Michelle sobe o tom e desafia Lula a disputar o eleitorado evangélico

MICHELLE BOLSONARO/ JAIR BOLSONARO/ PL MULHER. Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

Michelle pegou o jeito e está adorando fazer política

Iander Porcella
Estadão

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro subiu o tom contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e chamou o petista para o embate direto pelo público evangélico. Em publicação nas redes sociais do PL Mulher, segmento do partido presidido por ela, criticou a decisão do chefe do Palácio do Planalto de desistir de conquistar o eleitorado pentecostal, como revelou a Coluna do Estadão.

“Não se brinca com Deus, nem com seu povo”, dizia o post. “Falta pureza de propósito.” Michelle condenou campanhas publicitárias que o governo chegou a encampar para se aproximar das igrejas, como Fé no Brasil, e disse que a única intenção do Executivo, que acabou frustrada, era angariar votos. Cotada para disputar o Senado em 2026 e até mesmo a Presidência, Michelle tem viajado o País como líder política do PL.

Michelle também centrou críticas no ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, que é a única ponte de Lula com os evangélicos. “Ministro, em vez de tentar se aproximar, tente discipular”, afirmou a ex-primeira-dama.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Michelle tomou gosto pela política e pela oratória. Sabe que seu forte seria o eleitorado evangélico e hoje se dedica a cultivá-lo. Quanto a Lula, logo Michelle estará classificando os petistas de filhos de Satanás, e daí por diante. Comprem pipocas. (C.N.)

Carta de Ibaneis a Trump pode ajudar a reduzir um pouco a tensão

Ibaneis Rocha mantém larga vantagem na liderança no DF, mostra pesquisa Ipec

Ibaneis Rocha culpa Lula pelos problemas de Brasília

Vicente Limongi Netto

Devido ao cansativo e decepcionante atual ambiente belicoso entre Brasil e Estados Unidos, não há como separar de um clima político-eleitoral o anúncio de Lula de socorro às empresas exportadoras afetadas pelo tarifaço  chantagista que Trump elevou para 50%. O apoio do governo federal enfatiza a defesa da soberania e os votos do petista.

Os bicos afiados mas calados, entre Lula e Trump, renderam inegáveis grãos eleitorais a Lula. Nessa linha, se a vigorosa carta do governador Ibaneis Rocha ao presidente dos Estados Unidos defendendo Brasília, e salientando ser político de Direita e adversário de Lula, for bem acolhida por Trump, é forte indício que estará nascendo valioso canal de negociações entre Brasil e a Casa Branca.

Algumas arestas e má vontade de Trump poderão ser removidas. Aguardemos qual será a reação do conselheiro informal de Trump para intrigas e torpezas, o deputado fujão Eduardo Bolsonaro. 

SEM FUTURO – Crianças atropeladas por canalhas irresponsáveis. Crianças sem amor, passando frio e sem comida, nas ruas. Crianças chorando, desesperadas. Muitas já separadas dos pais, vítimas das guerras na Ucrânia, Gaza e dezenas de outros locais. Crianças vítimas de estupros. Reféns de pedófilos e que assistem assassinatos dos pais. Crianças testemunhas de pais matando as mães, e vice-versa.

Para onde vamos? Onde chegaremos? O filósofo francês Albert Camus tinha razão: não há nada mais escandaloso do que criança morta, que sofreu fome e frio. Crianças infelizes, sem educação, sem futuro. Crianças que só conhecem amarguras. Que morrem em filas de hospitais ou vítimas de balas perdidas. 

Crianças isoladas de alegrias, distantes do que realmente merecem e que têm direito a amor, carinho, respeito, família, conforto, segurança, educação e alimentação. O Brasil precisa sair do berço esplêndido e agir. 

CRISTAL –  Creio que Renato Gaúcho exagera poupando demais o cerebral Paulo Henrique Ganso. A agenda de competições é medonha. Escraviza as pernas dos atletas. Mas o Fluminense não pode abrir mão da inteligência e do raciocínio do meia Ganso. Mesmo vencendo, o tricolor das Laranjeiras deve satisfações aos bons e presentes torcedores. Que não demora vão protestar.

Tomara que o cristal maravilhoso da amizade e convivência de Renato Gaúcho e Ganso não esteja rachando. Será terrível para todos. A começar pela bola. Que admira Ganso e a maneira carinhosa como é tratada pelo estupendo jogador. 

Sucessão de escândalos produz no país uma triste sensação de cansaço

Ministério Público de SP prende Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma | Jovem  Pan

Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, adora aparecer na TV

Josias de Souza
do UOL

Noutros tempos, imaginou-se que a descoberta de casos de corrupção era algo saudável. Dar de cara com caso estrelado por empresários que subornam agentes do fisco para sonegar impostos é desagradável. Causa revolta e asco. Mas costumava-se considerar que os escândalos são bons porque revelam algo ilícito. Equivalem ao desmascaramento. Esse sentimento está mudando.

A quantidade absurda de escândalos abala o efeito bom que deles se espera. Obviamente, é saudável que o crime seja desvendado e os criminosos desmascarados. Mas há uma triste sensação de cansaço. A impressão é de que não adianta. A uma quadrilha sempre se sucederá outra.

Na operação desta terça-feira (12), a polícia foi às ruas para cumprir três mandados de prisão. Dois empresários, entre eles o fundador da Ultrafarma, Sidney Oliveira, e um fiscal de tributos de São Paulo acusado de comandar esquema que amealhou R$ 1 bilhão em subornos.

ROUBALHEIRAS – O caso soma-se a outras roubalheiras —antigas e novas, públicas e privadas. No mensalão e no petrolão, compravam-se parlamentares no âmbito de negócios com o Estado. No orçamento secreto, constitucionalizou-se o assalto aos cofres federais.

A fraude do Grupo Americanas foi 100% privada, poupando o Tesouro. No assalto contra aposentados, entidades sindicais usaram o INSS veículo para chegar ao bolso de velhinhos indefesos. No novo escândalo, empresários são acusados de tungar os cofres estaduais paulistas.

Tal é a quantidade de delinquências que o Brasil vai mudando de patamar sem sentir. Vai deixando de ser um país que convive com casos de corrupção para virar um país, em si, corrupto. Dissipa-se perigosamente a expectativa da sociedade de que a descoberta dos transgressores seria boa porque conduziria o país à civilidade.

Guilherme de Almeida, o Príncipe dos Poetas, guardava belas recordações

Guilherme de Almeida – Wikipédia, a enciclopédia livre

Guilherme de Almeida e a paixão pelos livros

Paulo Peres
Poemas & Canções

O desenhista, cinéfilo, jornalista, advogado, tradutor, cronista e poeta paulista Guilherme de Andrade de Almeida (1890-1969), considerado o Príncipe dos Poetas Brasileiros, no poema “Coração” invoca as lembranças do seu tempo de criança.

CORAÇÃO
Guilherme de Almeida

Lembrança, quanta lembrança
Dos tempos que lá se vão

Minha vida de criança,
Minha bolha de sabão!

Infância, que sorte cega,
Que ventania cruel,
Que enxurrada te carrega,
Meu barquinho de papel?

Como vais,como te apartas,
E que sozinho que estou!
Ó meu castelo de cartas,
Quem foi que te derrubou?

Tudo muda, tudo passa
Neste mundo de ilusão;
Vai para o céu a fumaça,
Fica na terra o carvão.

Mas sempre, sem que te iludas,
Cantando num mesmo tom,
Só tu, coração, não mudas
Porque és puro e porque és bom! 

Se votar a anistia é o melhor remédio, vamos então discutir os termos do projeto

Tribuna da Internet | Na maior anistia da história, políticos se livram de  punições por desviar recursos

Charge do Nani (nanihumor.com)

Elio Gaspari
Folha

Depois da muvuca bolsonarista da semana passada, parlamentares ligados ao presidente da Câmara, deputado Hugo Motta, bem como alguns petistas, passaram a defender a votação de um projeto de anistia para os golpistas de 2022/23. Ele já recebeu o número suficiente de assinaturas para tramitar com rapidez.

Engavetá-lo equivale a igualá-lo à tática (carnavalesca) da obstrução dos demais trabalhos da Câmara. Seriam formas distintas de interdição dos debates. Uma é legal, e a outra, além de ridicula, é ilegal.

EXEMPLOS DIVERSOS – Desde a Independência, quase todas as gerações de brasileiros viveram revoltas e 48 anistias. Algumas, como a de 1979, foram pacificadoras. Outras, como a que Juscelino Kubitschek mandou ao Congresso em 1959, perdoando os militares revoltosos de Aragarças, foram simples gambiarras.

