Estagflação já ameaça os EUA, e a culpa é da política louca de Trump

O tarifaço de Trump e os limites do poder dos Estados Unidos – blog da  kikacastro

Charge do William (Arquivo Google)

Deu no Estadão

O economista Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel em 2008, disse nesta sexta-feira, 8, que há sinais cada vez mais claro de que os Estados Unidos caminham para uma estagflação – termo usado para designar períodos em que há uma combinação de estagnação econômica com inflação alta.

Em artigo publicado no Substack, o economista diz que o ponto de partida para qualquer discussão sobre esse cenário é o fato de que o presidente Donald Trump está adotando políticas extremas tanto no comércio quanto na imigração.

90 ANOS ATRÁS – “Ele reverteu completamente 90 anos de liberalização comercial gradual, nos trazendo de volta às taxas de tarifas Smoot-Hawley (e as importações como porcentagem do PIB são hoje três vezes o que eram em 1930, então essas tarifas importam muito mais)”, escreveu.

 As Tarifas Smoot-Hawley foram adotadas em 1930 nos EUA, em meio à Grande Depressão, e aumentavam drasticamente as taxas sobre as importações feitas pelos americanos.

Krugman mostra também que, em relação à imigração, o U.S. Immigration and Customs Enforcement (ICE, a agência de imigração e controle de alfândega dos Estados Unidos) iniciou há não muito tempo as detenções e deportações em massa, mas o número de trabalhadores imigrantes nos Estados Unidos já está diminuindo, após anos de rápido crescimento.

AGUARDE A INFLAÇÃO – “Essas reversões repentinas de políticas claramente levarão a uma inflação maior no próximo ano ou depois”, escreve.

“Há quase um consenso completo entre os economistas de que as tarifas são inflacionárias. Até onde eu posso dizer, os únicos dissidentes são economistas que trabalham, diretamente ou de fato, para a administração Trump. Afinal, uma tarifa é basicamente um imposto seletivo sobre vendas imposto a bens produzidos no exterior. Existe algum cenário sob o qual as tarifas não aumentariam os preços ao consumidor?”, questiona.

Para Krugman, a única maneira de as tarifas falharem em ser inflacionárias seria se os exportadores estrangeiros cortassem seus preços, em uma tentativa de manter sua participação no mercado. “Pode haver algumas empresas estrangeiras fazendo isso, mas na maior parte isso simplesmente não está acontecendo”, diz.

CORTAR PREÇOS – “Para manter os preços ao consumidor, diante de um aumento de 15 pontos nas taxas de tarifas médias, que é mais ou menos o que Trump fez, as empresas estrangeiras teriam de cortar seus preços em dólares em mais de 13%.”

A guerra contra os imigrantes também é inflacionária, diz o economista, porque está cortando a produção em indústrias que dependem fortemente de trabalhadores nascidos no estrangeiro. “Começam a proliferar histórias de safras deixadas para apodrecer nos campos porque os agricultores não conseguem encontrar ninguém para colhê-las, projetos de construção prejudicados por batidas do ICE e um clima de medo, e mais.”

“Então, a inflação está acontecendo? Até agora, houve apenas indícios de inflação impulsionada por tarifas nos dados oficiais. O que parece ter acontecido até agora é que empresas dos EUA se apressaram em importar e estocar produtos estrangeiros antes que as tarifas de Trump entrassem totalmente em vigor, e ainda estão, em grande parte, vendendo esses estoques”, escreve Krugman.

SEM REAJUSTE – “Além disso, muitas empresas relutaram em aumentar os preços, afastando clientes, enquanto havia uma chance de Trump fazer acordos que reduzissem significativamente as tarifas novamente.”

Isso, no entanto, não está acontecendo, diz. “É verdade que muitas das tarifas de Trump são claramente ilegais, e os tribunais poderiam forçá-lo a revertê-las. Mas eu não criaria muitas expectativas. E se as tarifas vierem para ficar, podemos esperar que sejam repassadas aos compradores.”

“Veremos evidências claras do impacto inflacionário da Trumponomics no relatório de preços ao consumidor da próxima semana? Trump entrará em outra rodada de diatribes sobre estatísticas manipuladas daqui a alguns dias? Honestamente, eu não sei. Mas podemos ter muita confiança de que, graças às políticas de Trump, a inflação de inverno está chegando”, escreve.

