Lula e PT precisam traçar novas estratégias para reconquistar eleitorado

Identidade com o eleitor que o PT possuía deixou de existir

Pedro do Coutto

O presidente Lula já precisa se preparar para a disputa da sua reeleição em 2026, a começar pelas bases partidárias diante da perda de prefeituras que o PT comandava e que agora já não o faz após o resultado das urnas deste ano.

Na verdade, de 2012 para cá, o volume de cidades administradas no país pelas principais legendas do campo caiu pela metade — resultado que suscita o debate sobre valores do eleitorado e os dilemas da esquerda. Até Lula reconheceu que é preciso “rediscutir” o papel eleitoral do PT.

ORGANIZAÇÃO – É preciso que Lula se organize para a disputa a ser realizada daqui a dois anos e alinhe o seu partido, indo ao encontro do eleitorado. Essa identidade com o eleitor que o PT possuía deixou de existir, conforme os últimos números dos pleitos. É fundamental que não só a legenda, mas o próprio Lula repense a sua atuação junto às diversas classes sociais. A perda principal que atingiu o PT se concentra nas classes mais pobres da população,indo no sentido contrário do que existia anteriormente.

Hoje o PT deixou de motivar tanto os grupos sociais conforme havia ocorrido na última década. O partido de Lula tem que se atualizar e buscar novas fontes de comunicação. Surgiram novos perfis sociais nesse período e o diálogo exigido não se dá da mesma forma a exemplo de outras épocas. O PT precisa acordar para essa nova realidade, e Lula não levou em consideração a aliança com os grupos que surgiram. É preciso buscar-se um elo que garanta a corrente eleitoral da campanha  até o voto na urna.

DIVISÃO – Importante destacar uma divisão interessante no espectro político nesta eleição. No campo da esquerda, observa-se uma parcela significativa de eleitores de Lula que não apoiaram, por exemplo, Guilherme Boulos. Já na direita, o movimento do ex-presidente Jair Bolsonaro em direção ao centro e a partidos mais institucionalizados deixou uma parcela de eleitores órfãos, suscetíveis a novos nomes da direita, como foi o caso de Ricardo Nunes. Esta dinâmica revela limites tanto para Lula quanto para Bolsonaro.

Dessa forma é possível ver limites do presidente Lula muito claramente, mas também limites de Bolsonaro, o que dá uma abertura de espaço para a discussão de novas possibilidades políticas. Esse cenário de fragmentação e realinhamento político abre espaço para novas discussões sobre o futuro da política brasileira, indicando que o eleitorado está se tornando mais complexo e menos previsível em suas escolhas eleitorais.

3 thoughts on “Lula e PT precisam traçar novas estratégias para reconquistar eleitorado

  1. Lula, em mais uma bola fora, levou Marta (Teresa Smith de Vasconcellos Suplicy) a um aparente erro crasso: deixar o MDB, de Nunes, e voltar ao PT para ser vice de Boulos na disputa pela prefeitura de SP.

    E, agora, na iminência de derrota da chapa “jacaré com cobra d’água” para o próprio Nunes, do MDB onde ela estava, talvez Lula tenha que arranjar uma sinecura para a ricaça dos Jardins, assim como arrumou para a Dilma no Banco do Brics.

  2. O prêmio Nobel da economia este ano foi concedido para pesquisadores que demonstraram a importância das instituições para que um país prospere.

    Segundo eles, aqueles países que priorizam as instituições políticas e econômicas inclusivas em vez das extrativas tem mais chance de se dar bem.

    Portanto, esse é um tema obrigatório que qualquer político ou partido deve analisar.

    No Brasil, o que prepondera? As instituições extrativas. Pode-se mudar isso? Muito difícil, pois quem se diz fora do sistema atual, na verdade quer entrar nele.

    Nesse sentido, acho que uma melhoria gradativa, tipo o que Burke pregava, poderia ser exequível. Quem prega uma ruptura brusca está blefando.

  3. Em suma: Afiliados honrados que esperançosos e crentes haviam se filiados a essa sigla, simplesmente caíram fora, diante da constatação e da ofensa recebida pelo indevido e criminoso uso do partido por sua nefastas e corrupta diretoria, que alterando e infringindo cláusulas fins estatutárias, deixou de ser extinta por omissão(vistas grossas) do constitucional órgão fiscalizador(TSE).

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