No Rancho Fundo, onde aperta a saudade desse povo brasileiro

Lamartine Babo criou clássicos da música brasileira e embalou carnavais -  Rádio Itatiaia

Lamartine Babo fez a letra dessa canção

Paulo Peres
Poemas & Canções

O radialista, músico e compositor mineiro Ary de Resende Barroso (1903-1964) e o advogado e compositor Lamartine de Azeredo Babo, na letra de “No Rancho Fundo”, falam das desilusões amorosas de um cantor humilde na cidade grande. O samba-canção “No Rancho Fundo” foi gravado por Elisa Coelho, em 1931, pela RCA Victor.

O RANCHO FUNDO
Lamartine Babo e Ary Barroso

No rancho fundo, bem pra lá do fim do mundo
Onde a dor e a saudade contam coisas da cidade.
No rancho fundo, de olhar triste e profundo,
Um moreno conta as mágoas tendo os olhos rasos d’água.
Pobre moreno, que de tarde no sereno
Espera a lua no terreiro tendo o cigarro por companheiro.
Sem um aceno, ele pega da viola
E a lua por esmola vem pro quintal deste moreno.

No rancho fundo, bem pra lá do fim do mundo, 
Nunca mais houve alegria nem de noite nem de dia.
Os arvoredos já não contam mais segredos
E a última palmeira já morreu na cordilheira.
Os passarinhos internaram-se nos ninhos
De tão triste esta tristeza enche de trevas a natureza.
Tudo por quê? Só por causa do moreno
Que era grande, hoje é pequeno para uma casa de sapê

O que fazer com os milhões que querem votar na extrema direita por convicção?

Charges sobre democracia - 07/08/2020 - Política - Fotografia - Folha de  S.Paulo

Charge do Benett (Folha)

Fabiano Lana
Folha

Por décadas, o Brasil viveu um consenso ilusório e ingênuo. Imaginava-se que o fim de duas décadas de ditadura representaria a união de todo um País em torno da democracia e uma série de valores compartilhados. Que agora as tarefas da sociedade eram outras, mais práticas. Como superar a inflação, a miséria, a desigualdade. As disputas pelo poder seriam entre os grupos políticos mais capazes de lidar com a missão econômica e social.

Nessa utopia prestes a se realizar na cabeça dos ludibriados, o Brasil seria formado por um povo gentil e contaria com grandes artistas, cantores, compositores, atores, a dar bênçãos aos nossos administradores.

PT e PSDB – A eleição de Fernando Collor em 1990 foi considerada um equívoco de trajetória, logo corrigido com um impeachment. O Brasil, portanto, seria governado por duas agremiações sociais-democratas, o PT, que tendia mais ao socialismo, e o PSDB, mais próximo do liberalismo.

Mas essa visão rósea da sociedade deixava de fora milhões de pessoas que eram saudosas do regime militar, que não viam com bons olhos a progressiva liberalidade na questão dos costumes, que queriam políticas fortemente repressivas na segurança pública, que mantinham o trinômio “pátria, família e religião”. E, do ponto de vista da cultura, não viam gente como Chico Buarque, Caetano Veloso ou Gilberto Gil como ídolos musicais, muito pelo contrário.

NUM PRIMEIRO MOMENTO – Votavam no PSDB, num primeiro momento, pelo êxito do Plano Real; e, num segundo momento, não exatamente pelos valores dos tucanos, mas para evitar que Lula e o Partido dos Trabalhadores tivessem poder.

De alguma maneira, a paranoia anticomunista se manteve viva durante a Nova República e os tucanos e petistas eram igualmente alvos. O filósofo Olavo de Carvalho defendia essa tese em seus artigos, mas era visto apenas como um doidivanas. Publicamente, quase ninguém se dizia de direita – era o equivalente a um pecado.

Nem mesmo o presidente do PFL, o senador Jorge Bornhausen, aceitava o rótulo. Direita era estar associado não só à ditadura. Mas também tinha a ver com insensibilidade social, truculência, falta de modos, anacronismo, falta de gosto – cafonice, enfim.

DIREITISTAS – Foram nesses momentos que o PT soube subjugar o PSDB, apenas taxando seus integrantes de “direitistas”. Os tucanos se deprimiam com a acusação e nunca reagiram efetivamente.

Foi preciso uma grande crise política, econômica e moral – a combinação de recessão e Lava Jato -, somada com o advento das redes sociais, onde cada cidadão é um palanque – para a verdadeira direita sair do armário, sob a liderança do até então obscuro deputado do baixo-clero, Jair Bolsonaro.

Agora, os direitistas tinham a opção de varrer do mapa tanto o petismo quanto o PSDB. Conseguiram com relação aos tucanos (sem contar os motivos internos da sigla).

NÃO É DEMOCRATA – Jair Bolsonaro foi eleito democraticamente em 2018. A questão é que tudo indica que seu apreço pela democracia não seja verdadeiro, assim como o de boa parte de seus eleitores.

Hoje, com o líder prestes a ir para cadeia, bolsonaristas bradam que vivemos em uma ditadura. Ora, ditadura era o que eles queriam implantar e regime do qual têm nostalgia. Que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, algoz de Bolsonaro, cometeu excessos, hoje pouca gente nega.

A questão é que odeiam Moraes não pelos seus erros, como as excessivas penas dos vândalos de 8/1/23, mas pelo acerto de possivelmente condenar os líderes golpistas malfadados, de dezembro de 2022.

HÁ UM DILEMA – Porém, a democracia tem um dilema. Como lidar com milhões e milhões de pessoas radicais, que votaram em Bolsonaro não apenas para evitar o PT, mas por consonância de ideias com o líder. Há quem defenda extirpá-los da sociedade, censurá-los, não publicar suas opiniões nos jornais, e até mesmo prendê-los. Ou seja, há quem proponha soluções autoritárias para acabar com o autoritarismo.

A política, por sua vez, parece caminhar em apresentar suas soluções. A direita cogita lançar candidatos sem o sobrenome Bolsonaro na disputa com Lula em 2026 – para o desespero e indignação do deputado federal Eduardo Bolsonaro, que ainda sonha com essa possibilidade. A aposta centro-direitista seria evitar um Bolsonaro em disputa pela presidência para colher os votos dos bolsonaristas sem opção e dos moderados. O tempo vai dizer se a estratégia funcionará.

A tarefa passa também por convencer milhões de que o bolsonarismo – que tantos colocaram suas esperanças e convicções – na verdade, é um movimento político arriscado, regressivo e golpista. Convencer que, se o objetivo for encontrar um remédio para derrotar o petismo, o bolsonarismo tornou-se um veneno a contaminar toda a sociedade. E, por último e mais importante, de ponto de vista do consentimento: hoje, o bolsonarismo, por provocar ojeriza nos centristas, tem ajudado Lula e o PT a se reeleger.

Lula e Tarcísio: o prenúncio de uma disputa central em 2026

Lula está disposto a enfrentar Tarcísio e disputar um quarto mandato

Pedro do Coutto

O cenário eleitoral de 2026 começa a ganhar contornos cada vez mais nítidos com a sinalização de que o presidente Lula da Silva está disposto a disputar um quarto mandato e já prepara terreno para enfrentar aquele que desponta como seu principal adversário: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Ao assumir publicamente a disposição de entrar novamente no jogo, Lula não apenas projeta sua imagem de liderança política consolidada, mas também antecipa uma polarização que, segundo analistas e pesquisas recentes, tende a marcar o próximo pleito. Outros governadores antes cogitados, como Ronaldo Caiado, Romeu Zema e Eduardo Leite, parecem perder espaço nesse tabuleiro, deixando o embate concentrado em duas figuras centrais.

VANTAGEM – Esse duelo, no entanto, carrega características que podem definir os rumos da campanha. Enquanto Lula tem a vantagem institucional de permanecer no cargo durante a disputa, beneficiando-se do alcance da máquina federal, Tarcísio precisa deixar o governo paulista seis meses antes do pleito, renunciando ao cargo em abril de 2026.