ESTAGFLAÇÃO – “E quanto à estagnação? Contrariamente ao que muitas pessoas acreditam, tarifas não necessariamente levam a um alto desemprego. A América tinha uma alta tarifa média mesmo antes de Smoot-Hawley – 15,8% em 1929 -, mas a taxa de desemprego em 1929 estava abaixo de 3%”, diz.

Segundo ele, a razão pela qual muitos economistas acreditam que as tarifas de Trump aumentarão o desemprego não é tanto o nível delas, mas muito mais a incerteza que criam. “Como você pode esperar que as empresas façam investimentos de longo prazo quando não sabem se enfrentarão tarifas de 10% ou 35% daqui a um ou dois anos?”

Para Krugman, até se pode argumentar que a incerteza tarifária diminuirá depois de Trump ter feito “acordos” com alguns dos principais parceiros comerciais. Mas ele lembra que não são acordos comerciais formais e assinados. “E as afirmações de Trump sobre o que outros países concordaram – como sua insistência de que a Europa prometeu a ele um fundo reserva de US$ 600 bilhões e ‘eu posso fazer o que eu quiser com ele’ – são contraditas pelos próprios países. Então a incerteza tarifária permanece alta. E a incerteza criada por detenções e deportações em massa, igualmente provável de prejudicar os negócios, está apenas começando”, diz.

10 thoughts on “Estagflação já ameaça os EUA, e a culpa é da política louca de Trump

  1. A ver, Krugman. A ver.

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    Condenado a 17 anos de prisão por sentar-se na cadeira de Xande

    O mecânico Fábio de Oliveira foi condenado a 17 anos de prisão por ter sentado na cadeira de Xande durante os distúrbios de 8 de janeiro.

    Além de sentar-se na cadeira, Oliveira gravou-se dizendo bobagens.

    Moraes enquadrou-o em cinco crimes: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração do patrimônio tombado e associação criminosa armada.

    Oliveira não invadiu o plenário do tribunal, ele sentou-se na cadeira do ministro depois que ela foi levada para fora do prédio.

    Fonte: O Globo, Opinião, 10/08/2025 03h30 Por Elio Gaspari

    O “quem procura, acha” vale, no caso, para ambas as partes:

    – De um lado, para o Mecânico, ‘que achou o dele’, por ter bolsotariamente, digamos assim, se sentado na cadeira;

    – E de outro, para o Juiz, ‘que também encontrou o dele’, por extrapolar na condenação deste e de outros bolsotários a tantos anos de prisão.

  2. Há “dendos”, em:
    “The Cutting Edge”
    “Os Símbolos Ocultistas no Selo Nacional dos EUA.”
    “Simbolicamente, os pais fundadores maçons pretendiam comunicar que parte do plano da Nova Ordem Mundial estipulava que no momento certo da história, os EUA, que fielmente conduziram o restante do mundo por tanto tempo rumo ao novo sistema global do Anticristo, iria repentinamente irromper em chamas e ser totalmente consumido pelo fogo. Entretanto, das cinzas da antiga América surgirá o novo sistema global do Anticristo. Abordamos a forma como acreditamos que esse cenário ocorrerá, e cumprirá as profecias bíblicas de Daniel 2 e 7 e de Apocalipse 18.

    O autor Ovason, citado anteriormente, revela que a seleção da águia foi, de fato, uma “dissimulação ocultista”, definida pelos maçons, rosa-cruzes e alquimistas como um símbolo “desenhado para carregar um simbolismo aberto aceitável para os não-iniciados, mas ao mesmo tempo esconder um significado mais profundo acessível apenas àqueles familiarizados com o simbolismo arcano”. [Ibidem, pág. 218].” https://www.espada.eti.br/seminario2.asp

  3. Agressão externa e radicalização interna, arma-se a tempestade perfeita

    Tanto Mottinha como Alcolumbre não estão tendo a dimensão da crise institucional que se arma como uma tempestade perfeita, a partir da convergência de dois vetores: a agressão externa, com um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, e a escalada de extrema direita com objetivo de deixar o país ingovernável para constranger o STF e proteger o ex-mito.

