
Hugo Motta agora está tentando ressuscitar o passado
Dora Kramer
Folha
O presidente da Câmara dos Deputados apregoa rejeição à anistia ampla a golpistas e impõe reparos ao fim do foro privilegiado para deputados e senadores, mas avisa que há “ambiente na Casa” para tirar do Supremo Tribunal Federal o poder de abrir ações contra parlamentares.
Hugo Motta (Republicanos-PB) vocaliza, assim, o desejo primordial reinante no Congresso: a retirada definitiva de seus pares do alcance dos rigores do STF.
É a maneira mais eficiente de assegurar que ali não se instaurariam inquéritos como as dezenas que correm para apurar ilícitos no uso de emendas ao Orçamento.
IMPUNIDADE ANTIGA – Na prática, uma licença para transgredir. Exatamente como acontecia até 2001, quando a obrigatoriedade de aval do Parlamento impedia investigações e permitia que fosse cometida toda sorte de ilegalidades, algumas atrozes, sem o risco de punições. Esse tipo de retrocesso é o que está na mira.
Necessitado de recuperar autoridade e refazer a atmosfera de unanimidade que cercou sua eleição, Motta vai ao encontro do anseio da maioria nem que para isso seja preciso sacrificar um avanço civilizatório datado de 24 anos atrás.
O fim do foro por prerrogativa de função não forneceria as garantias pretendidas. Levaria de qualquer forma os parlamentares aos tribunais regionais federais ou os submeteria a desconfortáveis circunstâncias locais das primeiras instâncias.
AVAL DO CONGRESSO – Já a necessidade de aval para o Supremo atuar mantém o privilégio e, ao mesmo tempo, se configura como a proteção perfeita a um Legislativo ávido por dar trocos ao que vê como agressões do Judiciário.
O presidente da Câmara argumenta que é preciso salvaguardar seus comandados de sanções por “crimes de opinião”. Dá o tiro numa direção para atingir alvo localizado em outro endereço, um tanto mais oculto.
Talvez seja bom mesmo que se ponha o tema em votação. Uma vez aprovado, veríamos com clareza o Congresso que temos. E depois disso, quem sabe, a anistia aos golpistas, o perdão aos amotinados e a quem mais se disponha a insurreições.
Alô Dora Kramer, o que há hoje e há décadas, é um conluio, uma simbiose entre os poderes com o objetivo de perpetuar o mecanismo, o sistema.
Ratos na ratoeira
Herdeiros do ex-mito exigem que governadores subordinem seus projetos à família
“Para o bolsonarismo, só será legítima a eleição que ex-mito vencer”. E Carluxo ataca “governadores democráticos”, chamando-os de ratos.
Flávio ‘Rachadinha’ disse que o Brasil terá “o trágico destino” de os EUA não reconhecerem suas eleições, caso ex-mito não a dispute. Os bolsonaristas vão radicalizar; sabem que o chamado Centrão já se articula para futuro sem o ex-mito.
Carluxo publicou que tarcísios e outros caiados são “ratos” que estão preocupados só “com seus projetos pessoais” e “querem apenas herdar o espólio do ex-mito”. Na constituição do bolsonarismo, aos “governadores democráticos” resta subordinar seus projetos pessoais aos projetos pessoais da família do ex-mito.
Zema, ou qualquer outro ratinho, só seria candidato do ex-mito se aceitasse prescindir de existência individual; se aceitasse carregar o fardo da rejeição alheia; se aceitasse ser cavalo para encarnação do dono; se aceitasse entregar o corpo como estandarte denunciador de eleição roubada; se aceitasse ser o acusador da própria ilegitimidade; se aceitasse perder pela causa. Tudo isso para ser ainda alvejado pela infantaria bolsonarista.
O bolsonarismo exige submissão absoluta à anistia do ex-mito. É o que comunicam os filhos do ex-mito – que não falam sem o aval do pai. E que não haverá eleição legítima sem o ex-mito concorrendo. Mais: que não haverá eleição legítima sem a vitória do ex-mito.
Caberá aos “governadores democráticos”, hoje presos na ratoeira e condenados a morrer esperando, avaliar se esse discurso chantagista será capaz de condicionar o eleitor de direita quando a eleição chegar pra valer.
Fonte: O Estado de S. Paulo, Opinião, 18/08/2025 | 18h13 Por Carlos Andreazza
“Para o bolsonarismo, só será legítima a eleição que ex-mito vencer”.
O bolsonarismo exige submissão absoluta à anistia do ex-mito. E que não haverá eleição legítima sem o ex-mito concorrendo.
Herdeiros do ex-mito exigem que governadores subordinem seus projetos à família
Carluxo publicou que tarcísios e outros caiados são “ratos” que estão preocupados só “com seus projetos pessoais” e “querem apenas herdar o espólio do ex-mito”. Na constituição do bolsonarismo, aos “governadores democráticos” resta subordinar seus projetos pessoais aos projetos pessoais da família do ex-mito.
Flávio ‘Rachadinha’ disse que o Brasil terá “o trágico destino” de os EUA não reconhecerem suas eleições, caso ex-mito não a dispute. Os bolsonaristas vão radicalizar; sabem que o chamado Centrão já se articula para futuro sem o ex-mito.
Zema, ou qualquer outro ratinho, só seria candidato do ex-mito se aceitasse prescindir de existência individual; se aceitasse carregar o fardo da rejeição alheia; se aceitasse ser cavalo para encarnação do dono; se aceitasse entregar o corpo como estandarte denunciador de eleição roubada; se aceitasse ser o acusador da própria ilegitimidade; se aceitasse perder pela causa. Tudo isso para ser ainda alvejado pela infantaria bolsonarista.
O bolsonarismo exige submissão absoluta à anistia do ex-mito. É o que comunicam os filhos do ex-mito – que não falam sem o aval do pai. E que não haverá eleição legítima sem o ex-mito concorrendo. Mais: que não haverá eleição legítima sem a vitória do ex-mito.
Caberá aos “governadores democráticos”, hoje presos na ratoeira e condenados a morrer esperando, avaliar se esse discurso chantagista será capaz de condicionar o eleitor de direita quando a eleição chegar pra valer.
Fonte: O Estado de S. Paulo, Opinião, 18/08/2025 | 18h13 Por Carlos Andreazza
STF quer se manter impune e dominar o Congresso
Pega lá o cachê, Dª Dora. A senhora era melhor quando falava de Informática.
Os “executores” e “justiceiros” brasileiros deveriam guardar desde sempre as proféticas palavras de um compositor musical inglês, no início dos anos 70: “Haverá uma resposta. Deixa estar”.
Brazilian “executioners” and “those who take justice into their own hands” should always remember the prophetic words of an English songwriter from the early 1970s: “There will be an answer: Let it be”.
Na Austrália ou na Suécia, existe foro privilegiado para Deputado ? Simples assim.