Essa descompatibilização cria um ponto de inflexão: de um lado, o governador terá de provar que mantém força política sem o peso da caneta do Palácio dos Bandeirantes; de outro, Lula poderá articular-se em Brasília, usando a simbologia do “boné azul” como sinal de campanha antecipada e de reorganização de apoios no Congresso.

As pesquisas divulgadas ao longo deste ano reforçam o caráter competitivo dessa disputa. Levantamentos da Quaest e da AtlasIntel mostram um cenário de equilíbrio no segundo turno, com Lula e Tarcísio aparecendo em empate técnico em diversas simulações, embora o presidente tenha conseguido ampliar a vantagem em sondagens mais recentes.

OSCILAÇÕES –  Em contrapartida, dados de institutos como o Futura Inteligência chegaram a indicar um leve favoritismo de Tarcísio, revelando que a disputa será marcada por oscilações e dependerá de fatores ainda em aberto, como a economia, a articulação partidária e a capacidade de cada candidato em atrair o eleitorado de centro.

Mais do que uma eleição, o embate entre Lula e Tarcísio sintetiza duas visões de país. O atual presidente se apresenta como defensor da continuidade do projeto iniciado em 2003 e reeditado em 2022, sustentado por uma frente ampla de alianças. Já o governador paulista encarna a aposta da direita em um nome mais técnico, menos marcado pela polarização tradicional e com capacidade de dialogar com setores empresariais.

Em meio a essa construção, o Brasil se prepara para mais um capítulo de sua história política recente, onde a disputa pelo poder se traduz também em um confronto de estilos, estratégias e, sobretudo, de futuro.

BASE ESTÁVEL – Um elemento a ser observado é como o Congresso e o chamado Centrão se posicionarão diante desse novo cenário. Lula, mesmo com sua experiência, enfrentará dificuldades para manter uma base estável, sobretudo em um ambiente político cada vez mais fragmentado e pragmático. Já Tarcísio, caso consiga costurar apoios fora do eixo tradicional da direita bolsonarista, poderá se apresentar como alternativa viável a setores que hoje se mostram céticos com a polarização, ampliando sua rede de alianças e fortalecendo seu discurso de gestão eficiente.

Por fim, o pano de fundo dessa disputa será a situação econômica do país. Se Lula chegar a 2026 com inflação controlada, crescimento sustentável e programas sociais fortalecidos, terá uma narrativa sólida para defender sua continuidade. Mas se o cenário for de estagnação, desemprego elevado e desgaste fiscal, Tarcísio poderá explorar a promessa de mudança e modernização, apresentando-se como símbolo de uma nova etapa política.

Assim, a eleição de 2026 não será apenas uma escolha entre dois candidatos, mas um teste de confiança da sociedade brasileira sobre os rumos que deseja para a próxima década.

Plano de Moraes é obrigar Bolsonaro a cumprir pena no presídio da Papuda

Brasil terá 1,47 milhão de presos até 2025, aponta Ministério da Segurança  Pública | Jovem Pan

Relatório indica que presídio da Papuda está superlotado

Igor Gadelha
Metrópoles

O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia, na manhã desta terça-feira (10/6) o segundo dia de interrogatório dos réus acusados de tentativa de golpe de Estado para manutenção do ex-presidente Jair Bolsonaro no poder

O ministro do STF Alexandre de Moraes planeja ordenar que Jair Bolsonaro cumpra a pena no Complexo da Papuda, em Brasília, caso seja condenado no inquérito do golpe.

TERÇA-FEIRA – O julgamento do ex-presidente no âmbito da ação golpista está marcado para começar na terça-feira (2/9) e seguir até o dia 12 de setembro, na Primeira Turma do Supremo.

Mas um relatório alerta para superlotação na Papuda e mais de 400 detentos fugiram do sistema penitenciário. Além do número de encarcerados, existem 5.721 mandados de prisão em aberto na capital federal, de acordo com o Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP)

Inicialmente, especulou-se que Bolsonaro poderia cumprir pena em uma unidade do Exército — o ex-presidente é militar da reserva — ou em uma sala na superintendência da Polícia Federal.

NO PRESÍDIO – Fontes graduadas do Judiciário próximas a Moraes garantem, porém, que o ministro já indicou que, inicialmente, ordenará que Bolsonaro cumpra a pena em uma cela especial na Papuda.

Segundo essas fontes, a sala que chegou a ser preparada pela PF em Brasília seria apenas para o caso de Moraes decretar a prisão preventiva de Bolsonaro em regime fechado antes do julgamento.

Integrantes da cúpula da Polícia Federal admitem que, a rigor, o Código de Processo Penal prevê que autoridades fiquem reclusas em unidades especiais apenas em casos de prisão cautelar.

OUTROS CONDENADOS – O plano do ministro do Supremo, de acordo com aliados, é também mandar para a Papuda outros condenados no inquérito do golpe, criando o que aliados do ministro chamam de “ala golpista”.

“Só um milagre ou uma crise grave de saúde tiram Bolsonaro da Papuda após o julgamento definitivo”, disse à coluna um ministro com acesso direto a Moraes.

Desde o início de agosto, Bolsonaro está detido em prisão domiciliar, por ordem de Moraes. A decisão, no entanto, não se enquadrou como prisão preventiva, embora, na prática, funcione como tal.

SEM OBRIGAÇÃO – De acordo com fontes do Alto Comando do Exército, apesar de Bolsonaro ser capitão da reserva, não há obrigação de ele ser preso em unidade militar. A decisão, segundo a Força, cabe ao juiz do caso.

Outros ex-presidentes presos tiveram tratamento diferenciado quando presos. Lula, por exemplo, ficou detido em uma sala da superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Michel Temer (MDB), por sua vez, ficou preso inicialmente na sede da PF em São Paulo. Depois, foi transferido para o Comando de Policiamento de Choque, da Polícia Militar.

Já Fernando Collor de Mello, que foi preso em abril de 2025, chegou a ser enviado primeiro para um presídio comum em Maceió (AL) e só depois foi autorizado a ir para prisão domiciliar.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGCom toda certeza, Moraes quer humilhar Bolsonaro. É pena. Juiz não pode ser vingativo. (C.N.)

Tagliaferro confirma participação em audiência no Senado sobre erros de Moraes

Quem é Eduardo Tagliaferro, que ameaça expor Moraes

EduardoTagliaferro é como “o homem que sabia demais”

Deu no Estadão

O perito criminal Eduardo Tagliaferro, que foi chefe da assessoria de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na gestão de Alexandre de Moraes, confirmou nesta quarta-feira, 27, que vai participar por videoconferência de audiência na Comissão de Segurança Pública do Senado no próximo dia 2.

A reunião do colegiado presidido pelo senador Flávio Bolsonaro (PL) será na mesma data do início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.

NO CONVITE – “Confirmado”, escreveu Tagliaferro no X (antigo Twitter), com imagens do convite para a audiência enviado pela comissão da Casa. O requerimento foi aprovado nesta terça-feira, 26. O perito criminal está na Itália e, na semana passada, teve a extradição solicitada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.

Como mostrou o Estadão, Tagliaferro tem se manifestado nas redes sociais, com o apoio de bolsonaristas, e ameaça expor bastidores do funcionamento do gabinete de Moraes.

Tagliaferro passou de assessor de confiança de Moraes no TSE para indiciado por vazamento de mensagens da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação e, mais recentemente, a garoto propaganda do bolsonarismo sobre as supostas arbitrariedades praticadas pelo magistrado.

OUTROS CONVIDADOS – Além de Tagliaferro, os senadores convidaram os magistrados Marco Antônio Martins Vargas, ex-juiz auxiliar de Moraes, e Airton Vieira, que foi ministro e braço direito do ministro por seis anos.

