Dino chama de ‘trágica’ megaoperação com 119 mortos no Rio
Mariana Muniz
Daniel Gullino
O Globo
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou a operação policial que deixou ao menos 119 mortos no Rio de Janeiro de “circunstância tensa e trágica”. Dino também afirmou que o STF não pode “legitimar o vale-tudo, com corpos estendidos e jogados no meio da mata”. A avaliação do ministro foi feita durante a sessão de julgamentos da Corte desta quarta-feira, pouco antes de ele iniciar o voto em um processo que trata da atividade policial.
“O eminente procurador do Paraná acaba de aludir a essa circunstância tensa, trágica, a que assistimos neste momento no Rio de Janeiro. Não se trata, jamais, de julgar a favor ou contra a polícia como instituição. Como qualquer atividade humana, com certeza há bons e maus profissionais na polícia, como no sistema de Justiça”, afirmou Dino, que foi ministro da Justiça antes de ser indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao STF.
VALE TUDO – Em outro momento da sessão, o magistrado também fez referência às dezenas de corpos encontrados por moradores na mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, após a operação. “(Nossa posição) Não é nem de impedir a ação da polícia, nunca foi, mas ao mesmo tempo não é de legitimar o vale-tudo com corpos estendidos e jogados no meio da mata, jogados no chão. Porque isso não é Estado de Direito”, completou Dino.
O magistrado é o relator da ação que discute se cabe à vítima comprovar a responsabilidade civil do Estado por danos causados pela força estatal em manifestações populares. O recurso trata de atos praticados por policiais militares na “Operação Centro Cívico”, em 2015, no Paraná, num protesto de servidores estaduais (a maioria professores). A ação resultou em 213 pessoas feridas.
“LAMENTÁVEL” – No mesmo julgamento, o ministro Gilmar Mendes, que é o decano do STF, também classificou a operação no Rio de Janeiro de “lamentável”. O ministro disse que é preciso ter uma jurisprudência que abarque a necessidade de ações policiais com a preservação de direitos fundamentais.
“A toda hora vivemos situações de ações policiais que causam danos às pessoas ou mesmo a morte de várias pessoas, como acabamos de ver nesse lamentável episódio do Rio de Janeiro. De modo que me parece que devemos todos estar atentos à criação de uma jurisprudência que reconheça a necessidade ações policiais, mas que ao mesmo tempo não comporte abusos e muito menos as violações de direitos fundamentais”, pontuou.
AÇÃO LETAL – Nesta terça-feira, uma megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, resultou em ao menos 119 mortos e 113 presos, tornando-se a ação mais letal da história do estado e do país, superando o massacre do Carandiru, em 1992.
O governo estadual classificou a ação como uma “operação contra narcoterroristas”, expressão usada pelo governador Cláudio Castro para justificar o alto número de mortes. A retórica, porém, foi criticada por entidades de direitos humanos, que alertam para o risco de banalização do uso da força letal e reprodução de padrões históricos de extermínio.
Chamart raficantes de “narcoterroristas” é mascarar a sua organização mafiosa e legitimar a matança policial. O combate ao tráfico deve começar (como o contra a máfia) pela identificação dos meios e canais de financiamento e dos verdadeiros chefes, que não moram nas comunidades, e de sua rede de corrupção e suprimento de dinheiro e armas, que já atinge o legislativo. Matar os soldados não elimina nem as cabeças nem esses suprimentos.
Dor de corno. Foi exatamente a facção que ele visitou quando foi à Maré. Perdeu possíveis defensores/eleitores.
Daria um excelente presidente.
Concordo
ipsis litteris com o comentário di ministro.
O ex-Secretário Nacional da Segurança Pública, Ricardo Balestrieri, disse em entrevista a “O Globo”:
“O crime está cada vez mais armado, mais rico, mais infiltrado nas instituições. E todos esses mais de cem bandidos abatidos, supondo que sejam todos bandidos, amanhã estarão repostos no crime por outros jovens de 14, 15, 16 anos. O que explica esse número de mortos é uma busca frenética e não razoável por causar impacto na opinião pública. Não estou amaciando para bandido, defendo inclusive que as penas para faccionados sejam agravadas, mas o fato é que combater o crime só na favela é enganar a população.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública publicou uma pesquisa recente sobre o que é conhecido da receita anual do crime organizado no Brasil: mais de R$ 140 bilhões desde 2022, ou R$ 30 bilhões por ano. A maior parte disso estava no mercado de combustíveis, com R$ 60 bilhões. Afirmo com convicção que nenhum bandido realmente importante no Brasil mora em uma favela, com esse nível de arrecadação. A população mostra um cansaço legítimo com a falta de segurança, mas o governo deveria se guiar pela sobriedade, e não pela busca do impacto ou por cortinas de fumaça.”
Resumiu bem o assunto.
Agora esses protegidos do lula, podem impor para os moradores das comunidades e regiões vizinhas um clima de terror. Multiplica várias vezes as mortes desses trogloditas e esse dinossauro verá quantos brasileiros ja perderão a vida ligada ao vício
Castro responde!
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Sinismo é impressionante…
O blá blá dessa gente do governo federal chega ser revoltante…
Ora a polícia 🚓🚔 foram cumprir os mandados judiciais,se não cumpri,os servidores públicos, estarão prevaricando.
Agora,a POLÍCIA 🚔🚔 foi recebida com carinho,doces refrigerantes na favela dominada pelo tráfico.
Tenha paciência,chega de hipocrisia ,estamos numa guerra cívil,onde a população honesta e ordeira está cercada pelo colarinho branco e pelas facções que ultrapassa mais 30 minhões de Brasileiros.
Futura resposta:
“Leilão de um centavo em uma fazenda hipotecada de Michigan (1936).
Durante a Grande Depressão, um dos atos mais engenhosos — e desafiadores — de resistência rural nasceu entre os agricultores americanos.
Quando os bancos tomavam as fazendas por falta de pagamento, as comunidades locais decidiram reagir.
Organizavam o que chamavam de “penny auctions” — leilões de um centavo.
Os agricultores combinavam previamente que todos fariam apenas lances simbólicos, de alguns centavos, por cada item — desde o gado até a própria terra. Assim, o valor arrecadado era mínimo.
No fim, o comprador “vencedor” — geralmente um vizinho de confiança — devolvia a propriedade ao fazendeiro original, permitindo que ele continuasse vivendo e trabalhando em suas terras.
Mas havia um aviso silencioso pendendo no ar.
Os laços de forca visíveis nas fotos não eram adereços: serviam como ameaças diretas a qualquer forasteiro que ousasse aumentar os lances.
Ninguém estava brincando. Naqueles tempos, solidariedade e sobrevivência não deixavam espaço para a traição.
Os leilões de um centavo tornaram-se símbolos de união e resistência coletiva.
Não se tratava apenas de salvar uma fazenda — mas de preservar um modo de vida, um pedaço de dignidade, um sonho rural à beira do colapso.
Fato adicional:
Até 1933, mais de 200 mil fazendas haviam sido confiscadas em todo o Meio-Oeste, o que levou ao surgimento de movimentos organizados como a Farmer’s Holiday Association, que lutou para interromper as execuções hipotecárias por completo.”
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Boa barriga verde, esbanjando cultura e conhecimento.
Disse tudo…