    São evidentes as articulações entre Bananinha, que continua recebendo salário e verbas de gabinete, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, para pôr Barba e o Supremo de joelhos.

    A extrema-direita e lobbies de agronegócio e indústrias mais atingidas pelo tarifaço operam para que as exigências de Laranjão sejam atendidas, mesmo que para isso a anistia e o impeachment de Xande sejam aprovados.

    A oposição alega que Barba provocou Laranjão com gestos ideológicos (como propor o abandono do dólar), e que decisões do STF configuram “restrições às liberdades”. Usa esse argumento para justificar o tarifaço e mobilizar apoio à anistia do ex-mito.

    Laranjão não quer conversa, deseja o ex-mito de volta ao poder e trabalha para desestabilizar o país.

    Na prática, a agressão externa e a radicalização interna estão ocorrendo porque o interesse do “clã Bolsonaro” foi colocado acima dos interesses nacionais e converge com as intenções de Laranjão em relação à subordinação do Brasil.

    Fonte: Correio Braziliense, Política, 10/08/2025 – 07:44 Por Luiz Carlos Azedo

  4. Mottinha virou candidato à rainha da Inglaterra

    Ele não tem a dimensão da sua responsabilidade histórica diante do impasse institucional que se arma a partir da crise diplomática e comercial do Brasil com os EUA.

    Seu comportamento durante as 30 horas em que um grupo de parlamentares bolsonaristas sequestrou a Mesa Diretora da Câmara, em protesto contra a prisão domiciliar do ex-mito, revela isso.

    Mottinha foi ungido à Presidência pelo Arthur Lira, que exerceu às claras o papel de “eminência parda” nessa crise, ao negociar com a oposição e o Centrão um acordo para desocupação da Mesa, sem a participação nem conhecimento do presidente da Câmara.

    Depois de humilhado pela turba que tomou de assalto a Mesa da Câmara, Mottinha está sendo emparedado pelos líderes do Centrão e os membros da própria Mesa da Câmara, para que os deputados que o desacataram não sejam punidos como deveriam.

    Essa é a lógica de decisão de mandar o caso para a Corregedoria, dela para o Conselho de Ética e, então, de volta à Mesa, para as devidas medidas administrativas. Ou seja, Mottinha virou candidato à rainha da Inglaterra, com todo respeito pela monarquia britânica.

    O que exigiam os baderneiros? Anistia para o ex-mito, o impeachment de Xande e o fim do foro privilegiado, na marra. O que houve ali foi um ensaio geral do que a oposição pretende fazer caso o ex-mito seja condenado pelo Supremo.

    Fonte: Correio Braziliense, Política, 10/08/2025 – 07:44 Por Luiz Carlos Azedo

  5. Mottinha, um presidente da Câmara desmoralizado pelo bolsonarismo

    Ele perdeu completamente as condições morais para se manter no cargo. As cenas dantescas vistas na Câmara confirmaram aquilo que já se falava em todos os gabinetes da Casa: Motta tem a caneta, mas nunca teve o poder.

    Na terça-feira última, 5, deputados bolsonaristas sequestraram o plenário da Casa, transformaram a pauta em refém e exigiram como pagamento pelo resgate a tal anistia ao ex-mito. Em bom português: chantagem.

    E o que se viu nesta quarta-feira, 6, à noite foram cenas tragicômicas e um presidente da Câmara acuado. Mottinha foi desmoralizado ao vivo, com transmissão pela TV Câmara. Nada mais simbólico.

    Mottinha só retomou seu lugar quando Lira conseguiu costurar um acordo com os radicais do PL, ao lado de aliados. Ou seja: se dependesse exclusivamente de Mottinha, provavelmente a bancada bolsonarista ainda estaria lá, sentada na Mesa Diretora.

    Durante essa crise, ficou claro que Mottinha pode até ter a caneta, mas a Câmara está acéfala. Falta uma figura com autoridade que possa, de fato, estabelecer um rumo não somente para a atuação parlamentar, mas para a condução de pautas.

    O Brasil vive um vácuo de poder inédito. E Mottinha é um símbolo deste vácuo de poder.

    Fonte: O Antagonista, Opinião, 07.08.2025 09:15 Por Wilson Lima

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