No último poema de Manuel Bandeira, a lembrança da paixão dos suicidas

Eu gosto de delicadeza. Seja nos gestos,... Manuel Bandeira - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

O crítico literário e de arte, professor de literatura, tradutor e poeta Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (1886-1968) quando jovem teve tuberculose  e, consequentemente, passou a vida inteira com a ideia de que morreria em breve, mas viveu até seus 82 anos, razão pela qual “O Último Poema” e muitos poemas de sua autoria carregam a melancolia e a sensação de sempre estar à espera do pior.

Vale ressaltar que versos curtos, pensamento objetivo, liberdade no uso das palavras, simplicidade na escrita, ironia e a crítica são características do modernismo que aparecem no poema, que também nos mostra a realidade em “flores sem perfume”, “soluço sem lágrimas” e o improvável quando fala sobre “ilusão”.

Além disso, o título do poema nos indica como Manoel Bandeira gostaria de ser lembrado, conforme revela o último verso todo seu pensamento. Mas também ao citar a paixão dos suicidas ele nos conta sobre a falta de sentido, sobre o paradoxo que é nosso caminho pela vida. Sobre ilusão e desilusão.

O ÚLTIMO POEMA
Manoel Bandeira

Assim eu quereria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

2 thoughts on “No último poema de Manuel Bandeira, a lembrança da paixão dos suicidas

  1. Imaginando-se uma desfraldada bandeira, Manuel teria sido um dos primeiros poetas teóricos de conspirar a própria ausência desse mundo em finadas inspirações e ainda liberto dos crivos “xandônicos”!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *