
Charge do Cazo (blogdoaftm.com.br)
Gustavo Zeitel
Folha
Para a esquerda, o inimigo agora é outro. Passado um mês desde a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, uma ala que integra a base do governo Lula (PT) busca expor o centrão como inimigo dos interesses da sociedade. Trata-se de uma estratégia para consolidar o bom momento político do petista, alicerçado na campanha pela soberania nacional e no aumento de sua aprovação registrado nas pesquisas.
Contudo, desafios que assombram o Planalto há três anos, como a descaracterização da esquerda e a própria fragilidade do governo diante do centrão, dificultam a estabilidade da conjuntura até o início das eleições.
PONDERAÇÃO – O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) faz uma ponderação sobre o novo cenário, dizendo que Bolsonaro não saiu totalmente de cena. Suas ideias, ele afirma, continuam sendo propagadas por segmentos do centrão que aderiram à direita nos últimos anos. Segundo diz o parlamentar, o adversário de Lula em 2026 sairá dali.
“A negociação entre o bolsonarismo raiz e o centrão foi um acordo para o controle do Orçamento”, diz Valente. “O centrão se autonomizou em relação ao governo e muitos também se bolsonarizaram.”
ESTRATÉGIA – Com o ex-mandatário em prisão domiciliar, o deputado afirma agora que a esquerda precisa se diferenciar das demais forças políticas, em um contraponto à maioria do Congresso. Ou seja, a estratégia é explorar derrotas, textos impopulares da oposição e impor agenda própria, de modo a incorporar à pauta matérias como o fim da escala 6×1.
“Eu defendo que o governo paute questões, mesmo que perca, para expor o centrão”, afirma Valente. “O governo precisa acabar com qualquer ilusão de ser possível agradar tanto o mercado quanto o agronegócio, porque eles são ideológicos.”
A retórica mostra-se estar, em parte, de acordo com movimentos recentes de Lula. Na semana passada, o presidente criticou o baixo nível do Congresso, num evento no Rio de Janeiro. Na mesma ocasião, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) foi vaiado e ouviu ainda gritos de “sem anistia”.
POPULARIDADE – Embora esteja distante dos patamares de seus mandatos anteriores, Lula viu a sua popularidade registrar o maior índice no ano. Em setembro, pesquisa Datafolha mostrou que a aprovação do presidente chegou a 33%, melhor resultado desde dezembro de 2024, quando somava 35%.
De acordo com o cientista político Leonardo Belinelli, da UFFRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), alguns fatores explicam a conjuntura positiva para Lula: o tarifaço do presidente americano Donald Trump, que provocou a campanha em defesa da soberania nacional, as manifestações que descartaram a PEC da Blindagem e a condenação do núcleo crucial da trama golpista.
“O campo bolsonarista, refletido em parte no centrão, ficou muito desorganizado sem a liderança de Bolsonaro, até porque nomes como Ciro Nogueira e Valdemar Costa Neto não parecem ter um projeto comum”, afirma Belinelli. “O papel da comunicação do governo será fundamental para a consolidação do momento pró-governo.”
ARREFECIMENTO – Para Christian Lynch, cientista político da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), a atual conjuntura parece indicar o primeiro arrefecimento, em uma década, do entusiasmo do brasileiro com o conservadorismo.
Segundo ele conta, a sociedade viu o centrão se perder em sua postura fisiológica e o bolsonarismo se consumir em seu ímpeto golpista. Nada, porém, que deva suscitar a euforia da esquerda. Afinal, diz Lynch, os problemas para o governo continuam, sendo um deles sua presença minoritária no Legislativo.
RENÚNCIA – “Em termos de governabilidade, ela nunca funcionou e talvez já exista uma certa renúncia à governabilidade”, afirma Lynch. Neste mês, a Câmara impôs mais uma derrota ao Planalto ao deixar perder validade a medida provisória que previa aumentar a arrecadação. Capitalizar derrotas expõe, em caminho inverso, um governo frágil.
“O governo passou a ser oposição ao centrão, tentando propagar o pensamento de que o Congresso representa o atraso”, conta Lynch. “Não é uma onda positiva para Lula, mas uma marolinha.”
ALA CRÍTICA – Ex-presidente do PT, o deputado federal Rui Falcão (PT-SP), também integra a ala mais crítica ao centrão. “Outro dia me perguntaram ‘deputado, por que a gente não põe para votar pautas nossas, mesmo que a gente perca?’ Sou a favor, precisamos ter uma disputa de ideias e criar um movimento de massas para que existam condições melhores para Lula em um novo governo”, diz, acrescentando que o seu raciocínio não fomenta a antipolítica.
“O pensamento contra a política se manifesta de outros modos, quando a gente tolera, por exemplo, as emendas secretas ou uma proposta para blindar parlamentares.”
SEM EUFORIA – O deputado se opõe, no entanto, à ideia de renunciar à governabilidade, porque seria um pensamento eleitoreiro. Segundo Falcão, é comum a esquerda operar em uma ciclotimia, ora melancólica, ora eufórica. Ele reconhece o momento positivo, até porque a pauta da anistia aos golpistas regrediu, mas prefere evitar a euforia, pontuando problemas mais profundos para a esquerda.
De acordo com o deputado, o PT, em especial, está perdendo sua identidade, que, ao longo da história, ofereceu à população um horizonte de transformação social. Ele afirma que o partido está distante das periferias e só com pressão popular seria possível reverter algumas propostas no Congresso.
Nesse sentido, diz que a comunicação do governo deve deixar de ser apenas celebratória, passando a ser convocatória. “Se a gente quer ter uma vitória, precisamos de um partido engajado em lutas”, afirma ele. “Não podemos ser encarados como o sistema.”
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Embriagado pelo sucesso momentâneo, o PT delira e dá tiro no pé. Sem apoio do centrão, ninguém ganha eleição no Brasil. (C.N.)
Barba treme de medo de conversar frente a frente com Laranjão e faz de tudo para não se encontrar com ele em Kuala Lumpur, na Malásia.– Fala em substituição do dólar por moeda dos Brics.
– Fala que traficantes são vítimas dos usuários.
– E mais um punhado de asneiras e estupidez.
Diante do cagaço, Barba sonha com Laranjão cancelando o anunciado encontro.
(***)
Barba tem fugido da ‘armadilha (trumpista) do Salão Oval da Casa Branca’ como diabo foge da cruz.
Vamos ver agora na Malásia, se consegue continuar fugindo do ‘tête-à-tête’ com Laranjão.
Acorda, Brasil!
Nem ganha eleição nem governa. Pode até sofrer impeachment por descumprimento do arcabouço fiscal ou qualquer outra desculpa. Collor e Dilma entenderam isso da pior forma ã.
Lula está senil. A fala sobre os traficantes foi inacreditável. Pirou!
Estupidez em alta voltagem: Barba diz que ‘traficantes são vítimas dos usuários’
“…Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários…”, disse Barba em entrevista a jornalistas na Indonésia.
Fonte: Metrópoles, Brasil, 24/10/2025 15:28 Por Daniela Santos
Ao dizer ‘que traficantes são vítimas dos usuários’, Barba pode ter colocado uma pá de cal na sua carreira política.
STF valida nepotismo em cargos políticos; é o fim da picada
Políticos e governantes estão legalmente liberados para transformar seus gabinetes e administrações em festas de família
É isso mesmo. Políticos e governantes estão legalmente liberados para transformar seus gabinetes e administrações em festas de família.
Barba, por exemplo, poderá nomear a “Janjinha”, sei lá, secretária especial de turismo além-mar. Prefeitos e governadores poderão empregar cônjuges, filhos, sobrinhos, netos, onde e quando quiserem e bem entenderem (…).
O ex-mito poderia empregar o pimpolho Dudu, tão logo terminasse o mandato parlamentar EAD, exercido diretamente dos EUA, por considerá-lo tecnicamente qualificado e moralmente idôneo, caso estivesse elegível e vencesse em 2026.
Zeca Dirceu, quando prefeito de Cruzeiro do Oeste, poderia empregar o pai, José Dirceu. “Não é uma carta de alforria, para se nomear quem quer que seja, se houver inaptidão técnica, fraude à lei ou nepotismo cruzado”, avisou Luiz Fux em seu voto. Poxa, que bom! Agora fiquei tranquilo.
(…)
O Antagonista, Análise, 24.10.2025 10:14 Por Ricardo Kertzman
https://oantagonista.com.br/analise/stf-valida-nepotismo-em-cargos-politicos-e-o-fim-da-picada/