
Apesar da queda na Câmara, o cenário no Senado é distinto
Dimitrius Dantas,
Camila Turtelli e
Sérgio Roxo
O Globo
Enquanto o Palácio do Planalto tenta reorganizar o apoio no Congresso, partidos que ocupam ministérios vêm se distanciando em votações estratégicas na Câmara e reduziram o percentual de adesão às pautas do governo em 2025, na comparação com os dois primeiros anos de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O movimento reflete o desgaste político e o reposicionamento das legendas para as eleições de 2026.
O levantamento feito pelo O Globo mostra que o MDB reduziu a fidelidade ao governo neste ano, em uma oscilação verificada também no posicionamento de outras legendas de centro: PP, União Brasil e PSD tiveram queda acentuada na taxa de adesão ainda em 2024 e o patamar de apoio segue abaixo do verificado no início do mandato.
DESGASTE – O afastamento coincide com o fortalecimento das articulações da direita em torno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O movimento tem levado a sucessivas derrotas do Executivo em votações decisivas no Congresso, como a que levou a Medida Provisória (MP) editada como alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) a perder a validade, episódio que cristalizou o desgaste.
Apesar da queda na Câmara, o cenário no Senado é distinto. O presidente da Casa, senador Davi Alcolumbre (União-AP), tem se colocado como um interlocutor mais próximo de Lula. Fiador dos interesses do Palácio do Planalto, o parlamentar tenta emplacar o colega Rodrigo Pacheco (PSD-MG) como o indicado à vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF).
A própria distribuição de cadeiras do Senado, com três assentos para cada estado, favorece a adesão às pautas do Executivo, pois há uma proporção maior de parlamentares representando Norte e Nordeste do que na Câmara. Essas regiões tradicionalmente dão mais votos aos governos do PT.
MDB MAIS DISTANTE – Na Câmara, mesmo com a interlocução que os ministros Simone Tebet, Renan Filho e Jader Filho mantêm com o governo, o MDB se distanciou de pautas estratégicas. Em 2023, o partido registrava 75% de adesão às orientações do governo. Neste ano, o índice caiu para 61%, segundo o levantamento do O Globo com base em 142 votações nas quais governo e oposição deram orientações divergentes.
O PP e o União Brasil, que comandam três ministérios e têm peso expressivo nas votações da Câmara, também se distanciaram — passando do patamar, respectivamente, de 65% e 60% de taxa de adesão para 58% e 51% em dois anos. Na derrota na votação da MP sobre o IOF, 97% dos deputados do PP votaram contra a MP, contrariando o governo.
— O PP não é base de apoio ao governo, mas, apesar disso, só não votamos com o governo no caso da MP, pois se tratava de aumento de carga tributária — diz o líder da bancada, Doutor Luizinho (RJ).
SAÍDA DE FUFUCA – A legenda, que tenta exigir a saída do ministro Fufuca da pasta do Esporte, já havia se afastado de pautas econômicas nos últimos meses e, segundo aliados, hoje atua de forma independente no Congresso.
— Como ninguém sabe para onde o governo está indo, está todo mundo pulando fora do barco — afirmou Evair de Mello (PP-ES).
O União Brasil, sigla de Alcolumbre, também tem endurecido o discurso. O partido quer a saída de indicados ao governo, mas Celso Sabino continua à frente do Ministério do Turismo. Na votação da MP do IOF, 90% da bancada votou contra o governo.
CRÍTICAS – O líder da bancada e presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), senador Efraim Filho (PB), fez ainda críticas diretas à condução fiscal do governo.
— O ministro Fernando Haddad trata todos os dias de uma agenda de arrecadação, mas parece ter relegado a segundo plano a de corte de despesas — disse Efraim, ao anunciar o adiamento da análise do relatório da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026 , a pedido do governo.
MARGEM DE MANOBRA – Em meio às articulações de Tarcísio, o governo tenta evitar deserções. O Planalto ainda acredita possível reconstruir pontes com o MDB, mas admite que o alinhamento com PP e União Brasil está “esgarçado”. Interlocutores de Lula reconhecem que a combinação de pautas impopulares, atrasos nas emendas e crises regionais reduziu a margem de manobra.
A inflexão dos partidos ocorre de forma desigual pelo país. Na bancada do MDB de São Paulo, onde o prefeito Ricardo Nunes (MDB) é aliado de Tarcísio e próximo ao presidente do partido, Baleia Rossi (SP), houve 50% de adesão ao Planalto, uma das menores taxas de governismo. No Rio Grande do Sul, o índice chega a 38%. Já no Norte e Nordeste, os deputados mantêm comportamento mais alinhado ao governo.
Apesar da queda no governismo, dirigentes do MDB insistem que a legenda continua aliada de Lula. Para eles, o distanciamento é reflexo do teor das matérias votadas, e não de uma ruptura política. Baleia Rossi, por exemplo, votou com o governo — e contrário à própria bancada — na PEC da Blindagem, uma das principais derrotas do Planalto.
VARIAÇÃO – No PSD, a taxa de adesão variou, em três anos, de 80% para 67%, oscilando para 68% em 2025. A sigla foi um dos alvos do pente-fino conduzido pelo governo para demitir indicados na máquina pública após a derrota da MP.
Foram retiradas do Ministério da Agricultura indicações feitas por deputados do PSD em estados como Paraná, Maranhão, Pará e Minas Gerais. Governistas atribuem a mudança à influência do presidente da legenda, Gilberto Kassab, que, segundo integrantes da base, agiu alinhado, no caso da MP, ao presidente do PP, Ciro Nogueira.
O Republicanos, por sua vez, vive um momento ambíguo na relação com o Planalto e foi a única sigla que incrementou o apoio em três anos — com taxas de 67%, 71% e 71%, respectivamente.
PREVISIBILIDADE – O partido, que comanda a Câmara com o presidente Hugo Motta (PB), tem cobrado previsibilidade na liberação de emendas e reclamado da lentidão dos repasses, mas não tem se rebelado no painel da Casa. Motta levou pessoalmente a Lula as queixas de deputados e senadores e pediu um cronograma para acelerar os pagamentos.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), defende a reorganização da base e demissões.
— Não tem nada de retaliação, é uma reorganização da base. Quem está sendo leal ao governo tem que ser valorizado e quem não está não tem por que ficar — disse ao O Globo.
SUBSTITUIÇÕES – As demissões já começaram. Além dos casos envolvendo o PSD, indicações do MDB no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), e de nomes ligados ao PP e ao PL na Caixa foram substituídas.
O líder do governo na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), atribui a queda da adesão ao que chama de antecipação do calendário eleitoral e vê movimento para barrar a recuperação da popularidade de Lula.
— Quem optar pelo caminho de votar contra o governo, tem de seguir o caminho da oposição — afirma.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É tudo uma farsa. Lula não não tem base aliada; o que existe são aqueles políticos que apoiam sempre quem estiver no poder, tipo Gilberto Kassab, dono do PSD, o partido que mais cresce no país. No momento, esses políticos estão com Lula, mas podem virar-lhe as costas assim que ele der uma balança. Empurrado por Janja, Lula luta para permanecer no poder, embora o organismo, aos 80 anos, já indique que é hora de parar. E vida que segue, diria João Saldanha. (C.N.)
Empurrado por Janja, Lula luta para permanecer no poder, embora o organismo, aos 80 anos, já indique que é hora de parar. E vida que segue, diria João Saldanha. (C.N.)
“…Antigamente, o PT obedecia a Lula, porque sabia que o presidente era mais importante do que o partido. Mas a idade avança, Lula já não diz coisa com coisa, chamou o Macron de Sarcozy, e o partido já está perdendo o respeito, o que é um erro, porque o PT acaba assim que Lula for desta para a melhor, como se dizia outrora. (C.N.)…”””
Tragam mais um Oscar….!!
Aguardando ansiosamente a Profecia
Espero estar vivo para ver a passagem direto, sem escalas, para a Churrasqueira do Juizo Infernal, onde os “cumpanheros” demoniacos comunistas estão á espera do novo “cumpanhero”..
aquele abraço
O importante é quem “oxigena” os partidos e os locupleta de cabo a rabo, submetendo-os à apátridas agendas!
Muito pelo contrário,hoje a percepção de maioria da população é que o #Congressoinimigodopovo……essa que pode ser realimentada durante o ano de eleição com propagandas massivas.
Convenhamos,o que não falta é material para provar que esse Congresso é o inimigo.
A hora de descolar é agora, nada de importante será votado mesmo,e se o for o governo tem grandes chances de perder.
Hora de atacar o cara de Alagoas e o do Piauí….basta o Presidente ir lá duas vezes para apoiar o opositor que o mesmo ganha.
A pesquisa corrobora minha modesta opinião.
https://www.metropoles.com/brasil/atlas-lula-lidera-em-todos-os-cenarios-de-1o-e-2o-turnos-para-2026