
Ministros ficaram alinhados nas principais teses de mérito
Thiago Bronzatto
O Globo
Os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, protagonizaram um dueto na forma como apresentaram seus votos no julgamento da trama golpista. Os dois ironizaram as teses das defesas, mandaram recados aos que defendem o projeto de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e utilizaram frases de efeito, numa estratégia tanto jurídica quanto retórica, com o objetivo de condenar os acusados, mas também de convencer o público sobre a gravidade dos fatos analisados pela Corte.
No mérito, porém, eles divergiram pontualmente sobre a gravidade dos papéis desempenhados pelos réus. De um lado, Moraes tratou todos os oito réus como peças essenciais de uma organização criminosa que atacou a democracia e tentou reverter o resultado das eleições em 2022. Do outro, Dino separou os condenados em dois grupos, atribuindo maior responsabilidade ao ex-presidente Jair Bolsonaro, ao ex-ministro da Casa Civil Braga Netto, ao Almirante Almir Garnier, ao ex-ministro da Justiça Anderson Torres e ao ex-ajudante de ordens Mauro César Cid, enquanto entendeu que tiveram participação de menor importância o deputado federal Alexandre Ramagem, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno e o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira.
PROTAGONISTA – Tanto Moraes quanto Dino buscaram fixar um ponto central no julgamento: Bolsonaro não foi um mero espectador de seus apoiadores mais radicais, mas sim líder de uma empreitada delituosa com divisão de tarefas e unidade de objetivos, características típicas de uma organização criminosa. Para Moraes, os atos praticados pelo grupo não eram preparatórios, como insistem as defesas, mas sim executórios.
O ministro listou 13 atos concretos como lives repletas de ataques à Justiça Eleitoral, uso da Polícia Rodoviária Federal para interferir nas votações do segundo turno das eleições em 2022, pressões sobre comandantes militares para minar a confiança das urnas, diversas versões de minutas golpistas e uma operação para matar autoridades. Todo esse complô golpista foi exposto numa apresentação de slides com mensagens de WhatsApp, anotações em agendas, documentos, entre outras provas.
Nesse ponto específico, Dino concordou com Moraes e destacou em seu voto que a execução do golpe se materializa quando o risco à ordem constitucional se torna real. Ou seja, o ministro entende que a violência e a grave ameaça já estão configuradas em discursos antidemocráticos de Bolsonaro proferidos em 7 de setembro de 2021, com ataques às instituições, e depois em 8 de Janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas, sob influência intelectual do ex-presidente.
“PUNHAL VERDE E AMARELO” – Não se tratavam, portanto, de meras “ideias” ou “anotações pessoais”. Dino chegou a ironizar a tese de defesa ao dizer que o nome do plano não era “Bíblia Verde e Amarela”, mas sim “Punhal Verde e Amarelo”. Os dois ministros também enfrentaram um dos pontos mais espinhosos do julgamento: a distinção entre tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado de Direito.
Para as defesas, trata-se do mesmo crime. Para Dino e Moraes, contudo, são bens jurídicos diferentes: um delito busca impedir o funcionamento das instituições, enquanto o outro visa derrubar um governo legitimamente eleito. Isso não significa punir duas vezes pelo mesmo fato, mas dar nome e consequência a ataques distintos contra a democracia.
É um debate que certamente terá repercussão jurídica nesta quarta-feira, já que o ministro Luiz Fux indicou que pode divergir dessa tese, mesmo ficando vencido pela opinião da maioria da Primeira Turma do STF. O entendimento majoritário do colegiado servirá para traçar um limite histórico para evitar novas aventuras golpistas e evitar uma manobra para anistiar Bolsonaro e seus aliados.
RECADO – Ao longo do julgamento, Dino mandou um recado indireto aos aliados de Bolsonaro que se articulam no Congresso para livrar o ex-presidente de uma eventual condenação pelo STF: qualquer tentativa de aprovar uma anistia ampla e irrestrita aos envolvidos na trama golpista dificilmente sobreviverá ao crivo do Supremo.
O ministro relembrou que os crimes cometidos por grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Democrático de Direito não prescrevem e tampouco podem ser deletados, já que o regime democrático é uma cláusula pétrea da Constituição. Para reforçar a sua tese, Dino citou manifestações feitas pelos ministros Gilmar Mendes, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Dias Toffoli, para deixar claro que a Corte rejeitará qualquer tentativa de impunidade.
Na semana passada, ao ler o relatório da ação da trama golpista, Moraes mandou um recado ao Congresso ao dizer que “o caminho aparentemente mais fácil da impunidade deixa cicatrizes traumáticas e corrói a democracia, como demonstra o passado recente do Brasil”.
“Será que as pessoas acreditam que um tweet de uma autoridade, de um governo estrangeiro vai mudar o julgamento do Supremo? Será que alguém imagina que um cartão de crédito ou o Mickey vai mudar o julgamento?”
(Flávio Dino, ministro do STF, que votou para condenar Bolsonaro)
Quem irá desmontar o que destrambelhadamente montaram e que querem manter na marra?
Na atual conjuntura, ninguém, pois nadam de braçada, visto que cabo e os dois soldados estão aquartelados sob as respectivas camas.
Desmontaram porcaria nenhuma, nem provar que houve golpe ou ao menos tentativa de golpe, conseguiram. Esse julgamento é uma farsa.
Não é sem motivo que a Globo apoia tudo que a Moraes faz, sem nunca critica-lo. É a melhor forma de comprar o apoio da impren$a.
Moraes derruba multas da Receita Federal contra Globo e artistas
https://revistaoeste.com/politica/moraes-derruba-multas-da-receita-federal-contra-globo-e-artistas/
A Tragédia de uma Elite
Ao tentar aniquilar Jair Bolsonaro, o regime brasileiro acendeu um alarme no coração do trumpismo: o de que nenhuma liderança conservadora estaria segura caso o precedente brasileiro triunfasse. A resposta americana, portanto, não é diplomática — é doutrinária. Não protege apenas um aliado: protege um paradigma.
Agora, Brasília encontra-se diante de um dilema insolúvel. A perseguição a Bolsonaro, tratada internamente como jogo de poder, transformou-se em pauta de segurança internacional. Trump, diferentemente dos burocratas do Departamento de Estado, não age com distanciamento tecnocrático: ele age com a força de um imperador pós-moderno, decidido a vingar um aliado que vê como reflexo.
Recuar é admitir fraude narrativa. Avançar é desafiar sanções que podem implodir a economia nacional. A elite brasileira, em seu delírio tecnocrático, criou uma armadilha perfeita: qualquer saída agora significa perder tudo.
Este não é apenas um embate entre um regime e um ex-presidente. É um capítulo da nova guerra civilizacional que divide o Ocidente: de um lado, o globalismo institucional, burocrático, moralmente relativista; do outro, o populismo nacional-conservador, com raízes populares e apelo emocional.
Bolsonaro tornou-se, por força das circunstâncias, um símbolo continental — não apenas do Brasil, mas de toda uma corrente de pensamento em ascensão no mundo. A tentativa de destruí-lo criou, paradoxalmente, sua maior blindagem: a da transcendência política.
O mais devastador nesse episódio é a constatação de que tudo poderia ter sido evitado. Bastava sensibilidade estratégica, leitura geopolítica mínima, compreensão dos vetores do poder em 2025. Mas a elite brasileira, viciada em sua bolha midiática e seduzida por sua autopercepção iluminista, riu de Eduardo Bolsonaro e ignorou os sinais gritantes que vinham do norte. As visitas a Mar-a-Lago. Os acenos de Trump. As falas inflamadas de congressistas republicanos. A cobertura intensa da mídia conservadora americana. Tudo foi tratado como ruído. Agora, é tarde.
O terremoto político reverbera para além das fronteiras. Governos latino-americanos observam com atenção: se os EUA intervêm — política e economicamente — para proteger um ex-presidente em outro país, qual será o novo limite do jogo hemisférico? A lição é clara: o preço da repressão política interna pode ser cobrado em escala internacional.
E, num paradoxo cruel, o regime que buscava apagar Bolsonaro do mapa político acabou por elevá-lo à condição de ícone continental.
Quando a história se vira contra os arquitetos do poder
Não há mais zona cinzenta. Ou se rende completamente — com anulação de processos, restauração de direitos políticos e reconhecimento de abusos — ou se enfrenta o colapso: econômico, diplomático e moral.
O regime criou uma armadilha da qual não consegue sair, porque a própria sobrevivência passou a depender da destruição de um homem — e, agora, desse homem depende a estabilidade do país.
Os historiadores do futuro serão implacáveis. Identificarão 2025 como o ano em que o Brasil selou seu destino como peão no tabuleiro de uma nova guerra ideológica global. Não foi a desigualdade. Não foi a polarização. Não foi a corrupção. Foi a cegueira estratégica.
Tentaram destruir um homem. Destruíram a si mesmos.
E o homem de quem riam, por “fritar hambúrgueres” em Missouri, agora observa — sereno, estratégico, firme — enquanto seus adversários marcham em direção ao colapso que eles próprios arquitetaram.
A História, afinal, não perdoa arrogância acompanhada de ignorância. E jamais subestima os homens que, em silêncio, constroem o futuro.
(Texto de Francisco Carneiro Júnior, autor da tetralogia “O Silêncio das Noites Escuras — Guerra, terrorismo e operações especiais”)
E quem foi o líder do golpe no tse
Se punir só Bolsonaro e livrar os generais o cinismo será extremado.
ESPETÁCULO EXCLUSIVAMENTE POLÍTICO.
Nos ares, a avassaladora “Síndrome do Nepal”!