Dorrit Harazim
O Globo
Não é preciso ser um Voltaire para definir a História como o estudo de todos os crimes do mundo — a começar pelas guerras. Numa segunda categoria desses crimes, mais silenciosos, mas igualmente ruinosos, está deixar passar oportunidades capazes de mudar a História para melhor. Nesta semana, sob instrução do democrata Joe Biden, 46º presidente dos Estados Unidos, seu vice-embaixador junto à ONU desempenhou o melancólico papel de vetar a admissão da Palestina como membro pleno das Nações Unidas.
Apesar de esperado, o veto solitário (Grã-Bretanha e Suíça se abstiveram, os outros 12 integrantes do Conselho de Segurança aprovaram a moção) pode ser considerado uma dessas oportunidades perdidas.
UM PAÍS DIFERENTE – Caso não tivesse sofrido veto, a resolução passaria à votação na Assembleia Geral, com aprovação certamente maior que o mínimo necessário de dois terços dos 193 países. Hoje, 140 das nações da ONU já reconhecem a Palestina como Estado.
Um acolhimento pleno com direito a voto e assento rotativo no Conselho de Segurança representaria um upgrade simbólico e político (mas não legal, claro) para o país que ainda não é país. Continuará, assim, sendo “não membro com status de observador”.
Autoproclamado Estado independente desde 1988, apesar de não ter soberania sobre seus territórios ocupados até hoje por Israel, a Palestina, de que a Faixa de Gaza faz parte, continua a ser este imenso encontro marcado e sempre adiado do mundo democrático com a História.
DIFÍCIL DE ENTENDER – Ao justificar o veto dos Estados Unidos, o vice-embaixador Robert Wood cometeu contorcionismos verbais para explicar que o veto contra a admissão do Estado Palestino na ONU não refletia oposição ao Estado Palestino. Difícil de entender. Soube-se também que, para evitar ser a única voz dissonante da votação, os americanos se empenharam em tentar aliciar outros integrantes do colegiado.
Cópias de memorandos do Departamento de Estado obtidas pelo site The Intercept atestam a pressão exercida sobre o Equador para que convencesse os embaixadores de Japão, Coreia do Sul e Malta (país que preside os trabalhos do Conselho neste mês) a se alinhar aos Estados Unidos. Não deu certo.
Como pano de fundo, havia a emergência de uma guerra entre Israel e seu inimigo existencial, o Irã. As duas fortalezas militares jamais haviam se confrontado mano a mano, preferindo acertar suas contas por meio de atentados terroristas, ataques cibernéticos, assassinatos e agentes intermediários.
CHUVA DE DRONES – Na madrugada do sábado anterior, porém, a chuvarada de mais de 300 drones e mísseis iranianos que incandesceu o céu de Jerusalém e se espraiou por todo o território israelense alterara essa realidade…
Ainda assim, foi uma resposta anunciada com antecedência aos atores-chave da região e calibrada para poder ser interceptada por Israel e seus aliados. Todos puderam se dar por satisfeitos e declarar vitória.
Seis dias depois, o inevitável revide israelense revelou-se ainda mais contido, mais cirúrgico — um ataque de drones atingiu a base militar de Isfahan na sexta-feira, sem que a instalação nuclear iraniana ali fincada fosse atingida. Atendeu à pressão de seu principal aliado, os Estados Unidos, e de coadjuvantes, tanto europeus como árabes, para baixar a pressão.
“LIMPAR” RAFAH – Fica a pergunta: em troca de que os radicais do governo Netanyahu aceitaram comedimento contra o Irã? A moeda de troca talvez seja Rafah. Na próxima terça-feira, terão transcorrido 200 dias desde a chacina terrorista do Hamas contra civis israelenses.
A retaliação desencadeada pelas Forças de Defesa de Israel — eliminação radical do Hamas, mesmo que ao custo da asfixia da vida civil na Faixa de Gaza — ainda não está completa. Falta limpar Rafah, a cidade-refúgio do Sul onde mais de 1 milhão de palestinos desenraizados do Norte se somam aos famintos locais e onde o emaranhado de túneis usados pelos terroristas ainda não foi implodido.
Em 200 dias de operação terra-arrasada, 133 reféns israelenses (vivos ou mortos) continuam em mãos do Hamas devido ao estancamento das negociações por um cessar-fogo. Para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, a contenção contra o Irã pode ter valido a pena se conseguir convencer Biden da necessidade de estrangular Rafah — condicional à remoção prévia daquela multidão sem rumo. Difícil.
MUITO DIFÍCIL – Tudo o que tange a Palestina é historicamente difícil. O próprio New York Times, jornalão de referência para boa parte do mundo, atualiza constantemente as orientações sobre os termos a ser usados por jornalistas do matutino que cobrem o conflito.
Segundo um memorando interno obtido por Jeremy Scahill, cofundador do Intercept, é recomendada a restrição ao uso de termos como “genocídio” e “limpeza étnica”; a denominação “territórios ocupados”, em referência às terras palestinas da Cisjordânia, Gaza e parte de Jerusalém, deve ser evitada.
“Palavras como matança, massacre, carnificina muitas vezes contêm mais emoção do que informação. Pensem muito antes de usá-las como sendo suas”, sugere também o memorando. Difícil.
A esquerda sempre foi adepta a um desarmamento de populações, está na hora de induzir o Hamas a entregar as armas, devolver os reféns e de boa fé pleitear a criação de um estado palestino com o compromisso de não receber ajuda militar de nenhuma nação da região.
Enquanto o Hamas e Hesbollah atacarem Israel não haverá paz no Oriente Médio.
Mundo, velho mundo, com muita tecnologia, mas o mesmo atraso de espírito.
Lembrete:
Desde o início eu suspeitava que o evento de 07/10/2023 , realizado pelo grupo Hamas , fora facilitado e conveniente aos propósitos dos órgãos de segurança e de governo Israelense , sendo que então chefe de segurança de Israel renuncia ao cargo , confirmando minhas suspeitas , e para tirar o foco da ” matança e extermínio ” do povo Palestinos , Israel atacou a embaixada do Irã na Síria , com conivência e ajuda dos USA , INGLATERRA , FRANÇA , ALEMANHA , OTAN , JORDÂNIA ,etc..
Sendo que Israel recebeu sinal para prosseguir e dar continuidade ao extermínio do povo Palestino .
Aviso:
Nessa linha de raciocínio, você ainda irá suspeitar do 08/01 …
Capaz! Existe quem não suspeite?
Senhor Carlos Pereira , lembre-se que os países ditos de primeiro mundo , INGLATERRA , USA , ISRAEL , FRANÇA , OTAN , etc… , tem um histórico de se ” auto impingirem ” atentados terroristas em seus próprios territórios e em suas representações diplomáticas no exterior , mesmo causando vitimas nativas locais , como efeito colateral , o fazem com o propósito de atacar e invadir outros países, acusando-os de estarem envolvidos ou financiado tal agressão , sendo esses países só atacam os países onde seus governos não ficam de quatro pra eles e ousem preservarem sua independência e autonomia , por isso defendo que os países tenham seus próprios instrumentos bélicos de dissuasão , inclusive que o IRÃ tenha bombas atômicas como equilíbrio no Oriente Médio , exemplos recentes não nos faltam a olhos nus , com a palavra o ex-chefe das forças armadas Israelenses , que com sua renuncia disse tudo .