O encontro Mauro Vieira–Marco Rubio e o recomeço Brasil-EUA

O tom cordial sinalizou o fim de uma etapa de hostilidade

Pedro do Coutto

O encontro entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, marcou uma inflexão importante nas relações entre Brasil e Estados Unidos. Após meses de tensão e trocas de declarações públicas, a reunião foi descrita por ambos os lados como “positiva” e “produtiva”, segundo fontes do Itamaraty e de veículos internacionais.

O tom cordial sinalizou o fim de uma etapa de hostilidade de Washington em relação a Brasília e abriu caminho para uma nova fase de diálogo, em que as divergências políticas cedem espaço ao pragmatismo diplomático. O ponto central da conversa foi o compromisso de buscar um encontro entre Lula e Donald Trump “na primeira oportunidade possível”, gesto simbólico que reafirma a disposição de ambos os governos em normalizar as relações institucionais.

MATURIDADE – A ausência de pressões explícitas da Casa Branca sobre o governo brasileiro, especialmente em relação ao tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, foi vista como sinal de maturidade política e reconhecimento da soberania nacional. Ainda assim, sob a superfície da cordialidade há desafios que não devem ser ignorados.

O Brasil enfrenta uma assimetria comercial evidente, agravada pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos nacionais, e precisará negociar com firmeza para proteger seus setores produtivos. O silêncio de Rubio sobre o futuro de Bolsonaro não representa necessariamente um esquecimento, mas uma estratégia diplomática: reduzir tensões sem abandonar a capacidade de influência sobre o cenário político brasileiro.

O gesto de aproximação é, portanto, tanto político quanto tático. Ao mesmo tempo, Mauro Vieira reafirmou em Washington que o Brasil não aceita interferências externas em seus processos institucionais, destacando a autonomia do Judiciário e o respeito à separação de poderes — um ponto central para reposicionar a imagem do país no exterior.

DIÁLOGO – O resultado imediato é positivo: o Brasil recupera espaço de diálogo com seu principal parceiro hemisférico e afasta a sombra do isolamento. Mas a vitória diplomática ainda é parcial. O país precisará transformar a boa vontade em resultados concretos — redução de tarifas, ampliação de acordos comerciais e garantia de tratamento equilibrado em temas ambientais e energéticos.

Caso contrário, o novo clima de cordialidade pode se tornar apenas um intervalo entre crises. O desafio da política externa brasileira, agora, é sustentar essa reaproximação sem abrir mão de princípios e sem confundir pragmatismo com submissão. O encontro entre Vieira e Rubio não encerra uma disputa; apenas redefine o tabuleiro, num momento em que o Brasil tenta afirmar-se como potência autônoma em meio à reorganização global das alianças.

3 thoughts on “O encontro Mauro Vieira–Marco Rubio e o recomeço Brasil-EUA

  1. 1) Estadão noticiou que o ex-governador Ciro Gomes vai para o PSDB…

    2) Quem sabe ele vai ganhar a convenção e será escolhido para disputar a presidência?

    3) A meu ver, nome fortíssimo, contou-me Garuda, o pássaro mitológico do Budismo-Hinduísmo …

  2. Ao contrário do que pode parecer, Barba quer mais é distância de Laranjão

    Reunião com ele, só se for secretamente. Pública (seu maior temor), jamais.

    Azougue que é, Barba não cairia nunca numa ‘emboscada’ de Laranjão, como caíram os afoitos Zelensky e Ramaphosa, que foram ‘esculhambados’ em reuniões na Casa Branca transmitidas ao vivo pela TV.

    Uma coisa é Certa: Barba deixa de se reunir com Laranjão, deixa de tratar dos interesses do país, mas dificilmente cairá em ‘armadilha’ do ex-apresentador do reality “O Aprendiz”.

    “Macaco velho não mete a mão em cumbuca.”

    Acorda, Brasil!

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