Cinco anos depois, os anistiados entraram no bloco da deposição de João Goulart e humilharam, cassaram e exilaram JK. Ele morreu em 1976 sem recuperar a plenitude de seus direitos políticos. O major Haroldo Veloso, líder da revolta, voltou à Força Aérea, chegou à patente de brigadeiro e, em 1966, elegeu-se deputado federal pelo partido do governo.

Muito antes, em 1843, o mineiro Bernardo Pereira de Vasconcelos havia combatido o perdão aos revoltosos com um argumento fulminante: “A anistia ressuscitou os rebeldes.”

FICA A PERGUNTA – A anistia dos golpistas de 2022/23 pacifica, como a de 1979, ou ressuscita rebeldes, como a de 1959? Como a história ainda está quente, cada um tem sua opinião, mas conceder ou negar uma anistia é atribuição do Congresso. Votá-la é o melhor remédio.

Negociações partidárias deverão definir o alcance dessa anistia. Numa ponta, estão as 762 pessoas condenadas por terem participado da mazorca do 8 de Janeiro. Algumas depredaram bens públicos, outras não.

Na outra ponta, estão servidores que articularam um golpe com o objetivo expresso de anular o resultado de uma eleição vencida por Lula. Esses dois grupos confundem-se na reivindicação da anistia, mas têm pouco em comum.

O cidadão que esteve na praça dos Três Poderes no 8 de Janeiro, sentou-se na cadeira do ministro Alexandre de Moraes e gravou-se dizendo bobagens tomou uma pena de 17 anos de prisão. Ainda não saiu a sentença do general Mário Fernandes, ex-secretário executivo da Secretaria Geral da Presidência, que imprimiu o Plano Punhal Verde Amarelo para facilitar a leitura, “sem forçar a vista”. Fica combinado assim.

HÁ DIFERENÇAS – Levar o projeto a voto não significa aprová-lo. A mobilização dos defensores da anistia de hoje nada tem a ver com a campanha de 1979. Aquela foi um movimento popular e ordeiro. Esta inclui saltimbancos renitentes que buscam a ressurreição da rebeldia condenada por Bernardo.

A postura de alguns defensores da anistia dos golpistas é desafiadora. Perderam a eleição, viram o fracasso do golpe e jogaram-se na desordem do 8 de Janeiro. Perderam em todos os níveis e comportam-se como se tivessem prevalecido. Defendem a anistia com a desenvoltura dos vitoriosos.

Essa postura poderá resultar na aprovação de uma anistia que atenda a infantaria do 8 de Janeiro e exclua ou estabeleça condições para beneficiar a turma daquilo que se pode classificar como o Estado-Maior do golpismo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGÉ salutar ver Elio Gaspari apresentar a política como ela é. Além de jornalista, precisa ser ouvido como o precioso historiador que já demonstrou ser. A maioria do Congresso é a favor da anistia, porque não aceita os exageros de Alexandre de Moraes. Assim, a discussão tem de começar a esse respeito. (C.N.)

“O Brasil não aguenta mais o PT e não aguenta mais o Lula”, diz Tarcísio

Crise pós-tarifaço eleva aposta em candidatura de Tarcísio a governo

Tarcísio sabe que tem muita chance de chegar ao Planalto

Manoela Carlucci
da CNN

Para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), está na hora do Brasil “trocar o piloto” para avançar rumo à melhorias. “O mundo está de portas abertas para o Brasil, o Brasil já fez grandes coisas, é só trocar o piloto porque o carro é bom pra caramba”, afirmou no evento AgroForum, promovido pelo BTG Pactual.

Durante um painel ao lado dos governadores Ronaldo Caiado (União), Ratinho Jr (PSD) e Eduardo Leite (PSD), Tarcísio criticou que o país esteja “há quarenta anos discutindo a mesma pessoa”, ao se referir ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

PERDENDO TEMPO – “A gente está perdendo alguns bondes, o bonde da tecnologia energética, o bonde da bioeconomia, o bonde do conhecimento, o mundo está de portas abertas para o Brasil e a gente andando aqui numa ciranda e discutindo picuinha”, completou.

Na mesma linha falou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que defendeu que o país “vire essa página para uma nova geração”.

“Vamos ter uma eleição no ano que vem que, se Lula for candidato, em dez eleições desde a redemocratização, em sete ele terá sido candidato, teria sido oito se pudesse ter concorrido naquela de 2018 e sabemos que nas outras duas que ele concorreu, virtualmente ele foi quem estava sustentando o projeto da candidata que venceu. O país precisa virar essa página para uma nova geração”, afirmou. “Principalmente que a gente possa colocar uma nova agenda para o país que não seja simplesmente a de evitar o outro”, completou.

A CNN entrou em contato com assessoria do Palácio do Planalto e aguarda retorno.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGChega de conversa fiada. A disputa eleitoral acaba de começar. E Tarcísio é candidato a presidente da República, o que pode significar a redenção deste país. A partir de agora, fica claro que Tarcísio só abandonará a disputa se Bolsonaro conseguir o milagre da anistia. (C.N.)

Governo Trump dá sua “versão” sobre direitos humanos no Brasil e no mundo

Gilmar Fraga: EUA na Onu... | GZH

Charge do Gilmar Fraga (Gaúcha-ZH)

Deu no G1

Os Estados Unidos afirmam que situação dos direitos humanos no Brasil “se deteriorou”, em um relatório divulgado nesta terça-feira (12), feito pelo governo do republicano Donald Trump.

O documento, elaborado pelo Departamento de Estado dos EUA, faz críticas ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Também critica a prisão de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de estado.

VIÉS NEGATIVO – “A situação dos direitos humanos no Brasil piorou ao longo do ano. Os tribunais tomaram medidas amplas e desproporcionais para minar a liberdade de expressão e a liberdade na internet, bloqueando o acesso de milhões de usuários a informações”, afirma.

Além disso, também critica a Europa e afirma que não há “abusos significativos de direitos humanos” em El Salvador, para onde o governo Trump enviou vários imigrantes deportados e onde governa um aliado do republicano, Nayib Bukele, que acaba de aprovar a reeleição ilimitada no país.

O que é o documento divulgado pelos EUA: o “relatório de práticas de direitos humanos de países em 2024” foi entregue nesta terça-feira ao Congresso americano.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO – Ele é composto por avaliações de 196 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) e é referência mundial — usado, por exemplo, em tribunais dos EUA e internacionais. O relatório é divulgado anualmente.

Segundo o Departamento de Estado dos EUA, o governo brasileiro “minou o debate democrático ao restringir o acesso a conteúdo online, suprimindo desproporcionalmente o discurso de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, bem como de jornalistas e políticos eleitos, muitas vezes em processos secretos sem as garantias do devido processo legal”.

O relatório diz ainda que o “governo suprimiu discursos politicamente desfavoráveis, alegando que constituíam ‘discurso de ódio’, um termo vago e, segundo os EUA, desvinculado do direito internacional dos direitos humanos”.

ANTISSEMITISMO – Aliado de Israel, o governo Trump relembrou uma declaração do presidente Lula no dia 18 de fevereiro de 2024.

“O presidente Lula da Silva declarou que ‘o que está acontecendo na Faixa de Gaza é um genocídio’. Em seu discurso, ele comparou a situação na Palestina com ‘quando Hitler decidiu matar os judeus’.

Em 19 de fevereiro, a Confederação Israelita do Brasil (CONIB) declarou que ‘repudiava as declarações infundadas do presidente Lula ao comparar o Holocausto com a ação de defesa do Estado de Israel contra o grupo terrorista Hamas’, afirmando que o governo havia adotado uma ‘postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio'”.

ATUAÇÃO DE MORAES – Segundo o relatório, a lei brasileira “proíbe a censura judicial motivada por razões políticas, mas houve relatos de censura. (…) Registros judiciais revelam que o ministro Alexandre de Moraes ordenou pessoalmente a suspensão de mais de 100 perfis de usuários na plataforma X (anteriormente Twitter), suprimindo de forma desproporcional a fala de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, em vez de adotar medidas mais restritas para penalizar conteúdos que incitassem ações ilegais iminentes ou assédio”.

Esse também é um dos argumentos que o governo Trump alega para aplicar o tarifaço ao Brasil. O governo Trump afirma que a repressão ampla de discursos nas redes sociais “bloqueou o acesso dos brasileiros a informações e pontos de vista sobre uma série de questões nacionais e globais. “

Além disso, a proibição temporária do uso de VPNs pelo tribunal, sob pena de multa, enfraqueceu ainda mais a liberdade de imprensa ao remover proteções de privacidade de indivíduos cuja capacidade de denunciar corrupção governamental dependia de poder fazê-lo anonimamente”.

DETENÇÃO DE APOIADORES – O Departamento de Estado americano diz que o Brasil, de modo geral, respeitou a Constituição, que proíbe prisões e detenções arbitrárias e prevê o direito das pessoas de contestar a legalidade de sua prisão ou detenção em juízo.

“No entanto, figuras políticas e grupos de direitos humanos alegaram que o governo manteve centenas de indivíduos acusados de participação nos protestos que levaram à invasão de prédios governamentais em 8 de janeiro de 2023, detidos por vários meses sem apresentar acusações. Alegaram também que esses manifestantes tiveram acesso negado a assistência jurídica”.

Os relatórios sobre direitos humanos do Departamento de Estado dos EUA são divulgados anualmente e são usados nos tribunais do país e internacionais para, por exemplo, ajudar em audiências sobre asilo e deportações.

Tarifaço e silêncio diplomático: o Brasil na encruzilhada com os EUA

Militares mostram que a crise é política, sem envolver os quartéis

O general Francisco Humberto Montenegro Júnior cumprimenta o general Tomás Miguel Ribeiro de Paiva; Montenegro assumiu a chefia do Estado-Maior do Exército (EME)

Militares dizem que estão unidos em defesa da democracia

Marcelo Godoy
Estadão

Em meio a ataques contra o comando do Exército, o general Richard Nunes, que deixou o Estado-Maior e vai trabalhar no Ministério da Defesa, reagiu aos que pretendem criar uma crise militar. Na semana passada, um grupo de oficiais da reserva ligado ao governo Bolsonaro tentou escalar a crise política, levando-a para dentro dos quartéis. Foram neutralizados, sem a necessidade de nenhuma conversa no Forte Caxias para lhes impor aquilo que diziam defender quando estavam na ativa: disciplina.

Três generais que participaram de governos anteriores e a mulher de um quarto estão entre os radicais. Usaram como justificativa as últimas medidas do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal.

CRISE POLÍTICA – Foi nesse clima que o Alto Comando se reuniu na semana passada e chegou ao consenso de que a crise é política e que a instituição não deve ser contaminada pelos humores da Praça dos Três Poderes.

A conclusão é de que o objetivo dos radicais da ultra direita era acrescentar à bagunça institucional uma crise militar, desestabilizando o general Tomás para retirar a legitimidade do atual Alto-Comando, visto como obstáculo a um golpe.

Entre os generais, há quem lembre que, em um país dividido, o discurso dos radicais da ultra direita, que dizem representar “o povo”, lembra o de grupos que resolveram pegar em armas contra o regime militar, nos anos 1960. A ultra esquerda também acreditava representar “o povo”. O problema é que ontem – como hoje – ninguém se perguntava se o povo queria a radicalização que exclui da cidadania os que pensam diferente de quem defende o golpe ou a revolução.

NÃO HÁ DITADURA – Em uma República, o Exército não pode ser o braço armado de um partido político contra outro. O País permanece dividido. E, nesse contexto, os militares acreditam que é preciso diferenciar os que se deixaram levar pelo discurso da ultra direita e os aproveitadores do momento. Há excessos na atuação do STF, mas o Brasil não vive uma ditadura. E, como prova, fazem uma pergunta: que ditadura seria essa que permite a 40 mil pessoas irem à Paulista para se manifestar contra uma decisão de Moraes?

Os generais deixam claro o apoio à gestão do ministro da Defesa, José Múcio. Trata-se de uma das poucas unanimidades em relação à atual gestão. Aqui é preciso dizer: a rejeição ao golpismo não significa que a Força tenha se convertido ao petismo. Muito pelo contrário. O coração da grande maioria da oficialidade ainda bate no lado direito do peito.

Mas os generais dizem que as simpatias políticas não devem se sobrepor à legalidade. Quem defende a ordem não pode criar desordem.

CONTRA OS RADICAIS – Na quinta-feira, duas solenidades reuniram a cúpula militar em Brasília com discursos fortes contra os radicais: a promoção dos oficiais generais e a posse do novo chefe do Estado-Maior do Exército (EME), general Francisco Humberto Montenegro Júnior, substituindo o general Richard Nunes. A primeira contou com a presença de Múcio e do governador Tarcísio de Freitas, cujos colegas da turma de 1996 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) chegaram ao generalato – 16 deles foram promovidos a brigada.

Tarcísio se negou a dar entrevista na solenidade. Disse a um general que ali não era lugar para se fazer política, em evidente contraste ao comportamento de outro capitão, o ex-presidente, que discursava em frente ao QG e aproveitava as solenidades na caserna para fazer comícios aos oficiais do “meu Exército”.

Na solenidade, o general Richard disse aos generais recém-promovidos que preservar e fortalecer o Exército “requer acurado entendimento do ambiente informacional e plena aplicação dos preceitos da comunicação estratégica, com estrita observância dos princípios e valores éticos e morais cultuados por nossa instituição”. Em seguida, ele enfatizou que a instituição deve se manter distante da crise:

DISSE O GENERAL – “Nestes tempos marcados pela precipitação, pela superficialidade, pelo imediatismo e pela conturbação, esse comportamento é mais do que nunca imprescindível para o enfrentamento das frequentes campanhas de desinformação percebidas em guerras de narrativas cada vez mais polarizadas.” E concluiu: “É preciso que instruam e orientem seus subordinados para o desafio de assegurar o caráter perene de uma instituição calcada no respeito à hierarquia e à disciplina.”

Entre os promovidos a general de divisão estava Marcelo Zucco, cujo irmão, o deputado federal Luciano Zucco (PL-RS) foi um dos líderes da baderna no Congresso promovida pelo bolsonarismo após a decretação da prisão de seu líder – Luciano é um dos 14 parlamentares da direita que podem ser punidos em razão do episódio.

Horas mais tarde, Richard voltou à carga. Desta vez, na transmissão de cargo da chefia do EME. Fez uma “menção especial” a Múcio “pelo apreço e pela confiança em um momento recente e crucial da minha vida profissional” e pela “sabedoria e a lealdade” em tempos “tão desafiadores”. O general tratou então do comandante Tomás. Pareceu atacar os inimigos do Exército, internos e externos.

“NÃO PASSAM!” – “Tem sido uma honra servir ao seu lado e auxiliá-lo na grande empreitada que é conduzir os destinos do Exército em uma época de tanta incompreensão.” Então, concluiu: “Conte sempre com este soldado para manter inexpugnável a fortaleza da hierarquia e da disciplina: ‘Eles que venham. Por aqui não passam!’”.

E Tomás assim se manifestou sobre o colega, que deve ir trabalhar no Ministério da Defesa:

“Contei sempre com você (Richard) nas horas mais difíceis. Os verdadeiros soldados sabem que o reconhecimento e a popularidade são efêmeros e são acompanhados pela abnegação e pelo desprendimento; vivem vidas modestas, dão ordens diretas e assumem a responsabilidade pelo que decidem. Seu farol são a lei e a ética; e sua consciência, a sua maior julgadora.”

Desde 2022, Tomás e Richard estão entre os principais alvos da campanha de difamação da ultra direita, que busca desestabilizar o País. O radicalismo é sempre assim. Parece ombrear com os que defendem o Brasil, mas ao fim são os autores de crimes, massacres, conspirações e badernas. O que as cerimônias em Brasília parecem demonstrar é que eles estão do outro lado da trincheira da ética e da legalidade.

Trump é desumano, mas sabe defender os interesses dos Estados Unidos

charge de Thiago Lucas (@thiagochargista), para o Jornal do Commercio. # trump #usa #eua #economia #mundo #imigrantes #chargejc  #chargejornaldocommercio #chargethiagojc #chargethiagolucas  #chargethiagolucasjc

Charge do Thiago Lucas (Jornal do Commercio)

José Perez

Trump é um canalha, porém exímio negociador. Em minha longa carreira profissional, já conheci vários governantes, empresários e advogados implacáveis como ele, refratários a sentimentos humanos. Basta ver como sua administração impõem as tarifas, praticamente sem negociá-las. E assim o saldo será sempre altamente positivo para os Estados Unidos.

As tarifas determinadas por Trump estão aumentando em muito a arrecadação. São ridículos os analistas que dizem que o presidente norte-americano teve “que baixar a bola”. Não percebem que, desde o início, ele está apenas negociando ao seu estilo. Joga lá em cima para depois “recuar”, como estão dizendo. A estratégia está dando certo. Além das altas tarifas, ele vem impondo humilhações aos que têm a petulância de enfrentá-lo, como Lula infantilmente pretendeu.

ELE MANDA MUITO – Não subestimem a autoridade do presidente norte-americano. Ele pode não mandar nisso ou naquilo, porém seu poder continuará sendo astronômico, tendo suas decisões impacto mundial. Uma fala dele mexe com as bolsas e com o câmbio, é claro.

Por ser o mandatário número um dos norte-americanos, Trump pode muita coisa, sim! Especialmente, porque passa de forma arbitrária por cima das leis e dos demais poderes, ao interpretar as normas em vigor. Ou seja, age como Alexandre de Moraes. A diferença é que o ministro do Supremo não manda quase nada, enquanto Trump manda tudo.

Lula é despreparado e vaidoso, julga ser o máximo e pretende o Nobel da Paz. Os governantes de China, Índia e Rússia raramente se pronunciam e quando o fazem nunca é de improviso (muito menos sob efeito de álcool). Além disso, estão comprando ouro sistematicamente há algum tempo e aumentando suas reservas, numa real alternativa ao dólar americano.

LULA PIORA TUDO – Lula só fala (bravatas), mas não age, e quando o faz é para piorar nossa já combalida situação fiscal ou para criar problemas com o Congresso e o Judiciário.

Lula defende abertamente a moeda do Brics e eliminação do dólar americano, e é aí que está o cerne da questão. Lula fala demais e faz de menos, além de servir de “porta-voz” informal da China e Rússia, que ficam observando à distância, sem envolvimento.

Após Trump, podem surgir outros políticos até bem piores. Sinal dos tempos. O mundo como conhecemos já acabou. Estamos presenciando uma grande mudança em todos os aspectos. Uma disrupção política, administrativa e econômica. Mas Lula não tem a menor noção do que seja isso. É uma pena.

Um carro para, e um homem abandona o irmão doente na calçada…

Segunda-feira – 18:22 – IDOSO É ABANDONADO NA CALÇADA POR MOTORISTA DE  CAMINHONETE. Assista ao vídeo Abaixo: – Blog do Adilson RibeiroVicente Limongi Netto

O mundo cão, devastado por insanos, conhece bem a rotina cruel de corações ruins que abandonam cães e gatos nas ruas. Agora, em São Luis, de dia, com sol forte, a televisão mostrou imagens criminosas, fortes e desumanas.

Um carro parou na rua e um monstro fantasiado de homem, saiu do veículo carregando um idoso, visivelmente doente e alquebrado,  colocou ele no chão da calçada, voltou para o carro e foi embora. Como se o idoso fosse um lixo, um traste.

Idoso é abandonado em calçada no Mercado Central de São Luís - SERTÃO WEB

Moradores ajudaram o idoso ate a ambulância chegar

Qual será a punição que a capenga justiça brasileira dará a este patife desequilibrado? Homens de bem, chefes de família, estão cansados e assustados da atual quadra de insanidades, violência, feminicídios, sequestros, pedofilia e intolerância que tomou conta do cotidiano dos brasileiros.

A avassaladora impunidade só vai diminuir com leis mais severas para bandidos e criminosos. Passou da hora do Brasil adotar prisão perpétua ou pena de morte.

ABSURDO – O Brasil e o governo Lula continuam paralisados e humilhados pelas ações nada republicanas do deputado fujão e canalha, Eduardo Bolsonaro. Autoridades batem cabeça, não avançam um centímetro contra o tarifaço chantagista de Donald Trump de 50%.

A mesa diretora da Câmara Federal, por sua vez, também não sabe como punir, com rigor, o parlamentar  do PL paulista. O calhorda licenciado permanece agindo nos Estados Unidos contra a democracia brasileira.  O  farsante ainda tem o descaramento de tripudiar o bom senso, divulgando notas. E o pior, todas amplamente publicadas pela imprensa brasileira e internacional. É o fim da picada.

REFÉNS DO CRÁPULA – A economia brasileira e empresários ajoelhados, reféns do crápula filho do ex-presidente. O cretino pai dele também segue fantasiado de vítima. Preso em casa, no bem bom, beneficiado  com  um kit de bondades do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

E o mais grave e estarrecedor é a encantamento de parlamentares  baderneiros e valentões de barro pela figura patética e melancólica do inspirador do golpe contra as instituições. No meio da lama política, foram oportunas, saudáveis e merecidas as palavras, em São Paulo, do ministro Alexandre de Moraes, enfatizando a importância da Constituição brasileira em defesa da democracia e consagrada para defender os cidadãos.

Nas entrelinhas, Moraes quis acentuar que suas ações duras e consideradas injustas por alguns, são fundamentadas nos rigores da Constituição. Aguardam-se novos acordes da sinfonia dos parvos e irresponsáveis engomados bolsonaristas.

“Pacote da impunidade” tornará muito difícil abrir inquérito sobre parlamentar

Nani Humor: Impunidade

Charge do Nani (nanihumor.com)

Malu Gaspar
O Globo

A proposta de emenda constitucional que já começou a ser redigida nos bastidores do Congresso para acabar com o foro privilegiado – apelidada em Brasília de “pacote da impunidade” – inclui trechos que devem dificultar ou até impossibilitar a investigação de parlamentares. Isso porque a emenda vai determinar que será necessária autorização do Congresso até mesmo para a abertura de inquéritos a respeito de deputados e senadores.

Hoje os inquéritos podem ser abertos a pedido do Ministério Público Federal e com autorização do Supremo Tribunal Federal ou por ordem de ministros do STF. Isso porque hoje o STF é a instância (foro) para a investigação e o julgamento de parlamentares.

SEM AUTORIZAÇÃO – De acordo com fontes envolvidas na redação do projeto, se o texto que está em gestação no Congresso for aprovado, deputados e senadores passarão a ser investigados e julgados nos tribunais regionais federais ou no Superior Tribunal. Mas as investigações só serão abertas caso eles mesmos autorizem – o que na prática vai acabar impedindo a maioria delas.

A proposta de acabar com o foro privilegiado surgiu durante as negociações para o final do motim dos bolsonaristas na Câmara, como contrapartida para que devolvessem a cadeira da presidência a Hugo Motta.

Após dois dias ocupando o plenário e a mesa da Câmara, os líderes de cinco partidos – PL, Novo, União Brasil, PP e PSD – combinaram que, para desocupar o plenário e restituir o comando a Motta, votariam nesta semana a emenda constitucional acabando com o foro privilegiado dos parlamentares. Em seguida, pautariam a anistia aos presos do 8 de janeiro.

DEPENDE DOS LÍDERES – Hugo Motta não participou do acordo. Ele disse que fará o que decidir o colégio de líderes, que certamente vai se dividir a respeito. Os partidos que já aderiram reúnem 247 de 513 deputados. Para passar a valer, a emenda à Constituição precisaria de 308 votos.

Mas embora esteja sendo vista como uma forma de salvar Jair Bolsonaro de uma condenação, na prática ela não tem como valer para o ex-presidente – e nos bastidores seus articuladores dizem que nem é esse o objetivo.

O objetivo é mesmo “resolver” o problema dos deputados que se vêem chantageados pelo Supremo em inquéritos abertos para investigar desde o desvio de dinheiro público destinado a emendas parlamentares até atentado ao estado de direito, no 8 de janeiro de 2023 e em outros contextos.

INTERESSE GERAL – Na prática, a proposta interessa a deputados e senadores de uma ampla gama de partidos, e por isso seus articuladores acreditam que nem o PT teria coragem de contestá-la, sob pena de se queimar com o resto do Congresso.

As reuniões para definir se o “pacote da impunidade” vai ou não avançar no Congresso ocorrem no decorrer desta semana. No Senado, Davi Alcolumbre teve nesta segunda-feira (11) uma conversa com lideres da base governista e do Centrão para discutir o assunto.

Hugo Motta se reuniu com os líderes da Câmara na terça-feira (12).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Os presidentes de Câmara e Senado têm de respeitar o Regimento do Congresso. Na prática, quem manda no agendamento das questões é o colégio de líderes. Alcolumbre e Motta podem tirar onda, mas quando os líderes se reúnem, “cesse tudo o que a Musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta”, como dizia Camões. (C.N.)

Fiscal da Fazenda levou R$ 1 bilhão em propina no esquema da Ultrafarma

Quem é Sidney Oliveira, o megaempresário de farmácias preso em São Paulo | VEJA

Sidney aparece na TV fazendo propaganda da Ultrafarna

Redação Terra

Um fiscal da Secretaria de Estado da Fazenda, alvo de operação deflagrada nesta terça-feira, 12, contra um esquema de corrupção, recebeu mais de R$ 1 bilhão em propina, segundo o Ministério Público de São Paulo (MP-SP). O nome dele ainda não foi divulgado.

Segundo o MP, a investigação foi conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão aos Delitos Econômicos (Gedec), que identificou um grupo criminoso responsável por favorecer empresas do setor de varejo em troca de vantagens indevidas.

NO NOME DA MÃE – A apuração apontou que o fiscal, considerado o cérebro do esquema fraudulento, manipulava processos administrativos para facilitar a quitação de créditos tributários às empresas. Em troca, ele recebia pagamentos mensais de propina por meio de uma empresa registrada em nome de sua mãe.

Nesta terça, equipes da operação cumpriram três mandados de prisão temporária. Os alvos são um fiscal de tributos estadual, apontado como o principal operador do esquema, e dois empresários, sócios de empresas beneficiadas com decisões fiscais irregulares.

Entre os empresários, está o dono da rede Ultrafarma, Sidney OIiveira, que foi preso. Segundo o Estadão, um executivo da Fast Shop, rede de comércio de eletrodomésticos e eletrônicos, também foi detido.

OUTRO FISCAL – Em coletiva de imprensa, o MP informou que um segundo fiscal da Fazenda, que auxiliava no esquema, teve a prisão decretada após o início da operação. O mandado será cumprido em São José dos Campos, no interior de São Paulo.

Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Além das prisões, foram determinados mandados de busca e apreensão em endereços residenciais dos alvos e nas sedes das empresas investigadas. A ação de hoje, batizada de Operação Ícaro, conta com o apoio da Polícia Militar. “A operação é fruto de meses de trabalho investigativo, com análise de documentos, quebras de sigilo e interceptações autorizadas pela Justiça”, informou o MP.

EM SÃO PAULO – Por meio de nota enviada ao Terra, a Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo informou que está à disposição das autoridades e colaborará com os desdobramentos da investigação do Ministério Público por meio da sua Corregedoria da Fiscalização Tributária (Corfisp).

A Secretaria também disse que acabou “de instaurar procedimento administrativo para apurar, com rigor, a conduta do servidor envolvido e que solicitou formalmente ao Ministério Público do Estado de São Paulo o compartilhamento de todas as informações pertinentes ao caso”.

“A administração fazendária reitera seu compromisso com os valores éticos e justiça fiscal, repudiando qualquer ato ou conduta ilícita, comprometendo-se com a apuração de desvios eventualmente praticados, nos estritos termos da lei, promovendo uma ampla revisão de processos, protocolos e normatização relacionadas ao tema”, informou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Logo, logo, estarão soltos. No país da impunidade, onde o Supremo coloca na Presidência da República um político condenado por dez magistrados em três instâncias e garante a impunidade dele até a hora de sua morte, amém, quem pode acreditar que esses destaques da corrupção empresarial sofram punições? A única coisa que se sabe é que a franquia é um dos ramos dos negócios que mais sofrem irregularidades contábeis. Mas quem se interessa? (C.N.)

TST compra 30 carros de R$ 346,5  mil para servir aos dedicados ministros

Tribuna da Internet | Natal antecipado, juíz federal ganha um novo 'superpenduricalho' salarial

Charge do Nani (nanihumor)

André Shalders e Andreza Matais
Metrópoles

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) adquiriu 30 veículos de luxo da marca Lexus para transportar os ministros da Corte em seus afazeres em Brasília. Cada um deles saiu a R$ 346,5 mil, totalizando R$ 10,39 milhões. O TST tem 27 ministros.

O modelo escolhido pela Corte é o Lexus ES 300H, um carro híbrido. Considerado um sedã de luxo, o veículo combina um motor 2.5 a combustão com um outro, elétrico, resultando numa potência de 211 cavalos.

SALA VIP – Desde 2022, o TST se apresenta institucionalmente como “o tribunal da Justiça Social”. Na semana passada, o TST se tornou objeto de críticas nas redes sociais após a divulgação de que a Corte contratou uma sala VIP no aeroporto de Brasília para seus ministros, ao custo de R$ 1,5 milhão durante dois anos.

Num documento datado de 25 de agosto passado, o diretor-geral da Secretaria do Tribunal, Gustavo Caribé de Carvalho, amplia a compra dos Lexus em mais três unidades – de 27 para 30 veículos. Os veículos foram adquiridos em uma concessionária de Brasília.

A coluna questionou o TST sobre a ampliação da compra, uma vez que os veículos se destinam, a princípio, a atender os ministros da Corte trabalhista. O espaço segue aberto.

OPÇÃO MAIS CARA – Na página do Tribunal Superior do Trabalho, é possível consultar um “estudo técnico preliminar” sobre a renovação da frota de veículos do tribunal. São mencionados o Honda Accord (R$ 332,4 mil); o elétrico BYD Seal (R$ 310,7 mil); o Toyota Camry (R$ 344,1 mil); e o Lexus – orçado, pelos técnicos, em R$ 396 mil. O preço final do Lexus acabou ficando abaixo dessa alternativa.

Os autores do estudo amparam-se numa resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e numa norma interna do próprio tribunal para considerar que os veículos da Corte passam a ser “inservíveis” e “antieconômicos” após sete anos de uso.

No estudo, os técnicos dizem ainda que a renovação da frota está “alinhada ao Plano Estratégico Institucional” da Corte para o período de 2021 a 2026. Inclusive, segundo eles, para o objetivo de “promover ações que reforcem a imagem do TST perante a sociedade”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Impressionante matéria enviada por José Perez, nosso observador em Brasília. Querem preservar a imagem (negativa) dos ministros dos tribunais superiores? Será a Piada do Século. (C.N.)
       

Bolsonarismo e corrupção ameaçam a solidez da democracia no Brasil

Charge do Bira (Arquivo Google)

Josias de Souza
do UOL

Entre o final de 2022 e o início de 2023, o Brasil esteve à beira de uma ruptura institucional. O regime democrático reagiu. A maioria do eleitorado recusou-se a fornecer um novo mandato ao grotesco. Paisanos e fardados que supunham ser inatingíveis roçam as grades. Mas o enfrentamento ao golpismo ainda lida com resistências variadas. Eram dissimuladas. Tornaram-se ostensivas.

Estimulado por uma inusitada interferência de Trump, o golpismo bolsonarista se uniu ao velho patrimonialismo cleptocrata, nutrido com as verbas federais das emendas, para tentar recolocar a história na contramão. Desnudados pelos fatos, ambos os grupos preferem desfilar pela conjuntura pelados a aproveitar a oportunidade que as circunstâncias oferecem para que se recomponham.

CONTRA A SOCIEDADE – Ironicamente, conspiram contra a sociedade dentro do Congresso, templo da representação popular. Na semana passada, fecharam a Câmara e o Senado por 30 horas.

A psicanálise ensina que é difícil curar as neuroses de quem deseja o mal que o aflige. Numa democracia, o direito de se exprimir livremente não assegura o direito de ser levado a sério. Sobretudo para quem não convive pacificamente com a expressão de múltiplos pontos de vista.

O brasileiro assiste a um caso burlesco de resistência ao projeto democrático. O ódio ultrapassa a disputa política. Odeia-se a normalidade. A coalizão dos adeptos da virada da mesa com a banda que planta bananeira dentro dos cofres públicos serve ao país um ensopadinho indigesto. É feito de cacoetes, preconceitos e vícios insanáveis. A síntese da reação é Bolsonaro. Até anteontem, era apenas símbolo do golpismo. De repente, virou também uma oportunidade que o fisiologismo aproveita.

FALSO PATRIOTA – Enquanto isso, Eduardo Bolsonaro cavalga o mandato de deputado federal como um patriota do lado avesso. Cobra da Casa Branca novas sanções para livrar papai da cadeia. Insatisfeito com o caos, sonha com o pântano: “Se houver um cenário de terra arrasada, pelo menos eu estarei vingado desses ditadores de toga”.

Com a pose de vítima envernizada pela chantagem tarifária de Trump, o “mito” reitera a alegação de que não houve tentativa de golpe. Ora, ora, ora… Se não houvesse prova, dever-se-ia buscar o a absolvição de um inocente. Como as evidências em contrário são abundantes, restou o esperneio contra uma cadeia que chega a conta-gotas. A apreensão do passaporte, a tornozeleira, a prisão domiciliar… A cela é o limite.

A maioria do eleitorado manifestou, por meio das pesquisas, sua aversão à ideia de impunidade embutida na tese da anistia. É como se o brasileiro que rala para encher a geladeira imaginasse como seria viver num país alternativo: o Brasil que poderia ter sido se o golpe tivesse dado certo, e que por muito pouco não foi.

SELVAGERIA INÉDITA – O Brasil do golpe consumado seria um país de selvageria inédita. Uma nação desatinada para a qual nem as piores violências do passado pós-64 havia preparado a sociedade – e da qual nada a redimiria. As intenções estão materializadas em delação, testemunhos, minutas tresloucadas e planos confessados de fechamento da Justiça Eleitoral, anulação do resultado das urnas e assassinato dos eleitos.

À medida que se aproximam as sentenças, tenta-se criar um outro Brasil alternativo, tão inimaginável quanto o da fantasia do golpe jamais tentado. Um país fictício em que nada aconteceu. Nele, aceita-se a tese esdrúxula de que tudo não passou de um debate inocente sobre alternativas constitucionais para evitar a volta do bicho-papão do “comunismo”.

Até governadores com pretensões presidenciais decidiram atuar como coadjuvantes nessa ficção que nenhum autor de novela assinaria para não passar por improvável, mesmo que fosse contada como farsa.

De olho no que restou do espólio eleitoral do falso Messias, conservadores adultos agarram-se a um conto da carochinha que desafia a ingenuidade de uma criança de cinco anos.

VIRARIA HÁBITO – Levada às últimas consequências, a ficção transformaria a tentativa de golpe numa simples chacrinha embaraçosa. De embaraço, o golpismo passaria a hábito. De hábito, passaria a parâmetro. E, quando menos se esperasse, nada mais precisaria ser explicado ou punido nesse Brasil em que nada aconteceu.

Não é que golpistas e cleptocraras se recusam a aceitar a execução de futuras condenações criminais. É pior do que isso. A coisa não se limita à anistia ou à fuga do foro do Supremo, momentaneamente desprivilegiado. Vitaminados pelo oportunismo da banda larápia do Congresso, os golpistas rejeitam a ideia de aceitar a soberania popular e a honestidade como valores civilizatórios. Testam a resistência do próprio regime democrático.

Nenhuma outra democracia do mundo oferece tantas opções ideológicas como as que existem no Brasil: esquerda, meia-esquerda, um quarto de esquerda, liberal, social-democrata de bico rachado, centro, centrão, direita feijão com arroz, agrodireita, direita de Cristo… Há espaço para quase tudo, exceto para golpistas camuflados de patriotas.

“Vaza Toga 2” denuncia assessores que semeiam a ditadura que Moraes almeja

QUEM É CRISTINA YUKIKO KUSAHARA? Cristina é chefe de gabinete de Alexandre de Moraes. E segundo mensagens vazadas, é ela quem organiza, orienta e executa os bastidores da máquina repressiva do STF.

Cristina Yukiko Kusahara chefia o gabinete de Moraes

Flávio Gordon
Gazeta do Povo

Vaza Toga mostrou que existia um grupo de assessores dispostos a cometer barbaridades sem se perguntar se o que faziam era certo ou não.  “Ele não era estúpido. Era superficial. Essa era, de certo modo, sua maior falha: uma incapacidade de pensar”, escreveu Hannah Arendt, em “Eichmann em Jerusalém”, enquanto T. S. Eliot tecia os versos de “Os Homens Ocos”, prevendo: “Assim expira o mundo. Não com uma explosão, mas com um suspiro”. E hoje podemos dizer: “Assim expira a democracia. Não com tanques e alaridos, mas com conversinhas indecorosas e mexericos em grupos privados de WhatsApp”.

Assinada por David Ágape e Eli Vieira, a reportagem investigativa intitulada “Arquivos do 8 de Janeiro: por dentro da força-tarefa judicial secreta para prisões em massa” mostra como os “homens ocos” da Nova República, sem alarde e no escurinho de uma investigação clandestina, destruíram o que restava de democracia no Brasil.

BANALIDADE DO MAL – Homens ocos? Mal o escrevo e já me arrependo, pois falamos aqui de criaturas prenhes, repletas, estufadas de banalidade do mal. São burocratas introvertidos, ressentidos e vulgares como o juiz auxiliar Airton Vieira; são funcionários públicos ávidos por micropoder e estabilidade, capazes de decretar a destruição de vidas inocentes com emojis e risinhos de deboche.

Com a publicação da reportagem, já apelidada de Vaza Toga 2, restou documentado o que já era evidente: a partir de seus gabinetes no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes comandou um tribunal paralelo, uma espécie de corte secreta operando por WhatsApp, que passou a decidir sobre a liberdade de cidadãos com base em seus antecedentes ideológicos.

COMANDO DO MAL – A prática não é nova na história do mundo. Foi assim na URSS, na China maoísta, na Alemanha Oriental. Os novos sovietes e comissários revolucionários são assessores de toga, burocratas de corte, técnicos e peritos cooptados operando sob o comando de um homem só, na mais completa ausência de controle institucional.

Junto com seus capangas e aliados políticos, Moraes instituiu um sistema de controle social de base jurídica simulada, que combina censura, vigilância, difamação e punição exemplar.

Essa estrutura clandestina – operada entre o STF e o TSE, com assessoria direta da chefe de gabinete de Moraes, Cristina Yukiko Kusahara – criou, processou e aplicou uma sistemática de triagem político-digital, com vistas a um claro policiamento ideológico.

CERTIDÕES ESPÚRIAS – Por meio dela, os cidadãos detidos no 8 e no 9 de janeiro (a maioria dos quais sem ter cometido crime algum) foram classificados com “certidões positivas” ou “negativas”, conforme o conteúdo de suas postagens em redes sociais, comentários sobre ministros, apoio ou crítica ao governo, ou até mesmo simples curtidas em memes.

As “certidões” não tinham base legal, não constavam dos autos processuais, não foram compartilhadas com os advogados de defesa – mas determinaram, na prática, quem seria libertado e quem permaneceria preso.

O resultado foi um escândalo jurídico de proporções históricas. Não há como não ficar enojado ao se tomar conhecimento dos casos particulares. Casos como o de Vildete da Silva Guardia, uma aposentada de 74 anos, presa após procurar abrigo do gás lacrimogêneo durante os distúrbios de 8 de janeiro.

NA CADEIRA DE RODAS – Mesmo sem provas de vandalismo, foi condenada a 11 anos e 11 meses de prisão. Sofrendo de hemorragias intestinais, chegou a receber prisão domiciliar. Mas, em julho de 2025, Moraes mandou recolhê-la novamente ao cárcere, por suposta violação de suas condições.

A idosa permanece presa, em cadeira de rodas, enquanto militantes de extrema-esquerda que depredaram o Congresso em 2006 ou invadiram o STF em 2014 jamais viram a sombra de um processo criminal.

Há também o caso de Claudiomiro da Rosa Soares, caminhoneiro, preso não por qualquer ato violento, mas por postar críticas ao Supremo e ironizar a popularidade de Lula. Um dos posts dizia: “Segundo o cabeça de ovo, ninguém pode questionar nada”. A frase, em tom de desabafo cívico, bastou para classificá-lo como “positivo” e mantê-lo na prisão por quase um ano. Jamais entrou nos prédios invadidos, jamais cometeu violência. O critério que o condenou foi inteiramente ideológico.

 NÃO É GOLPE – Como o caso de Ademir da Silva, rotulado como ameaça porque compartilhou no Instagram a frase “fazer valer a Constituição não é golpe”. Foi o suficiente para que sua liberdade fosse negada. Nenhum outro conteúdo foi encontrado. Nenhum ato de vandalismo foi imputado.

Como também Adenilson de Cordova, mantido sob prisão domiciliar com tornozeleira por mais de um ano. O motivo? Ter compartilhado um link para a petição “Em Defesa da Liberdade”, criada meses antes das eleições por um grupo de advogados. O perfil que divulgou a petição tinha zero seguidores. Mas a certidão foi emitida, a prisão foi mantida, a presunção de inocência foi ignorada.

E o de Ademir Domingos da Silva, vendedor ambulante, detido não por participar dos atos de 8 de janeiro, mas por estar no acampamento no dia seguinte, onde vendia bandeiras, camisetas e capas de celular. Os “indícios” contra ele eram cinco tweets antigos, de 2018, criticando o PT. Nenhuma referência ao evento de Brasília, nenhuma incitação à violência, nenhuma infração concreta. Mesmo assim, foi condenado, submetido a uso de tornozeleira eletrônica e obrigado a frequentar um “curso sobre democracia”, ministrado justo pelos mandantes dessas prisões políticas em série.

PROCESSO LEGAL – O conjunto dessas situações não representa apenas a falência do devido processo legal. Representa a institucionalização do arbítrio. Moraes centralizou em si as decisões sobre custódia, ignorando as recomendações da Procuradoria-Geral da República e afastando a autoridade dos juízes de primeira instância. Às audiências de custódia foi reservado o papel de encenação processual. A decisão sobre quem seria libertado já estava tomada, inteiramente baseada na triagem digital secreta conduzida por seus assessores.

Como bem compreendeu Hannah Arendt, o mal não exige monstros. Basta a diligência medíocre de funcionários obedientes, prontos a rotular, classificar e punir

A chefia da operação coube a Cristina Kusahara, que, segundo fontes internas, ditava ordens a juízes e técnicos do TSE, embora não ocupasse cargo oficial no tribunal. Foi ela quem ordenou que se examinassem postagens nas redes sociais antes de libertar qualquer detido. Foi ela quem exigiu volume, e não rigor, nas análises. Foi ela quem tratou os funcionários como se fossem soldados de um gabinete de guerra – e não servidores públicos num Estado de Direito. Assim como os agentes de repressão stalinistas, ela exigia cotas e mais cotas de “certidões”.

ESPIONAGEM – A esse tribunal paralelo se somaram colaboradores externos: ativistas, universidades e agências de checagem, recrutados informalmente para espionar grupos privados de WhatsApp e Telegram. Parte das instruções era enviada diretamente ao e-mail pessoal de Moraes, para fugir ao controle institucional. Tudo isso para perseguir “desinformação” e “golpismo” em cidadãos cuja única infração havia sido expressar, com linguagem comum e indignação justa, o descontentamento com as instituições.

A construção desse aparato de repressão revela mais do que um mero “excesso”, pois a diferença entre um Estado de Direito e um regime de exceção não é de grau, mas de natureza. Junto com seus capangas e aliados políticos, Moraes instituiu um sistema de controle social de base jurídica simulada, que combina censura, vigilância, difamação e punição exemplar. O Judiciário se converteu, nesse modelo, em instrumento disciplinador da opinião pública, a serviço da hegemonia político-ideológica.

Sob os aplausos dos sicofantas e o silêncio dos cúmplices, Moraes transformou o STF em um instrumento de engenharia político-comportamental. A linguagem do tribunal, antes voltada à proteção das liberdades, serve agora para racionalizar a opressão. A Constituição, antes escudo do cidadão, foi convertida em arma seletiva do poder.

SEM GARANTIAS – Está em curso, no Brasil, um processo de destruição metódica das garantias do Estado de Direito, conduzido desde dentro das instituições e com métodos vis. Eis uma conclusão que dispensa todo exame de intenções, pois os fatos são incontroversos.

No fim das contas, o que a Vaza Toga 2 escancara não é apenas a perversão de garantias jurídicas fundamentais. É algo mais profundo, mais tenebroso, mais difícil de remediar: a naturalização do arbítrio em nome de um suposto bem maior. O tribunal paralelo de Alexandre de Moraes não nasceu do caos. Ele nasceu da rotina. Da covardia institucionalizada, do silêncio cúmplice de juristas domesticados, da rendição moral da imprensa e da passividade resignada dos que se acostumaram a chamar censura de “regulação”, prisão política de “prevenção” e perseguição ideológica de “defesa da democracia”.

Como bem compreendeu Hannah Arendt ao descrever a fisionomia banal de Eichmann, o mal não exige monstros. Basta a diligência medíocre de funcionários obedientes, prontos a rotular, classificar e punir – sem jamais se perguntarem o que, afinal, estão fazendo. Resta que, mais cedo ou mais tarde, a História costuma ser severa com os que se ajoelham diante de tiranos travestidos de benfeitores. A questão é saber se, num futuro que se espera próximo, a sociedade brasileira terá estômago para encarar a própria covardia e coragem para reparar a infâmia.

(Artigo enviado por Mário Assis Causaninhas)

O poeta da “Boca do Inferno” não perdoava os exploradores do povo brasileiro

Porém, se acaba o Sol, por que nascia? Se é tão formosa a...Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado e poeta baiano Gregório de Mattos Guerra (1636-1695), alcunhado de “Boca do Inferno ou Boca de Brasa” é considerado o maior poeta barroco do Brasil e o mais importante poeta satírico da literatura em língua portuguesa, no período colonial. Gregório ousava criticar o Reino de Portugal, assim como a Igreja Católica, muitas vezes ofendendo padres e freiras. Criticava também a “cidade da Bahia”, ou seja, Salvador, como neste soneto.

TRISTE BAHIA
Gregório de Mattos

Tristes sucessos, casos lastimosos,
Desgraças nunca vistas, nem faladas.
São, ó Bahia, vésperas choradas
De outros que estão por vir estranhos.
Sentimo-nos confusos e teimosos
Pois não damos remédios as já passadas,
Nem prevemos tampouco as esperadas
Como que estamos delas desejosos.
Levou-me o dinheiro, a má fortuna,
Ficamos sem tostão, real nem branca,
macutas, correão, nevelão, molhos:
Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna,
E é que quem o dinheiro nos arranca,
Nos arranca as mãos, a língua, os olhos.

Nova frente ampla de Lula contra tarifas pode falhar, dizem analistas

Tarifaço de Trump vai mexer com o bolso do brasileiro? Entenda | Metrópoles

Enfrentar Trump é uma das bandeiras de luta do PT

Gustavo Zeitel
Folha

O tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil cria um ambiente político favorável ao presidente Lula (PT), mas é pouco provável que a retórica da soberania se converta numa frente ampla aos moldes de 2022. Os partidos de centro, avaliam cientistas políticos, buscam uma candidatura própria, e o atual momento político apresenta diferenças importantes em relação às eleições passadas, como a mudança do governo americano e a própria ausência de Jair Bolsonaro (PL) no poder.

Do mesmo modo, o terceiro mandato de Lula tem sido marcado por sua dificuldade de negociação e de tomada de decisão. Nesse sentido, o Planalto teria de mostrar habilidade de liderança para capitalizar os efeitos do tarifaço, que só serão sentidos a longo prazo.

DIREITA FORTALECIDA – Para Paulo Henrique Cassimiro, professor de ciência política da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), a tendência é de fortalecimento da direita, inclusive depois das eleições.

“Penso ser temerária a previsão de que a interferência americana no Brasil possa gerar uma coalizão a favor de Lula. O centrão não deixou de negociar com Bolsonaro por um nome seu”, diz ele.

“Ao mesmo tempo, é a chance que Lula tem de salvar o mandato e ser reeleito. Só que critico muito a incapacidade de seu governo de decidir e realizar aquilo que pretende.”

BRASIL SOBERANO – Com o anúncio do tarifaço, o Planalto lançou uma nova campanha publicitária sob o lema “Brasil Soberano”, com vídeo veiculado na TV e nas redes sociais.

A peça esmerou-se no uso das cores bandeira brasileiras, antes um distintivo bolsonarista, e buscou provocar o sentimento patriota no espectador, mostrando imagens de florestas, plantações e pessoas de diferentes estratos e origens sociais. “É ‘my friend’ [meu amigo], aqui quem manda é a gente. O Brasil é soberano, o Brasil é dos brasileiros”, afirma o narrador, a certa altura do vídeo.

“Soberania é um conceito de difícil apreensão para a população em geral. O material do governo poderia explicá-lo melhor”, avalia Cassimiro.

SOCIEDADE CIVIL – Em paralelo, a defesa da soberania ensejou algumas mobilizações de setores da sociedade civil. Nove ex-ministros, de diversos governos, publicaram uma carta manifestando repúdio às decisões do presidente americano Donald Trump contra o Brasil, incluindo a proibição a ministros do STF de entrar nos EUA.

Na lista de signatários, figuram Miguel Reale e José Carlos Dias (Fernando Henrique Cardoso), Tarso Genro (Lula), José Eduardo Cardozo e Eugênio Aragão (Dilma Rousseff) e Raul Jungmann (Michel Temer).

Dias antes do tarifaço entrar em vigor, a faculdade de Direito da USP realizou em sua sede, no Largo de São Francisco, o Ato pela Soberania, que reuniu entidades como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e a UNE (União Nacional dos Estudantes).

IGUAL A BOLSONARO – Na ocasião, foi lida uma outra carta, que destacava ser inegociável a soberania do país. O ato fora inspirado num protesto similar, ocorrido em 2022, no mesmo Largo de São Francisco, com o objetivo de resguardar a democracia. À época, Bolsonaro estava no poder, prestes a tentar a reeleição.

Naquela altura, 3.000 pessoas, entre banqueiros, empresários, atores e juristas, deram apoio à frente ampla que viria a se formar, com Geraldo Alckmin, nome até então ligado à centro-direita, como vice na chapa de Lula.

Professor de ciência política da FGV, Marco Antonio Carvalho Teixeira afirma que o tarifaço criou uma desconfiança sobre a capacidade da oposição em proteger os interesses nacionais. Ele vê, no entanto, muitas diferenças entre o contexto de 2022 e o atual, a começar pela ausência de Bolsonaro na Presidência.

BIDEN REJEITOU – “O risco de golpe era interno e, em boa medida, não tivemos uma ruptura democrática porque Joe Biden não bancou”, diz Teixeira, acrescentando que é improvável a reedição de uma frente ampla.

Ele pensa que o governo teria de agir para manter o momento político favorável até a eleição e que, se de fato o tarifaço tiver efeitos devastadores para a economia, a tendência é o fortalecimento de um nome de direita. Por isso, essa é a aposta do bolsonarismo.

A medida de Trump impõe agora sobretaxas de 50% aos produtos brasileiros, com potencial para diminuir exportações. O mercado americano é o segundo principal destino das vendas das empresas do Brasil, só perdendo para a China. Entre os produtos que serão mais atingidos, estão o café e a carne.

HÁ DIFERENÇAS – Professor de ciência política da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Leonardo Avritzer não pensa ser tão improvável assim uma aliança por Lula em 2026, mas também vê diferenças importantes entre aquele momento político e o atual.

Ele lembra que, à época, Bolsonaro injetava recursos no Auxílio Brasil, de modo a angariar popularidade, um desafio para o seu concorrente nas eleições presidenciais.

“Lula tem atualmente desafios bem mais amplos do que vencer Bolsonaro”, afirma Avritzer. “Se os setores do agronegócio, hoje à direita, forem muito prejudicados com o tarifaço, talvez haja uma mobilização por Lula.”

Avritzer também afirma que o conceito de soberania não é tão subjetivo e que, em geral, a população é sensibilizada por peças publicitárias sobre o tema. O especialista lembra que as justificativas de Trump para o tarifaço —uma suposta perseguição a Bolsonaro, agora réu pela trama golpista—, são frágeis. “Se um país interfere nas instituições dos outros, acho que esse é um recado claro para a população de que isso não pode ocorrer”, afirma Avritzer.

Parlamentares, futebol e a política das emendas: o “gol” além do gramado

Charge do Baggi (instagram.com/falabobaggi)

Pedro do Coutto

 
A reportagem publicada ontem no O Globo expôs com nitidez um problema que há muito se insinua nos bastidores da política brasileira: a não aplicação correta e lógica dos recursos oriundos das emendas parlamentares. Criadas para atender demandas legítimas da população, essas verbas acabam, em muitos casos, direcionadas para finalidades de interesse pessoal ou político, em vez de se revestirem de interesses coletivos.
 
O resultado é que se perde a força e o propósito original de um instrumento que, bem utilizado, poderia transformar realidades locais. As emendas parlamentares são instrumentos legítimos previstos na Constituição Federal, com regras claras: um teto de 2% da Receita Corrente Líquida (RCL), sendo metade obrigatoriamente destinada à saúde.
 
DESPESAS INUSITADAS – No entanto, quando essas verbas são canalizadas de maneira desproporcional para clubes de futebol ou para despesas inusitadas — como a compra de traves, pagamento de técnicos ou patrocínio de campeonatos —, abre-se um debate inevitável: até que ponto isso é gestão responsável e até que ponto é uso político?

O caso de São Paulo em 2024 é ilustrativo: R$ 81 milhões foram destinados a eventos esportivos, quatro vezes mais do que à Saúde e muito acima do que se investiu em Educação. O futebol, com seu apelo emocional e sua capacidade de reunir multidões, se torna um palanque natural para parlamentares em ano eleitoral. A presença em eventos, a entrega de uniformes e até o simples ato de “aparecer” ao lado da comunidade esportiva geram dividendos eleitorais difíceis de mensurar, mas politicamente valiosos.

Por outro lado, há iniciativas positivas, como em Aracaju, onde mais de R$ 4,6 milhões foram destinados a escolinhas de futebol na periferia, com foco em inclusão social e cidadania. Nesses casos, o esporte serve como ponte para oportunidades, disciplina e engajamento comunitário. O problema é que, ao lado dessas boas práticas, proliferam casos em que a justificativa social é apenas retórica.

DILEMA – Essa tensão revela um dilema estrutural: o mesmo instrumento que pode ser motor de transformação pode também se tornar ferramenta de marketing político. Quando o interesse eleitoral se sobrepõe ao coletivo, o potencial de impacto real se perde. A consequência é um ciclo vicioso onde a população deixa de confiar na destinação dessas verbas e o mecanismo se enfraquece.

O desafio não é apenas fiscalizar, mas estabelecer critérios e métricas que garantam que cada real destinado cumpra uma função social concreta e mensurável. O esporte, especialmente o futebol, não pode ser apenas uma vitrine eleitoral; precisa ser um caminho consistente para inclusão e desenvolvimento. Caso contrário, as emendas parlamentares continuarão marcando gols, mas apenas no placar político de quem as destina.

Conselheiro de Trump não vai parar até que Bolsonaro “esteja livre”

Conselheiro de Trump defende Bolsonaro após operação: 'não descansaremos até que a perseguição acabe' | Mundo | cbn

Jason Miller aconselha Trump desde a primeira eleição

Hugo Henud
Estadão

O empresário Jason Miller, conselheiro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou neste domingo, dia 10, uma mensagem nas redes sociais em que afirma que “não vai parar” até que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “esteja livre”. Miller vem fazendo publicações com críticas à condução do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na ação penal em que Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado.

“Para deixar claro: não vou parar, não vou desistir, não vou ceder, até que o presidente Jair Bolsonaro esteja livre”, escreveu em seu perfil no X, após compartilhar uma publicação que dizia: “É mais importante o impeachment de Moraes do que libertar Bolsonaro”.

CONSELHEIRO – Miller atuou como conselheiro sênior nas campanhas de Trump e mantém relação próxima com a família Bolsonaro, especialmente com Eduardo, que está nos Estados Unidos desde o fim de fevereiro. De lá, o deputado articula com congressistas americanos a adoção de sanções contra Moraes e outros ministros do STF. No fim de julho, Moraes foi incluído na lista de alvos da Lei Magnitsky pelo governo Trump.

A publicação se soma a outras em que Miller critica o Supremo, Moraes e autoridades brasileiras, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em julho, ele provocou o ministro ao afirmar que Moraes busca protagonismo nas decisões da Justiça contra Bolsonaro.

Antes disso, logo após o ministro autorizar mandados da Polícia Federal contra o ex-presidente, Miller o acusou de adotar “táticas ditatoriais” e pediu para que Bolsonaro “permanecesse forte”.

SEM CARGO – Embora não ocupe cargo no governo americano, Miller é considerado um dos principais conselheiros de Trump e integrou as três campanhas presidenciais do republicano desde 2016, além das equipes de transição em 2016 e 2024.

Ele atua como consultor de Trump em assuntos políticos e estratégias de comunicação. Também fundou a rede social Gettr, que passou a acolher extremistas após bloqueios e suspensões de contas em plataformas como Facebook e Twitter.

Em setembro de 2021, Miller foi recebido pela família Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Ao deixar o País, foi abordado pela Polícia Federal no aeroporto de Brasília e prestou depoimento no inquérito do STF que investiga a atuação das chamadas “milícias digitais”, sob relatoria de Moraes.