A dívida infindável do país (e a nossa), na visão do poeta Carlos Nejar

Tribuna da Internet | E o poeta Carlos Nejar pagou alto preço pelo excesso  de amor a todas as coisasPaulo Peres
Poemas & Canções

O crítico literário, tradutor, ficcionista e poeta gaúcho Luís Carlos Verzoni Nejar, da Academia Brasileira de Letras, diz que nossa dívida já colocou até a eternidade à venda.

A DÍVIDA
Carlos Nejar

A dívida aumenta,
A do país e a nossa.

Cada manhã sabemos
que se acumula a dívida.
A grama que pisamos é dívida.
A casa é uma hipoteca
que a noite vai adiando.
E os juros na hora certa.

Ao fim do mês o emprego
é dívida que aumenta
com o sono. Os pesadelos.
E nós, sempre mais pobres,
vendemos por varejo ou menos
o Sol, a Lua, os planetas,
até os dias vincendos.

A dívida aumenta
por cálculo ou sem ele.
O acaso engendra
sua imagem no espelho
que ao refletir é dívida.

A eternidade à venda
por dívida.
A roça da morte
em hasta pública
por dívida.
A hierarquia dos anjos
deixou o céu por dívida.
No despejo final:
só ratos e formigas.

3 thoughts on “A dívida infindável do país (e a nossa), na visão do poeta Carlos Nejar

  1. C. Newton.

    Desde ontem, não estou conseguindo enviar e–mail. Deve ser problema da UOL, porque o meu filho também não consegue pelo computador dele.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *