A nova fronteira da lavagem de dinheiro e a resposta do Estado brasileiro

Procurador evita que Polícia Federal transforme Bolsonaro numa “vítima”

36,3% dos brasileiros teriam apoiado golpe tramado por Bolsonaro - Vermelho

Charge do Nando Motta (Arquivo Google)

Josias de Souza
do UOL

Em ofício entregue ao Supremo, o procurador-geral Paulo Gonet posicionou-se contra a pretensão da Polícia Federal de colocar agentes dentro da casa de Bolsonaro. Abateu duas bizarrices com uma cajadada. Primeiro, sepultou a prepotência policial. Segundo, matou o risco de a PF fornecer pano para o figurino de vítima de Bolsonaro.

Na Presidência e fora dela, os maiores excessos a que Bolsonaro foi submetido sempre foram os de moderação. A condescendência com o personagem foi diminuindo na proporção direta da aproximação do dia do julgamento, marcado para terça-feira.

EM CONTA-GOTAS – Num prenúncio do que está por vir, Bolsonaro foi sendo encarcerado em conta-gotas. A retenção do passaporte, a tornozeleira eletrônica, a reclusão em casa à noite e nos finais de semana, a prisão domiciliar, o monitoramento policial da rua por 24 horas…

De repente, a PF insinuou que só a presença de agentes dentro da casa poderia eliminar totalmente o risco de fuga do réu. Quem confiava nas medidas cautelares adotadas pelo Supremo ficou autorizado a perguntar: para que serve a tornozeleira eletrônica? De que adianta a prisão domiciliar? Como confiar numa polícia que não confia na vigilância policial?

‘’Tudo o que exagera enfraquece. O exagero da Polícia Federal debilita até a boa vontade de quem acredita na capacidade técnica da corporação. 

Sem disfarçar, os políticos querem agora a mais completa impunidade

A charge do Alpino | VEJA

Charge do Alpino (Yahoo Notícias)

Merval Pereira
O Globo

Em meio a uma das maiores crises políticas que o país já viveu, um grupo majoritário de parlamentares, sem que se possa dizer ser formado apenas por representantes da direita e do Centrão — a votação mostrará a cara da esquerda —, está empenhado em salvar a própria pele.

Desmoralizando o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta, que desmentiu o fato por três semanas, conseguiram programar para votação a mudança do foro privilegiado e os critérios para que sejam processados criminalmente.

BLINDAGEM GERAL – Combinados, os dois projetos blindam os parlamentares, que dificilmente serão processados, pois a decisão final dependerá de autorização de seus pares. Se forem, terão foro privilegiado desde a primeira instância, podendo chegar ao Supremo depois de uma série de recursos, restando ainda um último apelo, ao plenário do STF, se condenados nas Turmas.

A negociação do texto final entrou noite adentro, sem que a opinião pública soubesse os detalhes negociados. O foro dos parlamentares muda de acordo com a conveniência.

Passou a ser no Supremo porque alegava-se que aquela Corte seria infensa a decisões políticas, ao contrário de instâncias inferiores, sujeitas a injunções políticas regionais.

TUDO COMO ANTES – Durante anos o Supremo condenou apenas um deputado, até que veio o mensalão, e a coisa começou a mudar. O então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, tentou de todas as maneiras mandar à primeira instância o processo do mensalão.

Foi barrado pelo então ministro Joaquim Barbosa, relator da causa. Ele alegou que todos os crimes eram conexos entre si e, se desmembrados, os ministros do Supremo e os juízes de instâncias inferiores não teriam clareza sobre o conjunto da obra.

Já naquela altura havia a compreensão dos políticos de que haviam se encerrado os tempos de bonança, em que o Supremo não punia políticos.

Não foi possível colocar o então presidente Lula na cadeia de comando do mensalão, porque ele se anunciou como traído por seus colegas petistas, pediu desculpas ao povo brasileiro e ainda tinha bastante prestígio popular, tanto que foi reeleito.

DIRCEU, O ESCOLHIDO – O então todo-poderoso José Dirceu, chefe da Casa Civil, foi o escolhido para bode expiatório e assumiu todas as culpas pela organização do esquema. Não que fosse inocente, mas não era o principal orquestrador do esquema.

Lula só seria responsabilizado no caso do petrolão, quando a Operação Lava-Jato desvelou o maior escândalo de corrupção já acontecido no país.

Ficou preso 580 dias, até que o Supremo, depois de muitas idas e vindas de ministros, que votaram e mudaram de voto diversas vezes durante sete anos, considerou inconstitucional a prisão em segunda instância e, depois, classificou o então juiz Sergio Moro como parcial, anulando todos os processos contra Lula.

JOGADAS NO SUPREMO – A Lava-Jato foi desmantelada a canetadas pelo Supremo. Recentemente todos os condenados que restavam foram soltos, e as penas comutadas por diversas tecnicalidades, sem que ninguém fosse absolvido de seus crimes.

O que os parlamentares querem agora é uma blindagem mais completa. Montaram uma legislação que dará condições a que nenhum deles seja sequer processado, quanto mais condenado. Na época do mensalão, havia a sensação de que havíamos avançado no combate à corrupção.

Mas quem conhece bem os meandros da política brasileira é o ex-senador e atual lobista Romero Jucá, que armou a solução do imbróglio político com um acordo para “estancar a sangria”, que incluía até o STF. Tudo aconteceu como ele previa, e estamos agora na fase dois, em que não haverá nem mesmo processo.

Eduardo Bolsonaro pode até ser expulso do PL sem aval do pai

Eduardo Bolsonaro diz que brasileiros entendem que tarifaço de Trump é  'sacrifício a ser feito': 'Nossa liberdade vale mais do que a economia' -  BBC News Brasil

Eduardo e a família sairão do PL se Tarcísio ingressar

Johanns Eller
O Globo

Aliados do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) têm dito nos bastidores que a ameaça do filho 03 de Jair Bolsonaro de deixar seu partido caso o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), migre para a legenda não só é para valer como também não dependerá do aval de seu pai.

Como mostrou a colunista Bela Megale, a possibilidade de se desfiliar do PL, que já foi considerada por Eduardo em outras ocasiões durante seu autoexílio nos Estados Unidos, voltou a ser cogitada pelo parlamentar diante da declaração do presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, de que Tarcísio migrará para a sigla caso concorra à Presidência da República em 2026.

PROPOSTAS – “Eduardo é Eduardo, Jair é Jair. Se dependesse do presidente, Eduardo certamente ficaria no PL”, resume um interlocutor do deputado federal sobre uma possível chancela do pai ao movimento partidário.

Interlocutores de Eduardo Bolsonaro garantem que o parlamentar já recebeu propostas, inclusive de partidos grandes que teriam garantido apoio e estrutura que o PL tem negado ao deputado, mas dizem que “não é o momento” de detalhá-las sob o risco de prejudicar as conversas. Haveria também legendas menores interessadas em filiá-lo.

O embarque de outros parlamentares na eventual nova sigla de Eduardo dependeria do destino escolhido. A cúpula do PL, por sua vez, vê o cenário com grande ceticismo.

CAPITAL ELEITORAL – “Quem tem voto e capital eleitoral é Jair Bolsonaro, não o Eduardo ou o PL. Os deputados sabem disso”, resume um aliado de Valdemar Costa Neto, destacando ainda que o ex-presidente será o único a decidir quem será o candidato da direita caso ele permaneça inelegível.

Caso Eduardo Bolsonaro decida mudar de partido à revelia do pai, adotará um movimento inédito na dinâmica mantida pela dinastia política há décadas.

Bolsonaro, que lançou quatro de seus filhos na política – Eduardo, Flávio e os vereadores Carlos e Jair Renan –, sempre buscou mantê-los sob a mesma legenda, salvo por restrições legais, estratégia política ou quando ele próprio esteve sem filiação partidária. Mas nenhuma decisão foi tomada sem o aval do pai.

NO DESEMBARQUE – Carlos, por exemplo, não acompanhou a família no embarque no PSL em 2018 e permaneceu no PSC pelo risco de perder o mandato, já que a próxima janela partidária municipal só ocorreria em 2020.

Quando o então presidente rompeu com o PSL em 2019 e começou a trabalhar pela criação do Aliança pelo Brasil, projeto que jamais se concretizou, Bolsonaro optou por ficar sem partido.

No período, Flávio buscou uma aproximação com o Republicanos e se filiou à legenda – assim como Carlos, que embarcou durante a janela eleitoral das eleições municipais de 2020.

Com a autorização de Jair Bolsonaro, Flávio se filiou ao Patriota em 2021, quando o então presidente buscava uma sigla nanica para controlar a Executiva e diretórios de olho na reeleição.

ENTRADA NO PL – Mas as negociações não prosperaram e Bolsonaro acabou optando pelo PL de Valdemar, antiga legenda do Centrão. Como o cargo de senador não exige fidelidade partidária, Flávio acompanhou o pai de imediato.

Eduardo ficou no PSL e chegou a integrar brevemente o União Brasil, surgido após a fusão do primeiro partido com o DEM, porque corria o risco de perder o cargo caso se desfiliasse da legenda comandada por um desafeto do pai, Luciano Bivar. O filho 03 acabaria entrando no PL na janela de 2022.

Carlos, por sua vez, só pôde migrar para a sigla em 2024 ao disputar a reeleição na Câmara de Vereadores do Rio.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Toda essa confusão partidária não interessa mais. O fato concreto é que Bolsonaro não será candidato e a direita já tem quatro pretendentes ao Planalto, os atuais governadores Ronaldo Caiado (Goiás). Romeu Zema (Minas), Ratinho Júnior (Paraná) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul). Porém, Michelle, Eduardo e Flávio também alimentam altos sonhos, na esperança de que o governador paulista Tarcísio de Freitas tente apenas a reeleição. É um quadro nebuloso, mas que começa a se definir assim que Bolsonaro for condenado. (C.N.)

Lula precipita sucessão e expõe Tarcísio às pedradas do bolsonarismo

Na ilustração de Galvão Bertazzi, temos o Governador Tarcísio babando e segurando um martelinho minúsculo de leilão. O governador está grande, em meio aos prédios e viadutos da cidade de São Paulo. Placas de vende-se se espalham por toda a cidade e objetos da ilustração. O governador esboça um sorriso débil de felicidade vendida.

Charge do Galvão Bertazzi (Folha)

Carlos Andreazza
Estadão

Lula diz que Tarcísio de Freitas será seu adversário em 2026. Essa – manchete média nos jornais de quinta-feira – foi a notícia-novidade que o governo distribuiu-difundiu sobre a reunião ministerial de ontem, terça-feira, 26 de agosto. Texto fechado, empacotado. Sem aspas. Palavra passada-plantada adiante. A versão que interessa ao Planalto. O recado. Informe-se.

Tem método. A campanha-articulação para 26 deu uma acelerada nas últimas semanas. Todo mundo – o presidente da República incluído – se organizando em função do pós-Bolsonaro. Produto da proximidade do julgamento final do ex-presidente, mundo real – Jair não disputará a eleição – que se impôs a partir da experiência política objetiva que a prisão domiciliar antecipou: a de Bolsonaro isolado e cada vez mais.

A FILA ANDA – As peças se movem. Ou: rei morto, rei posto. Ou: rei por morrer, reis postulantes vários na pista. Repita-se: a campanha-articulação para 26 se acelerou, o chamado Centrão organiza suas escolhas, e Lula não pode mais jogar o jogo do me-engana-que-eu-gosto de que será Bolsonaro o oponente no ano que vem. O pós-Bolsonaro, Jair ao limbo, está posto e Tarcísio, na vitrine. Que se lhe atire.

Tem método. Lula, ao indicar o governador de São Paulo como adversário, aumenta a superfície da vidraça de Tarcísio, nomeado “direita consentida”, e a expõe às pedradas do bolsonarismo.

É o que o presidente, candidato à reeleição, explora-alimenta: o racha no vestiário da direita e a luta pela gestão-controle do espólio do mito. Lula, o sistema, escolhe o desafiante à direita – aponta a direita autorizada pelo establishment – e joga a isca. Que o bolsonarismo já estava atacando. Que atacará sem dó.

PÓS-BOLSONARO – Tudo e todo mundo a se orientar em função do pós-Bolsonaro – inclusive os Bolsonaro. Eduardo, em postagem no X, é transparente a respeito, exibidas abertamente as suas angústias.

“Quanto mais próximo do julgamento do meu pai, mais pessoas têm falado sobre substituí-lo na corrida presidencial”. É verdade. Isso, expressão do encontro com a realidade, poderia ser definido como corrida por preencher o vácuo de poder. Eduardo também corre.

“E, de maneira descarada, essas mesmas pessoas ainda dizem que é para o bem de Bolsonaro, porque o apoiam”. Todo mundo quer o bem de Bolsonaro – Eduardo, Tarcísio, Valdemar Costa Neto, Ciro Nogueira. (Assim como todo quer o bem da democracia e trabalha por ela – de Bolsonaro a Xandão.)

REI INDULTADO – A peleja é pela forma de assegurar-alcançar esse bem. A turma do tal Centrão se dirige pelas perspectivas eleitorais e vende um acordo em que, afinal, Jair – rei morto, rei posto – seria indultado pelo afilhado eleito presidente. Indultado e aposentado.

O bolsonarismo considera essa uma solução caracu – equivalente ao que se chama de “anistia light”. “Não adianta vir com o papo de ‘única solução’, porque não vamos nos submeter”. A solução bolsonarista – por Bolsonaro e nada eleitoral – é via Donald Trump.

“Se houver necessidade de substituir JB, isso não será feito pela força nem com base em chantagem”. Se houver necessidade… Poderia – seria mais realista – escrever “quando houver”. Quando houver: “qualquer decisão política será tomada por nós”. O deputado pretende centralizar na família – na empresa familiar que Jair constituiu no Estado – o futuro da direita; a legitimidade da direita. Quer administrar o tempo – calculado pelas necessidades da agenda de anistia ao pai – e não o fará considerando os prazos eleitorais.

ALTERNATIVA-RAIZ – “Quando houver”, será surpreendente se o substituto não for solução bolsonarista interna. Ou melhor: será surpreendente se não houver – ainda que haja Tarcísio, ou um tarcísio – uma alternativa bolsonarista raiz, dissidente daquela associada à direita oficial.

