [Faria, deputado federal (PT-SP)], é difícil que não dobrem a aposta no discurso de rico contra pobre.”

Para Maia, o país só vai avançar na aprovação de medidas impopulares se houver um acordo para dividir a conta do desgaste político entre Executivo e o Parlamento.

HÁ PARADOXOS – “Quando é do interesse do governo, ele faz. Mas quando não gosta, diz que é o Congresso. O Bolsonaro era contra a reforma da Previdência, mas mandou a PEC (Proposta de Emenda Constitucional).”

O ex-deputado diz que não vê espaço para derrubada total da Medida Provisória do governo que traz aumento de arrecadação, mas acredita que ela será modificada. Na sua visão, o Congresso vai derrubar a proposta de aumento da alíquota (de 15% para 20%) na tributação da distribuição de juros sobre capital próprio (JCP) vai cair. Assim como a taxação dos títulos incentivados para o agro e o setor imobiliário (CRI, CRA, LCI, LCA e outros).

TRÊS MEDIDAS – Maia elencou as três medidas que considera mais relevantes para reduzir a trajetória de alta do gasto, ainda que não veja apoio do governo nesse sentido: fim da indexação do salário mínimo para o reajuste das aposentadorias, desvinculação do piso de despesas com saúde e educação e mudanças nas regras do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação).

Ele fez uma mea culpa pela aprovação, na sua gestão, da emenda que tornou permanente e ampliou os gastos obrigatórios do Fundeb — “erramos nessa”. Para ele, a vinculação do piso para saúde e educação foi o maior erro do governo na pauta orçamentária.

IMPACTO DESCONHECIDO – A vinculação levou a um orçamento extra de R$ 50 bilhões para a pasta da Saúde e ninguém sabe “o que foi feito com isso”, qual o impacto na melhora da prestação do serviço.

Sobre propostas de reduzir o gasto tributário em 10% — medida que chegou a ser defendida pelo presidente da Câmara, Hugo Motta, e também pelo governo — ele diz considerar “difícil mexer”. “Muito do gasto tributário é social. Tem cesta básica, Simples. Zona Franca de Manaus.”

Ele admitiu que a ineficiência no gasto público está em todos os poderes. No caso do Legislativo, o exemplo mais recente é o projeto de aumento do número de deputados, de 513 para 531 — pauta altamente impopular, mas que avançou no Congresso.

Publicado em 2 de julho de 2025 por Tribuna da Internet | 3 Comentários