
Médicos atendem palestino ferido em ataque ao hospital
Wálter Maierovitch
do UOL
Num ataque com drones, o Exército de Israel (IDF) matou 20 pessoas em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. Entre os mortos, estavam cinco jornalistas em trabalhos de cobertura da guerra, de agências de notícias como Reuters, Associated Press e Al Jazeera.
As mortes ocorreram quando um dos drones atingiu o complexo hospitalar Nasser — em violação ao direito internacional, que prevê regras para ataques a hospitais, enfermarias e barracas de atendimento médico-hospitalar.
DESCULPA FURADA – Depois do ataque com mortes, o Estado-Maior israelense informou ter aberto um inquérito apuratório de responsabilidades.
Quanto ao premiê Benjamin Netanyahu, emitiu um boletim considerado patético. Lamentou as mortes de jornalistas e civis. Frisou que Israel tem como meta eliminar a organização terrorista Hamas e salvar os reféns do ataque de 7 de Outubro, que deixou 1.200 mortos, sendo 800 civis, além de 240 sequestrados.
Disse também respeitar o jornalismo e afirmou que nunca houve intenção de eliminar jornalistas. Em outras palavras, quis passar a ideia de culpa sem dolo.
SEM JUSTIFICATIVA – Na verdade, Netanyahu tenta justificar o injustificável. Lançar drones explosivos perto de hospitais significa assumir o risco de causar mortes. No direito internacional, vale, na análise dos fatos, o chamado dolo eventual, ou seja, diante do ocorrido no complexo hospitalar Nasser, em Khan Younis, não querer diretamente o resultado — 20 mortes—, mas assumir o risco de produzi-lo. Em síntese, não se trata de mera culpa por imprudência ou imperícia.
Israel já eliminou a cúpula do Hamas e sua estrutura de guerra. Prossegue, no entanto, na tentativa de ter o pleno controle da Faixa de Gaza, sem verificar —pois Netanyahu impede, para não ser responsabilizado por omissões na segurança— as causas que facilitaram o ataque terrorista do Hamas.
Além disso, Netanyahu não demonstra interesse em apressar um acordo de cessar-fogo. Não avançam as tentativas pacificadoras desenvolvidas pelo Egito, Catar e Estados Unidos.
NÚMEROS CRESCEM – A tragédia cresce, com 62 mil palestinos mortos, segundo dados do Hamas, confirmados por organismos internacionais e ONGs independentes. Entre as vítimas palestinas, estariam 19 mil crianças.
A tragédia em Khan Younis ocorreu no momento em que o presidente norte-americano Donald Trump — que apoia o premiê israelense Benjamin Netanyahu — intensifica sua campanha para conquistar o Nobel da Paz.
Nem o fracasso do encontro no Alasca com Vladimir Putin, sobre um cessar-fogo na Ucrânia, desanimou Trump. Ele se apresenta como pacificador de seis conflitos: Paquistão, Israel-Irã, Tailândia-Camboja, Ruanda-República Democrática do Congo, Sérvia-Kosovo e Egito-Etiópia.
PROPOSTA CRIMINOSA – Trump já chegou a propor, insanamente, expulsar cerca de 2 milhões de palestinos da Faixa de Gaza para instalar ali um centro turístico de luxo. Só desistiu da ideia quando alertado de que, pelo direito internacional, tratava-se de proposta criminosa.
Além disso, não contesta nem freia as ações de Israel voltadas à ocupação do centro de Gaza (Gaza City), com destruição de casas e prédios e o deslocamento de seus 1 milhão de habitantes, empurrados para o sul da Faixa.
A meta de Netanyahu é, como já aconteceu no passado, ocupar toda a Faixa de Gaza. E há mais. Para manter o apoio de fanáticos religiosos e supremacistas que lhe dão maioria parlamentar, Netanyahu avança na política de assentamentos na Cisjordânia, ocupada e não devolvida aos palestinos.
GRANDE ISRAEL – Com o silêncio de Trump, Netanyahu deu início, na Cisjordânia, ao chamado “Projeto da Grande Israel”. Para religiosos radicais e supremacistas, a área já pertenceu ao reino judeu, nas regiões bíblicas da Judeia e Samaria.
Trump, como qualquer observador atento pode notar, é um ególatra a ponto de se achar merecedor do Nobel da Paz.
No último encontro com líderes europeus sobre a paz na Ucrânia, a egolatria ficou patente quando Trump segredou ao presidente francês, Emmanuel Macron: “Acho que Putin quer fazer um acordo em consideração a mim. Você entende isso? Por mais louco que isso possa parecer”.
Usam o povo como escudo, túneis em regiões humanitárias(ratos), escondem-se em hospitais após combate com a IDF, não usam uniforme, roubam quase a totalidade da ajuda humanitária…alguém teve a curiosidade de “pesquisar a capivara” dos 5 repórteres?Mohammed Salama, participou ativamente do espetáculo macabro na entrega dos corpos da família Bibas…