Outro convidado foi o jornalista Michael Shellenberger, que é responsável pela publicação do relatório “Arquivos do 8 de Janeiro: por dentro da força-tarefa judicial secreta para prisões em massa”.

O documento produzido por Shellenberger foi utilizado como justificativa para o convite dos ex-funcionários do gabinete de Moraes. O relatório reúne mensagens vazadas entre Tagliaferro e Vieira e outros documentos sobre a atuação de Moraes e tenta demonstrar um direcionamento do ministro contra bolsonaristas.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGNo mesmo dia, começam dois calvários diferentes – no Supremo, o de Bolsonaro, e no Senado, o de Moraes. Não esqueçam de comprar pipocas, serão ocasiões muito especiais. (C.N.)

Israel mata jornalistas em Gaza, e o conivente Trump sonha com Nobel 

Médicos palestinos atendem um homem ferido após o ataque de Israel ao hospital Nasser, em Khan Yunis

Médicos atendem palestino ferido em ataque ao hospital

Wálter Maierovitch
do UOL

Num ataque com drones, o Exército de Israel (IDF) matou 20 pessoas em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. Entre os mortos, estavam cinco jornalistas em trabalhos de cobertura da guerra, de agências de notícias como Reuters, Associated Press e Al Jazeera.

As mortes ocorreram quando um dos drones atingiu o complexo hospitalar Nasser — em violação ao direito internacional, que prevê regras para ataques a hospitais, enfermarias e barracas de atendimento médico-hospitalar.

DESCULPA FURADA – Depois do ataque com mortes, o Estado-Maior israelense informou ter aberto um inquérito apuratório de responsabilidades.

Quanto ao premiê Benjamin Netanyahu, emitiu um boletim considerado patético. Lamentou as mortes de jornalistas e civis. Frisou que Israel tem como meta eliminar a organização terrorista Hamas e salvar os reféns do ataque de 7 de Outubro, que deixou 1.200 mortos, sendo 800 civis, além de 240 sequestrados.

Disse também respeitar o jornalismo e afirmou que nunca houve intenção de eliminar jornalistas. Em outras palavras, quis passar a ideia de culpa sem dolo.

SEM JUSTIFICATIVA – Na verdade, Netanyahu tenta justificar o injustificável. Lançar drones explosivos perto de hospitais significa assumir o risco de causar mortes. No direito internacional, vale, na análise dos fatos, o chamado dolo eventual, ou seja, diante do ocorrido no complexo hospitalar Nasser, em Khan Younis, não querer diretamente o resultado — 20 mortes—, mas assumir o risco de produzi-lo. Em síntese, não se trata de mera culpa por imprudência ou imperícia.

Israel já eliminou a cúpula do Hamas e sua estrutura de guerra. Prossegue, no entanto, na tentativa de ter o pleno controle da Faixa de Gaza, sem verificar —pois Netanyahu impede, para não ser responsabilizado por omissões na segurança— as causas que facilitaram o ataque terrorista do Hamas.

Além disso, Netanyahu não demonstra interesse em apressar um acordo de cessar-fogo. Não avançam as tentativas pacificadoras desenvolvidas pelo Egito, Catar e Estados Unidos.

NÚMEROS CRESCEM – A tragédia cresce, com 62 mil palestinos mortos, segundo dados do Hamas, confirmados por organismos internacionais e ONGs independentes. Entre as vítimas palestinas, estariam 19 mil crianças.

A tragédia em Khan Younis ocorreu no momento em que o presidente norte-americano Donald Trump — que apoia o premiê israelense Benjamin Netanyahu — intensifica sua campanha para conquistar o Nobel da Paz.

Nem o fracasso do encontro no Alasca com Vladimir Putin, sobre um cessar-fogo na Ucrânia, desanimou Trump. Ele se apresenta como pacificador de seis conflitos: Paquistão, Israel-Irã, Tailândia-Camboja, Ruanda-República Democrática do Congo, Sérvia-Kosovo e Egito-Etiópia.

PROPOSTA CRIMINOSA – Trump já chegou a propor, insanamente, expulsar cerca de 2 milhões de palestinos da Faixa de Gaza para instalar ali um centro turístico de luxo. Só desistiu da ideia quando alertado de que, pelo direito internacional, tratava-se de proposta criminosa.

Além disso, não contesta nem freia as ações de Israel voltadas à ocupação do centro de Gaza (Gaza City), com destruição de casas e prédios e o deslocamento de seus 1 milhão de habitantes, empurrados para o sul da Faixa.

A meta de Netanyahu é, como já aconteceu no passado, ocupar toda a Faixa de Gaza. E há mais. Para manter o apoio de fanáticos religiosos e supremacistas que lhe dão maioria parlamentar, Netanyahu avança na política de assentamentos na Cisjordânia, ocupada e não devolvida aos palestinos.

GRANDE ISRAEL – Com o silêncio de Trump, Netanyahu deu início, na Cisjordânia, ao chamado “Projeto da Grande Israel”. Para religiosos radicais e supremacistas, a área já pertenceu ao reino judeu, nas regiões bíblicas da Judeia e Samaria.

Trump, como qualquer observador atento pode notar, é um ególatra a ponto de se achar merecedor do Nobel da Paz.

No último encontro com líderes europeus sobre a paz na Ucrânia, a egolatria ficou patente quando Trump segredou ao presidente francês, Emmanuel Macron: “Acho que Putin quer fazer um acordo em consideração a mim. Você entende isso? Por mais louco que isso possa parecer”.

Tarcísio deu a Lula um presente que nenhum petista sonhava ganhar

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), segura um boneco de Bolsonaro na Festa do Peão de Barretos

Tarcísio empunha o boneco de Bolsonaro em Barretos

Marcelo Godoy
Estadão

Ao deixar a Academia Militar de Saint-Cyr, o jovem aspirante Charles de Gaulle foi enviado ao 33.º Regimento de Infantaria, em Arras. Ali foi apresentado ao seu primeiro chefe, o coronel Philippe Pétain. “Demonstrou-me o que valem o dom e a arte de comandar.” Essas são as primeiras páginas das Memórias de Guerra do general De Gaulle.

Não é preciso recontar o que se passou nos anos seguintes com a França e os dois personagens desse parágrafo para reconhecer a coragem moral do general diante da capitulação de Pétain ao inimigo.

TRAIDOR DE VICHY – Seu antigo chefe passaria à história como o traidor de Vichy, artífice de um desastroso armistício militar que submeteu seu país não apenas à servidão estrangeira, mas ao nazifascismo. Quando um líder se desvia de princípios e valores que diz defender, não é o subordinado que se torna desleal ao romper; ele apenas reafirma o que aprendeu na caserna.

Se já não bastassem as provas do processo no STF, conversas recém-reveladas entre Jair Bolsonaro e o filho Eduardo reforçam, segundo a PF, que ambos procuraram prejudicar indistintamente o País só para salvar o ex-presidente.

Analistas em Brasília consideram que elas deveriam levar as forças políticas que almejam a Presidência a não mais se envolverem com essa família. Se não por convicção, por cálculo e juízo.

“NADA EM EXCESSO” – Nenhuma perseguição é capaz de desmentir o que foi dito. A Alexandre de Moraes, pode-se lembrar a inscrição no templo de Apolo, em Delfos: “nada em excesso”, como advertência contra a hybris, a arrogância, a incapacidade de respeitar os limites.

Mas juristas reafirmam que há fatos e eles devem ter consequências, ainda que só se conheçam as mensagens de uns e não as de todos os políticos do País.

É nesse contexto que uma estranha compulsão tomou conta de alguns governadores: ir até o fim na associação com Bolsonaro. A imagem de Tarcísio de Freitas brandindo um boneco do ex-presidente na Festa do Peão, em Barretos, parece um meme. Feito pelo PT.

O BONECO DE LULA – Lula sorriu no Planalto. Sidônio abriu champanhe. Nem mesmo em seus sonhos mais desvairados, o petismo poderia sonhar com tal favor.