“Não há ganho estratégico em fazer esse anúncio agora, a poucos dias do seu injusto julgamento”. É explícito. Anunciar apoio a um tarcísio agora – agora e depois – será passar a bola adiante, constituir um sucessor político, donde uma liderança, uma persona com existência própria, e dar prioridade à linguagem eleitoral, que é o verbo da normalidade. Anunciar apoio agora seria se esvaziar; oferecer caminho também para que a Casa Branca identificasse alternativa palatável a Bolsonaro e largasse a mão da família.

A família não pode permitir que o “rei morto, rei posto” chegue também aos EUA. “Para que a pressa?” Os Bolsonaro entendem essa blitz antes do julgamento como “faca no pescoço de JB”; “meio de pressão eficaz” para forçá-lo “a tomar uma decisão” que o amarraria.

REI POSTO – “Quem compactua com essa nojeira pode repetir mil vezes que é pró-Bolsonaro, mas não será permitido como apoiador e muito menos como merecedor dos votos bolsonaristas”; que a família – Eduardo informa – controla, ou crê controlar. O filhote 03 baixou um decreto.

Aí está o dilema de Tarcísio de Freitas; que precisa esperar pelo ex-chefe; que precisa esperar, a rigor, o pai desautorizar as crias. Desautorizará? O dilema de Tarcísio é mais complexo. Para o bolsonarismo, disputar a eleição presidencial para vencer – não sendo Jair Bolsonaro o candidato da direita – é ato ilegítimo, de abandono ao padrinho.

Concorrer – para ganhar – seria trair. Concorrer – não para denunciar o golpe – seria chancelar o processo e negar a vigência de uma ditadura no Brasil. Eduardo quer muito – apaixonadamente – ir para esse sacrifício, ser o anticandidato; tem até reclamado de não ver seu nome medido em pesquisas de intenção de voto… Todo mundo se projeta em decorrência do pós-Bolsonaro, sendo o pós-Bolsonaro de Eduardo Bolsonaro, claro, o legítimo.

Entenda por que há disputa entre Lula e Tarcísio por ações anti-PCC

O Primeiro Comando da Capital - PCC - Notícias - IPA Brasil

PCC, o crime organizado, dá as cartas também na política

Hélio Schwartsman
Folha

São importantes as operações policiais deflagradas contra o PCC. A infiltração da economia formal e do próprio poder público pelo crime organizado é um fenômeno que precisa ser combatido com urgência, já que, quanto mais avança, mais difícil se torna seu enfrentamento.

É pena que a boa notícia institucional tenha sido maculada pelo que parece ser uma disputa eleitoreira entre Lula e Tarcísio de Freitas, que provavelmente se enfrentarão no pleito presidencial de 2026, pela paternidade das ações.

Apesar de lamentável, o episódio ilustra bem um dos problemas da democracia. Na maioria das situações, o eleitor atua no escuro. Isso é óbvio quando os cidadãos escolhem alguém novo para um cargo.

VOTO SEM BASE – Os eleitores mais conscienciosos ainda procurarão se informar, analisando o passado e as ligações do postulante, mas a maioria não se dá ao trabalho, formando seu voto por outras vias.

No caso de reeleições, o cidadão opera com uma carga maior de informações, já que teve a oportunidade de avaliar o desempenho do governante. É esse o motivo por que alguns cientistas políticos são contra o fim da reeleição. Nós eliminaríamos uma das poucas situações em que o eleitor não agiria às cegas.

O problema é que não é tão fácil separar o que, numa administração, resulta de virtudes ou de vícios do governante e o que se deve a outros fatores. Essa é uma tarefa difícil até para cientistas montados em toneladas de dados. De um modo geral, o eleitorado acaba recompensando ou punindo o gestor por coisas que ele não fez ou sobre as quais tem parcela diminuta de responsabilidade.

NA UNDÉCIMA HORA – É bem esse o caso dessas operações anti-PCC. Elas foram conduzidas por órgãos como o Ministério Público paulista, PF e Receita Federal, que são compostos por servidores com carreira de Estado e que operam com grande autonomia.

Em muitos casos, até para evitar vazamentos, só informam suas chefias políticas das operações vindouras na undécima hora.

A democracia funciona não porque gere bons líderes, mas porque assegura transições pacíficas de poder.

Impune, Lula usa e abusa do descumprimento das leis eleitorais

Reunião com os ministros: Lula usa boné 'anti-Trump'

Ministros de Lula usam o boné da campanha antecipada

Dora Kramer
Folha

Se o uso que o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) faz do cargo para alimentar a campanha à reeleição não é abuso de poder, adiante ficará difícil a Justiça Eleitoral dizer o que é.

Com precisão, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou Jair Bolsonaro (PL) inelegível por entender como abusiva reunião do então presidente com embaixadores estrangeiros, nas dependências do Palácio do Planalto, para desqualificar o sistema eletrônico de votação.

TUDO NA MESMA – Pois Lula se expõe a interpretações semelhantes quando chama de reunião ministerial um comício, no mesmo Palácio, em que ele e seus ministros vestem bonés com slogan de indisfarçável caráter eleitoral para tratar de assuntos que nada tem a ver com decisões de natureza governamental.

O presidente tem agido assim diariamente. Não há evento oficial em que não faça referência à sua condição de candidato na próxima eleição, em 2026.

Desanca adversários, posiciona-se como invencível e espreme até o caroço o lema da soberania nacional que lhe deu o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

APENAS POLÍTICA – No encontro de terça-feira (26), em torno da mesa oval onde se espera que sejam discutidas ações de interesse do país, o presidente ignorou questões administrativas em prol de abordagens exclusivamente políticas.

Esse tipo de reunião ministerial nunca serviu de muita coisa, a não ser para dar asas à exaltação de realizações de governo pelas lentes cor-de-rosa do oficialismo.

Mas, desta vez, Lula foi além e limitou-se a fazer tudo pelo eleitoral.

NOVO SLOGAN – Preencheu o tempo com a repetição de ataques, convocação ao engajamento de ministros num projeto partidário e o lançamento do novo slogan “do lado dos brasileiros”, quando o correto seria dizer “ao lado”. De todos e não apenas junto aos que têm um lado, como pressupõe o dístico.

O presidente se sente livre para voar no campo do palanque porque benevolente vem sendo a ótica sob a qual é visto: um político esperto que aproveita oportunidades.

Quando o candidato se alia ao presidente, isso flerta de modo flagrante com a transgressão.

Perseguida pela própria esquerda, líder feminista fica proibida de expressar opinião

Erika Hilton é alvo de transfobia em votação sobre casamento homoafetivo

Erika Hilton procura  restringir liberdade de expressão

Nikolas Ferreira
Gazeta do Povo

Nas últimas semanas, viralizou o caso de Isabella Cêpa, uma feminista que, em 2020, criticou o fato de a vereadora mais votada das eleições municipais de São Paulo não ser uma mulher biológica, referindo-se à Erika Hilton. A postagem de Isabella gerou uma denúncia criminal do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que poderia resultar em 25 anos de prisão, com base em uma decisão do Supremo Tribunal Federal de 2019, que equiparou atos de homofobia e transfobia ao crime de racismo.

É sempre importante frisar três pontos: o primeiro é que não é competência do STF propor ou aprovar leis, mas sim do Congresso. O segundo é que não existe crime sem lei anterior que o defina, como neste caso específico. E, por último, ficou nítida a politização da questão, já que o simples fato de discordar, em muitos casos, é considerado homofóbico ou transfóbico por alguns, o que, além de não ser um fato, constitui atentado à liberdade de expressão. Tanto as minorias quanto o direito de possuir ideias divergentes devem ser protegidos.

VEXAME INTERNACIONAL – Este clássico exemplo de cerceamento de opinião gerou diversas manifestações de repúdio por parte de jornalistas e veículos de imprensa, inclusive alguns mais progressistas, e virou vexame internacional.

Isabella formalizou um pedido de refúgio e posteriormente conseguiu asilo político na Europa. De acordo com uma ONG, ela foi a primeira mulher no mundo a obter refúgio por ser alvo de perseguição em razão de críticas à ideologia de gênero — mais um recorde negativo para a agenda woke.

Não compartilho a mesma ideologia de Isabella e tampouco sou adepto do feminismo, muito pelo contrário. Porém, já disse diversas vezes que jamais defenderei que alguém seja calado, perseguido ou punido por suas opiniões, inclusive aqueles que pensam totalmente diferente de mim.

SEM CENSURA – Seria incoerente para quem se diz defensor da democracia promover censura contra opositores, e não serei eu a usar a mesma hipocrisia da esquerda.

Ainda em 2022, meu discurso utilizando a famosa peruca loira da “Nikole” destacava exatamente isso. Em um dos trechos, afirmei que “as mulheres estão perdendo espaço para homens que se sentem mulheres”. Bastou pouco tempo para que esse comentário, embora óbvio, gerasse mais apoio do que críticas.

Minha fala foi traduzida para o inglês e viralizou em contas estrangeiras, principalmente no X, tornando-se uma referência com os dizeres: “Se você veio aqui falar mal da Nikole, desculpa, mas veio ao lugar errado”. Ela ainda é lembrada diante de diversos casos de imposições e repressões similares que surgem.

PENSAR IGUAL – Tudo isso prova que a esquerda não se preocupa com mulheres, negros, LGBTs ou qualquer outra minoria. Ela se empenha apenas em proteger aqueles que pensam igual a eles, sem espaço sequer para discordâncias dentro da mesma ideologia

Toda a intolerância que carregam afasta cada vez mais os que dizem defender, porque a verdade sempre aparece.

Sempre deixei claro que minha luta não é contra quem busca aceitação de forma legítima, mas contra aqueles que, de maneira tirânica, impõem suas vontades.

CONTRADITÓRIO – Ninguém aqui deseja que alguém seja perseguido ou atacado por crenças, ideologias, orientações sexuais ou questões de gênero; o que se exige é que o contraditório seja respeitado.

Precisamos sempre concordar em discordar. Felizmente, a grande maioria entende isso e, consequentemente, recebo cada vez mais apoio, inclusive público, justamente daqueles que a esquerda acusa — em vão — de serem alvos de supostos ataques.

É bastante provável que eu não concorde com Isabella na maior parte dos pontos, mas a luta pela liberdade transcende qualquer posicionamento ideológico. Precisamos ser maduros o suficiente para separar as coisas e entender que isso é inegociável. Não podemos dar espaço para que a tirania avance.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Excelente artigo, enviado por Mário Assis Causanilhas. Mostra que a luta pela liberdade de expressão está acima das ideologias e das manifestações de raça, gênero, religião ou qualquer outro fator excludente. (C.N.)

EUA sofrem com o furacão Katrina, bem diferente da situação do Brasil 

Charge: Enquanto um furacão arrasa o Brasil...eita ! - Pádua Campos

Charge reproduzida do Arquivo Google

Vicente Limongi Netto

Nos Estados Unidos, o furacão Katrina destruiu o que viu pela frente. Tragédia climática que abalou os norte-americanos. Aqui no Brasil, os homens de bem convivem, faz tempo, com a latrina.  Infames e trapaceiros parceiros do cinismo, da canalhice e da hipocrisia. Maus exemplos de homens públicos, roubalheira e golpes sem fim, que se multiplicam e infelicitam o povo.

Deputados inescrupulosos, preocupados com seus próprios interesses escusos. Acostumados a urdir propostas indecorosas. A mais recente é a PEC da Blindagem. Uma excrescência que desmoraliza de vez a atividade política. A ordinária blindagem engessa o Judiciário, protege parlamentares vigaristas. Irresponsáveis engomados de todos os tamanhos, que permanecerão impunes, depois de causar prejuízos incalculáveis à democracia e à legítima atividade pública.

CINISMO – Capachos de Bolsonaro exigem que o presidente da Câmara Federal, deputado Hugo Motta, peça permissão do ministro Alexandre de Moraes para visitar o ex-presidente. Criarão apenas mais um fato político sem nenhuma importância prática para Bolsonaro.  Abissal tolice que, se concretizada, deixará mal o

presidente. Nada mais falso, burro e patético. Pesquisas da Folha de São Paulo revela que para a maioria dos brasileiros, o Supremo Tribunal Federal (STF) agiu certo, tornando Bolsonaro réu além de mantê-lo em prisão domiciliar.

CRETINICE – Não falta mais nada, no destrambelhado Brasil: o indecoroso deputado fujão, Eduardo Bolsonaro, pediu, sem nenhum pudor, ao presidente da Câmara, Hugo Motta, para exercer o mandato nos Estados Unidos. É o cúmulo da cretinice, do deboche e da irresponsabilidade. A nação espera que a resposta de Hugo Motta seja de total repúdio, ao pedido infame do parlamentar fujão.  POEMA – Depois do furacão da política nacional, um poema ´para relaxar o espírito:

Meu corpo-poema/ Refugia espíritos,/ Afaga contrastes/ e Sentimentos./ Produz tempestades./ Causa ruído na alma./ Entrelaça rumores./ Comove afetos./ Conversa com vidas. /Brinca com a solidão./ Para finalmente descansar/ Nas represas da noite.

Sonhos e realidades na parceria genial de João Bosco e Aldir Blanc

Aldir Blanc e João Bosco: clássicos da MPB e separação histórica marcaram  parceria - Jornal O Globo

Bosco e Blanc, uma parceria invejável

Paulo Peres
Poemas & Canções

O psiquiatra, escritor e compositor carioca Aldir Blanc Mendes, na letra de “O Rancho da Goiabada”, em parceria com João Bosco, mostra que os bóias-frias, apesar de enfrentarem um trabalho pesado durante a semana, em seus momentos de folga, através da bebida, transformam suas tristezas em sonhos.

“O Rancho da Goiabada” faz parte do LP Tranversal do Tempo, gravado por Elis Regina, em 1978, pela Philips.

O RANCHO DA GOIABADA
João Bosco e Aldir Blanc

Os bóias-frias quando tomam umas biritas
Espantando a tristeza
Sonham com bife-a-cavalo, batata-frita
E a sobremesa
É goiabada cascão com muito queijo

Depois café, cigarro e um beijo
De uma mulata chamada Leonor ou Dagmar
Amar
O rádio de pilha, o fogão jacaré, a marmita, o domingo
O bar
Onde tantos iguais se reúnem e contando mentiras
Pra poder suportar

Ai, são pais-de-santo, paus-de-araras, são passistas
São flagelados, são pingentes, balconistas
Palhaços, marcianos, canibais, lírios, pirados
Dançando dormindo de olhos abertos à sombra da alegoria
Dos faraós embalsamados

Bolsonaro poderá ficar sete anos em regime fechado, se pegar pena máxima

O Otimista - STF vê chance mínima de Bolsonaro preso em quartel após  provável condenação e avalia Papuda ou PF

Grande expectativa com o julgamento de Bolsonaro

JOSÉ MARQUES
Folha

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode pegar até sete anos de prisão em regime fechado caso seja condenado à pena máxima de 43 anos pelos crimes listados na acusação da PGR (Procuradoria-Geral da República) no processo da trama golpista.

Bolsonaro será julgado a partir de terça-feira (2), acusado pela PGR de praticar os crimes de organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado, além de dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Ele nega ter cometido qualquer irregularidade.

MÍNIMA -12 ANOS – A pena mínima prevista em lei pelas acusações contra o ex-presidente é de 12 anos de prisão. A tendência é que os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) levem em conta circunstâncias que devem aumentar o tempo da punição.

No julgamento, o cálculo da eventual pena passará por uma análise complexa dos cinco ministros da Primeira Turma do Supremo, envolvendo tanto critérios objetivos como subjetivos, segundo especialistas.

Para o cálculo final das penas, serão levadas em conta também eventuais divergências entre os integrantes da turma sobre cada uma das acusações analisadas no julgamento.

CIRCUNSTÂNCIAS – Além das penas mínimas e máximas para cada conduta, há circunstâncias que podem aumentar ou atenuar as penas imputadas a Bolsonaro e aos demais réus do caso, que trata da tentativa de golpe de Estado após a derrota para o presidente Lula (PT) em 2022.

Por exemplo, no caso da acusação de liderar uma organização criminosa armada, a PGR afirma que esse grupo é composto de funcionários públicos, que se valeram dessa condição.

A pena para participação em organização criminosa é de 3 a 8 anos, mas há um aumento de até a metade dela se o crime envolver armas, e ainda há um agravante para Bolsonaro por ele ser considerado líder. Além disso, segundo a legislação, a pena pode ser aumentada de um sexto a dois terços caso envolva funcionário público que se valha dessas condições.

CULPABILIDADE – Para decidir sobre pena base desse crime, de 3 a 8 anos, o juiz deve levar em conta “a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente, os motivos, as circunstâncias e consequências do crime, bem como o comportamento da vítima”.

“Tratada com indevida simplicidade, a dosimetria da pena é um dos temas mais tormentosos da Justiça criminal”, diz Leonardo Massud, professor e mestre em direito penal da PUC-SP.

Segundo ele, embora haja parâmetros mínimos e máximos na legislação de pena para cada crime, há “circunstâncias que o juiz deve considerar para caminhar entre esses gradientes”.

Crise do emprego e o avanço da informalidade em ano pré-eleitoral

Charge do Ivan Galvãi (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

A queda de 32% no número de empregos formais entre julho de 2024 e julho de 2025, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, acende um sinal de alerta sobre a vitalidade do mercado laboral brasileiro. Embora o saldo acumulado do ano ainda seja positivo, o recuo registrado em julho — o pior desde 2020 — revela o esgotamento de um ciclo de expansão e a dificuldade do país em sustentar a formalização em um cenário de desaceleração econômica.

O desaquecimento atingiu todos os setores, com destaque para a construção civil, que sofreu retração próxima a 50% no saldo de vagas, e reforça a percepção de que o dinamismo que marcou a recuperação pós-pandemia está perdendo força. Se por um lado os dados oficiais ainda mostram geração líquida de mais de 1,3 milhão de postos no acumulado do ano, por outro, a realidade da informalidade desponta como uma chaga estrutural.

SEM PROTEÇÃO – Estima-se que mais de 40% da população ocupada esteja em atividades sem proteção trabalhista, previdenciária ou sindical, número que, de acordo com algumas projeções, já supera em proporção a própria força de trabalho formalizada. A consequência é imediata: ausência de contribuição previdenciária, renda instável e trabalhadores à margem da rede de proteção social.

No médio e longo prazo, esse processo pode se converter em uma bomba-relógio previdenciária, pois milhões de brasileiros chegarão à velhice sem condições de acessar aposentadoria digna, transferindo ao Estado e à sociedade um passivo social de enormes proporções.

Essa realidade, contudo, não se distribui de forma homogênea. Dados do Ipea mostram que mulheres negras enfrentam taxas de subutilização acima de 30%, enquanto homens brancos registram índices próximos a 19%. A interseccionalidade de raça e gênero agrava desigualdades históricas, impondo barreiras adicionais ao acesso ao trabalho decente.

“UBERIZAÇÃO” – Além disso, a expansão do trabalho em plataformas digitais e a chamada “uberização” intensificam o fenômeno da pejotização e da perda de direitos, criando um ambiente no qual a lógica de flexibilidade empresarial se sobrepõe à proteção do trabalhador.

Diante desse quadro, especialistas apontam três caminhos urgentes. O primeiro é a adoção de políticas de incentivo à formalização, como simplificação tributária e fortalecimento do regime de microempreendedores individuais, capazes de oferecer uma porta de entrada para milhões de informais. O segundo é o redesenho da proteção social, incorporando trabalhadores por conta própria e de plataformas a um sistema contributivo mais flexível e adaptado às novas realidades do trabalho.

Por fim, o investimento em educação e qualificação profissional continua a ser o instrumento mais eficaz de longo prazo para romper o ciclo de precariedade e ampliar as oportunidades de mobilidade social.

PROBLEMA ESTRUTURAL – O Brasil vive, portanto, um momento de encruzilhada. A queda recente nos empregos formais não pode ser interpretada como um fenômeno conjuntural isolado, mas como parte de um problema estrutural que vem se arrastando há décadas: a incapacidade de consolidar um mercado de trabalho robusto, inclusivo e capaz de garantir renda estável à maioria da população.

Se não houver ação coordenada do Estado, das empresas e da sociedade civil, o país corre o risco de perpetuar uma contradição perversa — crescimento econômico acompanhado de precariedade laboral, desigualdade e desproteção social. O desafio está posto, e dele dependerá não apenas a solidez da economia, mas também a coesão social das próximas gerações.

É um péssimo sinal Moraes representar a polarização política

Sanções contra Alexandre de Moraes: Trump vai reverter 'quando receber as  informações corretas', diz ministro - BBC News Brasil

Com seu radicalismo, Moraes prejudica a democracia

Merval Pereira
O Globo

A mais recente pesquisa Quaest aponta que 55% dos entrevistados consideram justa a prisão domiciliar de Bolsonaro e 39% a consideram injusta; e 49% não estão de acordo com as sanções do governo americano impostas ao ministro Alexandre de Moraes, enquanto 39% estão de acordo.

Outra pesquisa, da Atlas/Intel, diz que 49% aprovam a posição do ministro, e 51% desaprovam. O ministro Alexandre de Moraes representa a polarização política que vigora no país hoje. É um mau sinal, porque o STF passa a ser parte da questão, e deveria estar acima das disputas políticas.

PLAYER POLÍTICO – Na verdade, sempre teve envolvimento político, mas nos últimos anos cresceu muito, a partir do mensalão e do petrolão, quando passou a ser um player político, cujas decisões interferem na disputa eleitoral. Foi assim com Lula e está sendo com Bolsonaro. Não é um bom sinal da nossa democracia. Mas no mundo inteiro está assim.

Nos EUA, Trump faz o que quer e a Suprema Corte atua como apoio, quando as questões chegam até lá. É um reflexo da nossa política atual, de confrontação e do uso do poder judiciário para fortalecer o poder político.

 Muitos governos controlam a Suprema Corte com manobras e decisões autoritárias, que garantem a aparência de uma democracia, mas no fundo estão sendo controladas pelos governos autoritários. É assim que a coisa anda por esse nosso mundo conturbado.

A família Bolsonaro deixará que o bolsonarismo sobreviva sem ela à frente?

Indiciado, Eduardo Bolsonaro chama diálogos contra STF de normais

Eduardo Bolsonaro é o Chacrinha que veio complicar

Mario Sabino
Metrópoles

Jair Bolsonaro está se conformando com a realidade de que não será candidato em 2026. Estará preso, e só falta definir o tamanho da cana no julgamento que começa na semana que vem.

Agora, Eduardo e Carlos Bolsonaro precisam se convencer disso, visto que Flávio já parece aceitar o irremediável. No caso de Eduardo, acrescente-se uma dificuldade para o convencimento: a candidatura impossível do pai lhe serve para acalentar o sonho de ser o substituto do insubstituível.

OPERAÇÃO TARCÍSIO – Na visão dele, explicitada na rede social X, está em curso uma operação política da chamada direita permitida para o pai ser forçado a apoiar Tarcísio de Freitas desde já, embora ele não cite o nome do governador de São Paulo:

“Se houver necessidade de substituir JB, isso não será feito pela força nem com base em chantagem. Acho que já deixei claro que não aceito chantagens. Qualquer decisão política será tomada por nós. Não adianta vir com o papo de ‘única salvação’, porque não iremos nos submeter. Não há ganho estratégico em fazer esse anúncio agora, a poucos dias do seu injusto julgamento.”

Ele acredita que o julgamento é “a faca no pescoço” do seu pai, “o meio de pressão eficaz para forçar Bolsonaro a tomar uma decisão da qual não possa mais voltar atrás”.

MIL VEZES – Eduardo arremata que “quem compactua com essa nojeira pode repetir mil vezes que é pró-Bolsonaro, mas não será percebido como apoiador e muito menos como merecedor dos votos bolsonaristas. São com atitudes — e não com palavras — que mostramos quem somos. Antes de mais nada, caminhar com Bolsonaro significa ter princípios, coerência e valores”.

O recado para Tarcísio de Freitas e para quem o apoia não poderia ser mais claro.

A questão, no entanto, transcende a eventual candidatura do governador paulista. É saber se os Bolsonaro vão permitir que o bolsonarismo sobreviva sem Jair ou qualquer outro integrante do clã à frente ou se vão preferir seguir a máxima atribuída originalmente à Madame de Pompadour, amante de Luís XV: “depois de nós, o dilúvio”.

Piada do Ano! Hugo Motta fará “visita de cortesia” a Bolsonaro

Oposição se irrita com proximidade de Hugo Motta com o governo - PlatôBR

Motta vai fazer visita durante o julgamento no Supremo?

Pedro Teixeira
da CNN

Alguns parlamentares do PL (Partido Liberal) articulam, nos bastidores, para que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), faça uma visita ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que cumpre prisão domiciliar em Brasília.

A proposta já teria sido apresentada ao próprio Bolsonaro, que teria concordado com o encontro, e também a Hugo, que, segundo interlocutores, demonstrou disposição para a visita.

AVAL DE MORAES – Para que o encontro ocorra, no entanto, será necessário o aval do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), responsável pelas medidas cautelares impostas ao ex-presidente.

Desde 4 de agosto, Bolsonaro está em prisão domiciliar por descumprimento de restrições determinadas pela Justiça. As visitas sem autorização estão limitadas a familiares diretos e advogados.

De acordo com fontes próximas ao ex-presidente, Bolsonaro teria pedido recentemente aos deputados do PL que aguardassem alguns dias antes de pressionar Hugo para pautar projetos de interesse da bancada, a fim de evitar novos desgastes com o presidente da Câmara.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Vejam o altíssimo grau de surrealismo em que vive a política brasileira. A proposta é o que se chama ideia de jerico. A simples disposição de visitar Bolsonaro em pleno julgamento do Supremo é uma demonstração gratuita e veraz de solidariedade a ele. A justificativa é uma tremenda enrolação, pois os líderes do PL avaliam que uma eventual visita do presidente da Câmara serviria como um gesto simbólico de aproximação com a oposição e poderia fortalecer a articulação política do partido para o segundo semestre. Quem pode levar isso a sério? (C.N.)

Trump ameaça sanções contra países que regulam ou tributam redes sociais

Charge do Duke: redes sociais são terra de ninguém? - Rádio Itatiaia

Charge do Duke (Rádio Itatiaia)

Vinicius Torres Freire
Folha

Donald Trump atropela as instituições americanas, públicas ou privadas, como universidades e escritórios de advocacia; ameaça empresas por meio de extorsão, faz o diabo. Pode estar mais perto de mandar no banco central, no Fed.

Seja lá o que se pense a respeito de bancos centrais, o BC americano é um dos motivos principais do crédito, da confiança, no mercado dos títulos da dívida do governo dos Estados Unidos (isto é, dos empréstimos para o governo federal americano).

DEVE 30 TRILHÕES – O Fed é mais do que isso, mas o exemplo é relevante, aqui e agora. Trata-se de um mercado, de uma dívida, de US$ 30 trilhões, o equivalente ao valor de 14 PIBs do Brasil. No limite, um Fed bananeiro pode afetar o crédito do governo e da economia americana.

Pois bem. Trump não está nem aí. Se não tem receio de balançar as estruturas financeiras do país, por que teria problemas em dar mais tiros em países como o Brasil?

Nesta mesma semana em que tenta decapitar uma diretora do Fed, Trump anunciou que vai aumentar o imposto de importação (“tarifas”) de produtos de países que regulem ou também tributem as “big techs”.

MAIS ENCRENCA – Isto é, Trump ameaça mais encrenca com União Europeia, Canadá, Coreia do Sul e países como o Brasil, que já está sob investigação americana, o que pode redundar em novas sanções.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva está para enviar ao Congresso um ou dois projetos de regulação de “big techs”, plataformas sociais, essas coisas. Afora novas turumbambas no Congresso, deve fazê-lo no setembro do julgamento de Jair Bolsonaro, outro motivo possível de mais tiros no Brasil.

No que interessa a ele, Trump teve sucesso no “tarifaço”. Dobrou ou ignorou todos os países, com exceção da China, que respondeu com chumbo na mesma medida, porque pode. Ameaça intervenções variadas em semicondutores, produtos farmacêuticos, móveis, jujuba, quem sabe.

SEM CONTESTAÇÃO – Até agora, não tem contestação jurídica ou oposição política relevantes nos Estados Unidos. Não teve de se preocupar nem mesmo com os povos dos mercados, que pelo menos nesta terça-feira não deram a mínima para o plano de decapitar Lisa Cook, a diretora do Fed.

Juros e preços de ações se moveram como em um dia tedioso de fim de férias de verão —nada. Em abril, na semana das “tarifas da libertação”, o tamanho da maluquice ao menos levou Trump a recuar.

Trump demitiu ou acredita ter demitido Cook —pode vir a ser um caso enrolado e comprido na Justiça. O presidente dos Estados Unidos indica os sete diretores do conselho do Fed, que sempre votam no que fazer da taxa básica de juros (Trump já tem dois nomeados, vai indicar um terceiro, seu ideólogo econômico, Stephen Miran, e pode ter mais uma vaga na mão, se tiver a cabeça de Cook).

EM RODÍZIO – Os sete do conselho são acompanhados de mais cinco votantes: o presidente regional do Fed de Nova York e outros quatro dos doze chefes dos Feds regionais (em rodízio). O conselho pode encrencar a nomeação dos presidentes regionais, a cada cinco anos, como será o caso em 2026.

Em resumo, Trump pode ter uma diretoria para chamar de sua no ano que vem. Pode não nomear gente tão lunática e despreparada como é aquela que ocupa mais da metade de seu secretariado (ministério). Mas é grande o risco de o BC dos EUA fazer também parte do admirável mundo novo de Trump.

Se Trump faz o que faz com um pilar do centro do capital, acha mesmo que é o imperador do mundo, como diz Lula. O que vamos fazer para fugir dos tiros?

Tribunal cita “grau máximo” de risco de fuga e mantém Zambelli presa

Deputada Federal Carla Zambelli no Congresso Nacional

Zambelli e o marido estão com as contas confiscadas

Deu em O Globo

A Justiça italiana decidiu que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) ficará presa. A deliberação foi divulgada um dia depois de a parlamentar passar por uma audiência na Corte de Apelação de Roma. O tribunal avaliou que existe “grau máximo” de risco de fuga da brasileira, caso ela fosse solta.

Nesta quarta-feira, o tribunal encerrou sua sessão sem analisar se Zambelli poderia aguardar em liberdade uma decisão sobre o pedido de extradição para o Brasil, como pedira a defesa dela. O juiz responsável pediu mais tempo para avaliar os documentos apresentados.

LAUDOS MÉDICOS – Os juízes analisaram laudos médicos e afirmaram que Zambelli tem condições de seguir detida. Com a nova decisão, reportada pelo g1, a parlamentar continuará presa no complexo penitenciário de Rebibbia, nos arredores de Roma.

A defesa da parlamentar pediu que Zambelli, considerada foragida da Justiça brasileira, fosse solta enquanto não há uma deliberação sobre a transferência ou não ao Brasil.

Os advogados de Zambelli citaram motivos de saúde para embasar o pedido de soltura e alegaram que o governo brasileiro não requereu a prisão preventiva dela. A Corte Suprema da Itália, no entanto, já havia afirmado que a inclusão de um acusado na difusão vermelha da Interpol, como ocorreu com a deputada, equivale a um pedido de prisão.

TUDO NORMAL – Segundo informações do laudo médico-legal apresentado à Justiça a pedido do governo italiano, antecipado pelo UOL e confirmado pelo GLOBO, as condições clínicas da deputada não impedem sua permanência na prisão nem uma eventual transferência para o Brasil.

Durante sua audiência de custódia anterior, a parlamentar relatou estar se sentindo mal e precisou receber atendimento médico. Depois do episódio, a sessão foi suspensa e remarcada para ser retomada nesta quarta.

A defesa da parlamentar argumentou que ela sofre uma série de problemas “físicos e psicológicos”, entre eles fibromialgia, que acarreta dores generalizadas pelo corpo, e depressão”. A lista de doenças foi apresentada no tribunal como um dos argumentos para que ela respondesse ao processo em liberdade ou tivesse a prisão convertida em domiciliar.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O advogado está no caminho certo, ao alegar que não existe o menor risco de fuga. Pelo contrário, o ministro Moraes bloqueou não somente as contas bancárias dela, como também do marido, o que é ilegal, pois ele nem está sendo processado. Zambelli, portanto, depende da prisão para se alimentar, comprar remédios etc. O marido deve estar sendo sustentado por parentes e amigos. Na verdade, Moraes condenou o casal à pena de morte, por falta de dinheiro. (C.N.) 

Isenção de Imposto de Renda para até R$ 5 mil mensais empacou no Centrão

Isenção de IR sozinha piora desigualdade, diz Fazenda - 13/06/2025 -  Mercado - Folha

Charge do Galvão Bertazzi (Folha)

William Waack
da CNN

O governo brasileiro pediu ao Congresso uma cereja para o bolo. Como se sabe, o bolo seria uma série de programas econômicos de cunho principalmente assistencialista, voltada para as faixas de renda nas quais o presidente Lula (PT) acha que precisa ganhar um reforço nas próximas eleições. A cereja é a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

O Centrão ensaiou a entrega aprovando a tramitação em regime de urgência dessa matéria tão cara eleitoralmente para o governo. Mas onde está a cereja?

COMPENSAÇÃO – Empacou no fato de que o Congresso – leia-se o Centrão – não parece mesmo disposto a entregar ao governo o que ele acha que quer.

Até topa aprovar nesse regime de urgência a isenção até R$ 5 mil, mas o Planalto que se vire para conseguir a compensação dessa isenção, que deve custar aos cofres públicos aproximadamente R$ 25 bilhões, dependendo de quem calcula.

O grande problema para o governo não é, no momento, enfrentar uma campanha ricos contra pobres, como Lula tratou de carimbar o Congresso, mas enfrentar uma vingança da oposição pela qual a faixa de isenção seria até ampliada, com o Planalto tendo que correr para arrumar alguma compensação, que não poderia, evidentemente, ser mais impostos.

ELEIÇÕES DE 2026 – O pano de fundo de tudo isso é claramente as eleições do ano que vem, para as quais o petista quer do Centrão a entrega de matérias que são consideradas estratégicas para o governo, além de lealdade, como Lula acabou de cobrar em reunião ministerial.

Brasil perdoa todos os anistiados, exceto quem comete o crime de ser pobre…

Renda da população mais pobre cai 20% e ricos já ganham mais que antes da  crise | Celso Giannazi

Charge do Jean Galvão (Arquivo Google)

Conrado Hübner Mendes
Folha

Luiz Fux, Flávio Dino e Alexandre de Moraes mantiveram condenação de duas mulheres por furto de R$ 14 e de pedaço de carne. André Mendonça, Nunes Marques e Dias Toffoli negaram liberdade a homem que furtou produtos no valor de R$ 62. Dois exemplos recentes da rejeição do princípio da insignificância em ações de habeas corpus no STF. Crime sem violência, sem ameaça, sem prejuízo relevante. Só pobreza.

Há distinção de classes dentro da legalidade. Mesmo não escrita na letra da lei, aparece nas práticas institucionais. Nas entreletras da lei, o Estado de Direito discrimina. Dá tratamento diverso e desvantajoso ao pobre.

