Trump mudou as regras e estamos assistindo ao fim do “sonho americano”

Investidores já tratam os Estados Unidos como um Mercado Emergente |  Internacionalismo 21

Trump transforma em pesadelo o antigo sonho americano

José Manuel Diogo
Da CNN

A decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos que deu razão a Donald Trump e limitou a atuação dos juízes federais em políticas de imigração não é apenas um capítulo jurídico. É um marco de transformação silenciosa do pacto democrático em um regime onde o Executivo passa a ter salvo-conduto para políticas de impacto nacional, sem contrapeso real dos tribunais inferiores.

Mais do que fortalecer um presidente, o tribunal parece ter autorizado o desmonte gradual da capacidade de regulação constitucional do Estado — e quem ganha com isso não é o cidadão.

SEM BLOQUEIO – Na prática, a Corte decidiu que juízes federais não podem mais bloquear amplamente medidas presidenciais com base em alegações de inconstitucionalidade, como vinham fazendo nos últimos anos em temas como deportações, cuidados de saúde para pessoas trans, ou até mesmo medidas sindicais.

Ao contrário do que parece, não se trata apenas de um debate sobre imigração. Trata-se da criação de um novo regime, onde o Executivo — qualquer que seja — poderá legislar por decreto, com blindagem jurídica de 30 dias para executar suas ordens antes de qualquer contestação substancial. E nesse tempo, muito pode ser feito ou desfeito.

A decisão de 6 a 3 da Suprema Corte, com forte divisão ideológica, é uma mensagem clara para o futuro: a política volta a valer mais que a lei. Mais ainda, ela sinaliza para investidores e setores conservadores que agora há menos risco regulatório.

LIMINARES – A instabilidade provocada por liminares judiciais era vista como um obstáculo à implementação rápida de agendas como a desregulamentação ambiental, o corte de benefícios sociais ou a contenção de movimentos migratórios — todos eles sensíveis ao mercado e às urnas. Ao dar mais poder ao Executivo, a Corte também garante maior previsibilidade a grupos econômicos que apostam em Estados com menos travas jurídicas.

O argumento apresentado por Trump — de que a 14º Emenda não garante cidadania automática a qualquer criança nascida em território americano — ainda será testado, mas já encontrou um campo fértil. O precedente aberto pela Suprema Corte poderá ser usado por outros presidentes, de outros matizes, para limitar direitos sob a justificativa de “política de governo”.

E isso não apenas nos Estados Unidos. Em democracias frágeis, essa jurisprudência poderá servir de justificativa para governos que queiram controlar o Judiciário em nome da governabilidade.

NENHUM DIREITO… – A voz da dissidência veio da juíza Sonia Sotomayor, que alertou para o efeito dominó: hoje é a cidadania de filhos de imigrantes. Amanhã, pode ser o direito ao culto, à reunião, à liberdade de imprensa ou ao porte de armas. Ela afirma, com razão, que “nenhum direito está seguro no novo regime legal que a Corte cria”. Mas a advertência parece ter sido abafada pelo aplauso dos que veem na desregulamentação judicial um atalho para a eficiência.

No fundo, essa decisão transforma a Constituição num contrato de adesão: o Executivo decide, e ao cidadão resta aceitar os termos — ou recorrer a uma Justiça cada vez mais contida em sua função de proteger os direitos fundamentais.

E assim, com legitimidade formal, podemos estar assistindo ao fim do sonho americano.

9 thoughts on “Trump mudou as regras e estamos assistindo ao fim do “sonho americano”

  1. A fadiga do discurso conspiratório e autocentrado do ex-mito na Avenida Paulista

    Decadente, Bolsonaro tenta mesmo é salvar a si próprio, não a pátria.

    O ex-mito mostrou-se incapaz de entregar mais do que ideias repetidas. Já não é mais capaz de muito mais do que isso.

    A fadiga com o que ele tem a dizer é evidente. A repetição de bordões e da retórica messiânica.

    Há uma desconexão entre o que ex-mito tenta ser para seus apoiadores, ou seja, o ‘salvador da pátria’, e o blá blá blá do que poderia fazer por eles.

    Fonte: O Estado de S. Paulo, Política, 29/06/2025 | 18h55 Por Diogo Schelo

  2. E qual é a obra de Tarcísio, que estava no palanque?

    – Transformar o Palácio Bandeirantes, sede do governo paulista, no local de hospedagem do ex-mito quando de passagem por São Paulo?

    Teria alguma outra, além dessa?

  3. E por falar de “sonho”…

    “Não desista dos seus sonhos” – frase título de livro do psiquiatra e escritor Augusto Cury, lá de Olímpia (SP) – seria mais uma utopia para quem acha que “De Ilusão Também se Vive”. Quimera, talvez até necessária, para aplacar a muitas vezes dura realidade da vida.

    Mas a vida real é vencida geralmente com esperteza, oportunismo, autoconfiança, trabalho rentável, preparo, competência – e sorte!

  4. “A César o que é de César…” e ao diabo o que é do diabo, tal seja a plutocracia putrefata com jeitão de cleptocracia e ares fétidos de bandidocracia, A impressão é que nos EUA, o QG mundial da dita-cuja plutocracia putrefata, o próprio diabo, encarnado, louco por dinheiro, poder, vantagens e privilégios, sem limites, assumiu diretamente o controle da bagaça com o seu povo mais perdido do que cego em tiroteio, sem alternativa, diferente da situação do Brasil ao qual, por amor a nosso país e a nossa gente, me dei ao trabalho de cerca de 40 anos a fio para oferecer-lhes a saída por cima, via Democracia Direta, com Meritocracia e Deus na Causa.

  5. As Vestais discutindo o Trump quando o problema brasileiro é um analfabeto, alcoólatra, corrupto, misógino e covarde que governa o país. Preocupadíssimas com o Bozo e não veem um palmo na frente do nariz. Não veem ou não querem ver?

  6. Haverá um pós Trump, com Kamala.

    Tudo será desfeito.

    Alternância é sinal de democracia.

    No Brasil estamos com o mesmo grupo e as mesmas dinastias no poder (inclusive no Judiciário) há várias décadas (e séculos).

  7. O Argentino e chefe da AIEA, Rafael Grossi, segundo o jornal Iraniano Kayhan , na verdade é um ” ESPIÃO ” , a serviço das agências de espionagens e inteligência Mossad de Israel e das agências de espionagens e inteligências das potências nucleares e OTAN , repassando-as informações secretas e sensíveis das usinas nucleares Iranianas , além de fomentar e alimentar mentiras contra o Irã , com que nenhuma dessas potências nucleares , nunca se deixaram e nem se deixam fiscalizarem por quem quer seja , mas se arrogam o direito de fiscalizarem outros países , como se fossem donos do mundo , logo cabe ao Irã romper relações com essa agência de espionagem disfarçada AIEA-ONU impedindo que esse espião Rafael Grossi e seus comparsas da AIEA-ONU.

  8. O Argentino e chefe da AIEA, Rafael Grossi, segundo o jornal Iraniano Kayhan , na verdade é um ” ESPIÃO ” , a serviço das agências de espionagens e inteligência Mossad de Israel e das agências de espionagens e inteligências das potências nucleares e OTAN , repassando-as informações secretas e sensíveis das usinas nucleares Iranianas , além de fomentar e alimentar mentiras contra o Irã , com que nenhuma dessas potências nucleares , nunca se deixaram e nem se deixam fiscalizarem por quem quer seja , mas se arrogam o direito de fiscalizarem outros países , como se fossem donos do mundo , logo cabe ao Irã romper relações com essa agência de espionagem disfarçada AIEA-ONU impedindo que esse espião Rafael Grossi e seus comparsas da AIEA-ONU entrem em seu território , por serem nocivos ao povo Iraniano.

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