Congresso tem legitimidade para votar anistia do 8/1, diz presidente do STM

Novo presidente do STM diz que golpe de 64 foi "uma revolução" e  "necessário"

Ministro diz que o assunto anistia ainda será debatido

Rafael Moraes Moura
O Globo

O atual presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministro Joseli Parente Camelo, disse ao blog que o Congresso Nacional “tem legitimidade” para discutir uma proposta de anistia aos envolvidos nos atos golpistas que culminaram com a invasão e a depredação da sede dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de Janeiro de 2023.

O ministro, no entanto, frisou que acha que ainda está “muito cedo” para tratar da questão, uma das principais bandeiras de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

NÃO É TABU – “É um assunto que é discutido naturalmente no Congresso, não é tabu. O debate é sempre uma coisa interessante, mas eu acho que primeiro temos de ter o julgamento (dos envolvidos na trama golpista). A população brasileira deseja saber o que realmente aconteceu. Isso está sendo investigado”, disse o ministro à equipe da coluna, após participar na última quarta-feira (8) de evento no Palácio do Planalto em “defesa da democracia”, realizado dois anos após os atos golpistas.

Conforme informou o blog, advogados dos indiciados no inquérito da trama golpista já calculam que deverão ficar na faixa de 20 anos de prisão as penas que serão impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aos principais investigados.

Tanto a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) quanto a condenação pela Primeira Turma do STF são dadas como certas.

ESTÁ NO DIREITO – “O Congresso tem todo o direito de provocar esse debate. O Congresso tem legitimidade para discutir o assunto e depois o presidente da República também tem o poder discricionário de vetar ou não. O debate pode acontecer tranquilamente, sem problema”, acrescentou Joseli.

O presidente do STM, que é tenente-brigadeiro do ar, disse concordar com a avaliação de sua sucessora, a ministra Maria Elizabeth Rocha, que afirmou ao blog que é “precoce” a discussão de uma anistia neste momento. Maria Elizabeth assume a presidência do STM em 12 de março.

“Concordo com a ministra Elizabeth. Não é o momento ainda (para discutir a anistia), é muito cedo”, acrescentou Joseli.

FERIDA ABERTA – Em entrevista à equipe da coluna, Maria Elizabeth afirmou que o 8 de Janeiro é “uma ferida aberta que vai custar para cicatrizar”.

“Isso vai ser como 64, vai incomodar ainda por muitas décadas. É um fantasma que nos atormenta, e que nos obriga a ficarmos vigilantes e reflexivos, porque nós, aqueles que têm um pensamento de vanguarda, que querem que o país progrida, que querem reformar as instituições e distribuir a riqueza de uma forma igualitária, também andamos falhando muito. Os setores progressistas da sociedade têm falhado muito também com as camadas populares”, comentou.

Maria Elizabeth está entre os cinco representantes civis do tribunal militar, formado por 15 magistrados – e a única mulher a integrá-lo desde a sua criação por Dom João VI, em 1808.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O ministro Joseli Parente Camelo era piloto da Presidência e foi nomeado para o STM por Dilma Rousseff. Portanto, é agradecido ao PT, mas não vende a alma e reconhece que, na forma da Lei, o Congresso tem poderes para anistiar Bolsonaro. Se Bolsonaro não merece ser anistiado, isso é para ser decidido pelos parlamentares. (C.N.)

1 thoughts on “Congresso tem legitimidade para votar anistia do 8/1, diz presidente do STM

  1. Anistia.
    A esquerda gosta de anistia, foram anistiados pelo regime militar, mas, mão gosta de anistiar, quer ver a caveira dos descontentes.
    Licença poética à moda Stalin: Matem toso os descontentes, sé deixem vivos os contentes.
    Ou, Matem tosos os feios e deixem vivos só os bonitos.
    Hehehehe.

    Vou esticar mais um pouquinho.
    Do Diário do Poder do Claudio Humberto.
    O deputado Sanderson (PL-RS) vai protocolar um projeto de decreto legislativo para revogar autorização para a Receita Federal bisbilhotar pix acima de R$5 mil. Diz que isso é “controle próprio de regime comunista”.

    Estado arrebentado

    Com pagamentos milionários do governo Lula para veículos da imprensa camarada, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) concluiu: “estão arrebentando com o estado democrático de dinheiro”.

    A crise chegou

    Pesquisa Atlas/Intel caiu como uma bomba no Planalto. A desaprovação do governo Lula, em 49,8%, subiu e, pela primeira vez, superou o percentual daqueles que aprovam a gestão do petista, 47,8%.

    Posse esvaziada

    A posse do ditador da Venezuela e amigão de Lula, Nicolás Maduro, só contou com dois chefes de Estado, ambos, como o anfitrião, ditadores: Miguel Díaz-Canel (Cuba) e Daniel Ortega (Nicarágua).

    Nas alturas

    Parece não ter fundo o poço da crise de desvalorização do Real frente ao Dólar. O banco BTG Pactual alerta que a cotação da moeda norte-americana pode bater os R$7

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