Candidatos da direita precisam explicar como se deve tratar o governo Trump

Trump arrives at Atlanta jail to surrender on charges he attempted to  overturn his 2020 election loss | PBS News

Na verdade, ninguém sabe como Trump deve ser tratado

William Waack
Estadão

Possíveis candidatos de direita para enfrentar Lula ainda não encontraram uma linha clara para definir como seriam as relações com os Estados Unidos caso vençam as eleições. Em parte, caíram na armadilha de acreditar que a crise bilateral seria um problema de Trump com o STF e se resolveria numa vitória contra Lula.

Nesse sentido, a crise ainda não produziu no Brasil personagens políticos vindos do espectro de direita com uma visão estratégica em relação aos Estados Unidos – desde décadas, ensinam os clássicos, um problema central para definir a própria “identidade” internacional brasileira.

É COMPLICADO – Não é simplesmente uma questão de quem está no poder lá ou aqui, seja de esquerda ou de direita, porque Trump usa tarifas e ameaças para pressionar nações a um recuo em metas climáticas

O Brasil revelado pela crise é uma potência decadente em relação ao que já foi no seu próprio entorno geográfico. De novo, não é por estar cercado de governos “amigos” ou “inimigos”. É por ter perdido capacidade de projeção de poder nos seus vários sentidos.

PAÍS ESTAGNADO – Do ponto de vista da política doméstica, a mesma crise expôs um país estagnado do ponto de vista institucional por uma permanente situação de desequilíbrio entre os poderes.

Agravada por falta de lideranças com “projeto nacional” em suas várias configurações – até mesmo os estamentos militares tem como única preocupação hoje sobreviver à falta de orçamento para qualquer coisa.

A lição principal da crise com os Estados Unidos até aqui é o fato de que vulnerabilidade brasileira tornou o País um alvo fácil. E suas vantagens competitivas (na transição energética, por exemplo) estão subordinadas ao grande quadro geopolítico.

SEM FORÇA – Nessa situação, exibir a condição de superpotência na produção de alimentos não garantiu ao Brasil o que se poderia chamar de “posição de força” (tem sido o contrário).

Trump tem exibido uma disposição brutal para frear quem considere adversário utilizando para isso preferencialmente a ferramenta das tarifas, mas acompanhadas de barreiras tecnológicas e financeiras.

No jogo pesado geopolítico, não há nada que garanta um tratamento preferencial ao Brasil na eventualidade de um “governo amigo” de direita – é só olhar para o que aconteceu com a “amiga” Índia.

MESMO ERRO – Em outras palavras, até aqui os presidenciáveis de direita se arriscam a cometer em relação aos Estados Unidos o mesmo erro de Lula em relação aos autocratas e governos de esquerda pelos quais sempre nutriu grande admiração: o de que “amizades” entre países compensam ou mesmo atenuam “interesses”.

Bolsonaro está deixando para eles uma saia justa formidável, da qual não conseguiram até aqui se libertar. O interesse nacional cabe ao próprio País decidir, e não ao presidente americano.

8 thoughts on “Candidatos da direita precisam explicar como se deve tratar o governo Trump

  1. Seja quem for que siceder Trump, esse deve manter as tarifas impostas, embora possa aliviá-las um pouco, se o custo de vida dos americanos aumentar muito, juntamente com o descontentamento deles. Lembrando que a eleição de Trump se deu muito pela esperança de melhora da população que se acha cada vez mais com menor poder aquisitivo. .

    Os EUA precisam diminuir o déficit fiscal e o déficit comercial, sob pena de afundarem rapidamente. E também precisam que o dóalr se mantenha como moeda global hegemônica para que os países continuem financiando sua dívida.

    Trump sonha em voltar aos tempos da era de ouro, mas os tempos são outros. A reindustrialização do país vai ser muito difícil e mesmo que ocorra, a automatização, hoje, faz com que a produção exija pouca mão de obra. Além disso, as big techs ganham dinheiro sem produzir, o capitalismo financeiro prevaleceu sobre o capitalismo industrial. Desa forma, parece que a concentração de renda será cada vez maior.

    Portanto, qualquer que seja o eleito para presidente, não esperemos que as tarifas impostas arrefeçam muito, no máximo diminuirão, se o Brasil desistir de algumas alianças.

    .

    • Comentários do senhor José são uma ilha de sanidade em um mar de frivolidades.
      Essas,em sua maior parte,meras repetições de zapa zap.
      Apito de cachorro mesmo.
      Os argumentos se repetem idênticos em comentários de veículos diversos.
      Crianças querendo participar de assunto de adultos.

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