Israel bloqueia alimentos e 43 mil crianças podem morrer em Gaza

Entenda como o atual cenário de fome em Gaza se compara a outras crises  alimentares na História

Israel continua impedindo a entrada de alimentação

Jamil Chade
do UOL

Em informe apresentado ao Conselho de Segurança, o Departamento de Emergência da ONU alertou que se nada for feito para garantir o abastecimento de alimentos para Gaza, 43 mil crianças estão sob o “risco de morte” de fome até meados de 2026.

A projeção foi apresentada dias depois de a organização declarar a fome no território palestino e acusar o governo de Israel de estar impedindo a entrega de alimentos.

ALERTA DA ONU – O discurso diante das potências, feito por Joyce Msuya, secretária-geral adjunta para Assuntos Humanitários e Coordenadora Adjunta de Ajuda de Emergência da ONU, ecoou como um alerta nesta quarta-feira.

“Mais de meio milhão de pessoas enfrentam atualmente a fome, a miséria e a morte. Até o final de setembro, esse número poderá ultrapassar 640 mil”, disse Msuya.

Segundo ela, aproximadamente 1 milhão de pessoas estão na Fase 4 de Emergência do ranking que avalia a dimensão da desnutrição, em uma escala de 1 a 5. Mais de 390 mil estão na Fase 3 de Crise. “Praticamente ninguém em Gaza está imune à fome”, afirmou.

DESNUTRIÇÃO AGUDA – De acordo com a ONU, pelo menos 132 mil crianças menores de 5 anos sofrerão de desnutrição aguda entre agora e meados de 2026. “O número daquelas em risco de morte entre elas triplicou, chegando a mais de 43.000”, afirmou. “Para mulheres grávidas e lactantes, esse número deve aumentar de 17 mil para 55 mil”, constatou.

“Sejamos claros: essa fome não é resultado de uma seca ou de algum tipo de desastre natural. É uma catástrofe criada – resultado de um conflito que causou mortes em massa de civis, ferimentos, destruição e deslocamento forçado”, disse a representante da ONU.

A entidade destaca que, em julho, mais de 100 palestinos, em média, foram mortos todos os dias. Trata-se de quase o dobro da média diária registrada em maio. No mesmo período, cerca de 800 mil pessoas foram deslocadas, empurradas para áreas superlotadas que carecem de abrigo e outros itens essenciais.

REGIME DE HORROR – “Esta fome é também o resultado de 22 meses de restrições e compromissos no fornecimento de bens humanitários e comerciais essenciais, sistemas de saúde e nutrição degradado, falta de abrigos adequados e redes de água, saneamento e higiene danificadas, o que acelerou a propagação de doenças e transformou a higiene menstrual num pesadelo para mulheres e meninas”, disse a representante.

A ONU ainda destaca que a fome em Gaza é também o resultado de um sistema de produção alimentar destruído, em que 98% das terras aráveis estão danificadas ou inacessíveis e em que o gado foi dizimado.

De acordo com a representante da entidade, após uma longa pausa, o fornecimento de ração animal foi retomado nos últimos dias em Gaza. “Esses são desenvolvimentos importantes, mas não reverterão a fome nem a impedirão”, disse. “Para atender às necessidades de 2,1 milhões de pessoas famintas e esfomeadas, precisamos de muito, muito mais”, alertou.

Segundo ela, a falta de ação agora terá consequências irreversíveis. “Para acabar com esta crise causada pelo homem, precisamos agir como se fossem nossos pais, nossos filhos, nossa família tentando sobreviver em Gaza hoje”, pediu.

EUA CULPA HAMAS –      Os apelos da ONU foram respondidos de forma enérgica por parte do governo de Donald Trump. Num discurso momentos depois, a delegação americana afirmou “rejeitar a falsidade de que existe uma política de fome em Gaza”.

“Desde o início da guerra em Gaza, Israel permitiu que uma quantidade sem precedentes de mais de dois milhões de toneladas de ajuda chegasse à Faixa de Gaza”, afirmou a embaixadora dos EUA, Dorothy Shea. “Estamos trabalhando em estreita colaboração com o Governo de Israel para aumentar o fluxo de ajuda sem beneficiar o Hamas e estamos vendo resultados tangíveis”, disse.

“Em vez de ecoar narrativas falsas que apenas encorajam o Hamas, prolongam a guerra e prejudicam os civis em Gaza, instamos a ONU e o restante deste Conselho a se unirem a nós no trabalho construtivo para entregar ajuda aos civis que não beneficie o Hamas”, pediu.

3 thoughts on “Israel bloqueia alimentos e 43 mil crianças podem morrer em Gaza

  1. Alguém poderia explicar a foto da criança desnutrida sentada no colo da mãe que aparenta estar muito bem de saúde……
    Tem outras fotos de crianças magras e as mães obesas, algo que está errado não está certo.

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