RICO E POBRE – A sociedade brasileira se comprometeu, por meio da Constituição de 1988, a reduzir desigualdades, erradicar pobreza e combater causas da pobreza. Mas nossa poderosa vulgata sobre riqueza e pobreza faz inferências moralmente cruéis e empiricamente ignorantes sobre o indivíduo rico e pobre, sobre as qualidades de caráter que explicam riqueza, os defeitos que justificam pobreza. E bloqueou a promessa.

Pobre tem vício, rico tem virtude. Pobre é dotado de preguiça, burrice e inveja. E doença. E falta de tempo. E falta de saúde e educação. E vício da má alimentação. E culpa pela insegurança alimentar.

Padece de dependência do Estado, de “vício em Bolsa Família”. E da mania de engravidar. Pobreza é demérito na “loteria do nascimento” (vale ler livro de Michael França e Filipi Nascimento).

FIBRA E ESFORÇO – Ricos somos dotados de fibra e esforço, propósito e inteligência. E berço. E herança. E boa escola. E escrivaninha. E tempo livre. E sono. E alimentação saudável. E rede social não virtual. Geramos emprego, fazemos a economia crescer. Riqueza é mérito individual.

Esses vícios e virtudes presumidos geram efeitos jurídicos. Ricos recebemos subsídio, incentivo e isenção. Perdão, anistia e desoneração. E supersalário. Gozamos da simpatia judicial e policial. Gozamos da presunção de legalidade. De segurança no espaço privado.

Podemos pagar advocacia da litigância de má-fé, das nulidades e dos recursos criativos (“quem tem sai na frente”, mostrou o sociólogo Marc Galanter). “Ser rico não é pecado”, confessou João Camargo, “mas não dá direito à moleza”, respondeu Armínio Fraga.

POBRE SEM LOBBY – Pobre paga mais imposto e leva pejotizaçāo. Sofre abordagem policial com cacetete e tiro. Sofre antipatia judicial e policial, violência e segregação no espaço público. Sofre presunção de ilegalidade.

Não tem lobby político nem advocatício. No conflito distributivo, corte de gastos costuma empobrecer o pobre. Ricos tendemos a ter “déficit de compaixão”, diz a psicologia.

Há fome em São Paulo. Quase ninguém assume autoria desse algoritmo da cultura nacional. Soa caricato demais, imoral demais.

DISCRIMINAÇÃO – Esse senso comum compilado sintetiza um código da discriminação, e segue influenciando nossos reflexos verbais, políticos e jurídicos. Causa não só derrotas distributivas como desequilíbrios punitivos.

O regime jurídico não escrito da pobreza, em especial o regime penal e prisional da pobreza, ilumina a depravada contradição dos recentes atos por anistia da delinquência política serial.

Existe virtude no perdão, a depender de quem se perdoa, por quais razões. O mesmo país que dá anistias formais e informais a criminosos públicos, pela via legislativa, judicial e por obstrução monocrática do STF, não perdoa o crime de pobreza.

PF em Brasília já tem cela especial pronta para Bolsonaro cumprir pena

Bolsonaro tinha “pleno conhecimento” de plano para matar Lula, conclui PF |  ac24horas | Notícias do Acre

Bolsonaro confirma que não irá assistir ao julgamento

Cézar Feitoza
Folha

Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) têm avaliado que uma prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por eventual condenação pela tentativa de golpe de Estado não deve ser cumprida em um quartel do Exército. A avaliação parte de uma leitura no Supremo de que uma possível detenção de Bolsonaro em área militar poderia precipitar movimentos de apoiadores do ex-presidente em área próxima ao QG do Exército —uma reedição dos acampamentos golpistas de 2022.

Diante do receio, passaram a ser consideradas nos bastidores duas possibilidades. Uma é a reserva de uma cela especial no Centro Penitenciário da Papuda, em Brasília. A Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal é outra alternativa.

CELA ESPECIAL – A PF já deixou uma cela especial pronta em sua sede regional de Brasília por precaução. A decisão foi tomada com base na possibilidade de o ex-presidente ser alvo de uma prisão preventiva.

A detenção em uma superintendência da PF seria uma forma de o Supremo dar o mesmo tratamento a Bolsonaro que a Justiça Federal deu ao presidente Lula (PT). O petista ficou preso por 580 dias na sede da corporação em Curitiba, condenado por corrupção na esteira da Lava Jato.

A cela especial na PF é uma sala improvisada para custódia individual, com banheiro, cama, mesa e televisão. São características semelhantes ao espaço ocupado por Lula durante sua detenção.

SUPERLOTAÇÃO – Já a Papuda vive uma crise de superlotação há mais de uma década. Um relatório produzido pelo Ministério Público do Distrito Federal mostrou que no fim de 2024 havia 16.151 presos no centro penitenciário.

O número representa uma superlotação de 48%, com déficit de 5.273 vagas. O Ministério Público ainda diz que encontrou, durante inspeções, celas para oito pessoas ocupadas por 25.

“Os internos dividiam as camas; alguns dormiam em redes improvisadas, e outros em colchões no chão. Devido ao espaço limitado, alguns colchões eram posicionados próximos à área de banho e sanitários, o que levava ao contato com a umidade, provocando relatos de mofo e condições insalubres”, diz o relatório.

EXEMPLO DE COLLOR – No cenário de prisão na Papuda, Bolsonaro teria direito a uma sala especial. O precedente mais recente é o do ex-presidente Fernando Collor de Mello, que passou uma semana detido numa sala improvisada do presídio Baldomero Cavalcanti, em Maceió.

O ministro Alexandre de Moraes permitiu que Collor escolhesse em qual cidade cumpriria sua pena. As opções eram Maceió e Brasília, e o ex-presidente escolheu a capital alagoana.

Uma semana após ser preso, Collor conseguiu ser transferido para prisão domiciliar, sob a alegação de ter problemas de saúde e idade avançada (está com 76 anos). Ele tem diagnóstico de Parkinson, e Moraes considerou que o tratamento da doença no presídio não seria adequado.

SIITUAÇÃO DE SAÚDE – Jair Bolsonaro tem 70 anos e enfrenta problemas de saúde. Ele vem sofrendo com crises de soluço que, por vezes, levam a vômitos. Fez exames médicos nas últimas semanas para investigar uma possível pneumonia. O resultado, segundo seus médicos, apresentou quadro de infecções pulmonares, esofagite e gastrite.

A situação de saúde do ex-presidente também deve ser considerada na definição de sua eventual condenação. Um ministro do Supremo afirmou à Folha que a permanência de Bolsonaro em prisão domiciliar não está descartada.

O Exército será um dos principais afetados com o julgamento do núcleo central da trama golpista. A Primeira Turma do STF começa a análise do processo na próxima terça-feira (2) e prevê sua conclusão em 12 de setembro. Seis dos oito réus são integrantes das Forças Armadas; cinco são do Exército.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O Exército não deixará preparadas celas para o cumprimento das possíveis penas. A Força decidiu esperar as decisões do STF para definir os caminhos a tomar. E não lhe faltam salas especiais para abrigar seus amotinados. Todo quartel tem salas (C.N.)