Copom mantém série de altas e sobe taxa de juros e governo cai em contradição

Charge do J.Bosco (O Liberal)

Pedro do Coutto

O Banco Central elevou nesta quarta-feira em um ponto percentual a taxa básica de juros da economia, aumentando a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano. A decisão foi unânime, ou seja, os nove diretores votaram nesse sentido. Com a decisão, se mantém a série de altas da taxa de juros na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) chefiada pelo novo presidente do BC, Gabriel Galípolo – que foi indicado por Lula para a função.

A elevação da Selic para 13,25% ao ano já era esperada por grande parte do mercado financeiro, depois de uma indicação do próprio Banco Central — feita em dezembro do ano passado. Como a inflação está crescendo no país, o Copom prevê na próxima reunião uma nova alta na Selic.

AJUSTE – “Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião”, escreveu o Copom. O processo de alta deve continuar nos próximos meses, ainda a depender do comportamento da inflação.

“Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, completou o Copom no comunicado da reunião.

A reunião desta quarta do Copom também foi a primeira em que os diretores indicados pelo presidente Lula foram maioria no colegiado, ou seja, eles foram responsáveis diretamente pela decisão tomada.

CONTRADIÇÃO – Com a decisão do Banco Central em elevar os juros da dívida em um ponto percentual, o governo Lula caiu numa contradição aparente que foi elevar a taxa num valor em que condenava Roberto Campos Neto como um adversário do Planalto. O governo, além de elevar a taxa em 1%, admite haver novo aumento, o que surpreende os analistas.

Campos Neto e a diretoria anterior do BC, indicada por Bolsonaro, foram alvo de ataque constante não somente do presidente Lula, mas também da presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, por subir a taxa básica de juros em um patamar considerado excessivo. A crítica era de que isso frearia demais a economia, com impacto nos empregos e na renda.

No fim do ano passado, Lula baixou o tom. Ele publicou um vídeo, ao lado de ministros e de Galípolo defendendo a estabilidade econômica no país e o combate à inflação. E também fez acenos ao mercado e prometeu que “jamais haverá interferência” na gestão do futuro chefe da autoridade monetária.

TOM CRÍTICO – Mas a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, manteve o tom crítico. Após a última decisão do Copom, em dezembro, que elevou os juros para 12,25% ao ano, ela classificou a decisão como “irresponsável, insana e desastrosa”. Segundo informou em dezembro o ex-presidente do BC, Campos Neto, a opinião dos diretores mais recentes da instituição – incluindo seu sucessor, Gabriel Galípolo, teve “peso cada vez maior” nas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), incluindo a de dezembro.

A dívida do país está entre R$ 600 a R$ 700 bilhões. Logo, 1% representa um acréscimo de R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões. O governo injetou mais papéis no mercado, pois não teve como pagar os juros do montante relativo aos juros do déficit. Tal ação aumenta o endividamento, mas rola os juros por mais 30 dias. A contradição do governo está no fato dele produzir uma situação igual ou até um pouco maior do que aquela existente no período de Roberto Campos Neto. Mais um fator a ser enfrentado pelo Planalto.

5 thoughts on “Copom mantém série de altas e sobe taxa de juros e governo cai em contradição

  1. O aumento de 2 pontos percentuais já havia sido sinalizado em dezembro. Um agora e outro em março.

    O cenário não mudou muito, principalmente nos EUA. Se realmente Trump taxar importações, a situação vai piorar. É tempo de cautela.

    Quanto à dívida pública, o articulista errou nos números. São muito maiores.

    Acho que os juros reais pagos são exagerados, mas desde a implantação do Plano Real eles são bem maiores que a inflação.

  2. É uma vergonha…Xingava o outro de todo nome, falando que ele sabotava o governo .Agora o apadrinhado faz a mesma coisa e o “omi” fala que ele sabe o que está fazendo…

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