
Charge do Cazo (blogdoaftm.com.br)
Pedro do Coutto
A mais recente pesquisa divulgada por O Globo revela um dado que merece atenção: se as eleições presidenciais fossem hoje, 54% dos brasileiros estariam vacilando na escolha de seu candidato. Trata-se de um percentual elevado, que indica não apenas indecisão, mas também cansaço com a polarização política e ausência de identificação com as opções que dominam o cenário eleitoral.
Embora ainda falte um ano para a disputa de 2026, a fotografia atual lança luz sobre uma parcela do eleitorado que tem sido chamada de “os invisíveis”: cidadãos que não se alinham nem ao campo governista nem à oposição radical, e que, justamente por isso, podem se tornar o fiel da balança no pleito.
REPRESENTATIVIDADE – O ponto central é que indecisão não significa apatia. Grande parte desses eleitores acompanha o debate, sente os efeitos da política no cotidiano, mas não encontra representação clara entre os nomes colocados. Essa massa rejeita discursos beligerantes e se mostra exausta da retórica de “nós contra eles” que marcou o Brasil nos últimos ciclos.
Isso abre espaço tanto para alternativas mais moderadas, que dialoguem com anseios pragmáticos, quanto para outsiders que consigam se comunicar de maneira eficaz com frustrações difusas. É nesse vácuo que reside o risco: uma parte expressiva do eleitorado flutuante pode se tornar terreno fértil para candidaturas populistas, menos sujeitas a escrutínio institucional, e que apareçam como soluções fáceis para problemas complexos.
A ciência política mostra que em sociedades polarizadas, quando a maioria se sente órfã de representação, cresce a volatilidade eleitoral. Foi o que ocorreu em 2002, com a ascensão do PT, e em 2018, com a ruptura promovida por Jair Bolsonaro. O Brasil conhece bem esses realinhamentos súbitos. Hoje, o dado dos 54% sugere que há novamente uma oportunidade para uma recomposição do campo político, caso surja uma liderança capaz de se comunicar com esses “invisíveis”.
PROXIMIDADE – Para isso, porém, não bastará marketing agressivo ou confronto direto com adversários: será preciso oferecer uma narrativa de proximidade, com propostas concretas para saúde, educação, emprego e segurança, áreas que tendem a pesar fortemente entre indecisos.
As campanhas precisarão, portanto, de mais sutileza. O tom agressivo pode afastar quem já rejeita radicalismos, e qualquer tentativa de capturar esse eleitorado por meio de ataques ideológicos terá efeito limitado. O desafio está em identificar com precisão quem são esses vacilantes — que não compõem um grupo homogêneo — e encontrar linguagem e propostas que ressoem em suas vidas. Esse trabalho de microsegmentação será decisivo em 2026, e exigirá capacidade de leitura social e de empatia política.
Por outro lado, é preciso cautela: pesquisas são retratos momentâneos, e parte desse contingente pode rapidamente migrar para candidatos já conhecidos, caso a polarização se reforce. A indecisão expressa hoje pode se converter em voto estratégico amanhã, se um dos polos conseguir mobilizar emoções fortes o suficiente para vencer a rejeição. Ainda assim, o fato de mais da metade da população não se sentir convencida pelas opções atuais é um sinal de alerta para todo o sistema político.
REFLEXO – Em síntese, os “invisíveis” retratados pela pesquisa de O Globo não são apenas indecisos, mas o reflexo de uma sociedade que anseia por alternativas à polarização e que pode definir o rumo da eleição de 2026. Quem conseguir traduzir suas dúvidas e esperanças em um projeto político consistente terá vantagem decisiva.
Se esse espaço for ocupado por lideranças moderadas, o país poderá viver um processo de reconstrução de consensos. Se, pelo contrário, for capturado por discursos oportunistas, o Brasil corre o risco de repetir ciclos de frustração e ruptura. A escolha, ao que tudo indica, está menos nos polos já estabelecidos e mais nesse vasto território de eleitores que ainda hesitam, mas que decidirão, no fim, quem governará o país.
Pesquisa do Globo?!
Desde o escondido e democrático KLEROTERION, tornaram-se imprescindíveis os imudidos “AVALISTAS DE UM SISTEMA CORTUPTO”!
Digo: iludidos
Uai, sô!
Entonces o loola já pode esquecer vitória no primeiro turno.
Se 54% ainda não têm candidato, sobram só 46% decididos.
Desses, metade vai pro loola e a outra metade pros bozonaristas.
Com uns 23%, não tem segundo turno que salve esses últimos — nem milagre de pesquisa fake resolve.
Os indecisos são a pedra de toque definidora de qualquer eleição. Para que lado pender a escolha deles, o candidato será o vencedor.
Ocorre que, o quadro político está confuso pelos lados da Direita civilizada e da extremada.
O único candidato escolhido e sacramentado pela Esquerda é o presidente Lula, que vive seu melhor momento de aprovação popular desde que tomou posse.
Na Direita tem muitos candidatos, contudo todos esperam a fumaça branca vindos da mansão de Bolsonaro em Brasília, preso na domiciliar. Bolsonaro vive o momento esfinge a ser decifrada. Não indica seu escolhido nem o candidato a vice, talvez a espera de um milagre de nome ANISTIA para que ele mesmo seja alçado por sua suprema vontade imperial a candidato único da Direita para disputar com Lula em outubro de 2026.
É essa indefinição de Bolsonaro, que deixa Zema, Caiado, Ratinho Júnior ( isso é lá nome de político) Leite do RS e Tarcísio governador de São Paulo. Este, que estão chamando a boca pequena de Tarcínico o tirano da vez, ora acena que quer a presidência, ora alega que vai disputar a reeleição ao governo de São Paulo. Na verdade Tarcísio sabe, que sem o apoio de Bolsonaro, suas chances de vencer a disputa presidencial com Lula se aproxima de zero. E com o apoio de Bolsonaro, muito desgastado junto aos eleitores, sobre um pouco, nas não passa de 20 por cento, mesmo com toda a força do Centrão, esse grupo político, que trai com uma facilidade impressionante, dependendo para aonde os ventos apontam o vencedor.
A opinião pública, como sempre, parece hipnotizada por Bolsonaro e sua prole — uma espécie de reality show político que não termina nunca.
A imprensa, em sua missão quase sacerdotal de manipular o incauto, recorre ao velho truque do bode na sala: cria o incômodo para vender alívio. E assim, entre manchetes e suspiros fabricados, o país é convidado a acreditar que o ar ficará mais puro com Lula reeleito. Ingenuidade vacinal.