
Eduardo se opões a qualquer candidato que não seja da família
Bernardo Mello Franco
O Globo
Depois de articular o tarifaço contra o Brasil, Eduardo Bolsonaro arranjou outro passatempo: atacar os aliados do pai. Nas últimas semanas, o Zero Três alvejou governadores de direita, parlamentares e dirigentes de partidos do Centrão. Agora volta a mira contra a senadora Tereza Cristina.
Na quarta-feira, o deputado em fuga insinuou que a ex-ministra da Agricultura teria usado o prestígio de sua família para se eleger. Acrescentou que ela só estaria preocupada com dois tipos de interesses: os pessoais e os dos “grandes capitais”.
IRRITAÇÃO – Eduardo se irritou porque Tereza Cristina não incluiu seu nome numa lista de presidenciáveis para 2026. Em entrevista ao O Globo, a ruralista cobrou “maturidade” na escolha do candidato a herdar os votos de Jair Bolsonaro. Questionada sobre as chances do Zero Três, foi direta: “Não adianta colocar alguém que não tenha viabilidade”.
Dos Estados Unidos, o deputado já havia comprado briga com os principais aspirantes à cadeira de Lula. Chamou Tarcísio de Freitas e Ratinho Júnior de “abutres”. Disse que Romeu Zema só pensa na “turminha da elite financeira”. Acusou o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, de “canalhice”. Afirmou que o chefão do PP, Ciro Nogueira, “confunde seu interesse com o do Brasil”.
Eduardo atacou até Nikolas Ferreira, o menino prodígio do bolsonarismo. Escreveu que o jovem deputado se associou a uma blogueira “abjeta”, que já defendeu a prisão do ex-presidente. “É triste ver a que ponto o Nikolas chegou”, tuitou.
LÓGICA – Pode não parecer, mas os ataques do Bananinha obedecem a uma lógica. Ele atua para dinamitar a construção de qualquer candidato que não tenha o sobrenome Bolsonaro. O risco é implodir as chances de uma vitória das direitas em 2026.
Enfraquecido pela abertura de diálogo entre Lula e Donald Trump, o Zero Três ainda pode pagar caro pela virulência com os aliados do pai. A operação para salvar seu mandato no Conselho de Ética depende dos votos do Centrão, que hoje quer vê-lo pelas costas. E o presidente da Câmara, Hugo Motta, já avisou que estuda cassá-lo por excesso de faltas.
Riscos de Tarcísio: Ter que deixar o governo de SP e a reeleição praticamente garantida para candidatar-se a presidente
Eleito em 2022 nas costas do ex-mito, o temor do neófito Tarcísio é ter que deixar o governo paulista já em abril de 2026 para candidatar-se a presidente
Para disputar a Presidência, Tarcísio terá que se afastar definitivamente do cargo de governador de SP até o dia 04 de abril de 2026, ou seja, até seis (6) meses antes das eleições de 4 de outubro de 2026.
Desincompatibilização é uma auto-demissão do cargo. E, no caso dele, seria jogar fora 8 (oito) meses do mandato de governador e o direito de candidatar-se à reeleição, para lançar-se na incerteza de uma candidatura a presidente.
Tarcísio teria então que renunciar ao salário, às mordomias, aos privilégios, penduricalhos e benefícios do cargo de governador e ir pra rua. Talvez até sem o apoio do ex-mito, no caso.
E aí? Tarcísio vai renunciar ao governo de SP ($$$) até abril de 2026?