Carlos Andreazza
Estadão
A revista The Economist já fez o foguete do Brasil decolar. A estátua do Cristo ganhava os céus como expressão de destino glorioso e inevitável. Numa época em que foguete não dava ré. Deu.
O País – agora com o mito chifrudo – está novamente na capa da revista. Daria lição de maturidade democrática. O País – do orçamento secreto – daria lição de maturidade democrática. O do juiz empresário, do juiz líder de bancada, do juiz justiceiro – daria lição de maturidade democrática. Etc.
IGNORA O PAÍS – Esse seria exercício infinito; e desnecessário. Bastará ler a reportagem para compreender que a Economist ignora o Brasil. O país – esmagado entre lulismo e bolsonarismo, e com liberdade defendida pelos métodos xandônicos – é retratado como “um exemplo para a recuperação de países afetados pela febre populista”. A febre populista brasileira dura mais de vinte anos e já contaminou as eleições de 2026.
O objeto da matéria é o julgamento do golpista Jair Bolsonaro. Esse é o objeto explícito. Há o implícito: a situação institucional dos EUA, o Brasil superficial como escada a que a revista manifeste seu inconformismo por Trump ter podido se eleger presidente.
TROCANDO DE LUGAR – A inelegibilidade de Bolsonaro, fetichizada, desejada para o outro, produz distorções como aquela segundo a qual os dois países pareceriam “estar trocando de lugar”.
“Os EUA estão se tornando mais corruptos, protecionistas e autoritários”. Como se o que ocorre lá – a degradação americana – tornasse o Brasil menos corrupto, protecionista e autoritário. Os EUA se aproximam do Brasil, estruturalmente corrupto, protecionista e autoritário.
Corrupto – e com o combate à corrupção submetido à repercussão geral das anulações de Dias Toffoli. Protecionista – as nossas empresas, incapazes de competir, tendo assegurados os seus direitos à improdutividade. E autoritário – o Estado Democrático de Direito garantido pelo delegadão cuja mão firme se constituiu na fonte do Direito.
E O SUPREMO? – “Paradoxalmente, uma tarefa fundamental é controlar o STF, apesar de seu papel como guardião da democracia brasileira”. O caso da existência de uma Corte que, sendo protetora da democracia, precisa ao mesmo tempo ser controlada. A Economist nega o que enuncia.
“Às vezes, os próprios juízes iniciam processos, incluindo um inquérito sobre ameaças online, algumas delas contra o próprio tribunal – tornando-o vítima, promotor e juiz”.
Mais: “Há amplo reconhecimento de que juízes não eleitos, com tanto poder, podem corroer a política, bem como salvá-la de golpes”. Podem, com tanto poder. Podem tudo. Podem até golpear a política salvando-a de golpes.
PAPEL DE ADULTO – Esse jogo de sorte – ou de azar – não perturba a revista porque, tendo marcado seu ponto sobre os EUA, está se lixando para o Brasil. O que a conclusão “apertem-o-cinto-o-piloto sumiu” confirma:
“Pelo menos temporariamente, o papel do adulto das Américas mudou para o sul do continente”. Ou seja: não há adultos. Ou: se o adulto é o Brasil, imagine as crianças.
Pedidos de preventiva
A CPMI do INSS quer a prisão preventiva de:
1. André Paulo Fidelis;
2. Eric Douglas Fidelis;
3. Cecília Rodrigues Mota;
4. Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho;
5. Thaisa Hoffmann Jonasson;
6. Maria Paula Xavier da Fonseca Oliveira;
7. Alexandre Guimarães;
8. Antônio Carlos Camilo Antunes;
9. Rubens Oliveira Costa;
10. Romeu Carvalho Antunes;
11. Domingos Sávio de Castro;
12. Milton Salvador de Almeida Junior;
13. Adelinon Rodrigues Junior;
14. Alessandro Antônio Stefanutto;
15. Geovani Batista Spiecker;
16. Reinaldo Carlos Barroso de Almeida;
17. Vanderlei Barbosa dos Santos;
18. Jucimar Fonseca da Silva;
19. Philipe Roters Coutinho;
20. Maurício Camisotti;
21. Marcio Alaor de Araújo
“O Brasil – agora do EX-MITO CHIFRUDO – está novamente na capa da revista The Economist.”
No comment.
Que amargor inconformado do colunista. Suas convicções foram desafiadas.
Quem diria que Banânia renderia um espetáculo de anatomia tão didático?
Mora na filosofia, pra que rimar amor com dor…
Linda frase, mas nem vindo através de samba o brasileiro se conscientiza que podemos ser feliz sem essas bestas ideologias, que só causam dor.
Nao é preciso sofrer, continuar pobre, mal educado (universalmente) e tecnologicamente puxando carroça por causa de uma direita ou esquerda fajutas.
A solução está na cara – é só usar a razão: nós precisamos mudar para melhor, sermos melhores brasileiros, devemos escolher um candidato por sua competência e sermos ativos na mudança de comportamento do congresso que parece um grupo de tarados – só pensam nas emendas fajutas que beneficiam esses filhos de boas senhoras.
Acorde, Brasil. Lula e Bolsonaro não prestam nem para serem espantalhos!