Paulo Peres
Poemas Canções
O advogado e poeta baiano Pedro Militão Kilkerry (1885-1917), é considerado o mais radical dos simbolistas brasileiros, que faziam poesias até sobre objetos inanimados. No soneto “O Muro”, Kilkerry descreve uma visão da realidade, embora não no sentido visual, mas o que seria invisível aos olhos ou diferentes formas de olhar sobre o mesmo mundo, de forma a mostrar aquilo que não se vê.
O MURO
Pedro Kilkerry
Movendo os pés doirados, lentamente,
Horas brancas lá vão, de amor e rosas
As impalpáveis formas, no ar, cheirosas.. . .
Sombras, sombras que são da alma doente!
E eu, magro, espio… e um muro, magro, em frente
Abrindo à tarde as órbitas musgosas
— Vazias? Menos do que misteriosas —
Pestaneja, estremece. . . O muro sente!
E que cheiro que sai dos nervos dele,
Embora o caio roído, cor de brasa,
E lhe doa talvez aquela pele!
Mas um prazer ao sofrimento casa. . .
Pois o ramo em que o vento à dor lhe impele
É onde a volúpia está de uma asa e outra asa. .
1) https://www.youtube.com/watch?v=OJi-uKOlLV4
2) Licença, gaita de fole, vem da Espanha…
3) Lindíssimo…
1) Hinologia… “Segura na Mão de Deus”..
Em face de tantas injustiças, de tanto egoismo e ambição, deixo aqui uns versos pobres que soam como um alerta para nossos maus políticos, sobre a realidade da vida:
Por que?
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Por que ter, se nosso fim é uma vala
Por que nascer, se eterno é o não-ser
Por que rezar, se Deus sempre se cala
Por que crer só por ouvir dizer?
Por que a discórdia, se a palavra esclarece
Por que a vingança, se o perdão concilia
Por que a vaidade, se ao fim tudo fenece
Por que o ódio, se ele nunca se sacia?
Por que esse Deus, que é onipotente e eterno
Que é pelos crentes tido como sábio e justo
Não olha para aqueles que sofrem o inferno
Da fome, da sede, da humilhação, do insulto
Por que?