
Guimarães Rosa jamais esqueceu o sertão e suas veredas
Paulo Peres
Poemas & Canções
O médico, diplomata, romancista, contista e poeta João Guimarães Rosa (1908-1967), nascido em Cordisburgo (MG), é um dos mais importantes escritores brasileiros de todos os tempos, sendo o romance “Grande Sertão: Veredas”, em que ele qualifica como uma “autobiografia irracional”, a sua obra mais conhecida.
Entretanto, Guimarães Rosa também enveredou pelos veios poéticos, conforme expõe a sua visão bucólica no poema “Amanhecer”.
AMANHECER
Guimarães Rosa
Amanhecer
Floresce, na orilha da campina,
esguio ipê
de copa metálica e esterlina.
Das mil corolas,
saem vespas, abelhas e besouros,
polvilhados de ouro,
a enxamear no leste, onde vão pousando
nas piritas das acácias amarelas.
Dos charcos frios
sobem a caçá-los redes longas,
lentas e rasgadas de neblina.
Nuvens deslizam, despetaladas,
e altas, altas,
garças brancas planam.
Dançam fadas alvas,
cantam almas aladas,
na taça ampla,
na prata lavada,
na jarra clara da manhã…
Há relatos de moradores da região metropolitana do Rio sobre protestos que estariam sendo articulados pelos traficantes do Comando Vermelho.
“Pessoal boa tarde, vai ter protesto…Já está saindo ônibus fretado de Anchieta para a manifestação.”
Na era da pós-verdade, toda fumaça precisa ser verificada.