Um mundo com Trump tem mais guerras e potências desembestadas

CRÉDITO: DAVE WHAMOND_CAGLE CARTOONS

Charge do Dave Whamond (Arquivo Google)

Vinicius Torres Freire
Folha

Guerra no Oriente Médio suscita discussões estereotipadas a respeito do preço do petróleo, além de especulações sobre a “escalada do conflito”, hipótese debatida, no entanto, sob a perspectiva do impacto econômico. É fácil perceber que uma carestia grande e persistente de combustíveis causa dano econômico imediato.

É mais difícil discutir esta situação mundial em que há muito menos meios de contenção do risco de novas guerras muito perigosas — e logo. Torna-se frequente a menção ao uso de armamento nuclear, como voltou a fazer a Rússia, a respeito das consequências de um ataque americano contra o Irã. Trump agrava um estado de coisas degradado faz década e meia.

ISOLACIONISMOS – Pelo menos no núcleo ideológico ou na propaganda, o trumpismo e o MAGA seriam “isolacionistas”. Isto é, a favor do corte do financiamento militar de aliados, enxugamento de bases militares no exterior e indiferença a guerras que não envolvam o interesse direto dos EUA.

O “isolacionismo”, porém, não é empecilho para novos tipos de intervenções americanas (a anexação da Groenlândia apenas parece piada).

Isto posto, em menos de uma semana de guerra, Trump passou a insinuar que poderia atacar o Irã e matar o dito “líder supremo”, Ali Khamenei. Nesta quinta, disse que pensaria melhor no assunto.

HÁ CONTROVÉRSIAS – Boa parte do trumpismo continua a se opor a um ataque. Segundo pesquisa YouGov/Economist, 60% dos americanos e 53% dos republicanos também.

Um conflito descontrolado pode colocar (mais) areia na economia americana e na popularidade presidencial. São esses os riscos ponderados por Trump? De fora, vemos apenas o “reality show” a serviço do projeto de tirania e nenhuma estratégia de estabilização política do mundo —ao contrário.

O que sabemos faz mais tempo é que os limites do jogo de poder internacional se esfarelaram. Trump espalha essa farofa de maneira mais assustadora.

ARMAS ECONÔMICAS – O conflito sino-americano intensificou o uso de armas econômicas na política: nacionalismo e política industrial nos EUA, restrições a exportações e a investimentos na China e outras sanções, o que não é novo, mas foi escancarado sob Trump.

A China ataca e contra-ataca nos mesmos termos. Mais: nos comunicados em que relata negociações comerciais com os EUA, manda que não se metam em Taiwan.

A epidemia havia suscitado reações autárquicas (segurança de abastecimento e produção de bens ditos essenciais ou estratégicos). O ataque da Rússia contra Ucrânia reforçou a preocupação com segurança energética, mas não só (vide o medo brasileiro com o risco de ficar sem fertilizantes).

EUROPA SE REARMA – A Europa começa a se rearmar. O confisco das reservas russas pelo dito Ocidente (entre outras sanções) colocou mais barbas de molho. Para dar um exemplo rápido, a China passou a diminuir as reservas que mantém nos EUA. Trump arruinou o sistema de regulação comercial mundial, que já vinha sendo detonado desde Barack Obama. Ameaça países recalcitrantes de boicotes econômicos e militares.

O salve-se quem puder na economia tem sido radicalizado (nunca deixou de ser assim). A ideia de ter mais autonomia militar ou de se juntar a um bloco bem armado é assunto forte outra vez. O rearmamento agrava problemas fiscais e, pois, prejudica crescimento e políticas sociais.

Dizer que as instituições multilaterais foram à breca é pouco. Não há concerto de países poderosos, acordo para colocar ordem no mundo, nem segundo os interesses deles.

6 thoughts on “Um mundo com Trump tem mais guerras e potências desembestadas

  1. Agora o IRÃ tem todos os motivos do mundo para desenvolverem e usa-las suas armas nucleares e se retirar imediatamente do organismo da ONU de não proliferação de armas nucleares e proibir que os inspetores da ” AIEA – ONU ” entrem seu território , pois comprovadamente são agentes de espionagens das potências Ocidentais e Israel , sendo que agora urge ao IRÃ fazer uso nas ogivas de seus misses ” hipersônicos ” do urânio enriquecido revidando contra seus agressores Israel , EUA e OTAN .

  2. Tenho a impressão de que com Clinton-Obama-Biden-Kamala já estaríamos de forma antecipada numa guerra direta contra Rússia e China.

    “Fordow se foi” é um belo slogan do grande marketeiro Trump.

  3. Tá na hora do jornalismo de esquerda arrancar o escalpo do Trump.
    E enquanto isso, aqui no Brazil, Dom $talinácio, o Curro de La Grana com sua Guarda Pretoriana vai justiçando os pré-terroristas, terroristas e simpatizantes que atentam contra o Estado Democrático de Esquerda.

    • Alexandre, o Legislador, vai colocando no bolso, Sólon, Péricles e Montesquieu.
      Ele está exorcizando o espírito das leis. Nessa sessão espírita Barroso é o cambono e o resto balança a cabeça qual vacas de presépio.
      Enquanto isso, Dom Curro, o Viajante, com um litro debaixo do braço vai fazendo sua pregação contra o alcoolismo. Com isso ele já fez uns trezentos milhões parar de beber.
      Foi aplaudido na ONU e carregado no colo pelo Macron.
      Janja também foi.

  4. “O salve-se quem puder na economia tem sido radicalizado (nunca deixou de ser assim)” ???

    Enquanto as grandes nações se preocupam em reforçar a sua segurança, na Brascuela, a orcrim PT/STF faz de tudo para desmoralizar as forças armadas, cortando verbas e achincalhando oficiais superiores e generais. Como se não bastasse a humilhação dos milicos, estão destruindo o que ainda resta de credibilidade da ABIN.

    Talvez esse seja o plano … transformar os nossos militares em sipaios da China.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *