Crise Messias-Gilmar acirra guerra entre Poderes e fragiliza indicação de Lula ao STF

Integrantes da Corte avaliam que Messias expôs Gilmar

Guilherme Seto
Folha

Em conversas na última quinta-feira (4), ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) adotaram tom de indignação ao comentar a manifestação apresentada pela Advocacia-Geral da União, comandada por Jorge Messias, que pediu que Gilmar Mendes reconsiderasse sua decisão que ajuda a blindar integrantes da corte contra a abertura de processos de impeachment. Gilmar rejeitou o pleito da AGU também nesta quinta-feira.

APOIO – Ministros afirmaram nessas conversas que, em suas avaliações, Messias tentou se aproveitar do atrito entre o Senado e Gilmar para ganhar o apoio de senadores em sua campanha para conseguir aprovação para sua indicação. Ignorou, no entanto, o desgaste que isso geraria para o ministro, que vinha trabalhando insistentemente para vencer a resistência de colegas como Alexandre de Moraes e Flávio Dino ao seu nome.

Moraes apoiava o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que era o preferido também do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil). Dino, por sua vez, desentendeu-se com Messias quando ambos faziam parte do governo petista.

A cronologia do processo também foi destacada nas conversas pelos ministros, que ressaltaram que Gilmar pediu manifestação da AGU no processo em 30 de setembro e a resposta foi apresentada somente agora, em meio à campanha de Messias para uma vaga no STF.

DENÚNCIA – Em sua decisão, Gilmar afirma que apenas o chefe da PGR (Procuradoria-Geral da República), atualmente a cargo de Paulo Gonet, pode apresentar denúncia para abertura de impeachment contra magistrados do Supremo.

A reação no Senado foi imediata. Em nota, o presidente do Senado, Alcolumbre, cobrou respeito do tribunal e falou em mudar a Constituição para defender as prerrogativas do Senado se preciso. Na manifestação rejeitada por Gilmar, a AGU pediu que a decisão tivesse seus efeitos suspensos até o julgamento definitivo pelo plenário do STF.

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