Haddad disputou a eleição de 2018 sob o signo de ser o “poste de Lula”. Pois Tarcísio concede – e de graça – ao lulopetismo a imagem que marcará a sua campanha: o boneco de Bolsonaro. Algum assessor esqueceu de dizer ao governador que quando ele se apresenta ao lado do boneco do Jair não é o Jair que se transforma em governador.

Nem o mais delirante petista podia imaginar esse presente de Tarcísio: mostrar que a moderação necessária à pacificação do País pode ser trocada por uma prenda que se carrega diante da plateia de uma festa de peão.

Israel bloqueia alimentos e 43 mil crianças podem morrer em Gaza

Entenda como o atual cenário de fome em Gaza se compara a outras crises  alimentares na História

Israel continua impedindo a entrada de alimentação

Jamil Chade
do UOL

Em informe apresentado ao Conselho de Segurança, o Departamento de Emergência da ONU alertou que se nada for feito para garantir o abastecimento de alimentos para Gaza, 43 mil crianças estão sob o “risco de morte” de fome até meados de 2026.

A projeção foi apresentada dias depois de a organização declarar a fome no território palestino e acusar o governo de Israel de estar impedindo a entrega de alimentos.

ALERTA DA ONU – O discurso diante das potências, feito por Joyce Msuya, secretária-geral adjunta para Assuntos Humanitários e Coordenadora Adjunta de Ajuda de Emergência da ONU, ecoou como um alerta nesta quarta-feira.

“Mais de meio milhão de pessoas enfrentam atualmente a fome, a miséria e a morte. Até o final de setembro, esse número poderá ultrapassar 640 mil”, disse Msuya.

Segundo ela, aproximadamente 1 milhão de pessoas estão na Fase 4 de Emergência do ranking que avalia a dimensão da desnutrição, em uma escala de 1 a 5. Mais de 390 mil estão na Fase 3 de Crise. “Praticamente ninguém em Gaza está imune à fome”, afirmou.

DESNUTRIÇÃO AGUDA – De acordo com a ONU, pelo menos 132 mil crianças menores de 5 anos sofrerão de desnutrição aguda entre agora e meados de 2026. “O número daquelas em risco de morte entre elas triplicou, chegando a mais de 43.000”, afirmou. “Para mulheres grávidas e lactantes, esse número deve aumentar de 17 mil para 55 mil”, constatou.

“Sejamos claros: essa fome não é resultado de uma seca ou de algum tipo de desastre natural. É uma catástrofe criada – resultado de um conflito que causou mortes em massa de civis, ferimentos, destruição e deslocamento forçado”, disse a representante da ONU.

A entidade destaca que, em julho, mais de 100 palestinos, em média, foram mortos todos os dias. Trata-se de quase o dobro da média diária registrada em maio. No mesmo período, cerca de 800 mil pessoas foram deslocadas, empurradas para áreas superlotadas que carecem de abrigo e outros itens essenciais.

REGIME DE HORROR – “Esta fome é também o resultado de 22 meses de restrições e compromissos no fornecimento de bens humanitários e comerciais essenciais, sistemas de saúde e nutrição degradado, falta de abrigos adequados e redes de água, saneamento e higiene danificadas, o que acelerou a propagação de doenças e transformou a higiene menstrual num pesadelo para mulheres e meninas”, disse a representante.

A ONU ainda destaca que a fome em Gaza é também o resultado de um sistema de produção alimentar destruído, em que 98% das terras aráveis estão danificadas ou inacessíveis e em que o gado foi dizimado.

De acordo com a representante da entidade, após uma longa pausa, o fornecimento de ração animal foi retomado nos últimos dias em Gaza. “Esses são desenvolvimentos importantes, mas não reverterão a fome nem a impedirão”, disse. “Para atender às necessidades de 2,1 milhões de pessoas famintas e esfomeadas, precisamos de muito, muito mais”, alertou.

Segundo ela, a falta de ação agora terá consequências irreversíveis. “Para acabar com esta crise causada pelo homem, precisamos agir como se fossem nossos pais, nossos filhos, nossa família tentando sobreviver em Gaza hoje”, pediu.

EUA CULPA HAMAS –      Os apelos da ONU foram respondidos de forma enérgica por parte do governo de Donald Trump. Num discurso momentos depois, a delegação americana afirmou “rejeitar a falsidade de que existe uma política de fome em Gaza”.

“Desde o início da guerra em Gaza, Israel permitiu que uma quantidade sem precedentes de mais de dois milhões de toneladas de ajuda chegasse à Faixa de Gaza”, afirmou a embaixadora dos EUA, Dorothy Shea. “Estamos trabalhando em estreita colaboração com o Governo de Israel para aumentar o fluxo de ajuda sem beneficiar o Hamas e estamos vendo resultados tangíveis”, disse.

“Em vez de ecoar narrativas falsas que apenas encorajam o Hamas, prolongam a guerra e prejudicam os civis em Gaza, instamos a ONU e o restante deste Conselho a se unirem a nós no trabalho construtivo para entregar ajuda aos civis que não beneficie o Hamas”, pediu.

Zambelli está presa após audiência, mas seu juiz ainda analisará o caso

Justiça da Itália marca nova audiência no processo de extradição de Carla  Zambelli - Estadão

Carla Zambelli alega estar com problemas de saúde

Michele Oliveira
Folha

Depois de comparecer à Corte de Apelação de Roma, na Itália, para uma nova audiência nesta quarta-feira (27), a deputada Carla Zambelli (PL-SP) voltou ao cárcere de Rebibbia sem uma decisão definitiva sobre se deverá esperar a tramitação do processo de sua extradição dentro ou fora da prisão.

O tribunal, ao encerrar a sessão de cerca de uma hora, preferiu tomar a decisão de forma reservada, que será comunicada diretamente aos advogados. Não foi anunciado um prazo, mas deve ser dentro dos próximos dias.

ESTADO DE SAÚDE – A congressista está detida desde o fim de julho, e seus advogados alegam que o estado de saúde de Zambelli é incompatível com a cadeia. Eles pedem que a Justiça determine medidas menos restritivas, como a prisão domiciliar.

Para decidir, o tribunal encomendou uma perícia médica que atestasse as condições clínicas de Zambelli.

O laudo, apresentado durante a audiência, concluiu que ela pode continuar na prisão. Apesar de terem sido identificados distúrbio depressivo e dificuldades relacionadas ao sono, não foi detectado risco de morte, e eventuais tratamentos podem ocorrer na penitenciária. Ela foi examinada pessoalmente na cadeia e sua documentação sanitária foi avaliada.

CONDENAÇÃO – Zambelli fugiu para a Itália para escapar da condenação de dez anos de prisão determinada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Ela foi acusada de participar da invasão do sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para emitir um mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Sua defesa na Itália, para evitar a extradição, pretende demonstrar que o processo tem “anomalias”, como o fato de “a vítima do suposto crime ser a mesma pessoa que fez a sentença, que decidiu pela execução da sentença e que decidiu a apelação”, afirmou o advogado Pieremilio Sammarco. A deputada Zambelli se diz vítima de perseguição política no Brasil.

Na última sexta-feira (22), ela foi condenada pelo STF a outros cinco anos e três meses de prisão em regime semiaberto por outro caso, referente ao episódio em que sacou e apontou uma arma a um homem na véspera do segundo turno das eleições de 2022.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGUma coisa é fazer justiça, outra coisa, muito diferente é fazer perversidade. Moraes já condenou Zambelli a uma pena exagerada, que a maioria dos assassinos não pega. Além disso, bloqueou as contas bancárias dela e do marido, que não foi condenado a nada, tem ficha limpa e tudo o mais. E ainda chamam isso de Justiça. (C.N.)

Está no fim a carreira de Malafaia como ‘papa dos evangélicos’?

Silas Malafaia foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal na quarta-feira (20)

Malafaia se comporta como se fosse o papa evangélico

Juliano Spyer
Folha

Está em curso uma disputa sucessória para substituir o pastor Silas Malafaia como a voz e a consciência política dos evangélicos? Um outro pastor de direita o criticou publicamente por se apresentar como alguém perseguido por suas crenças.

Após depor na Polícia Federal, Malafaia voltou a chamar o ministro Alexandre de Moraes de ditador e insistiu que não teme ser preso. Convidado para repercutir o caso, o deputado federal Otoni de Paula, que é pastor da Assembleia de Deus, defendeu que o ministro do STF pode ser criticado, mas não por atacar uma religião.

NÃO É O CASO -“Seria perseguição religiosa só se o pastor Silas estivesse no inquérito da Polícia Federal porque estava orando, evangelizando em praça pública, pregando a palavra de Deus. Não é o caso”, disse Otoni em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews.

Ex-vice-líder do governo Bolsonaro e da bancada evangélica no Congresso, Otoni se reposicionou politicamente após ser rejeitado pelo ex-presidente como candidato para disputar a Prefeitura do Rio em 2024.

Pastor do poderoso Ministério Madureira da Assembleia de Deus, Otoni parece contar com o respaldo de suas lideranças para se projetar como uma nova referência nacional, em um esforço de estancar os problemas criados pela associação das igrejas ao bolsonarismo.

OUTRA NARRATIVA – Otoni vem apresentando uma narrativa alternativa à de Malafaia para orientar a atuação política dos evangélicos. Afirma ser conservador nos valores e, por isso, se identifica como alguém de direita, mas critica os que substituíram o culto a Jesus pela devoção a Bolsonaro.

A imagem mostra um grupo de homens, alguns usando camisetas amarelas, em uma manifestação. No centro, um homem de camiseta azul está com a mão no coração, enquanto é cercado por câmeras e repórteres. Ao fundo, uma multidão se reúne em uma rua, com árvores e sinalização visíveis. A atmosfera parece ser de apoio e mobilização.

Foi a partir desse argumento que Otoni responsabilizou Malafaia por uma eventual prisão. “Eu faço parte da geração que viu o pastor Silas ganhando almas, falando as verdades do evangelho. Mas ele vai ser preso por amor a Bolsonaro, e isso não glorifica Jesus”, disse o deputado. E provocou: “Eu não vou atrapalhar o sonho do pastor Silas, que é ser preso”.

PERDE E GANHA – O posicionamento do deputado reflete a percepção de parte da liderança evangélica de que suas igrejas mais perdem do que ganham ao abraçar o bolsonarismo.

Essa aproximação gerou atritos internos e perseguição a membros que rejeitam o ex-presidente, além de associar ao campo evangélico temas polêmicos, como a defesa do uso de armas.

O bolsonarismo também enfraqueceu a representação política evangélica, já que fiéis passaram a apoiar candidatos conservadores sem vínculos religiosos.

NOVA FRENTE – O argumento de perseguição religiosa é central para Malafaia. O evangelicalismo brasileiro mantém vínculos estreitos com denominações influentes nos EUA, muitas delas entre os apoiadores mais fiéis de Donald Trump.

Ao levar o embate com Moraes ao campo religioso, Malafaia pode abrir nova frente de pressão para que o governo Trump penalize o Brasil e opositores de Bolsonaro.

Já o posicionamento de Otoni sinaliza que parte dos evangélicos começa a contemplar um futuro sem Bolsonaro, que deve ser preso, e sem Malafaia, que perde seu papel de “papa dos evangélicos”.

Efeito Tagliaferro gera reforma na assessoria interna de Moraes

O perito computacional Eduardo Tagliaferro ao lado do ministro Alexandre de Moraes.

Ex-assessor, Tagliaferro ameaça relatar erros de Moraes

Weslley Galzo
Estadão

O vazamento de conversas entre o ex-assessor Eduardo Tagliaferro e o ex-juiz instrutor Airton Vieira, ambos ex-integrantes das equipes do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), provocou uma reforma da assessoria do ministro, que segue desfalcada mais de oito meses após o início das mudanças.

Em janeiro deste ano, Moraes dispensou Airton Vieira da sua equipe no STF sem tornar o processo público ou fornecer informações sobre as mudanças. Entre fevereiro e março, foi a vez dos juízes auxiliares Rogério Marrone de Castro Sampaio e André  Solomon Tudisco deixarem o gabinete do ministro. Sampaio trabalhava com Moraes desde 2018 e Tudisco desde junho de 2024.

SEM COMENTÁRIOS – Procurado, o gabinete não forneceu informação sobre as substituições que ainda precisam ser feitas. Essas dispensas fizeram com o que os juízes de apoio do ministro na condução dos seus mais de 2,7 mil processos passassem de quatro para um no intervalo de três meses.

Apenas o juiz auxiliar Rafael Tamai Rocha se manteve no cargo e foi ele que, em plena tramitação das ações penais do golpe de Estado, assumiu extraoficialmente a função de instrutor.

O juiz Airton Vieira esteve no centro do caso revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, que divulgou áudios em que ele e Tagliaferro compartilhavam fora do rito legal informações do STF para munir as decisões de Moraes no TSE. Um ano após o vazamento das conversas, foragido na Itália, Tagliaferro ameaça divulgar novas mensagens que comprovariam o direcionamento de Moraes em processos contra bolsonaristas.

AMEAÇA DELATAR – O ex-assessor faz barulho nas redes e trata de lembrar Moraes como possíveis falhas na montagem da sua equipe expuseram os bastidores do seu gabinete na condução de processos sensíveis.

Moraes só foi recompor parcialmente o seu gabinete em maio deste ano com a nomeação da juíza auxiliar Luciana Yuki Fugishita Sorrentino, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).

Ela também atuou de forma improvisada como instrutora na ação penal do golpe, tendo sido responsável pela oitiva de dezenas de testemunhas.

A canção do recomeço, no quebra-cabeças da  poeta gaúcha Lya Luft

Morre Lya Luft, uma das maiores escritoras contemporâneasPaulo Peres
Poemas & Canções 

A professora aposentada, escritora, tradutora e poeta gaúcha Lya Fett Luft (1938/2021), no poema “Canção do Recomeço”, volta à casa onde viveu há muito tempo.

CANÇÃO DO RECOMEÇO
Lya Luft

A casa aonde voltei
depois de muitos anos,
bóia como uma ilha de aguapés na noite,
presa por uma raiz doce e dolorosa
que me define.

Na madrugada caminho pelos quartos
como no fundo do mar
onde essa raiz se finca.
Pelas vidraças, o jardim são algas;
meus filhos dormem como quando
eram meninos,
e suas respirações, como sentimentos,
fundem-se neste bojo.

Este é o meu lugar
aonde voltei depois de tanto tempo,
como quem, misturando peças
dos enigmas mais arcaicos,
montasse laboriosamente o seu quebra-cabeça.

Divergências podem ser empecilho e atrasar condenação de Bolsonaro 

Altamiro Borges: Sem foro especial, Bolsonaro vai à 1ª instância

Charge do Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Renata Galf
Folha

Caso Jair Bolsonaro (PL) venha a ser condenado na Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) sem que o placar seja unânime, aumentam as chances de que o ex-presidente tenha direito a um tipo extra de recurso, os embargos infringentes, o que poderia prolongar a duração do processo.

Segundo especialistas consultados pela Folha, esse tipo de recurso, cabível apenas quando há voto divergente a favor do réu, poderia reabrir o debate sobre o mérito da condenação e levar o julgamento para o plenário. Não se trata, porém, de um trâmite garantido, porque precedentes do Supremo dos últimos anos têm imposto limites adicionais ao uso desse tipo de questionamento.

NO DIA 2 – O julgamento de Bolsonaro junto ao núcleo central da ação da trama golpista está marcado para começar em 2 de setembro, e, até o momento, apenas o ministro Luiz Fux tem dado indicativos de que pode ser um contraponto ao relator Alexandre de Moraes na Primeira Turma, que é formada por cinco magistrados.

No início do mês, porém, houve insatisfação de uma ala do STF diante da decisão de Moraes de decretar a prisão domiciliar do ex-presidente.

Bolsonaro é réu pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado.

PRECEDENTE DE 2018 –  Conforme explicam os especialistas, caso a corte siga o mesmo entendimento de um precedente de 2018, Bolsonaro precisaria de dois votos o absolvendo de pelo menos um dos crimes dos quais é acusado para que a tramitação dos embargos infringentes viesse a ser admitida. Parte deles não descarta, contudo, que o processo da trama golpista possa levar a uma rediscussão sobre tais parâmetros.

Marta Saad, advogada e professora de direito processual penal da USP (Universidade de São Paulo), explica que a lógica, neste caso, é que uma posição minoritária na turma pode acabar se tornando majoritária no pleno. “Se um juiz divergiu dos outros e decidiu a favor da defesa, esse voto pode indicar que a decisão ainda merece uma nova análise, agora por um número maior de julgadores”, diz ela.

VOTOS DIVERGENTES – A professora avalia que o STF possivelmente seguirá o entendimento restritivo que tem tido em seus precedentes para admissão deste tipo de recurso. Ela ressalta, porém, que essas restrições vão além do que prevê o regimento da corte.

Tal documento prevê a necessidade de pelo menos quatro votos divergentes no plenário para que se possa apresentar embargos infringentes. Não especifica, no entanto, um número mínimo para as turmas.

Desde o Mensalão, porém, ainda que com placares apertados, o tribunal proferiu decisões com entendimento mais restritivo ao uso dos embargos infringentes.

APENAS DOIS VOTOS – Em 2018, ao analisar um recurso de Paulo Maluf, o plenário fixou como requisito a existência de dois votos de absolvição para o cabimento de embargos infringentes nas turmas.

Já neste ano, em ação contra o ex-presidente Fernando Collor de Mello —está tramitando em plenário—, a corte reiterou por 6 votos a 4 que caberiam embargos infringentes apenas em caso de divergência no sentido de absolvição.

CASO MALUF – Seguindo a lógica desses precedentes, portanto, mesmo a discordância por mais de um ministro, mas apenas quanto a questões processuais ou tamanho da pena, não seria suficiente para permitir a tramitação deste tipo de recurso.

Nesta semana, Moraes citou o precedente de Maluf para negar a admissão de embargos infringentes apresentados pela defesa de Débora Rodrigues, que foi condenada pela Primeira Turma e ficou conhecida por ter pichado a estátua “A Justiça” no 8 de Janeiro. No caso dela houve um voto (Luiz Fux) pela absolvição parcial e um voto (Cristiano Zanin) divergindo da dosimetria de pena.

Apesar dos precedentes restritivos, Antonio Santoro, advogado e professor de direito processual penal da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), vê como possível um cenário em que essa linha não se mantenha.

OUTRAS VARIÁVEIS – Como variáveis que podem influenciar a questão, ele aponta tanto o fato de a composição do STF ser outra desde o precedente do Maluf (e que foi definido por uma maioria apertada) e o fato de as próprias regras sobre competência das turmas terem se alterado ao longo do tempo. Destaca ainda a própria sensibilidade do processo: “Esse caso é muito delicado e ele pode ser um ‘leading case’ que lidere um novo entendimento”, diz.

Outro tipo de recurso possível, os embargos de declaração, são reservados para situações em que a defesa entenda que houve alguma obscuridade, imprecisão, contradição ou omissão na sentença. “Nessa situação, a matéria não vai para o plenário, e o mesmo órgão que proferiu o acórdão aprecia os embargos”, diz Renato Stanziola Vieira, que é advogado criminalista e doutor em direito processual penal pela USP.

Vieira aponta ainda a possibilidade de interposição de habeas corpus ao plenário da corte pela defesa após a condenação. Neste caso, porém, ressalta que o tribunal tem um entendimento bastante restritivo quanto ao uso desse meio processual.

PRISÃO DOMILICIAR – Atualmente Bolsonaro já está em prisão domiciliar, após entendimento de Moraes de que o ex-presidente descumpriu medida cautelar em uma outra investigação.

A prisão de cumprimento de pena, por outro lado, em caso de condenação a regime fechado, só deve ocorrer após o trânsito em julgado –quando estão esgotados os recursos–, conforme jurisprudência do próprio Supremo.

A fragilidade política do governo Lula diante do Centrão

Polícia Federal quer ficar dentro da casa de Bolsonaro para evitar fuga

Polícia Federal cumpre mandado de prisão contra servidor da Secretaria de  Saúde do Amapá — Polícia Federal

Direção da P|F insiste em colocar agentes dentro da casa

Davi Vittorazzi
da CNN

A Polícia Federal pediu nesta terça-feira (26) ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que permita uma equipe policial dentro da casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em tempo integral, para garantir o cumprimento da prisão domiciliar e evitar fuga.

Mais cedo, o ministro acolheu um pedido da PF e um parecer favorável da PGR (Procuradoria-Geral da República) para permitir agentes policiais ao redor da casa do ex-presidente para monitoramento em tempo real.

OFÍCIO DO DIRETOR – Em ofício assinado pelo diretor-geral, Andrei Rodrigues, a PF diz que para “garantir a efetividade da medida (manutenção da prisão domiciliar) seria imperiosa a determinação para uma equipe de policiais permanecer 24h no interior da residência, como há precedentes”.

O órgão cita o caso juiz Nicolau dos Santos, que respondeu por crime de corrupção, por desvio de recursos, ocorrido de 1994 a 1998. Os valores seriam usados na construção do Fórum Trabalhista de São Paulo.

A PF argumenta no ofício que o monitoramento por tornozeleira eletrônica não é suficiente, já que “depende de sinal de operadora de telefonia para tanto, sendo possíveis falhas, ou mesmo interferências deliberadas para retardo da detecção de violações das condições”.

EQUIPE OSTENSIVA – Na manifestação da PGR, foi recomendado apenas equipe policial ostensiva de prontidão para o monitoramento na casa do ex-presidente.

O diretor da Polícia Federal alega que as medidas sugeridas pela PGR exigiriam a presença física de vários servidores no condomínio de Bolsonaro, com fiscalização rigorosa dos acessos e veículos. No entanto, do ponto de vista operacional, isso seria inviável e causaria desconforto aos moradores, contrariando os próprios objetivos da Procuradoria.

Ainda na noite desta terça, o ministro Alexandre de Moraes encaminhou o ofício da PF para um novo posicionamento da Procuradoria.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A intensificação das medidas de segurança em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro acontece a poucos dias do início do julgamento no Supremo Tribunal Federal, marcado para 2 de setembro. O ministro Moraes já liberou a equipe para ficar ao redor da casa. Colocar o policiais lá dentro é um exagero bem ao estilo de Moraes, uma espécie de Cazuza sem cabelos e sem inspiração. (C.N.)

Sonhar é fácil! Mas existe espaço para uma direita não bolsonarista?

A transição é o caminho - Blog do Ari CunhaJoel Pinheiro da Fonseca
Folha

Na corrida presidencial de 2026, o momento não parece muito bom para a direita. Lula, que estava nas cordas na primeira metade do ano, voltou ao jogo. Já Bolsonaro está especialmente tóxico. Seus filhos xingam os governadores —a melhor chance de anistiar seu pai—, que precisam engolir cada insulto calados, receosos de perder o apoio de Jair.

Ao mesmo tempo, para conseguir essa benção, cada um deles precisa prometer a anistia caso seja eleito. Ocorre que uma maioria do eleitorado diz que não votará em quem prometer a anistia. Some-se a isso a rejeição a Bolsonaro, que tende a aumentar caso Trump escale as punições ao Brasil —coisa que Eduardo Bolsonaro promete e celebra.

NENHUM DELES – Tudo isso é verdade e pesa sobre os presidenciáveis de direita. E, no entanto, mesmo assim, outro dado se impõe: sem o apoio de Bolsonaro, nenhum deles irá para o segundo turno. A conclusão, assim, é que aceitar essas e outras indignidades é o preço para se ter alguma chance de vencer a eleição em 2026. Ou será que não?

Nem o estrategista mais maquiavélico do PT pensaria num plano tão bom para prejudicar as chances da direita do que a tentativa bem-sucedida de Eduardo Bolsonaro de pedir ajuda a Trump.

O desastre do tarifaço e o escancaramento —se ainda era possível ficar mais escancarado— de que os Bolsonaro se preocupam exclusivamente consigo próprios, e que estão dispostos a sacrificar o Brasil em nome de sua família, justamente por serem tão danosos, criam o espaço para uma esperança perigosa: a de que haja espaço para uma direita não bolsonarista em 2026. Será?

CHEGOU A HORA – É o momento de testar para descobrir. Romeu Zema e Ronaldo Caiado saíram na frente, anunciando suas pré-candidaturas sem nenhuma ilusão de que obterão o apoio de Bolsonaro. Espero que outros nomes, mais distantes do ex-presidente, também tentem se lançar à opinião pública.

A ideia de uma direita não bolsonarista não devia ser tão difícil. O que a direita defende no Brasil atual é claro –  enfrentar de verdade a criminalidade e a impunidade; combater a corrupção; consertar a economia brasileira —que agora cresce, mas segue numa rota de gastos insustentável.

Além disso, que o Brasil precisa de um choque de produtividade e foco no capital humano, com mais prêmio ao mérito individual; que deve se alinhar mais às democracias e menos às ditaduras no mundo; que a liberdade de expressão precisa ser defendida.

A MELHOR FORMA – Aqui está o insight que falta: a melhor maneira de fazer tudo isso não é com um falastrão saudoso de torturadores e que, derrotado nas urnas, sentou-se com generais para persuadi-los a derrubar a democracia.

Sonhar é fácil. A realidade da opinião pública é que se mostra mais inflexível. O mais provável é que o bolsonarismo continue sendo a grande força da direita em 2026 e que Bolsonaro nomeie aquele que irá para o segundo turno contra Lula.

A família continuará no mesmo caminho suicida sem volta, tornando uma vitória presidencial cada vez mais difícil para quem deles depende. Já em 2030, a história será outra. Sem Lula na corrida e com o Congresso ainda mais de direita que o atual, é a esquerda que estará em apuros. Em 2026, é difícil vislumbrar algo além do bolsonarismo moderado. Em 2030, quem sabe uma direita digna do nome consiga se reconstruir.

 COP30 fracassa e usará até barcos do INSS para hospedagem

PREVBarco, agência flutuante do Ministério da Previdência Social

Os barcos que servem de agências podem virar hotéis

Yago Godoy
O Globo

Em meio a crise causada pelos preços de estadia elevados para a COP30, o Ministério da Previdência Social propôs disponibilizar dois barcos para servirem como hospedagens durante a conferência em Belém (PA), que ocorrerá entre os dias 10 e 21 de novembro. Normalmente, as embarcações funcionam como “agências flutuantes” para atender a população que vive nas margens dos rios, como comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas, onde ainda não existem agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

A ideia partiu do próprio ministro da Previdência, Wolney Queiroz (PDT). Ele sugeriu à Casa Civil o envio dos “PREVBarcos”, como são chamados, para dar suporte à COP30, conforme informou a pasta ao GLOBO. Atualmente, há duas embarcações do tipo atendendo o estado do Pará.

EM ANÁLISE – “Há uma construção no governo federal para que, durante as duas semanas da COP 30, eles (barcos) possam ficar atracados na capital, Belém. Mas o projeto ainda está em análise, bem como ainda não estão definidos valores e ocupação”, explicou a pasta.

Segundo o ministério, as duas embarcações, somadas, contam com 44 lugares no total. Procurada pelo GLOBO, a organização da COP30 confirmou a proposta, mas ressaltou a necessidade de alinhar as questões que envolvem o custo da estadia.

Conforme divulgado inicialmente pela CNN e confirmado pelo GLOBO, o próprio ministro Wolney, inclusive, chegou a reservar uma das acomodações. Ele ficará hospedado em um dos barcos, embora ainda não haja confirmação sobre quem irá preencher os demais aposentos.

SEM HOSPEDAGEM – Conforme reportagem do GLOBO publicada neste sábado, a menos de três meses da COP30, apenas 47 países têm hospedagem confirmada para o evento em Belém, o que equivale a 24% do total das nações que integram a Convenção do Clima da ONU (UNFCCC).

Nas últimas COPs, entre 193 e 196 países participaram das conferências. O quadro representa um risco ao sucesso dos acordos de metas e pode afetar as negociações diplomáticas, e a principal motivação é o elevado custo da estadia.

Em carta aberta publicada no dia 12 de agosto, o Observatório do Clima, maior rede de ONGs da agenda climática do Brasil, criticou o que chamou de “negligência” do governo federal e estadual do Pará na preparação da COP 30.

MAIS EXCLUDENTE – O tema de logística, em especial falta de oferta e altos preços de hospedagem, vem sendo o principal tema sobre a COP30. Para o Observatório do Clima, a culpa para esse tema que “explodiu agora” é da “negligência do governo federal e do governo do Pará, que tiveram dois anos e meio para equacionar a questão”.

Por causa desse cenário, “a COP no Brasil arrisca ser a mais excludente da história”, afirmou o Observatório do Clima, que diz que a redução de delegações afeta até a legitimidade das negociações. A três meses do início da cúpula, o valor cobrado por quartos simples na capital paraense chega até mesmo a ultrapassar a diária de unidades de luxo em capitais como Rio, São Paulo e Brasília.

Além disso, as plataformas de reserva criadas pelo Governo Federal indicam que os participantes podem precisar dividir as mesmas camas enquanto permanecerem na conferência. 

No meio da confusão, o Brasil ainda é um país muito importante para Trump

Especialistas apontam chantagem de Trump em sanções contra o Brasil

Charge do Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Roberto Nascimento

O Brasil como país também pode ser alvo de Trump, que já ameaçou o Canadá, o Panamá e a Groenlândia. O alaranjado está de olho nas terras raras brasileiras e na Amazônia, uma riqueza incomensurável. A família Bolsonaro não se opõe a exploração das nossas riquezas, para enriquecer ainda mais o empresário Donald Trump e o chefe do clã.

E o Brasil? Que pátria nada, é apenas um meio para movimentar 30 milhões de reais ou mais por ano. Bobo é quem ainda acredita em político, seja da direita ou da esquerda.

APENAS NARRATIVAS  – Em primeiro lugar, está a carreira política e a permanência no Poder. Para melhorar a vida do povo? Nem pensar, querem apenas, cuidar de si.

A pretexto de combater a corrupção, a liberdade de expressão, as injustiças, quando se dizem patriotas, que falam em recuperar o nosso país, na realidade são narrativas que visam recuperar o poder perdido.

Só querem voltar a mandar para nada fazerem pelo povo e pela pátria. O objetivo é patrimonialista, enriquecerem ainda mais, pelo voto ou pelas armas. Por isso tentaram o golpe de Estado, porque em junho de 2022, pesquisas encomendadas por esse grupo bolsonarista golpista já davam a eleição como perdida.

LISTA DA MORTE – Tentaram o golpe, mesmo sabedores que poderia custar a vida de mais de 30 mil brasileiros, porque os kid pretos já tinham a lista de quem poderia morrer ou viver.

Advogados, processos no STF, Habeas Corpus, liberdade de expressão, tudo isso seria figura de retórica, o Tribunal Revolucionário não iria precisar desses recursos da Democracia.

A nação escapou por pouco de uma guerra civil, porque diferente de 1964, o golpe não tinha adesão total nas Três Forças Armadas. A nação poderia ser banhada em sangue, irmãos lutando contra irmãos, como ocorre nas redes sociais sem controle e sem educação.

TRAIR A PÁTRIA – Pela primeira vez, assistimos a uma família atuando no exterior contra o Brasil. O deputado federal Eduardo Bolsonaro, em conluio com o pai, implementou com seus companheiros muitas ações deletérias em flagrante delito, ao requerer junto a potência estrangeira, no caso o presidente Donald Trump, sanções contra o Brasil, até que Jair Bolsonaro seja beneficiado com anistia, ampla, geral e irrestrita.

Segundo o deputado Eduardo, o que interessa de fato é a anistia para o pai. Em nenhum momento, há referência aos réus dos núcleos envolvendo militares de alta patente, o núcleo dos civis e os vândalos do oito de janeiro, que foram julgados e estão cumprindo penas.

São ações impatrióticas, que envolvem líderes religiosos, governadores de Estado (Tarcísio, Zema, Castro, Ratinho e Caiado) e empresários antinacionais.

MINANDO O PAÍS – O Brasil está sendo minado por sua própria gente brasileira, que usava a bandeira brasileira em comícios e agora queima o símbolo nacional em fogo brando, que falava em pátria, mas se jogam contra a nação para atingirem seus objetivos pessoais. Quanto a Família, pouco se importam com os efeitos do tarifaço aplicado por Trump, nas famílias dos desempregados, principalmente na São Paulo do governador Tarcísio de Freitas, um forasteiro carioca em Sampa.

E ainda tem gente, fora da política, que apoia a sangria dessa família contra o Brasil. Que fazer?

Lula diz que Tarcísio será o adversário e cobra maior lealdade da base aliada

Presidente Lula em reunião ministerial nesta terça-feira, 26

Lula distribuiu bonés do lema “O Brasil é dos brasileiros”.

Vera Rosa e Bianca Gomes
Estadão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira, 26, em reunião ministerial, que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), será seu adversário nas eleições de 2026. Foi a primeira vez que Lula mencionou publicamente a entrada de Tarcísio no páreo.

A mudança de tom chamou a atenção de ministros, já que, até há pouco tempo, Lula repetia a análise do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), para quem não faria sentido Tarcísio deixar o governo paulista e abrir mão de uma reeleição tranquila, com o objetivo de disputar a Presidência. Agora, porém, Lula avalia que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não terá alternativa senão apostar no aliado paulista.

ALCKMIN VICE – Durante o encontro na Sala Suprema do Palácio do Planalto, o presidente elogiou Alckmin, dando a entender que o vice continuará a fazer dobradinha com ele na chapa da reeleição, em 2026.

Alckmin também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e tem conduzido as negociações sobre o tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos nacionais. Para se contrapor ao presidente dos EUA, Donald Trump, Lula e ministros passaram boa parte da reunião desta terça-feira usando um boné azul com a inscrição “O Brasil é dos brasileiros”.

A portas fechadas, Lula também criticou a nova federação PP-União Brasil. Os dois partidos do Centrão comandam ministérios e têm cargos no governo, mas fazem oposição.

PEDE PARA SAIR – Ao cobrar fidelidade dos auxiliares do Centrão, Lula disse ter ficado indignado ao ver o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, falar mal dele na cerimônia de anúncio da federação, recentemente, sem que nenhum ministro ali presente o defendesse. O petista admitiu que não gosta de Rueda.

Na sua avaliação, o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, quer ser vice de Tarcísio na disputa pelo Planalto e por isso age para degastar o governo federal.

Lula afirmou que quem não se sentir confortável em permanecer na equipe deve deixar a Esplanada. Observou que, mesmo assim, continuará amigo de quem sair e espera neutralidade daqueles que não estiverem com ele no primeiro turno das eleições de 2026. De acordo com um ministro, o presidente disse esperar que todos estejam juntos no segundo turno.

HÁ 40 ANOS – Nos últimos dias, Lula não tem escondido o incômodo com as críticas de Tarcísio. Em um evento do BTG Pactual, por exemplo, o governador afirmou que o Brasil está há “40 anos discutindo a mesma pessoa” para comandar o País e não precisa mais de uma “mentalidade atrasada”.

O Planalto acusa Tarcísio de agir de forma desleal ao disputar a paternidade do túnel Santos-Guarujá. O mal-estar se deve à forma como o governador divulga a obra, sem mencionar que o projeto é fruto de uma parceria com a gestão Lula.

Como mostrou o Estadão, um relatório interno das redes sociais do governo paulista orienta que a comunicação digital “precisa deixar claro” que o túnel é uma “conquista da gestão estadual”, ainda que a parceria com o Executivo federal seja estratégica.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Finalmente, começou a eleição de verdade, com os candidatos que interessam – Lula e Tarcísio. São, na realidade, os dois únicos que levam chance, numa campanha com 14 meses de emoção. Comprem mais pipocas. (C.N.)

Na sucessão de Lula, todos os caminhos parecem levar a Tarcísio de Freitas

República de Curitiba | Valdemar da Costa Neto confirmou: se Tarcísio de Freitas disputar a presidência em 2026, será pelo PL. A declaração reforça o alinhamento... | InstagramVicente Limongi Netto 

O presidente do PL. Valdemar Costa Neto, começou a flertar abertamente com o governador Tarcísio de Freitas, do Republicanos.  Ao exclamar, em tom aflito, que “só Trump salva o Brasil”, o presidente do PL pretende esquentar as canelas do fogoso governador paulista para ser o novo porta-voz dos bolsonaristas junto a Trump.

Tarcísio decidiu encarar de fato, a maratona presidencial. Começou a vestir a imagem de Juscelino Kubitschek. O slogan de JK foi “50 anos em 5”, que se traduziu no seu Plano de Metas para o progresso industrial e desenvolvimento do Brasil num curto período de tempo. 

PLANO DE METAS – JK prometeu acelerar o crescimento econômico do país, investindo em seu Plano de Metas – formado por energia, transporte, indústria, alimentação e educação. Movimentos de Tarcísio mostram que o governador passou a se considerar o candidato bolsonarista para disputar com Lula a corrida para a Presidência da República.

Valdemar não morre de amores por Eduardo Bolsonaro. Os dois não se bicam faz tempo. Valdemar não aprecia as maneiras nada fidalgas e grosseiras como Eduardo trata os adversários. Sobretudo o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

O próprio Bolsonaro não tem poupado críticas duras as ações do Eduardo fujão. Exagera nas pedradas ao ministro Alexandre de Moraes. Tática destrambelhada de Eduardo fujão perdendo a validade.

SEM FANIQUITOS – Moraes não se intimida. Não perde tempo com faniquitos de Eduardo.  Toda hora que o fujão e arrogante Eduardo abre a boca para jogar as patas no Supremo Tribunal Federal (STF), só piora e se agrava a situação já dramática do pai dele.

Por sua vez,  Valdemar é do ramo.  Matreiro. Não entra em bola dividida. Não entra em jogo de amadores.  Para Valdemar, Tarcísio passa a ser a última esperança para socorrer, tirar das cordas, o ex-presidente Bolsonaro. Logo que Trump anunciou o bestial tarifaço de 50%,

Tarcísio correu para a embaixada dos Estados Unidos, em Brasília.  Tentava apaziguar os ânimos. Botar na água na fervura. Foi flechado pelo alto escalão bolsonarista. A começar por Jair Bolsonaro. Achando que Tarcísio foi açodado.

APOIO DA FARIA LIMA – Empresários da Faria Lima gostaram da iniciativa do governador. Tarcísio pode ter exagerado. Mas não se omitiu. Sabe que político que se omite, que fica em cima do muro, não tem futuro. Pode até passar a usar sugestivo boné, “gratidão e lealdade valem ouro”.

Não é pequena a quantidade de eleitores que gostam do amor que Tarcísio devota a Bolsonaro.