Em pé de guerra, indígenas abandonam as negociações sobre o marco temporal

Após STF derrubar marco temporal, o que acontece se Congresso aprovar tese?

Chefes indígenas não aceitam nenhum tipo de marco

Leonardo Ribeiro
da CNN

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) solicitou, nesta quarta-feira (28), a saída da Comissão Especial de Conciliação criada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir a tese do marco temporal para a demarcação de terras indígenas. O anúncio foi feito no início da segunda reunião marcada para tratar do assunto.

O fato de a lei do marco temporal continuar em vigor é visto pelos representantes indígenas como uma situação de desigualdade negocial. A Apib chegou a pedir ao ministro Gilmar Mendes a suspensão cautelar da norma, mas não foi atendida.

INDÍGENAS IRREDUTÍVEIS – “A Apib requereu a suspensão da lei com intuito de garantir condições minimamente equânimes de participação dos povos indígenas na Comissão de Conciliação, já que a vigência da lei tem acarretado incremento da violência nos territórios, como amplamente noticiado nos autos”, alega.

Além disso, a Apib pediu que fosse reconhecida a voluntariedade e a autonomia da vontade nos processos de conciliação para que seja respeitada a posição dos povos indígenas na construção de qualquer acordo sobre seus direitos.

“O pedido foi negado. Foi determinado que a Comissão Especial de Conciliação não trabalharia por consenso, mas por maioria. Informou ainda que a oposição dos povos indígenas a um eventual acordo não teria o condão de interromper seu prosseguimento, ainda que dispusesse sobre direitos dos povos indígenas”, justifica a Abip.

PRÓS E CONTRAS – As audiências foram convocadas pelo ministro Gilmar Mendes, relator das ações protocoladas pelo PL, o PP e o Republicanos para manter a validade do projeto de lei que reconheceu o marco e de processos nos quais entidades que representam os indígenas e partidos governistas contestam a constitucionalidade da tese.

Mais do que levar o caso para conciliação, Mendes negou pedido de entidades para suspender a deliberação do Congresso que validou o marco, decisão que desagradou aos indígenas. As reuniões estão previstas para seguir até 18 de dezembro deste ano, mesmo sem a participação da Apib.

Na prática, a realização das audiências impede a nova decisão da Corte sobre a questão e permite que o Congresso ganhe tempo para aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para confirmar a tese do marco na Carta Magna. Em dezembro do ano passado, o Congresso Nacional derrubou o veto do presidente Lula ao projeto de lei que validou o marco. Em setembro, antes da decisão dos parlamentares, o Supremo decidiu contra o marco. A decisão da Corte foi levada em conta pela equipe jurídica do Palácio do Planalto para justificar o veto presidencial.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Já era previsto. Os indígenas não querem marco temporal. Querem mostrar que os demais brasileiros são invasores. Essa irredutibilidade prejudica as demarcações, mas eles não aceitam nem negociar. É pena. (C.N.)

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